Nesta fase do cinema italiano, o ponto de saturação já tinha sido mais do que ultrapassado, no que toca às produções western. Este tipo de filmes surgia a conta-gotas porque os estúdios e os produtores já estavam virados para outros géneros mais rentáveis, nomeadamente os policiais, os “giallo” e o erotismo. Mesmo assim, dentro desta atmosfera crepuscular, surge este muito interessante western protagonizado por Giuliano Gemma (Il ritorno di Ringo, I giorni dell'ira), à data o astro maior dos actores italianos. Esta época revelava uma nova face do western europeu. Já não se assistia a cenas de mortes em massa ou tiroteios alucinantes! Agora tínhamos ritmos mais contemplativos, momentos mais íntimos e expressava-se abertamente o estado de alma dos personagens.
A Guerra Civil Americana terminou e os soldados derrotados têm a difícil tarefa de regressar a casa, submetendo-se às novas leis da União. Entre eles está Michael Random “Califórnia” (Giuliano Gemma), um tipo fechado e misterioso, o que não o impede que fazer amizade com o jovem soldado sulista Willy Preston (Miguel Bosé). Durante a viagem de regresso, Willy é barbaramente assassinado após uma estúpida rixa! “Califórnia” dirige-se à casa da família do seu amigo para informar o triste fim que teve! A angustiada família Preston acolhe-o, para se dedicar a uma nova vida de paz, tranquilidade e amor. Mas os negócios sujos do caçador de recompensas Rope Whitaker (Raimund Harmstorf) vão interferir na vida desta pacata família, culminando no rapto da filha do casal Preston! O choque é demasiado grande e “Califórnia” sabe que a única forma de resgatar a jovem é recorrer aos meios que ele tão bem conhece e que tentou evitar: a violência pura e dura!
O compositor Gianni Ferrio oferece-nos ao longo de todo o filme uma partitura musical muito sentimental e de grande talento. Aqui, o termo “crepuscular” não significa falta de qualidade. Significa sim uma outra maneira de ver a mesma coisa. Conclui-se portanto que Michele Lupo assinou um belo western que foge substancialmente ao habitual do subgénero. Foi um risco mas foi bem sucedido!
Trailer:
Filme muito bem conseguido na minha opinião. É em alguns momentos extremamente tocante e emotivo, e prova que até os homens duros choram quando lhe tocam na alma. As imagens ilustradas acima são o espelho disso mesmo.
ResponderEliminarAcho muito interessante a forma como Michele Lupo aborda a fome que os desgraçados dos soldados confederados passavam. Falo claro da cena em que Giuliano Gemma recusa vender um pachorrento gato branco a dois soldados esfomeados e claro, a cena em que dezenas de soldados tentam capturar umas rãs. Confesso, sou grande adepto desse petisco! Pena que fora do Alentejo não se vejam à venda...
Sem dúvida um filme que merece figurar na videoteca do coleccionador de western-spaghetti. Eu tenho o DVD da editora Argentina DSX, que não posso deixar de recomendar, excelente relação qualidade/preço.
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Pedro Pereira
por-um-punhado-de-euros.blogspot.com
filmesdemerda.tumblr.com
Coincido totalmente con la reseña, es un estupendo spaghetti crepuscular. Lástima de los giros de guión del final.
ResponderEliminarQuero apenas salientar a excelente escolha das imagens para este post porque elas fazem parte de um dos melhores momentos do filme!
ResponderEliminarEmanuel: concordo, a selecção de imagens está excelente! Comentei logo isso com o Pedro quando li a resenha!
ResponderEliminarGostei da abordagem humana do filme, a questão dos valores da amizade, da lealdade e em particular do valor que se dá a uma vida simples, sem complicações depois de um tempo de guerra! É que só valorizamos o simples quando o perdemos...
Hola, amigos! Una película de Michele Lupo siempre es interesante de ver. Era muy profesional. El penúltimo western de Giuliano Gemma, después viene "Sella d'argento" si no contamos a "Tex" como spaghetti...Y qué guapo está Giuliano en esta película...Permitidme el comentario, jejeje...
ResponderEliminarGracias por acordaros de este film. Vale la pena descubrirlo.