Mostrar mensagens com a etiqueta Luis Induni. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Luis Induni. Mostrar todas as mensagens

09/08/2020

Un hombre vino a matar (1967 / Realizador: León Klimovsky)

Pela calada da noite um bando infiltra-se na fortificação militar, Fort Jackson, aliviando-lhes o peso do cofre. O Sargento Tony Garnett (Richard Wyler, a sair na rifa pelo segundo mês consecutivo, em Julho estava neste) é surpreendido no meio da ocorrência levando uma traulitada na mona. Contudo os seus problemas só estão a começar. Já reposto vê-se acusado pelo assalto e pelo assassinato do capitão do quartel. O tribunal militar não tem dúvidas e sentencia-o à pena de morte, mas o bom coração do padre que lhe daria o seu conforto final oferece-lhe o seu traje para que se evada do forte e prove a sua inocência. 

"I'm looking at you through the glass. Don't know how much time has passed."

Cá fora torna-se ele próprio assaltante de bancos e por consequência ganha estatuto de bandido procurado pela lei civil, mas não deixa nunca de perseguir os verdadeiros responsáveis pela sua desgraça. O primeiro que encontra é o índio Lobo Negro, que sob tortura denuncia o nome dos outros cúmplices, de todos excepto o cabecilha que jura não conhecer a identidade. Muito conveniente para o adensamento do suspense. Certo?

Ou desbobinas, ou definhas!

O filme não goza de grande fama entre a comunidade apreciadora de westerns-spaghetti. De uma forma geral as impressões sobre ele são tudo menos abonatórias, quase sempre considerado aborrecido e desinteressante. Pessoalmente não me fez brotoeja, a acção começa muito bem e por momentos pareceu-me até demasiado rápida (os primeiros pulhas são abatidos um a um sem qualquer conversa), mas o passo acerta lá para a meia-hora de filme quando os dramas do personagem principal se começam a revelar.

Quem tinha figuras geométricas como estas na sala de aulas da escola primária?

Achei particularmente curioso que essa dramatização seja feita pela inclusão do mote professor/aluno. Mas ao contrário dos seus pares (Gigantes em Duelo, Django - O Último Killer, etc.), o professor aqui não é uma pessoa associada ao ensino do manejo do colt. Na verdade, aqui o professor é de facto o antigo mestre de Tony, uma pessoa que lhe guarda verdadeiro carinho e que anseia saber sobre a concretização dos seus sonhos de criança (tornar-se general). Em comum com os outros filmes supramencionados teremos o conflito entre os dois, que servirá neste caso como abre olhos definitivo para Tony. Curioso é todos estes filmes foram lançados em 1967, o que poderia levantar algumas questões de plagiarismo, se isso fosse questão na época.

Brad Harris prepara uma emboscada aos gatunos.

O elenco é bastante aceitável (Richard Wyler, Brad Harris, Guglielmo Spoletini, Jesús Puente, Femi Benussi, Luis Induni, Frank Braña, etc.), mas pareceu-me desaproveitado. Brad Harris por exemplo além de mostrar a musculatura numa cena não enceta qualquer sequência de punhada e acaba por desferir três míseros tiros durante o filme todo. Já o duo Richard Wyler e Guglielmo Spoletini apesar de até terem uma “dança” interessante em que em vez de usarem punhais usam as folhas de cacto, não deslumbram. É a melhor cena de acção do filme mas em algumas versões foi inexplicavelmente cortada. Ainda sobre o elenco, uma menção honrosa para Luis Induni, que fez carreira no western-spaghetti a desempenhar o papel de Xerife (contei 16), mas que aqui mostra qualidades como personagem do outro lado da barricada. Foi o único do bando que me convenceu enquanto vilão, mas para variar o seu papel não ganha desenvolvimento, uma pena.

Guglielmo Spoletini desta vez sem espaço para brilhar.

O filme foi lançado em 1967 e surge como ponto de inflexão na carreira do señor Klimovsky. Apenas um ano antes tinha assinado o péssimo western “Dos mil dólares por Coyote” e já em 1967 assina “A Ghentar si muore facile”, um filme de acção com intenções cómicas fracassadas. O salto qualitativo nos filmes dele dar-se-ia logo em 1969 ano em que nos entregou dois westerns de bom efeito, “Pagó cara su muerte” em que repesca Guglielmo Spoletini (desta vez para o papel principal) e “Quinto: non ammazzare”. Já debitamos umas linhas sobre ambos, aqui e aqui.

