3.08.2011

Joe l'implacabile (1967 / Realizador: Antonio Margheriti)

Antes de assinar duas das obras fundamentais que o western-spaghetti conheceu (“E Dio disse a Caino...” e “Joko invoca Dio... e muori”) Antonio Margheriti fez uma incursão humorística no género. Algo pouco habitual considerando o ano de lançamento do filme – 1967 – alguns anos antes da bem sucedida estreia do da saga Trinitá, “Lo chiamavano Trinità”.

O governo dos Estados Unidos da América sofre pesadas emboscadas aos seus carregamentos de ouro, assaltos que colocam em risco o normal funcionamento da sua economia. O problema leva a que seja agendada uma reunião de emergência entre o senador Sennet e os responsáveis pela extracção do minério. O caricato senador vai fazendo rabiscos elaborados enquanto ouve desinteressadamente as preocupações dos proprietários das minas, surgindo eventualmente com um elaborado plano. Um plano a executar pelo muito especial agente Joe Ford (Rik Van Nutter), um especialista no manejo de explosivos que todos reconhecem por Dynamite Joe. Alcunha que justifica, entrando na sala de reuniões depois de fazer ir pelos ares uma das paredes!


A ideia envolve algum risco, consistindo em movimentar as cargas de ouro de todas as minas de Mineral City num só carregamento, para tal o ouro será secretamente fundido e transformado numa aparentemente banal diligência da Wells Fargo. Mas um dos responsáveis das minas é afinal um vigarista que está por detrás dos assaltos, aproveitando a sua posição estratégica como vantagem no planeamento dos mesmos. O banqueiro local e o fora-da-dei El Sol também têm intenções de enriquecer rapidamente juntando-se à festa. Deles todos se ocupará o nosso galante herói Dynamite Joe.

As cenas explosivas e irrealistas (aqui e ali usando a infame técnica das miniaturas), embebidas num enredo com múltiplos twists e a presença constante de miúdas ciosas, parecem sacadas a ferros de um qualquer filme da saga 007. Infelizmente Rik Van Nutter fica a léguas da classe de um Sean Connery, jamais conseguindo ombrear a sua personagem com o famoso agente secreto britânico. Na verdade desenvolvi até uma certa animosidade pelo sorriso idiota que o personagem carrega durante quase todas as cenas do filme.


“Joe l'implacabile”, apesar de tragável é infelizmente bastante inferior aos dois westerns que Margheriti realizaria nos anos seguintes, roçando a mediocridade enquanto filme de acção e mesmo enquanto paródia é de fraco efeito. Algo que recomendaria apenas a fanáticos do género, a esses deixo a informação de que o filme está disponível em DVD no mercado espanhol.


Lobbys:








3 comentários:

  1. Inicialmente, Margheriti quis imitar o western americano e optou por esta vertente cómica que não vale quase nada. Felizmente, mais tarde, realizou fusões perfeitas de western e terror nos filmes mencionados no início da resenha. Se não fosse esses dois belos filmes, Margheriti nunca teria o lugar de destaque que hoje tem.

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  2. parece ser um ótimo filme, procuro não comparar quando um diretor faz obras-primas ou quando é só um faroeste ceheio de tiroteios em L´uomo, Un cavallo, Una pistola, também tem essa coisa de transformar ouro em diligência.

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  3. É uma ideia recorrente nalguns westerns europeus, mas esse de que falas parece-me que é superior ao do Margheriti. Bolas, as cenas da enxurrada provocada por uma explosão do nosso Dynamite Joe são patéticas!

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    Pedro Pereira

    http://por-um-punhado-de-euros.blogspot.com
    http://filmesdemerda.tumblr.com

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