11.04.2009

Django (1966 / Realizador: Sergio Corbucci)

Quando se aborda o tema westerns-spaghetti, o primeiro nome que vem à memória da esmagadora maioria é “Sergio Leone”. É com inteira justiça que isso acontece, já que foi o grande mestre do género e realizou obras marcantes. Contudo, Sergio Corbucci segue de muito perto o seu compatriota, se tivermos em conta as suas duas obras-primas: “O grande silêncio” e Django. Concentremo-nos neste último. O ano é 1966 e várias dezenas de westerns-spaghetti surgiram no grande ecrã até à data. Alguns desses filmes são maus, uns são medianos, outros são agradáveis, outros muito interessantes mas quase todos ainda bebem inspiração da abundante fonte clássica americana. Eis então que surge “Django”, uma obra genial que consegue em alguns aspectos ir ainda mais longe que “Por um punhado de dólares”.


O que há dentro do caixão?

“Django” define perfeitamente o que é o western-spaghetti: violência, crueldade, sadismo, vingança, ambição, abundância de símbolos religiosos (caixão, cruzes, cemitérios) e, naturalmente, muitos tiroteios e respectivos cadáveres. As paisagens lúgubres, a cidade de aspecto desolador, enlameado e fantasmagórico, as cores escuras falam mais alto e são o ponto de partida para um marco da história do cinema. O sucesso foi de tal forma gigantesco que deu origem a dezenas de outros filmes com o nome do protagonista mas nenhum deles chegou sequer aos seus calcanhares (o nome tem a ver com um músico de jazz europeu chamado Django Reinhardt).


Este ouro é meu!

O enredo é simples: Django chega a uma localidade praticamente deserta a arrastar um caixão e envolve-se no meio de um conflito entre mexicanos revolucionários liderados pelo General Hugo e os fanáticos sulistas da Ku Klux Klan do Major Jackson. O objectivo é enriquecer às custas dos mexicanos e vingar-se de Jackson, o culpado pela morte da sua mulher. Após muita violência e um elevado número de mortos, Django defronta o seu inimigo mortal no cemitério.


Django ficou com o focinho todo amassado!

Dito desta forma até parece um filme perfeitamente banal mas a maneira como este projecto foi concebido (cenários, armas e figurinos são da responsabilidade de Carlo Simi) foi magnífica. A fotografia de Enzo Barboni e a arrepiante música do argentino Luís Enriquez Bacalov são excelentes. O leque de actores, liderados por Franco Nero, que passou de desconhecido a super vedeta, é composto por Loredana Nusciak, José Bodalo, Eduardo Fajardo e Angel Alvarez.


Hoje temos orelha de porco para o jantar!

O sucesso desta obra-prima foi proporcional à polémica. A censura inglesa, por exemplo, baniu o filme até início dos anos 90 devido à excessiva violência (cortar uma orelha, esmagar mãos, chicotear mulheres) mas contra todos esses atritos “Django” resistiu e é hoje um filme de culto e obrigatório a todos os fãs do género. Hoje em dia é muito fácil comprar edições DVD deste filme em qualquer loja on-line excepto em Portugal, que é uma pobreza franciscana. Eu optei pela edição espanhola que tem boa qualidade de som e imagem (1.85:1). Não existem filmes perfeitos mas, na minha opinião, “Django” roça a perfeição.

28 comentários:

  1. Filme M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O-!

    E seu texto também. :B

    Só de lembrar Franco Nero arrastando o caixão já dá um arrepio na espinha...

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  2. obra-prima da carreira de Corbucci, esse é seu melhor filme e o meu preferido da carreira deste diretor, além de ser o meu preferido do Spaghetti Western,muito bom esse filme, ele é DEMAIS.

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  3. Grande Emanuel!

    Já sabes, na filmografia de Corbucci, eu continuo a preferir "Il grande silenzio" a este. Mas enquanto marco de um género reconheço que "Django" ganha aos pontos. Foi sem dúvida um grande passo em relação aos seus filmes anteriores.

    Fica desde já prometida uma abordagem mais alargada ao personagem nos próximos tempos!