06/07/2020

Voltati... ti uccido (1967 / Realizador: Alfonso Brescia)

O velho Sam, é proprietário de uma prolifera mina de ouro, mas a vida não lhe corre de feição. Uns bandoleiros, liderados pelo asqueroso «El Bicho», ataca-os frequentemente, afugentando os trabalhadores. Contudo «El Bicho» é apenas um pau mandado do ganancioso Ted Shore, que quer apropriar-se da mina de ouro do velho Sam. O estratagema do cabecilha é simples: afastar todo e qualquer recurso da mina para torná-la insustentável e assim forçar o velho a vendê-la ao preço da uva mijona. E sim, tudo parecia encaminhado para tal desfecho, não fosse a chegada à cidade de pistoleiro misterioso: Winchester Bill.


Spartaco Conversi, uma presença habitual no género.

Ainda antes de chegar aos limites da cidade, o dito Bill é surpreendido por dois dos tais bandoleiros. Os olhos dos malandros brilham quando vêm os detalhes dourados da coronha da Winchester do nosso então desconhecido pistoleiro e em modo de gozo propõem comprá-la. Mau negócio para eles, que acabam imediatamente com o corpo cravejado de chumbo quente. 


Não vendo que está avariada. Querem ver?

Richard Stapley que na sua carreira europeia usou o nome Richard Wyler, interpreta sem grande chama este homem da carabina. Como antagonista temos Fernando Sancho, que entrega mais uma actuação piloto automático, executando o malfeitor mexicano que interpretou dezenas de vezes, a páginas tantas até já mete ranço. Apesar disso tem algumas tiradas cómicas que ajuda a escorregar. Depois de fazer uma investida sobre os infelizes dos trabalhadores da mina, vira-se para um deles e grita: “Eu não gosto que venham trabalhar”. Já dizia o outro, isto é gozar com quem trabalha!

Vamos lá despachar que tenho de ir gravar cenas noutro filme. 

O título nacional do filme foi “Quero matar-te de frente”, que traduz com coerência o original italiano. É um filme com uma narrativa algo complexa e com diversos clichés do género. Vejamos, temos um forasteiro a jogar de todos os lados da barricada, bandidos mexicanos aos magotes, torturas aqui e ali, etc. Mas não estamos na presença de um clássico nem sequer de um daqueles achados. É antes um western rotineiro e visivelmente feito com orçamento limitado. Ouvidos mais treinados reconhecerão até trechos de bandas sonoras de outros westerns mais reputados. A rapinação de bandas sonoras foi prática comum em produções mais modestas e é algo que me irrita profundamente. Coisa que este Alfonso Brescia fez com demasiada frequência nos seus westerns.

02/04/2018

I due violenti (1964 / Realizador: Primo Zeglio)

Um indivíduo acusado de homicídio evade-se da cadeia. Ao ranger do Texas, Logan, que por acaso até é amigo de longa data do evadido, cabe a ingrata tarefa de captura-lo e devolvê-lo ao xilindró. O que acontece com relativa facilidade, mas faz o destino com que se cruzem com um bando de ladrões de gado e o presumível assassino escapa novamente. A missão de Logan fica portanto acrescida, recapturar o amigo e acabar com o pio da vilanagem local. Ora aqui está mais um filme decente do italiano Primo Zeglio (Winchester, uno entre mil; Los cuatro implacables), apoiado essencialmente nos traços clássicos do western americano, que é perfeitamente natural para um filme de 1964, portanto anterior ao boom do western-spaghetti. 

George Martin a preparar-se para a emboscada.

Dependendo do estado de espírito do espectador é filme para garantir um tempo bem passado, pelo menos eu posso dizer que me encaixei nesse grupo. Não consta que existam versões DVD do filme à venda, mas se vasculharem pela Internet encontrarão por aí versões Tvrip ripadas da televisão espanhola, são versões despidas de brilho, mas é melhor do que nada. Boa caçada! 

