15/12/2010

Una nuvola di polvere... un grido di morte... arriva Sartana (1970 / Realizador: Giuliano Carnimeo)


Sartana abate três supostos homens da lei que aterrorizam um juiz e sua filha, de seguida entrega-se às autoridades da presidiária local. Os carcereiros espancam-no e colocam-no dentro de grades. Pouco depois, uma troca de olhares com um dos prisioneiros indicia o jogo de Sartana. Afinal o nosso herói de capa negra fez-se encarcerar para chegar a Grande Full (Piero Lulli), o mais célebre dos aprisionados. Grand Full parece saber o paradeiro de uma elevada soma de dinheiro, parte em ouro e parte em notas falsificadas. Tudo indica que o lote esteja escondido em Grandville, para onde cavalga Sartana depois de se evadir da prisão. Lá ficamos a saber que meia cidade está interessada no dinheiro, incluindo um xerife corrupto (Massimo Serato), um general e seu bando de malfeitores (José Jaspe), uma viúva-alegre (Nieves Navarro), um velhote engenhoso (Franco Pesce) e até um agente federal (Frank Braña). Mas ninguém sabe ao certo o paradeiro do dinheiro. Sartana inicia então a sua própria investigação do caso, prometendo parceria com todos os anteriormente mencionados, que afinal apenas manipulará na sua grande caça ao tesouro.

Este foi o quarto e último filme protagonizado por Gianno Garko para a franquia Sartana. É também aquele que mostra um argumento mais elaborado, sempre embebido num clima de suspense, não muito distante dos filmes de detectives. Cheio de flashbacks e outros demais clichés dessa vertente: um assassinato por resolver, uma elevada soma de dinheiro desaparecido, um punhado de implicados, etc. “Una nuvola di polvere... un grido di morte... arriva Sartana” é também o titulo que compila as mais forçadas e inacreditáveis engenhocas que Gianfranco Parolini e Giuliano Carnimeo foram introduzindo nos títulos anteriores da saga.

O auge da patetice é atingido com a entrada em cena de um órgão de tubos que afinal serve como letal arma, ora transformado em canhão ora em metralhadora. A par da máquina de costura de “Aleluia” este é um dos momentos mais irrealistas de todos os westerns-spaghetti que já assisti. É claro que em “Testa t'ammazzo, croce... sei morto... Mi chiamano Alleluja” Carnimeo assinava propositadamente um western cómico, e aí sim, tudo é permitido! Outra das engenhocas mais embaraçosas é Alfie, um boneco índio que se move através de um sistema mecânico. Já a habitual Derringer, que Sartana sempre usou foi aqui suplantada pelo mais corriqueiro Colt. Uma pena!


“Sartana, o vingador” - título português - não está até à data em que escrevo estas linhas, disponível no mercado português. Aos que se dão bem com o espanhol recomendo o DVD da Impulso Records (incluído na “La colección sagrada del spaghetti western”), que contem o filme num formato widescreen e com uma imagem cristalina.

E com estes breves comentários dizemos não um “adeus”, mas um “até já” ao nosso amigo Sartana. Os filmes que incluímos neste ciclo, são provavelmente os mais notáveis da saga, mas existem obviamente muitos mais com a sua marca. Filmes que de um modo ou de outro se apropriam da personagem, mas que na sua maioria para além do nome “Sartana” pouco mais têm em comum com as características definidas quer por Parolini quer por Carmineo. Alguns desses filmes são realmente intragáveis, outros até cumprem os mínimos de divertimento, mas a seu tempo lhes dedicaremos o seu espaço no “Por um punhado de euros”. Em breve estaremos no Natal, quem sabe o Pai Natal não vos põe um “Sartana” no sapatinho!


Para aguçar o apetite aqui fica mais um punhado de lobby cards:



Trailer:

9 comentários:

  1. Caro Pedro, permite-me discordar contigo, aquilo que chamas patetice no filme, na minha subjectiva opinião não o é, pelo contrário, o órgão é um dos exemplos mais felizes de metamorfose de um objecto em arma no género, ou mesmo em quase todos os géneros,a máquina de costura em Aleluia é outra muito feliz, e sendo Sartana inspirado em James Bond, é natural que à maneira que a série avançava, as engenhocas serem mais elaboradas. Por curta margem, este acaba por ser o meu favorito da série, sobretudo por tudo o que adiantaste no teu comentário positivamente e adicionando o que não gostaste. uma última palavra para a música de Bruno Nicolai: fenomenal!
    Um grande abraço,
    António Rosa

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  2. Ora essa companheiro! A discórdia sempre será bem-vinda! Pelo que já li noutros blogues e até no livro "Spaghetti Heroes: Django - Sartana - Ringo", este filme é geralmente referido como o melhor da série. Pessoalmente, agora que revi toda a saga dita oficial, fiquei sem saber qual é o meu preferido. Na minha cabeça julgava que fosse o primeiro mas talvez agora penda para o "Buon funerale, amigos!... paga Sartana". Enfim são todos suficientemente interessantes e divertidos. Sartana é uma personagem fantástica, e por isso mesmo um dos meus gatos foi baptizado com o seu nome!

    Sobre os orgãos, máquinas de costura e afins. Lembrei-me agora de outra arma não muito realista usada por Garko noutro dos seus spaghettis, falo da sombrinha/metralhadora de "Campa carogna... la taglia cresce". Um filme que me lembro apenas vagamente...

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  3. @Pedro, o filme a que te referes tem o título em português de À VOLTA CÁ TE ESPERO com Gianni Garko e Stephen Boyd (o Messala de Ben-Hur), western muito interessante da fase final do género e Garko tem realmente uma metralhadora, não diria numa sombrinha, aquilo é mais um guarda-sol, LOL, mortífera e é um personagem diferente, chama-se Koran e está frequentemente a ler o Alcorão. O tema principal do filme é cantado por Stephen boyd.

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  4. As engenhocas sempre foram uma imagem de marca dos filmes de Parolini e Carnimeo! Não é por acaso que surge o adequado termo "circus-western", porque com tantos truques de ilusionismo e acrobacias, faz-nos lembrar um circo, embora mais violento!

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  5. Eu cá gosto muito daquela prisão no chão e dos engenhos de Sartana. Achei que, embora inesperado, o órgão-arma é um pouco ridículo. Este filme perde ainda, na minha opinião pelos pormenores- talvez seja por defeito de profissão mas atento muito ás pequenas coisas. Existem mesmo muitos enganos, em diversas cenas ele sai com um cavalo e na sequência parece noutro. Preferia que tivessem optado sempre pelo tradicional cavalo branco que contrasta muito bem com o capote negro. Mas de forma geral gostei do filme.

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  6. eu gostei dos "gagets" do Sartana, achei qe foram bem inseridas na trama, esse filme é ótimo, faz um tempão que o vi no Youtube.

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  7. @ António:
    Vou tentar ver o filme nas férias de Natal. Tenho o DVD da Devisa a apanhar pó há já demasiado tempo.

    @ Emanuel:
    Mesmo muito violento. A cena do orgão é uma selvajaria.

    @ Eushinha:
    Provavelmente o DVD que assistimos estará cortado, isso explicaria em parte estes factos.

    @ Artur:
    Recomendo-te a edição "Sartana Saga: Spaghetti Western Bible 2". Tem todos os filmes por $13.99. Espreita aqui:
    http://www.amazon.com/Sartana-Saga-Spaghettie-Western-Bible/dp/B001HY3B4K

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  8. Alguém me sabe dizer o título português deste filme se, por acaso, estreou comercialmente..?

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