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  4. Eu, em minha cretinice fundamental, nunca vi Django. Tenho um amigo que baixou ele e o "remake/homenagem" japonês dirigido pelo Takashi Miike, mas eu e o bastardo até hoje não marcamos de assistir. Tenho que pegar uma cópia com ele...

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  5. o primeiro western gótico e hiperviolento, por vezes brutal, mas sobretudo um grande espectáculo visual e uma obra-prima do western italiano.
    A melhor versão do filme é o DVD da Blue Underground NTSC/0 remasterizado do negativo original e no seu formato original 1.66.1, um mimo!

    Uma curiosidade: os capuzes ao estilo do Ku klux Klan foram uma ideia do assistente de realização Ruggero Deodato para tapar os rostos dos figurantes que eram na sua maioria muito feios, e até mesmo desdentados, porque os melhores figurantes já estavam ocupados noutras produções com orçamentos mais generosos, não nos esqueçamos que DJANGO era um filme de baixíssimo orçamento, que no caso de DJANGO só serviu para aguçar o engenho do seu realizador e colaboradores...

    Um abraço

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  6. Amigo Pedro, para mim este filme é o melhor de Corbucci e um dos melhores da história!Além disso, estamos sempre a aprender ao ler estes comentários! Mais uma vez o amigo António Rosa dá-nos informações bem interessantes e pertinentes. Contudo parece-me que à excepção de 1 ou 2 a beleza física peca por escassa neste filme! E ainda bem...

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  7. São dois dos melhores da história do cinema western, disso não há dúvidas. A forma como o Sergio Corbucci trata os seus heróis - ora mutilados, ora alvejados à traição - agrada-me bastante. Apenas tenho pena que ele tenha de algum modo manchado a sua evolução no género com o "Il bianco, il giallo, il nero". Perdoem-me os puristas, mas é o que sinto. Como ponto final esperava algo de maior substância.

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  8. Django foi um dos primeiros Spaghetti's que eu vi na vida... preciso rever com urgência!

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  9. Independentemente da história ser simples a forma como é contada e todos os contornos que lhe são dados (cenários, figurinos e música) tornam o filme cativante do inicio ao fim! A forma como está filmado agrada-me bastante, repleto de planos que nos deixam pendurados ás vezes expectativa e outras angústia!Para mim, é isso que diferencia os "grandes" dos "pequenos" filmes!

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  10. um dos melhores spaghettis! caso não tenham percebido a razão do django acabar o filme com as mãos em carne picada é um piscar-de-olho sadico ao mitico guitarrista Django Reinhardt(que tinha 2 dedos a menos na mão direita). Isso justifica também o título do filme.

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  11. Pertinente. O Emanuel refere a influência do guitarrista no texto! :p

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  12. Totalmente de acuerdo creo que va más allá que "Por un puñado de dólares" y sirvio para codificar al pistolero taciturno y de pocas palabras tan típico de este género. Una maravilla. Ah y el tema principal compuesto por Bacalov de lo mejorcito que he escuhado en un spaghetti. En definitiva un clásico.

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  13. E o local onde Django começa o filme arrastando o caixão?

    Sabiam que foi na Itália mesmo e não na Espanha?

    Em Anzio?

    [Anzio, ou, em português, Âncio, é uma comuna italiana da região do Lácio, província de Roma, com cerca de 43.930 (agg. 2003) habitantes. Estende-se por uma área de 43,43 km2, tendo uma densidade populacional de 1.011 hab/km2. Faz fronteira com Aprilia (LT), Ardea, Nettuno.]

    ***

    e Olhe que lá também foram gravados vários filmes.

    Vejam o link abaixo:
    http://garringo.cool.ne.jp/anzio.htm

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  14. O plano inicial é daqueles de arrepiar qualquer um! Um filme visceral, que não tem medo de ousar no uso da violência, e com uma sequencia final emblemática e inesquecível. Só por este, Nero já merecia seu lugar na eternidade...