14/02/2017

El sabor de la venganza (1963 / Realizador: Joaquín Luis Romero Marchent)

Com um título como este, não é preciso ter bola de cristal para adivinhar o que o futuro nos reserva, vingança, pois claro! Três irmãos assistem ao assassinato do seu pai às mãos de quatro foragidos. Os rapazes fazem-se homens mas a sede de vingança constantemente atiçada pela sua mãe, consome-os. A vingança pode ter vários sabores, Jeff (Richard Harrison) tenciona encontrar os bandidos que escaparam e levá-los à justiça, os outros dois preferem a simplicidade das leis do povão, justiça pelas próprias mãos. Tais desvios de identidade provocam grandes quezílias internas, que progressivamente afastam os irmãos. 

A gota de água dá-se quando uns bandidos lhes roubam algumas cabeças de gado. Os rancheiros interceptam facilmente os gatunos mas não lhe dão hipóteses de serem levados perantes os homens da lei, são antes selvaticamente mortos por Chris (Robert Hundar), que não está para aturar merdas. Jeff decide então abandonar o rancho para se tornar agente da lei. Na mesmíssima noite, Chris, embriagasse e acaba por abater um homem indefeso, não tendo outro remédio senão pôr-se na alheta. Separados, os irmãos seguirão diferentes pistas, atingindo eventualmente os mesmos resultados e o reencontro torna-se inevitável. A vingança será saboreada mas o seu gosto é amargo.

 Richard Harrison com cara de poucos amigos.

Esta produção ítalo-espanhola surge numa fase precoce do género, pelo que se entende as vénias feitas aos westerns americanos, cumprindo uma porrada daqueles clichés enfadonhos da corrente mais clássica. Muitas cenas de pancadaria, cowboys cantores, rodeos e afins. Já tenho dito, e por isso colecciono alguns inimigos, que esta é uma área onde normalmente não me misturo, mas admito que de quando a quando me cruzo com alguns exemplares bastantes eficazes, e deste gostei razoavelmente. 

Não faltaria trabalho a Fernando Sancho nos anos que se seguiriam.

Joaquín Luis Romero Marchent, hoje em dia notável pelo horror-western “Condenados a vivir” foi um dos primeiros a realizar westerns na europa (estreou-se com “El Coyote”, de 1954), aqui realiza uma história que escrita a meias com o irmão, e também ele realizador, Rafael Romero Marchent. A estrela da companhia é o americano Richard Harrison, que não abraçou à primeira esta ideia de fazer westerns em Espanha, voltando par as sandálias de gladiador. Só depois de Leone acender o rastilho é que mudaria de ideias, aí sim, ficaria de pedra e cal até que a coisa deu o pifo. Já Joaquín Luis Romero Marchent não demoraria muito a meter-se noutra, reunindo grande parte deste cast e equipa técnica, realiza “Antes llega la muerte”, outro a não perder!

24/02/2015

Tierra de fuego (1965 / Realizador: Jaime Jesús Balcázar, Mark Stevens)

Quatro arruaceiros rumam em direcção à mui pacata cidade de Fraserville. Depois de instalados rapidamente iniciam todo o tipo de desacato por forma a atazanar a paciência do xerife local, que imagine-se, está tão confiante na pasmaceira das pessoas da cidade que nem usa coldre no seu dia-a-dia. Com o tempo entenderemos que a passagem do bando pelo local não é de forma alguma um acaso, e afinal o xerife Jessy tem um passado menos digno. Mas mais não posso contar sob pena de arruinar o já fraco suspense que o filme tem. "Tierra de fuego" é o segundo euro-western assinado por Jaime Jesus Balcázar (o mais novo do clã Balcázar), mas o próprio garantiria anos mais tarde que não fez mais do que ceder o seu nome, tendo essas funções sido na verdade assumidas pelo americano Mark Stevens, que também interpreta o papel do xerife Jessy. Mais bizarro então é o facto de em Itália o crédito do filme ter sido erroneamente atribuído a outro Balcázar, Alfonso. 

