18/04/2020

Pagó cara su muerte (1968 / Realizador: León Klimovsky)

Um Marshall (Wayde Preston) anda no trilho de um bandido mexicano chamado Rojas (Guglielmo Spoletini), as pistas levam-no a uma cidade fronteiriça onde encontra um amontoado de mortos e um cúmplice do bandido. É então que ficamos a saber a história do fugitivo. Afinal Rojas não fora bandido a vida toda. Na verdade, ele tinha uma vida honesta até ao momento em que um gringo racista o força, a ele e à vizinhança, a abandonar as suas terras. Não sem antes dar alguma luta aos opressores. Receoso com a mais que provável revanche dos gringos, manda as mulheres e crianças para a segurança das terras mexicanas. Com os homens adultos passa a fazer saques no lado americano da fronteira, onde o preço da sua cabeça valoriza a cada acto.

Tarde de mais Marshall.

Atingida a "fama", recebe a visita de um trapaceiro, Trevor, interpretado pelo habitué do género, Eduardo Fajardo. Trevor propõe-lhe fazer um assalto ao banco de uma cidade americana onde um passarinho o informou da chegada de um carregamento com 300 mil dólares, que imaginem, caberão dentro de uma alforja! O assalto decorre sem problemas de maior, Trevor segue marcha em território americano com um terço do saque e Rojas e companhia atravessam a fronteira.

Eduardo Fajardo no seu enásimo wester.spaghetti.

Ao regressar a casa recebe a melhor das alegrias, o nascimento de um filho. Mas é aqui que se dá o ponto de inflexão no âmago do personagem. A esposa sucumbe no pós-parto e simultaneamente a aldeia é alvo de um raid dos homens do Xerife. Rojas, desolado com a tragédia, não oferece qualquer resistência e é enviado para a prisão e será o Xerife a assumir a guarda da criança. Anos mais tarde, já no campo de trabalhos forçados, recebe uma carta, um pedido de escusa de paternidade. O impulso que faltava para se evadir e procurar a criança.

As más notícias chegam ao presídio.

A realização é de León Klimovsky, o dentista de Buenos Aires tornado realizador de quem normalmente zumbamos devida ao episódio rocambolesco do afastamento da realização do “Poucos Dólares para Django” e à realização de alguns westerns de qualidade paupérrima, mas até ele teve momentos de clarividência e este filme é bastante aceitável. Não pela espectacularidade das cenas de acção, e muito menos pelo trabalho de câmara, mas tem a seu favor uma carga dramática anormal e uma trama pesada em que não faltam sequer farpas político-sociais.

Pai e filho num momento de conforto.

Para este bom porto destaco também a actuação eficaz de Guglielmo Spoletini. Ele como tantos outros actores da época saltou de filme em filme, quase sempre em papéis limitados, mas neste “Pagó cara su muerte” tem o tempo de antena suficiente para mostrar que tinha capacidade para muito mais. É a vida.  Já Klimovsky, realizou logo de seguida mais um western que facilmente sobreviveria num ambiente contemporâneo enquanto thriller de acção, “Quinto: non ammazzare” e apresar de ter voltado ao género, nos anos seguintes atalharia com sucesso pelo cinema de terror, tendo realizado alguns filmes marcantes como "La Noche de Walpurgis", um clássico do cinema de terror espanhol. 

2 comentários:

  1. A frase de lançamento deste filme é bastante curiosa: "A Nike Cinematografica orgulha-se de apresentar um novo western profundamente humano!".
    Não deixa de ser estranho porque, normalmente, as frases de lançamento dos westerns-spaghetti apelavam a sangue, mortes, violência e afins!

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    1. É um slogan adequado ao tema do filme. Se posse possível retirar o ambiente western, teríamos um drama de fio a pavio. Essa a razão principal de o considerar tão aceitável.

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