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  19. CURIOSIDADES DJANGO:

    Em 6 de abril de 1966, "Django" estreou nos cinemas de Roma e Franco Nero arrastou pela primeira vez o seu velho caixão de conteúdo misterioso pela lama. Ali surgia um ícone do bangue-bangue. E quando o sucesso de bilheteria do filme dirigido por Sergio Corbucci atingiu números impressionantes, cifrões devem ter aparecido nos olhos de todo diretor ou produtor em atividade na Itália. Alguns não perderam tempo e deram sinal verde para a realização de novas aventuras com o personagem, estas "não-oficiais", por não terem o envolvimento direto de Sergio Corbucci, Franco Nero ou dos demais realizadores do filme original. Mesmo assim, tinham "Django" grandão no pôster e títulos bem chamativos para seduzir os espectadores que tinham gostado do original.


    Num primeiro momento, produtores espertinhos se contentaram em mudar o nome dos filmes que estavam terminando na mesma época do sucesso de "Django". Eles provavelmente pensavam que bastava trocar o nome do personagem principal, ou apenas colocar um "Django" avulso no título, e torcer para dar certo. Assim, até mesmo obras anteriores à de Corbucci, como o western espanhol "Mestizo", foram instantaneamente transformadas em filmes do Django em busca de dinheiro fácil!

    Num segundo momento, a italianada começou a filmar novas aventuras do personagem, mas sem Franco Nero e sem nenhuma relação com o filme de Corbucci. Por isso mesmo, estes "Djangos genéricos" tinham bem pouco em comum com o "legítimo". Geralmente eram histórias independentes, onde às vezes Django aparecia casado, às vezes noivo, outras vezes era solteirão convicto; às vezes era caçador de recompensas, mas em outras era simplesmente um pistoleiro em busca de vingança. Enfim, a única coisa que importava era o nome do personagem: Django!

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  20. E não é que funcionou? Só o "Django" no cartaz já bastava para muitos espectadores voltarem ao cinema, numa época em que não havia muitas fontes para se pesquisar sobre cinema, e portanto não dava para saber se o filme era uma produção oficial ou não, se tinha uma mínima relação com o original de Corbucci ou não. Apareceram tantos "Djangos genéricos" entre 1967 e 1971 que os críticos de cinema italianos criaram até uma definição oficial para as cópias: Sotto-Djangos (em português, "Sub-Djangos").

    [...]

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    * Franco Nero, o Django oficial, foi o único a aparecer numa sequência direta do filme de Corbucci, "Django, A Volta do Vingador". Mas, tendo estrelado "apenas" duas aventuras do personagem, não detém a honra de ser seu maior intérprete. Esta coube a Jack Betts (conhecido pelos fãs de western pelo pseudônimo "Hunt Powers"), que interpretou Django em três aventuras baratas dirigidas por Demofilo Fidani: "Django e Sartana no Dia da Vingança", "Django Desafia Sartana" (exibido nos cinemas brasileiros como "Django e Sartana Até o Último Sangue") e "Uma Balada para Django".



    * Além de Franco Nero e seus dois filmes oficiais do personagem, Anthony Steffen também interpretou Django em dois filmes, mas estes não-oficiais ("Django, O Bastardo" e "Um Homem Chamado Django"). A bem da verdade, Steffen empataria em 1º lugar com Jack Betts se também considerássemos "Poucos Dólares para Django" como uma aventura do personagem; mas como o nome Django só aparece no título, e no filme seu personagem se chama Regan, a obra não foi contabilizada.


    Demofilo Fidani, que dirigiu três Djangos não-oficiais

    * Embora Sergio Corbucci tenha dado o pontapé inicial, Demofilo Fidani foi quem mais dirigiu aventuras de Django, as mesmas três acima citadas. Em segundo lugar vem Edoardo Mulargia, que dirigiu outros dois filmes não-oficiais: "Django não Espera... Mata" e "Um Homem Chamado Django".

    * E Demofilo Fidani - novamente ele - também foi o roteirista que mais escreveu aventuras de Django, tendo assinado os três filmes anteriormente citados em parceria com Mila Vitelli Valenza (menos "Uma Balada para Django", que escreveu sozinho). Em segundo lugar estão empatados, com dois filmes cada, Tito Carpi, que escreveu "Django Atira Primeiro" e "O Filho de Django", e Franco Rossetti, o único roteirista do "Django" original (ainda que lá estivesse creditado como "collaborating writer") a escrever uma aventura não-oficial do personagem, "Viva Django!".