As filmagens para não variar foram quase todas rodadas nos interiores dos estúdios Esplugas City, nos arredores de Barcelona, ou não fosse a produção assumida pela infame produtora da família, a Producciones Cinematográficas Balcázar, aqui em parceria com a alemã Creole Filmproduktion. Mas a participação dos «comedores de salsichas» é manifestamente diminuta quando comparada com o input castelhano que preenche a maioria do cast e equipa técnica. Aos alemães coube a entrada de graveto e a inclusão de dois actores nacionais no topo do cartaz.

A vilanagem a caminho da pacata cidade de Frasersville.

O sempre relevante Mario Adorf no papel de Abel, o líder do bando de rufias e Marianne Koch, a admiradora secreta do nosso xerife, mais um papel em piloto automático para a actriz alemã que provavelmente só foi incluída no cardápio por ser por aqueles dias um nome bastante reconhecido do público (via megasucesso "Per un pugno di dollari").

Mario Adorf (esquerda) põe os pontos nos ís. Mark Stevens (direita) acobarda-se e perde o apoio da cidade

A acção, em muito influenciada pelo clássico "High Noon", é lenta e órfã de cenas de pancadaria ou tiroteio. E quiçás por isso mesmo mais adequada ao adepto do western clássico americano do que propriamente ao adepto do frenesim garantido nas co-producões mediterrâneas. Incrivelmente em Itália tentaram camuflar isso mesmo, atribuindo-lhe um titulo mais áspero - "Jessy non perdona... uccide" - ridículo para um filme com tão pouco balázio. Enfim, o filme é curto (a versão que assisti é a espanhola que não tem mais de 80 minutos) e também por isso não achei que chegasse a ser terrivelmente aborrecido.  Arrisquem e julguem vocês mesmos!


27/01/2015

Storia di karatè, pugni e fagioli (1973 / Realizador: Tonino Ricci)

O final dos anos setenta o western-spaghetti já esperneava por todo o lado. Os fãs já tinham visto tudo e estavam saturados, outros filões já começavam a ganhar terreno e o western-spaghetti via como forma de sobrevivência a adição de algo novo na velha fórmula. Tonino Ricci (Il dito nella piaga) tal como ou Mario Caiano em “Il mio nome è Shangai Joe” ou Antonio Margheriti em “Là dove non batte il sole” (1974), arriscou um crossover entre o western-spaghetti e o cinema de acção de cunho oriental. Hoje em dia todos nós nos lembramos bem de sucessos como a franquia iniciada em “Shanghai Noon” (2000) - protagonizada por Jackie Chan, Owen Wilson - mas recordaremos que nos setentas o cruzamento entre os dois mundos ainda era algo pouco comum e o cinema de artes-marciais ainda não era muito difundido no resto do mundo. Coisa que mudou com o entrar em cena de Bruce Lee e o «boom» dado pelo mítico “Enter the Dragon”, e claro, com a crescente popularização das produções da Shaw Brothers e afins.


Na história deste “Storia di karatè, pugni e fagioli” apresentam-nos dois assaltantes de fraca astúcia, que a páginas tantas se vêm recrutados para uma missão de resgate da filha do banqueiro local. Quem já viu o bem mais conhecido “Là dove non batte il sole” pode já ter uma ideia de como as coisas se desenrolarão também por aqui, mas neste “Storia di karatè, pugni e fagioli” arrepiou-se caminho pelos meandros do western anedótico, que se tornara entretanto viral pelo génio de Enzo Barboni. Os dois assaltantes são por isso facilmente comparáveis às figuras icónicas de Terence Hill e Bud Spencer, mas infelizmente para o espectador, sem a mesma piada. Ainda que sem o mesmo toque de midas, Ricci consegue manter alguma coerência e ritmo, coibindo-se de ultrapassar as barreiras da parvoíce destrambelhada, de que tantos outros falharam em escapar. Falhou porém na habilidade em filmar cenas de pancadaria com a mesma mestria que a irmandade Shaw nos habituaria, e é isso que arruína o filme. 


