10.17.2021

Oeste Nevada Joe (1964 / Realizador: Ignacio F. Iquino)



O renomeado pistoleiro Joe Dexter, chega à cidade mineira de Golden Hill. Procura alojamento e algo para afagar o pó do deserto, mas não tarda a envolver-se num duelo em curso no saloon da cidade. A sua destreza no manejo do colt garante-lhe sucesso imediato e o pulha que acabara de matar um homem à traição, recebe a paga em chumbo quente. A dona do saloon, Mary Blue, fica extremamente impressionada com o feito e rapidamente tenta convencê-lo a trabalhar para ela. No entanto o pistoleiro não demonstra qualquer interesse em trabalhar para uma mulher, ignorando até a asinha que a bela Mary Blue lhe lança. 

George Martin e a guapíssima Katia Loritz.

Não tardará o momento em que outra mulher lhe oferece proposta idêntica. Desta vez será Julia Brooks, a dona de uma das maiores minas da região. Julia tem entre mão um problemão: os seus carregamentos de minério são frequentemente usurpados e precisa urgentemente de alguém que lidere os seus homens! Nitidamente acostumada a lidar com grandes imbróglios, não está com meias palavras e manda os capangas encurralar Joe e levá-lo até ela. Ora, Joe não aprecia a coação e declina a oferta de trabalho, mas não sem antes dar uma valente lambada aos capangas. Alguns dias depois, um novo envio de minério ocorre e mais uma vez é atacado. Desta até Julia acaba ferida, acontecimento que vai fazer com que Joe mude de ideias abraçando a tarefa. 

Joe é encurralado, ou será que se deixou encurralar?

Ignacio F. Iquino, um dos valentes do cinema espanhol de género, assume a escrita, a produção e a realização deste “Oeste Nevada Joe”. As influências do western clássico americano são incontestáveis, com bastantes paralelos com o “Johnny Guitar” de Nicholas Ray. O que estou certo fará muitos decliná-lo entre outra qualquer escolha do filão western-spaghetti. Não serei eu a dizer-vos a fazerem o contrário, acreditem. Trata-se evidentemente de um filme desprovido da violência, a que nos habituámos no pós-Leone. Mas se não vieram aqui parar por engano, acredito que nalgum momento já terão visto algum filme com a participação do espanhol, George Martin. Um verdadeiro ginasta, mestre na arte de bem socar, rebolar e saltar. Portanto se apreciam um western com maior dose de luta mano-a-mano que tiroteios, provavelmente não ficarão desiludidos. Novos fãs, devem esquecê-lo por ora.

Para reflectires sobre a quem apontas o rifle.

George Martin é na verdade o alias de Francisco Martínez Celeiro. Ele foi um dos primeiros astros do western europeu. Extremamente activo desde os primeiros anos do filão, assumindo quase sempre a personagem principal dos seus westerns chegando mesmo a assumir em situações pontuais a função de realizador, como aconteceu no «filme fantasma», “Vamos a matar Sartana” (saibam mais sobre esse episódio rocambolesco aqui).

Estes mineiros não são de fiar.

Mas nem sempre tivemos um Martin de bom coração, na verdade muitos lembrar-se-ão dele sobretudo pelas suas entregas enquanto vilão nos imperdíveis: “O Regresso de Ringo” de Duccio Tessari e “O Prazer de Matar” de Tonino Valerii. Também fez filmes de aventuras, espionagem, terror e giallo, abandonando a arte em meados de setentas com o aproximar do declínio deste tipo de cinema. 

George Martin faleceu em Miami no passado mês de Setembro, vitima de ataque cardíaco causado por insuficiência renal derivada de uma obstipação grave. A sua saúde ficara fragilizada nos seus últimos meses de vida desde que fora infectado com COVID-19…
RIP

2 comentários:

  1. Consta que George Martin não se entendia com Ignacio Iquino e, por isso, foi a última vez que trabalharam juntos.
    A frase de lançamento deste filme é: "Violento com as mulheres. Implacável com os inimigos."

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    1. O Iquino era da velha escola, fazia tudo e mais um par de botas nos filmes dele. Suponho que não desse espaço para ninguém meter o pescoço de fora.

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