A minha paixão pelo western-spaghetti a muito se deve aqueles momentos bem passados em frente à televisão, nos tempos de criança. Nesses anos assistia-se com frequência a filmes destes lá em casa. Filmes que alugávamos nos videoclubes da cidade de Portalegre e que passavam também com bastante frequência nos canais espanhóis, que conseguíamos captar graças a uma antena bem posicionada. Desses tempos e desses filmes muito se esfumou, mas nos ficheiros temporários do grande amendoim guardei algumas cenas de filmes que por mais que tente não consigo recordar o nome, filmes esses que tenho tentado redescobrir ao longo dos anos.
Tenho comprado por isso bastantes DVDs do género, muitas das vezes por coleccionismo doentio, mas noutras simplesmente na ilusão de que seja “o tal filme”. Uma das imagens que a minha memória guardou e que mais empenho me mereceu nesta busca desenfreada, foi um duelo entre um personagem interpretado por Giuliano Gemma e um tipo careca cuja cara a nada associava. Nesse retrato, Gemma ficara sem munição mas conseguira enganar o vilão graças a uma bala que guardava num fio que levava ao pescoço. Pois bem, finalmente descobri que porra de filme era esse: “Amico, stammi lontano almeno un palmo”, que por cá ficou conhecido por “Ben e Charlie”!
Ben (Giuliano Gemma) é libertado de uma prisão mexicana, lá fora um gringo – Charlie (George Eastman) – espera-o à três dias. Depois de se agredirem mutuamente em nome dos bons velhos tempos tomam caminhos distintos, mas o destino acaba teimosamente por os voltar a cruzar. Chegados a Red Rock, Ben assalta o banco para espanto do próprio Charlie. Ambos acabam por escapar com o saque das garras do Xerife Walker (Aldo Sambrell) e com o feito passam de meros escroques esfomeados a bandidos com a cabeça a prémio. O Xerife e os agentes da Pinkerton seguem no seu encalço, mas inesperadamente são alcançados não pela lei, mas sim por um bando de malfeitores interessados em fazer sociedade com os nossos anti-heróis.
Michele Lupo, que já trabalhara com Gemma noutro clássico do género (Arizona Colt), monta aqui um filme que não compromete mas que também não ganhou lugar na história do western europeu. Pessoalmente pareceu-me razoavelmente bem fotografado (recuperando até alguns cenários míticos do género como a fortaleza de "El Condor" ou casa de "Once Upon a Time in the West") e com um ritmo bastante interessante. Ainda assim, num ponto de vista meramente analítico poderia reduzi-lo a mais um buddy western na linha dos então populares westerns cómicos da escola Barboni. Meio sério e meio a brincar, com cenas de pancadaria aos montões, mas com tiroteio reduzido e quase sempre pouco certeiro. O argumento é curiosamente responsabilidade parcial do próprio Eastman (que na função assina com o nome de baptismo: Luigi Montefiore), algo que repetiria noutras películas com igual ou maior sucesso ("Keoma").
O DVD da Wild East é uma das opções a considerar para aqueles que quiserem obter “Ben e Charlie”. Como é norma nas edições da editora Norte-Americana, o filme é apresentado em formato widescreen, com imagem cristalina e com áudio em Inglês. O DVD contém ainda alguns extras de interesse: galerias de imagens promocionais, trailers e genéricos alternativos. Um filme divertido para nos fazer esquecer do fosso em que o país está mergulhado.
Tenho comprado por isso bastantes DVDs do género, muitas das vezes por coleccionismo doentio, mas noutras simplesmente na ilusão de que seja “o tal filme”. Uma das imagens que a minha memória guardou e que mais empenho me mereceu nesta busca desenfreada, foi um duelo entre um personagem interpretado por Giuliano Gemma e um tipo careca cuja cara a nada associava. Nesse retrato, Gemma ficara sem munição mas conseguira enganar o vilão graças a uma bala que guardava num fio que levava ao pescoço. Pois bem, finalmente descobri que porra de filme era esse: “Amico, stammi lontano almeno un palmo”, que por cá ficou conhecido por “Ben e Charlie”!
Ben (Giuliano Gemma) é libertado de uma prisão mexicana, lá fora um gringo – Charlie (George Eastman) – espera-o à três dias. Depois de se agredirem mutuamente em nome dos bons velhos tempos tomam caminhos distintos, mas o destino acaba teimosamente por os voltar a cruzar. Chegados a Red Rock, Ben assalta o banco para espanto do próprio Charlie. Ambos acabam por escapar com o saque das garras do Xerife Walker (Aldo Sambrell) e com o feito passam de meros escroques esfomeados a bandidos com a cabeça a prémio. O Xerife e os agentes da Pinkerton seguem no seu encalço, mas inesperadamente são alcançados não pela lei, mas sim por um bando de malfeitores interessados em fazer sociedade com os nossos anti-heróis.
Michele Lupo, que já trabalhara com Gemma noutro clássico do género (Arizona Colt), monta aqui um filme que não compromete mas que também não ganhou lugar na história do western europeu. Pessoalmente pareceu-me razoavelmente bem fotografado (recuperando até alguns cenários míticos do género como a fortaleza de "El Condor" ou casa de "Once Upon a Time in the West") e com um ritmo bastante interessante. Ainda assim, num ponto de vista meramente analítico poderia reduzi-lo a mais um buddy western na linha dos então populares westerns cómicos da escola Barboni. Meio sério e meio a brincar, com cenas de pancadaria aos montões, mas com tiroteio reduzido e quase sempre pouco certeiro. O argumento é curiosamente responsabilidade parcial do próprio Eastman (que na função assina com o nome de baptismo: Luigi Montefiore), algo que repetiria noutras películas com igual ou maior sucesso ("Keoma").