Iwao Yoshika que não se fez velho por estas andanças interpreta Moikako Fujibashi, um cozinheiro que Buddy Piccolo (Cris Huerta) salva da forca. Sob divida de gratidão o japonês passa a seguir o gorducho para todo o lado, desferindo - está claro - muita punhada sobre os trastes por detrás do rapto. Mas o nome de topo neste cartaz é o do americano Dean Reed, persona non grata nos Estados Unidos da América devido ás suas fortes crenças politicas, mas um nome sempre rentável nas bilheteiras europeias, russas e da América do Sul. Por estes dias o «filone» estava nas lonas, mas ainda e sempre não faltou trabalho para o seboso Fernando Sancho que veste aqui pela enésima vez o papel de vilão mexicano, um piloto quase automático para o actor espanhol. 


Á data que escrevo estas linhas não existem ainda grandes opções para conferir este título no conforto dos nossos sofás, a única edição DVD conhecida é da chancela da germânica Savoy film, “Fäuste, Bohnen und Karate”, mas a menos que sejam fluentes na língua dos comedores de salsichas terão dificuldades em seguir a acção do filme. Felizmente já rola por aí um fandub com áudio em Inglês. Sejam valentes e procurem-no!


Mais propaganda bafienta usada pelos "nuestros hermanos":


01/04/2014

Djurado (1966 / Realizador: Giovanni Narzisi)

Um forasteiro chega à cidade de Silvermine. Cavalga lentamente pela zona gringa mas sem que se perceba porquê, só pára ao chegar à aldeia mexicana, situada na periferia da cidade. Ao entrar no saloon local é rasteirado por dois gringos de maus fígados, e como se não bastasse do lado de dentro do saloon recebe uma saraivada de chumbo quente, que uma francesa jeitosa disfere. Não estamos perante um grande marco do cinema italiano, e assim sem perder muito tempo, rapidamente nos explicam a existência de uma querela entre a rapariga e o facínora local, Tuncan (Luis Induni). Tuncan para além de estar envolvido numa série de esquemas ilícitos pretende deitar as mãos aos terrenos da francesa - Barbara Donovan - onde hipoteticamente existirá um filão de ouro. E tenta por isso criar um clima de medo que afugente a freguesia do saloon mexicano. 


Inexplicavelmente o forasteiro - que se apresenta como Djurado mas também como "golden poker" - oferece os seus préstimos à garota e rapidamente encena uma cena de pancadaria com os pilantras de Tuncan. O cabecilha não gosta da brincadeira e responde ás provocações com um banho de sangue no rancho dos amigos de Barbara Donovan. Djurado, que demonstra igual habilidade com o baralho de cartas e com o colt, confronta então o malvado Tuncan num ... patético jogo de poker. Tristes ideias a desta gente meus amigos! E enfim, finalmente um xerife é destacado para a cidade e o forasteiro parte para outra. Para azar dele e sorte do agora sonâmbulo espectador, as coisas apimentam-se finalmente e o "golden poker" leva um enxerto de porrada a mando de Tuncan. Não contente, o safado engendra ainda um assalto ao banco da cidade de Dallas, em que convenientemente plantam provas que incriminem Djurado. 


A maior parte dos nossos leitores não se terão provavelmente cruzado nunca com este triste exemplar do western all´italiana, mas se reparem nos fotobustas com que ilustramos esta resenha, notarão algumas parecenças físicas entre este Dante Posani e o malogrado Giuliano Gemma. Razão que desconfio ter sido factor preponderante na sua contratação. Aliás até o pseudónimo usado pelo actor - Montgomery Clark - parece ter sido clonado do «pistolero nazionale» que como se sabe usava também na fase inicial da sua carreira o alias Montgomery Wood. 


Também a história do filme como se entende pelos quiçá demasiado extensos parágrafos anteriores, bebe descaradamente de alguns dos filmes protagonizados por Gemma. É a velha história de um pistoleiro bem intencionado que depois de tramado vai ter de correr a via sacra para se provar inocente. Coisa que vimos fazer muito melhor em "Adios Gringo", lançado um ano antes. Infelizmente para todos nós este "Djurado" é um exemplar bastante pobre, falhando na construção da trama, personagens e afins. Não almejando sequer ter uma fotografia razoável que o fizesse menos penoso ao olhar. E Giovanni Narzisi que chegou a trabalhar como câmara de Mario Bava só voltaria a sentar-se na cadeira de realizador onze anos depois. Sorte a nossa, que provavelmente nos livrámos de mais um quinhão de westerns manhosos!