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  21. * Gianni Garko e Jeff Cameron foram os únicos atores a interpretar dois ícones do western spaghetti, Sartana E Django. Enquanto Garko foi o Sartana oficial da série e fez "10.000 Dólares para Django", Cameron interpretou ambos em aventuras não-oficiais dos personagens: o primeiro em "Sou Sartana... Venham em 4 para Morrer" aka "Quatro Pistoleiros para Sartana" (1969), dirigido por - de novo ele! - Demofilo Fidani, e o outro em "Django Contra 4 Irmãos", dirigido por Luigi Batzella.

    * O toque brasileiro nos "Sotto-Djangos" não se limita apenas à presença de Anthony Steffen, que era filho de pai brasileiro (seu nome de batismo era Antonio Luiz De Teffè), em duas aventuras do personagem. Outros dois atores tupiniquins envolvidos nestas obras são Celso Faria, que integrou o elenco de 5 produções ("Django não Espera... Mata", "Django, O Bastardo", "Django e Sartana no Dia da Vingança", "Django Desafia Sartana" e "Uma Balada para Django"), e a linda Esmeralda Barros, que apareceu em duas ("Django Contra 4 Irmãos" e "Um Homem Chamado Django").



    * Os únicos atores do "Django" original a voltarem em aventuras não-oficiais do personagem foram Luciano Rossi (que também fez "O Filho de Django", "Viva Django!" e "Django, O Bastardo") e Loredana Nusciak, que voltou como interesse romântico de um outro Django em "10.000 Dólares para Django".

    * Pode parecer difícil de acreditar, mas aquele Django quase invencível, que enfrentou os 40 homens do Major Jackson sozinho no filme de Corbucci, acabou comendo capim pela raiz em "O Filho de Django", de Osvaldo Civirani. Pior: seu personagem foi morto da maneira mais estúpida possível, à traição, com tiros nas costas, sem contar sequer com um último duelo à altura da lenda! Com o covarde assassinato, o posto de herói nesta aventura passa para o seu filho, Jeff, interpretado por Gabriele Tinti!




    * Django também virou piada no western "Vou, Mato e Volto" (1967), de Enzo G. Castellari, cuja cena inicial mostra clones de personagens conhecidos do gênero (o Homem Sem Nome e o Coronel Mortimer da "Trilogia do Dólar" e, claro, um sósia de Franco Nero) sendo mortos pelo pistoleiro interpretado por George Hilton. Ironicamente, quando o filme foi lançado na Alemanha, os distribuidores mudaram o título para "Leg Ihn Um, Django" (algo como "Mate-o, Django", ou "Derrube-o, Django" em tradução literal), e o pistoleiro anônimo de Hilton passou a chamar-se Django! Portanto, esse deve ser o único caso da história em que vemos um duelo "Django contra Django"!

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  22. * Enquanto muitos realizadores faziam suas aventuras não-oficiais de Django sem a menor vergonha na cara, o italiano Edoardo Mulargia tentou ser um pouquinho mais sutil: ele dirigiu dois filmes com novos personagens cujos nomes eram "ligeiramente semelhantes" com aquele criado por Sergio Corbucci. O primeiro foi "Cjamango - O Vingador" (1967), com Ivan Rassimov no papel-título. O segundo, em 1970, foi "Shango - A Pistola Infalível", desta vez com Anthony Steffen como Shango (nome que parece ser um cruzamento do Shane, de "Os Brutos Também Amam", com Django). Curiosamente, Mulargia também dirigiu dois "Sotto-Djangos" com os mesmos dois atores: "Django não Espera... Mata", com Rassimov, e "Um Homem Chamado Django", estrelado por Steffen!





    * Os turcos, grandes fãs de western spaghetti e notórios plagiadores do cinema alheio, também tentaram lançar seu próprio Django. Isso aconteceu em "Cango Korkusuz Adam" ("Cango, Um Homem Destemido", em tradução literal para o português), dirigido por Remzi Jöntürk em 1967. O bizarro é que o Django turco, rebatizado "Cango" (hehehe), enfrenta o vilão Kiling, aquele bandido que veste um uniforme em forma de esqueleto, mesmo que um personagem seja do Velho Oeste e o outro um criminoso contemporâneo (não espere lógica nos filmes turcos).


