4.18.2010

Il mio nome è Mallory "M" come morte (1971 / Realizador: Mario Moroni)

Robert Woods teve um papel importante no seio do spaghetti-western, não foram poucos os filmes em que deu a cara (Due once di piombo, Black Jack, Quel caldo maledetto giorno di fuoco, etc.), mas essa passagem pelo género não parece regozijar nem o próprio. É que no meio de tantos filmes, poucos são os que se podem considerar sequer medianos, a maioria são mesmo muito fracos. E quem viu, por exemplo, a sua participação no medíocre Era Sam Wallash... lo chiamavano 'Così Sia' do prolífico Demofilo Fidani, entenderá do que falo. Nascido e criado no Colorado, Woods acabou como tantos outros actores americanos por remar à Europa, em procura de melhor sorte. Em França trabalhou em dobragens e ocasionalmente em teatro.

Encontro na tasca.

Aí seria descoberto pelo produtor e realizador espanhol Alfonso Balcazar, que lhe acenou com um contrato para um punhado de filmes. Uma proposta simplesmente irrecusável para um actor em inicio de carreira. A parceria seria iniciada com Los pistoleros de Arizona, um filme mexido e vagamente interessante. Outros se seguiram e ao longo dos anos Robert Woods consolidaria o seu nome no cinema europeu, garantindo trabalho para 14 anos, e participações em mais de 20 westerns-spaghetti. Nalguns desses filmes nunca deveria ter aceitado protagonizar, Il mio nome è Mallory... M come morte é um desses casos!

Gabriella Giorgelli é a carinha laroca de serviço.

A acção do filme gira em torno da personagem Mallory, um tipo mestiço que se faz apresentar com um penteado ridículo – valia tudo nos anos 70. No final da guerra civil Mallory e o seu amigo Coronel Todd Hasper compram um rancho à muito desejado por Bart Ambler, o patife local. A compra decorre enquanto Bart está fora da cidade, mas com o seu regresso a agitação começa. Block, outrora braço contratado de Mallory une esforços com Ambler e interceptam o antigo proprietário do rancho, que assassinam depois de lhe roubar o ouro da venda. Agora na posse do ouro, Ambler tenta legitimamente comprar as terras a Mallory, que não se mostra minimamente interessado em fazer negócio. O mestiço apaixona-se entretanto por Cora, irmã de Ambler, o que incendiará ainda mais o ódio de Block - eterno apaixonado pela miúda. Sabendo que dificilmente conseguirá sacar mais rápido que Mallory, Ambler faz-se valer da inveja de Block incentivando-o a confrontar o mestiço.

Este sócio anda sempre mal disposto.

"Il mio nome è Mallory... M come morte" podia ser simplesmente um filme mediano, mas a direcção do estreante Mario Moroni é ineficaz e vistas as coisas não consegue ser nada mais do que um filme aborrecido, lançado num ano em que o género parecia cada vez mais condenado ao desaparecimento. Para além de algumas velhinhas edições em VHS julgo ser completamente impossível de encontrar por aí este “Mallory”. A versão que tive oportunidade de assistir corresponde a uma transferência de uma dessas VHS, com imagem e som sofrível e legendas originais forçadas. Um exercício no limiar do masoquismo, garanto-vos!


Edit (26/06/2020):

O filme foi finalmente lançado em versão DVD cristalina em meados de 2013 (screens ilustrativos dessa nova versão). Titulo da edição: Django - unerbittlich bis zum Tod. Podem encontra-lo na Amazon.

10 comentários:

  1. Os filmes maus também merecem ser vistos!!!

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  2. Merecem pois. Excepto se falarmos de mega produções como aquela lançada no ano passado, "2012"! Nesses casos não há justificações!

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  3. Bom trabalho Pereira, nelhor que o filme

    Vitor "El Topo" Louçã

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  4. De facto, este filme é mau, desinteressante e sem nexo! Para não variar, pode-se constatar no trailer que a utilização indevida do nome "Django" está presente, o que torna a coisa ainda mais ridícula! Por outro lado, estou de acordo que os filmes maus também devem ser vistos e este filme deve ter tido de certeza um orçamento simbólico! Hoje em dia temos super produções cinematográficas que gastam milhões e no final não passa de um conjunto de palhaçadas!

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  5. Pois é sócio! Para os alemães se o tipo tiver um colt e um cavalo já chega para se adicionar "Django" ao titulo do filme! :P


    @ Vitor

    Obrigado pela visita amigo "El topo". Este filme é quase tão mau como o inicio de época do teu Sporting, hein?!
    Abraço.

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  6. Vi este filme em Luanda(Angola) em 1974, sempre c. bilheteiras esgotadas,porque os filmes de Rob.Woods tal como os de George Hilton, Giuliano Gemma, Ant.Steffen etc, eram sempre muito atendidos porque a população queria ver os seus rostos em ação. Já ninguém queria ver velhadas cansativas como John Wayne, Gary Cooper, etc.

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  7. Mais ou menos esse o critério que me fez fã do western europeu e não tanto do americano.


    --
    Pedro Pereira

    http://por-um-punhado-de-euros.blogspot.com
    http://auto-cadaver.posterous.com

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  8. Este "Il mio nome è Mallory "M" come morte" teve direito a reposição das screens que estavam perdidas no antigo alojamento. Anteriormente estas eram de uma VHS manhosa, mas agora por existir versão DVD, actualizaram-se por essas.

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  9. Passados mais de 10 anos, aproveito para retratar-me sobre o comentário que fiz. Visto em DVD com imagem restaurada e cristalina, o filme não é tão mau como parecia. É bastante decente, diria eu. É mais um bom exemplo de como fazer um western com meia dúzia de trocos.

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    1. Não é pormenor ver os filmes com qualidade de imagem. Tenho mudado de opinião sobre alguns depois destas revisitas. Lembro-me para o caso do Shangai Joe que achava uma merda e depois de me cruzar com ele na Fox Movies em qualidade cristalina, até me pareceu bom (com as suas limitações, claro). Tomara que continuem a resgata-los a todos. Tinha especial expectativa pelo Taste of Death que vi recentemente e adorei apesar da imagem ser ruim.

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