23/02/2013

Fora de tópico | Lançamento "Prendi la Colt e prega il padre tuo"


Os italianos da Cult Media parecem apostados em recuperar os euro-westerns de José Maria Zabalda. Este mês será o desconhecido "Prendi la Colt e prega il padre tuo" (Plomo sobre Dallas) a conhecer edição DVD. Só para fanáticos!

07/12/2012

Fora de tópico | Lançamento "Una donna per Ringo"



Se estão fartos de tanto «Djangosploitation», saibam que a editora italiana Moisaco Media disponibiliza pela primeira vez em DVD o raríssimo "Una donna per Ringo", filme de Rafael Romero Marchent que para variar não têm qualquer ligação com o Ringo popularizado por Giuliano Gemma. Na verdade o titulo original nem remetia para essas afiliações -"Dos pistolas gemelas" - mas as diversas edições internacionais trataram de encapotar a coisa. O lançamento será como é boa regra da editora, limitado e numerado. Já o podem encontrar nas lojas.

02/01/2012

Garringo (1969 / Realizador: Rafael Romero Marchent)

Neste relativamente desconhecido psico-western, o espanhol Rafael Romero Marchent reúne sob o mesmo cartaz dois astros do género, o macambúzio Anthony Steffen (no papel de implacável Tenente Garringo) e o louro com cara de menino da mamã, Peter Lee Lawrence (enquanto Johnny, um assassino de militares). O filme sofre de diversas falhas rítmicas mas têm os seus trunfos e bem vistas as coisas acaba por ser minimamente interessante para vos poder recomendar para estes dias frios que aí estão à porta.

Via flashback ficamos a conhecer o passado de Johnny (Peter Lee Lawrence). Na sua infância Johnny assiste à execução do seu pai pela mão de um oficial do exército. Em choque a criança foge do local acabando por ser encontrado por Klaus (José Bodalo) que acaba por o salvar e adoptar. Mas a dramática cena marca-o profundamente e depois de crescido o seu lado mais psicótico vêm ao de cima abraçando o caminho dos fora-da-lei. Os seus actos criminosos dirigem-se especialmente para com os oficiais do exército, que pune brutalmente sem que tenham a mínima oportunidade de defesa. Depois de executadas todas e quaisquer fardas azuis que se lhe passem pelo caminho envia ainda sarcásticos recados às chefias do exército, subscrevendo-se em todas elas.


Decididos em terminar com os actos de Johnny, os cabecilhas do exército decidem dar uma segunda oportunidade ao implacável tenente Harris, que libertam da prisão militar com a missão de identificar e capturar o perturbado rapaz. Mesmo que para isso use os brutais métodos que o haviam colocado por detrás das barras do forte. Depois de quatro anos malvadez longe de casa, Johnny regressa para junto de Klaus que entretanto se tornou o xerife da cidade. O seu regresso não é no entanto inocente, na verdade apenas se deve a um golpe que planeia executar sobre um carregamento de ouro do exército que passará pelas redondezas. Mas Garringo segue as suas pistas alcançando os parceiros de Johnny, acabando por chegar finalmente perto do bandido.

Entre tantos e tantos westerns europeus, convenha-se dizer que nada aqui é realmente extraordinário, mas “Garringo” têm ao menos o privilégio de conter aquela que muitos consideram a melhor interpretação do austríaco Peter Lee Lawrence. O papel de vilão permitiu-lhe sair da habitual pele de pistoleiro bonzinho por quem as miúdas suspiram. Ele saca aqui uma interpretação bastante variada. Ora encarna o papel de simpático rapaz, aparentemente enamorado pela filha do novo médico da cidade, que numa cena algo comovente agracia a rapariga com um belo vitelo! Mas o mesmo rapazola é capaz de matar uma mão cheia de soldados sem pestanejar apenas pelo simples prazer de matar.