    Cango, o Django turco, chega na moça com a pistola em riste!

    * Por último, mas não menos importante, Django foi um sucesso tão grande no Brasil que deu origem a três "Sub-Djangos" tupiniquins. O único que é um faroeste sério é "D'Gajão Mata Para Vingar" (1972), dirigido por José Mojica Marins, com Walter Portella no papel do cigano e pistoleiro D'Gajão. Os outros dois são sátiras: "Uma Pistola para Djeca" (1969), de Ary Fernandes, com Amácio Mazzaropi no papel de um pistoleiro atrapalhado, e o engraçadíssimo "Um Pistoleiro Chamado Papaco" aka "Os Amores de um Pistoleiro" (1986), de Mário Vaz Filho, impagável pornô da Boca do Lixo que traz Fernando Benini como Papaco, um clone de Django que também aparece arrastando um caixão com uma surpresa dentro... e desta vez não é uma metralhadora!



    * Além de três filmes, Django também ganhou suas próprias histórias em quadrinhos aqui no país, produzidas por Rodolfo Zalla para a revista de faroeste "Johnny Pecos", que teve vida curta entre 1981-82. O herói estrelou duas aventuras publicadas nos números 3 e 4 do gibi, ambas mostrando a caçada a um bandidão mexicano chamado Pancho. Até onde eu sei (e se estiver errado, me corrijam), esta foi a única adaptação de Django para os quadrinhos no mundo, o que não deixa de ser irônico se considerarmos a popularidade das HQs de faroeste (como "Tex" e "Zagor") na Itália! Saiba mais clicando aqui.

    * E quem diria: uma aventura brasileira de cangaceiros foi rebatizada para virar um faroeste estilo "Django" na Itália! Trata-se de "O Cabeleira" (1963), filme dirigido por Milton Amaral, com roteiro baseado no famoso livro de Franklin Távora, cuja trama se passa no Pernambuco do século 18, bem longe do Velho Oeste! Mesmo assim, nos cinemas italianos "O Cabeleira" foi lançado anos depois, em 1968, com o escalafobético título "Se Incontri Sjango, Cercati un Posto per Morire" ("Se Encontrar Sjango, Procure um Lugar para Morrer"), tornando-se assim o único caso de "sub-Django" cangaceiro da história do cinema! Consta que a obra foi reeditada e ganhou nova trilha sonora produzida por Piero Umiliani, com direito à canção-título "Sjango" nos créditos iniciais e um pôster mais ao estilo do western spaghetti, com o que parece ser um pistoleiro mexicano em destaque ao invés do cangaceiro!

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  23. FILMES DO DJANGO SEM DJANGO:

    [...]

    A picaretagem teve duas fases: a primeira foi entre 1966 e 1967, quando o sucesso do filme de Corbucci incentivou distribuidores a pegarem filmes recém-concluídos ou em finalização e mudar seus títulos, transformando-os "à força" em aventuras do Django, mesmo que os personagens principais tivessem outro nome antes. Assim, muitos atores acabaram "interpretando Django" sem saber!

    É o caso, por exemplo, de "Django Volta para Matar", um western espanhol dirigido por Julio Buchs um ano antes do "Django" de Corbucci estrear! Hugo Blanco interpretava um pistoleiro chamado Peter, e o filme chamava-se originalmente "Mestizo". Mas aí "Django" estreou, fez sucesso e os distribuidores resolveram rebatizar "Mestizo" para o lançamento em outros países, inclusive a Itália, onde virou "Django Non Perdona" (tradução: "Django Não Perdoa"). Os brasileiros caíram no conto do vigário e o exibiram nos cinemas com o título "Django Volta para Matar", mas não tem nenhum Django no filme.



    Outro exemplo curioso é o de "Poucos Dólares para Django", western ítalo-espanhol dirigido por León Klimovsky e Enzo G. Castellari em 1966, e já citado lá em cima. Apesar do título espanhol original ser "Alambradas de Violencia", e de Anthony Steffen interpretar um pistoleiro chamado Regan, os realizadores resolveram mudar o título para vender o filme como mais uma aventura de Django.