O DVD da Wild East é uma das opções a considerar para aqueles que quiserem obter “Ben e Charlie”. Como é norma nas edições da editora Norte-Americana, o filme é apresentado em formato widescreen, com imagem cristalina e com áudio em Inglês. O DVD contém ainda alguns extras de interesse: galerias de imagens promocionais, trailers e genéricos alternativos. Um filme divertido para nos fazer esquecer do fosso em que o país está mergulhado.
Mais alguns lobbys germânicos:
Trailer:
A mí esta película a pesar de su tono cómico no me disgustó y la pareja Gemma-Eastman creo que funciona muy bien.
ResponderEliminarA dupla Gemma / Eastman é de valor mas pelo que li e vi neste trailer parece-me que o filme tem demasiadas palhaçadas para o meu gosto!
ResponderEliminarEste filme é de 1972 e por isso está na fase de exploração máxima do western cómico europeu. Não sou fã de comédia nos westerns. Prefiro o que Gemma e Lupo fizeram uns anos mais tarde com CALIFORNIA.
Emanuel, California, para mí, es un gran spaghetti crepuscular, de lo mejorcito que se hizo en los setenta.
ResponderEliminarEsse ainda não chegou aqui no Brasil em DVD, pelo trailer parece ser engraçado, e parece acima da média da maioria dos Westerns cômicos lançados naquele período.
ResponderEliminarOra bem, se estão indecisos lembro apenas que o filme conta com a belíssima Marisa Mell que apesar de não estar tão estonteante como em "Diabolik" consegue ainda assim alegrar os nossos olhos.
ResponderEliminarO filme também está disponível via edição tailandesa da Triple X, muito em conta.
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Pedro Pereira
http://por-um-punhado-de-euros.blogspot.com
http://filmesdemerda.tumblr.com
exto do extinto blog dollarirosso:
ResponderEliminarThursday, August 23, 2007
Ben e Charlie (1972)
Amico, stammi lontano almeno un palmo (Itália)
Ben and Charlie (EUA)
Direção: Michele Lupo
Com: Giuliano Gemma, George Eastman, Marisa Mell, Vittorio Congia, Luciano Catenacci, Giacomo Rossi-Stuart, Aldo Sambrell, Roberto Camardiel e Nello Pazzafini.
Giuliano Gemma e o diretor Michele Lupo foram responsáveis por uma bela parceria cinematográfica, que rendeu clássicos Westerns como “Arizona Colt” (66) e “Califórnia” (77) além de filmes em outros estilos. Mas o melhor momento da dupla veio já no fim do chamado “Ciclo do Spaghetti Western” em 1972. Apesar de ter sido realizado na esteira da série Trinity, “Ben e Charlie” está longe de ser apenas uma cópia de um filme de sucesso. A dupla de protagonistas segue o estilo imortalizado por Terence Hill e Bud Spencer, com Giuliano Gemma como o loiro e esperto pistoleiro e George Eastman como o gigante barbudo e mal humorado. Ambos têm excelentes desempenhos nesse filme que é uma das mais bem sucedidas misturas de comédia com o Western mais sério tentadas no gênero.
A história: Ben (Gemma) acaba de sair da prisão após um golpe fracassado, seu ex-comparsa Charlie (Eastman) está esperando por ele. Mas depois de se desentenderem novamente, Charlie jura que os dois nunca mais irão “trabalhar” juntos. Mas logo o destino coloca Ben e Charlie lado a lado e os dois passam a assaltar bancos. A fama de assaltantes de dupla cresce, atraindo três bandidos perigosos que querem formar um bando junto com eles. Descontente com os rumos do “negócio”, Charlie abandona o grupo. Logo, os métodos violentos dos novos colegas colocam Ben em problemas, fazendo com que Charlie venha ao seu auxílio.
O roteiro de “Ben e Charlie”, escrito pelo próprio George Eastman junto com Sergio Donati, vai além das habituais comédias rasteiras, desenvolvendo os personagens e apresentando uma trama bem elaborada. Não faltam ainda momentos dramáticos, e até certo ponto trágicos, causando uma maior empatia do espectador pela dupla de atrapalhados foras da lei. Em um dos melhores momentos do filme, Ben reencontra seu amor do passado, uma prostituta interpretada por Marisa Mell (a bela atriz de Danger: Diabolik). Esfarrapado e maltratado por anos de desventuras, Ben sente-se humilhado pela presença elegante da moça. Mas ela, por sua vez, continua prisioneira da mesma vida difícil que sempre levou. Na mente de ambos, a esperança de uma vida melhor. São cenas como essa que elevam o filme de Michele Lupo até o patamar dos grandes Spaghetti Westerns.
Vale também destacar o excelente elenco de apoio, com nomes como Aldo Sambrell e o careca Luciano Catenacci interpretando vilões de primeira linha. O futuro diretor Joe D’Amato (Aristide Massaccesi) foi responsável pela fotografia. Ele e o ator George Eastman fariam uma infame parceria nos anos 70 e início dos 80 em filmes como “Erotic Nights of the Living Dead” e “Anthropophagus”.
“Ben e Charlie” foi lançado em VHS no Brasil pela Sagres e posteriormente pela Reserva Especial. A Wild East lançou recentemente no mercado Americano um ótimo DVD do filme.
http://www.imdb.com/title/tt0068203/
fonte:
http://dollarirosso.blogspot.com/2007/08/ben-e-charlie-1972.html