Surpreendentemente Marchent foge ao típico duelo entre o bom e o mau, acabando por colocar o louro doido nas mãos de um dos seus criminosos parceiros. Também os caracteres dos dois personagens principais são algo antagónicos. Johnny é um rapaz bem-educado, agradável ao olho mas completamente abrasado da cabeça, que mata oficiais e lhes retira as insígnias como troféu que guarda na campa do seu pai. Já o Tenente Garringo apesar de representar o lado da lei, julga-se acima dela usando todos os meios para eliminar a corja da sociedade. Os seus métodos são desaprovados pela lei militar e – ainda que temporariamente – até o levaram a ver o sol aos quadradinhos, mas mesmo depois de libertado não hesita em matar um homem indefeso. O que faz então os seus actos mais justificáveis que os de Johnny?

Os cenários utilizados são algo pobres mas ainda assim têm a curiosidade de contar com uma sequência rodada nas ruínas de El Cercón, mosteiro nos arredores de Madrid que ficou imortalizada no clássico do terror luso-espanhol “A noite do terror cego”. Em 1971 outro filme com «Garringo» no título chegou aos cinemas italianos – “Sei giá cadavere amico… ti cerca Garringo!” – mas não se trata de uma sequela. Na verdade o título original espanhol nem contém a menção a «Garringo», mas sim a um mais rentável herói do género: «Sabata». Anos loucos para o cinema europeu! Já a testada dupla Steffen e Lawrence voltar-se-ia a encontrar alguns anos mais tarde num western-spaghetti de contornos cómicos, bem diferente deste aqui. Filme que chegou a ser lançado nalguns países como “Arriva Garringo”, mas desengane-se também quem julgar que se trata de uma sequela.

“Garringo” está disponível em DVD através da editora espanhola Impulso Records, é mais um dos filmes incluídos na “La colección sagrada del spaghetti western”. Tem áudio em espanhol e imagem em widescreen.


Mais imagens do filme:



Trailer:

04/10/2011

La caza del oro (1972 / Realizador: Juan Bosch)

Com a chegada do western cómico até o habitualmente taciturno Anthony Steffen, que por regra associamos aos mais carrancudos dos personagens do western-spaghetti (“Django il bastardo”, “Garringo”, etc), passou a interpretar personagens em filmes que não são carne, nem peixe (“Uno, dos, tres... dispara otra vez”, “Arriva Sabata!”). Filmes que se por um lado tentam imprimir algumas passagens mais cómicas nos seus roteiros, não se contêm quando chega a hora da matança.

É certo e sabido que o Steffen que adoramos é desprovido de expressividade. Coisa sem importância quando se trata de encorpar os mais destemidos pistoleiros do velho oeste, mas quando se passa para o lado da paródia, as coisas ficam estranhas. Os anos 70 foram férteis em produções deste tipo, e esta co-produção ítalo-espanhola intitulada de “La caza del oro” é um desses bichos raros.


Carver (Manuel Guitián) é um velho bandido que roubou 28 sacos de ouro à companhia mineira, mas que acabou na prisão por 20 penosos anos, onde manteve segredo sobre o paradeiro do saque. No dia da sua libertação uma série de bandidos sem escrúpulos fazem romaria até às portas da prisão, com o intuito de forçar o avozinho a indicar a localização do tesouro. O director da prisão (Raf Baldassarre) também está interessado no dinheiro e oferece protecção ao velho em troca do metal precioso, mas Carver agride o carcereiro e volta para dentro da choldra. Lá, espera-o o mexicano Paco (Daniel Martín), companheiro de cela que tenciona escapulir-se com o velho e com ele repartir o ouro. O mexicano logra em fugir com a sua «galinha dos ovos de ouro» mas não chega longe porque Trash (Anthony Steffen) - o mais afoito dos abutres - lhes interrompe a fuga.


Os três acabam por formar uma delicada sociedade, seguindo em direcção ao local onde o ouro terá sido refundido. Pelo meio encontram uma caravana de mulheres de má fama, geridas por uma velha conhecida de Carter. Ressabiado, o velho acaba por bater as botas antes de consumar o acto! Sem saberem ao certo sobre o paradeiro do ouro, Trash e Paco continuam em direcção à fronteira Mexicana. O infortúnio dura pouco e acabam por mero acaso por ter conhecimento da localização do tesouro, que afinal foi escondido dentro da imagem de San Firmino! Mas um grupo de bandidos mexicanos comandados pelo velhaco Firmin Rojas (Fernando Sancho) também estão interessados na estatueta, que crêem poder proporcionar-lhes grandes milagres nas suas actividades criminosas. Imagine-se!