    Só que eles fizeram a troca de título tão rápido que se enganaram e grafaram o nome do pistoleiro como "Diango" nos créditos iniciais! E a alteração também foi só nome do filme: o protagonista interpretado por Steffen nunca é chamado de Django ou "Diango" na versão italiana ou nas legendas em inglês.



    Django foi erroneamente grafado como "DIANGO" no título italiano

    Sobrou também para o western espanhol "El Proscrito del Río Colorado" (1969), de Maury Dexter, que tinha George Montgomery como o herói originalmente batizado Ray O'Brien. Quando o filme foi distribuído na Itália, virou "Django, Killer per Onore" ("Django, Matador por Honra", em bom português). A "adaptação" também aconteceu nos EUA (onde virou "Django, O Matador Honrado") e na Dinamarca (onde foi transformado em "Django Vem com a Morte").



    Os distribuidores norte-americanos rebatizaram diversos outros faroestes italianos daquele período para transformá-los em aventuras de Django. "La Più Grande Rapina del West", dirigido por Maurizio Lucidi em 1967, virou "Halleluja for Django" nos EUA e na Alemanha, apesar do protagonista George Hilton interpretar um pistoleiro chamado Billy 'Rum' Cooney. No Brasil, o título original "A Grande Rapina do West" foi usado nos cinemas e na época do VHS, mas o enganoso "Aleluia para Django" foi adotado no recente relançamento em DVD pela Ocean.

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  24. Os ianques também rebatizaram o filmaço de Giulio Questi "Se Sei Vivo Spara" ("Se Você Viver, Atire!"), de 1967, como "Django Kill... If You Live, Shoot!". Na trama, Tomas Milian interpreta um mestiço anônimo, a quem jamais se referem como Django ou qualquer outro nome. Mesmo assim, Django apareceu nos títulos em vários países. Nos cinemas brasileiros, o filme foi exibido primeiro com um título genérico ("O Pistoleiro das Balas de Ouro"), mas logo o apelo do nome falou mais alto e ele foi rebatizado "Django Vem para Matar" em DVD.



    "L'Ultimo Killer", dirigido por Giuseppe Vari em 1967, também foi transformado em aventura de Django nos Estados Unidos. Este western traz George Eastman como um mexicano que recebe lições de um veterano pistoleiro chamado Rezza (interpretado por Dragomir Bojanic). Nos EUA, Rezza foi rebatizado como Django e o título mudou para "Django, The Last Killer". O mesmo aconteceu no Brasil, onde o filme chegou aos cinemas como "Django, O Matador" - uma picaretagem corrigida nos relançamentos em VHS (como "O Último Matador" pela Sagres) e DVD (como "O Último Assassino" pela Ocean).



    Mas bizarro mesmo é o caso de "Keoma", um western spaghetti tardio estrelado por Franco Nero e dirigido por Enzo Castellari em 1976. Para aproveitar a presença de Nero, os distribuidores norte-americanos optaram por exibir "Keoma" como se fosse sequência direta do "Django" de Corbucci, lançando-o com títulos enganosos como "Django Rides Again" e até "Django's Great Return"!

    Por sinal, o pobre Nero ficou tão marcado como Django que quase todos os seus trabalhos posteriores foram rebatizados com o nome do personagem quando lançados na Alemanha - onde o filme de Corbucci foi um grande sucesso de bilheteria.



    Assim, "Adeus, Texas" ("Texas, Adios", 1966), de Ferdinando Baldi, virou "Django, Der Rächer" ("Django, O Vingador") e até "Django 2" (!!!) lá na Alemanha, embora o personagem de Nero na película originalmente se chamasse Burt Sullivan.

    "Tempo de Massacre" ("Tempo di Massacro", 1966), de Lucio Fulci, também não tinha nada a ver com Django. Mas, por causa da presença de Franco Nero no papel do pistoleiro Tom Corbett, virou "Django - Seu Hino Era o Colt" (!!!) na Alemanha.

