8.15.2021

L'uomo che viene da Canyon City (1965 / Realizador: Alfonso Balcázar)



Algures no meio do deserto, Rayo e Carrancho caminham acorrentados sob forte guarda prisional. Num piscar de olhos aproveitam um descuido dos guardas e mandam-se por uma ravina abaixo. A perseguição sucede-se imediatamente, mas no jogo do gato e do rato, os dois foras-da-lei levam a melhor e escapam sem mazelas. Sem hipótese de se libertarem das correntes não lhes resta outra hipótese que não seja entrar em acordo sob qual o rumo a seguir. Acordo feito, lá seguem caminho, mas quase imediatamente os dois dão de caras com uma tentativa de assalto a uma diligência. Sem nunca se porem a descoberto, escutam uma informação empolgante: A localização de um pagamento de 70 mil dólares, destinados às minas de prata. O portador da maquia é um tipo texano astuto, que não só repudia o ataque à diligência como também escapa à tentativa de roubo encetada entretanto pelos dois meliantes. 

Rayo (esquerda) e Carrancho (direita), unidos pelos elos de uma corrente.

Todavia estamos na presença de patifes trabalhadores! Pois bem, ao aperceberem-se que o dinheiro tem como destino o rancho de um tal de Morgan (Robert Woods), encontram forma de serem por ele contratados. Rayo, faz-se valer da agiliza no gatilho e é naturalmente contratado como capanga. Já Carrancho alista-se como cozinheiro, uma profissão adequada para o gorducho. O intuito de ambos é fazerem-se passar despercebidos e localizar o local exacto onde o dinheiro mora, e só então executar o golpe. Melhor, golpes, que por esta hora já é cada um por si! Os planos individuais parecem ter pernas para andar, mas o que nenhum deles  esperava certamente era bater de caras com um esquema de escravatura engendrado pelo deplorável Morgan. Tornando-se ambos improváveis defensores dos peones

Carrancho: Simpático, larápio, trapaceiro e agora salvador dos fracos e oprimidos!

“L'uomo che viene da Canyon City” é o segundo filme do contrato de Robert Woods para o clã Balcázar, e neste capítulo ao contrário do que seria regra nos seus westerns seguintes, desempenharia o papel do antagonista. A sua personagem é um tipo sem escrúpulos que não só se entretém a explorar a mão-de-obra mexicana usada na extração do minério, como ainda congemina esquemas para arrebatar o dinheiro dos pagamentos do governo que legitimamente lhe haveria de vir parar. Forçando assim o duplo pagamento. E no elenco temos também o impecável Luis Dávila, no papel de Rayo. Para os mais distraídos será uma cara nova, mas o actor argentino foi um habitué nos westerns espanhóis mais madrugadores e como tal, parceiro habitual nos filmes dos Balcázar (L'uomo dalla pistola d'oro, Dinamite Jim).

Todos se acagaçam na hora de saltar para dentro dos carris.

O filme tresanda a western paella e até mesmo o título espanhol – Viva Carrancho – é o que me parece mais apropriado. Um título que não deixa margem para dúvidas, a personagem que rouba a tela é a de Fernando Sancho, que genuinamente saca umas valentes gargalhadas ao espectador menos sisudo. Curiosamente, ele e Robert Woods contracenaram nesse mesmo ano em “Los Pistoleros de Arizona”, onde Sancho interpreta igualmente uma personagem chamada Carrancho. Além do nome existem poucas singularidades entre ambas as personagens, podendo e devendo, encarar os filmes como dissociados. Resumindo e baralhando, se procuram um grande western para preencher os vossos corações, sigam caminho. Ainda assim, como é boa regra nos filmes de Alfonso Balcázar, o entretenimento está minimamente garantido. A fotografia é cuidada e a acção é literalmente explosiva! É arriscar e não piar!

3 comentários:

  1. Resenha #245

    Visitem a listagem com todos os filmes resenhados n blogue aqui: https://letterboxd.com/pedropereira/list/todos-os-westerns-spaghetti-revistos-no-blog

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  2. Este ainda não tive oportunidade de ver mas, pelo que li, aposto que Fernando Sancho faz mais do mesmo, ou seja, faz dele próprio, vulgo mexicano espampanante, extrovertido e com a mania que o mundo lhe pertence!

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    1. Claro que sim. Este filme tem ainda assim uma particularidade. Na cena de fuga os dois homens seguem pelas ravinas em alta velocidade. È claro que o amigo Sancho foi substituído por um duplo, jamais conseguiria atingir aquela velocidade, digo eu!

      O filme está no Youtube, aqui https://www.youtube.com/watch?v=4fKn9jeA5y8

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