No meio desta trapalhada toda salva-se a interpretação do espanhol Fernando Sancho, muito divertido nas poucas linhas que lhe couberam. De resto, nem os cenários usados na rodagem abonam a favor do filme, que apesar de ter sido rodado por Espanha não contempla nenhuma das vistosas paisagens de Almería. Um filme bastante regular que apenas o mais sedento dos fãs do género se deverá atrever em perseguir.

18/11/2010

Buon funerale, amigos!... paga Sartana (1970 / Realizador: Giuliano Carnimeo)



Nesta terceira aventura da personagem Sartana, Gianni Garko abandona o anterior look e apresenta-se agora com um farfalhudo bigode. Mas as diferenças entre os dois filmes anteriores da saga não são meramente estéticas. Este foi o único dos filmes dirigidos por Giuliano Carnimeo para a saga Sartana, que não contou com a participação do prolífico escritor Tito Carpi na equipa argumentista. Talvez por isso, este é de longe o capítulo com o enredo mais fácil de seguir em toda a saga oficial. Pró ou um contra? Só o gosto pessoal de cada indivíduo o poderá dizer. A acção do filme inicia-se desde logo com um brutal assassínio de um grupo de mineiros. Sartana assiste à matança e de seguida surpreende os carrascos que atulha de chumbo quente. Por ser alegadamente rica em ouro, a propriedade dos mineiros é alvo do interesse de diversos personagens locais que tudo farão para persuadir a recém-chegada herdeira a vender as terras. Sartana envolve-se na questão e mostra-se (aparentemente) interessado em defender a rapariga e expor os verdadeiros responsáveis pela morte dos mineiros. O que se segue é uma sequência de tentativas frustradas dos maus da fita em eliminar o nosso herói de capa preta, que nesta aventura faz questão em pagar o funeral a cada um dos patifes que vai eliminando!


Excepcionalmente Sartana chega mesmo a envolver-se sentimentalmente com a figura feminina do filme, Abigail Benson (Daniela Giordano), o que representa outra das novidades nesta entrada da franquia. Para gáudio dos fãs, Sartana volta a usar uma série de engenhocas que sempre adocicam a acção. Para além da sua famosa pistola do tipo Derringer, o arsenal de Sartana é agora expandido a um relógio magnetizado e um naipe de letais cartas cortantes, que usa num estilo quase ninja! Gianni Garko interpreta mais uma vez a personagem Sartana em grande estilo, mantendo a mesma classe e elegância que nos habituara nas duas películas anteriores. Em entrevista à fanzine Westerns... All'Italiana! [1], Garko considera mesmo que esta terá sido a sua melhor actuação num western-spaghetti. Pessoalmente discordo, pois apesar de todo o mérito que lhe reconheço na criação e personificação desta personagem, adorei especialmente a sua participação enquanto vilão no muito recomendável “I vigliacchi non pregano”.



Infelizmente a vilanagem surge aqui bastante mais mal representada que nos dois filmes anteriores, sem presenças de ícones do cinema europeu como Fernando Sancho, Klaus Kinski ou Willian Berger. Contentemo-nos agora com um sempre fraquinho Luis Induni (xerife corrupto), um Franco Ressel (trapaceiro efeminado) ou um George Wang (aborrecidíssimo declamador de Confúcio que por breves momentos mostra uns movimentos de kung-fu). Este terceiro capítulo chegou a ser lançado em Portugal (sob o titulo “Bom Funeral Amigos... Paga Sartana”) mas não mereceu até à data uma edição DVD. Felizmente os nossos vizinhos espanhóis têm o filme disponível numa edição económica e bastante decente. Imagem em widescreen e com duas opções áudio, espanhol e italiano. Por regra não sou muito entusiasta das edições da Suevia mas esta merece os Euros!

[1]
Westerns... All'Italiana! - Special Gianni Garko Issue, 1992

Mais alguns lobby cards utilizados na promoção do filme na Alemanha:
Trailer