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  25. E o que dizer de "O Homem, O Orgulho e a Vingança" ("L'Uomo, L'Orgoglio, La Vendetta", 1968), uma espécie de versão western da história de "Carmen" dirigida por Luigi Bazzoni, e com Franco Nero no papel do soldado espanhol Don José? Pois os alemães não pensaram duas vezes em rebatizá-lo como "Django Trouxe a Morte". No Brasil, o filme passou nos cinemas com uma tradução literal do título original, depois saiu em VHS como "Traído pelo Ódio", e mais recentemente a Ocean entrou na onda dos alemães e relançou-o em DVD como "Django Não Perdoa, Mata"!



    Mas o caso mais absurdo é o da aventura "O Caçador de Tubarões" ("Il Cacciatore di Squali", 1979), de Enzo Castellari, que sequer é um filme de faroeste, e traz Franco Nero como Mike di Donato, o "caçador de tubarões" do título. Acredite se quiser, mas na Alemanha a obra foi rebatizada como "Dschungel-Django" - em português, "Django e os Tubarões"!!!



    Como já deu para perceber, os distribuidores alemães eram os reis da picaretagem envolvendo o nome do personagem: praticamente todo western spaghetti produzido entre 1966-1971 foi rebatizado para virar aventura de Django por lá, sem muito critério ou bom senso.

    "Rattler Kid - Se Queres Viver... Atira" ("Un Hombre Vino a Matar", 1967), dirigido por León Klimovsky, tem um pistoleiro chamado Tom Garnett que usa o apelido "Rattler Kid" (interpretado por Richard Wyler). Mesmo assim, na Alemanha o filme virou "Django, Insaciável como Satanás"!!!



    "Bill, Il Taciturno" (1968) é outro belo exemplo. Como o título indica, o filme de Massimo Pupillo pretendia lançar um novo personagem, chamado "Bill, O Calado" e interpretado por George Eastman. Mas os distribuidores alemães não pensaram duas vezes em mudar o nome do herói para Django e o título para "Django Mata Suavemente". O mesmo aconteceu nos EUA ("Django Kills Softly"), na França ("Django, Le Taciturne") e no Brasil, onde ele foi exibido como "Django Mata em Silêncio"!



    Já o caso do ator norte-americano Robert Woods é no mínimo pitoresco: ele interpretou Django três vezes, mas provavelmente nunca ficou sabendo disso! Na realidade, Woods jamais interpretou Django, mas três westerns que ele fez na Itália foram rebatizados com o nome do personagem lá na Alemanha: "O Maldito Dia do Fogo" ("Quel Caldo Maledetto Giorno di Fuoco", 1968), de Paolo Bianchini, em que Woods interpretava um pistoleiro chamado Chris Tanner, virou "Django Não Reza a Deus" na Alemanha; "Um Bandoleiro Chamado Black Jack" ("Black Jack", 1968), de Gianfranco Baldanello, virou "De Joelhos, Django, e Lamba as Minhas Botas" (Santa criatividade, Batman!!!) para os alemães; por fim, "Starblack" (1968), de Giovanni Grimaldi, em que Woods interpretava um herói chamado Johnny 'Colt' Blyth e apelidado de "Starblack", transformou-se em "Django, O Deus Negro da Morte" na Alemanha!

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  26. Mais alguns títulos enganosos, e não só alemães: "As Duas Faces do Dólar" ("Le Due Facce del Dollaro", 1967), de Roberto Bianchi Montero, virou "Django - Seu Colt Canta Seis Estrofes" na Alemanha e "Pôquer de Ases para Django" na França.

    Em "Execução" ("Execution", 1968), de Domenico Paolella, John Richardson faz papel duplo numa tradicional história sobre gêmeo bom e gêmeo mau, ambos perseguidos por um caçador de recompensas chamado Clips (Mimmo Palmara). Mesmo assim, o western virou Django na Alemanha (título: "Django - A Bíblia Não é um Jogo de Cartas"!!!) e na França (título: "Django, Prepare Sua Execução").



    Três filmes dirigidos por Sergio Garrone viraram Django sem sê-lo, talvez porque o cineasta tenha assinado um dos mais bem-sucedidos títulos não-oficiais do personagem, "Django, O Bastardo". O primeiro deles foi "Atirar para Viver" ("Se Vuoi Vivere... Spara", 1968), que virou "Façam Suas Preces... Django Atira!" na Alemanha, onde o personagem interpretado por Ivan Rassimov, que se chamava Johnny Dall, virou Django à força na dublagem.

    Outro foi "Uma Longa Fila de Cruzes" ("Una Lunga Fila di Croci", 1969), rebatizado "Django e Sartana - A Dupla Fatal" na Alemanha. Por causa dessa pequena "liberdade poética" da alemoada, o personagem de Anthony Steffen, originalmente chamado Johnny Brandon, virou Django, e o de William Berger, que era Everett Murdock na versão original, passou a chamar-se Sartana, pelo menos nos cinemas e videolocadoras da Alemanha!

    O terceiro trabalho de Garrone rebatizado foi a co-produção ítalo-espanhola "Tequila" (1971), mas neste caso o título enganoso foi dado primeiro na Itália, onde o filme virou "Uccidi Django... Uccidi per Primo!" ("Mate Django... Mate Primeiro!" em tradução literal). EUA e França entraram na jogada e também venderam o filme como se fosse mais uma aventura de Django.





    Para encerrar, duas curiosidades bem bizarras. Uma delas é a comédia erótica norte-americana "Brand of Shame" ("Marca da Vergonha", em tradução literal), dirigida por Byron Mabe em 1968, que trazia Steve Stunning como um pistoleiro metido em altas confusões no Velho Oeste. Para aproveitar o apelo popular do filme de Sergio Corbucci, distribuidores inescrupulosos resolveram relançar o filme na Europa com o impagável título "Django Nudo"!!! Azar de quem queria ver Franco Nero pelado, pois ele nunca dá as caras, "nudo" ou vestido...

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  27. A outra doideira é o western "Sartana - Uma Pistola e 100 Cruzes" ("Una Pistola per Cento Croci!", 1971), de Carlo Croccolo. Dependendo do país em que o filme foi lançado, o personagem interpretado por Tony Kendall foi rebatizado como Django ou como Sartana. No Brasil, por exemplo, ficou sendo Sartana, mas na Alemanha virou Django (claro...). E na versão original em italiano? Ironicamente, nenhum dos dois: o pistoleiro interpretado por Kendall chamava-se "Santana", e não tinha relação com os dois famosões do Velho Oeste!



    (Eu citei apenas alguns casos mais famosos e/ou curiosos, mas existe uma caralhada de filmes transformados em falsos Djangos principalmente na Alemanha e na França, como "Sete Dólares para Matar", de 1966, que para os alemães virou "Django - Os Abutres Estão Fazendo Fila"; "Sentenza di Morte", de 1968, transformado em "Django, Impiedoso como o Sol" na Alemanha; e "Il momento di uccidere", de 1968, que foi rebatizado "Django - Por um Caixão Cheio de Sangue" pelos alemães, entre muitos outros cuja relação tornaria esta postagem ainda mais gigantesca. O mais recente filme falsamente intitulado com o nome do personagem foi a produção para a TV norte-americana "A Vida por um Dólar", dirigida em 1998 por Gene Quintano e com Emilio Estevez no papel principal, que na Alemanha virou "Django - Um Dólar para os Mortos"!!!)

    &&&

    FONTE:
    texto do Felipe Guerra

    http://filmesparadoidos.blogspot.com.br/2013/01/maratona-viva-django.html

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  28. E o local onde Django começa o filme arrastando o caixão?

    Sabiam que foi na Itália mesmo e não na Espanha?

    Em Anzio?

    [Anzio, ou, em português, Âncio, é uma comuna italiana da região do Lácio, província de Roma, com cerca de 43.930 (agg. 2003) habitantes. Estende-se por uma área de 43,43 km2, tendo uma densidade populacional de 1.011 hab/km2. Faz fronteira com Aprilia (LT), Ardea, Nettuno.]

    ***

    e Olhe que lá também foram gravados vários filmes.

    Vejam no novo link abaixo:

    http://y-yasuda.net/anzio.htm

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