2.11.2019

Scansati... a Trinità arriva Eldorado (1972 / Realizador: Aristide Massaccesi)

Western-spaghetti trapalhão e cómico (ou não) feito em apenas seis dias! O nome “Trinitá” é dado a uma localidade e não a um personagem (talvez somente para escapar ao óbvio). Grande parte do filme é narrado em “voz off”. Muitas cenas foram recicladas de outros westerns, nomeadamente de “Il suo nome era Pot… ma lo chiamavano Allegria!”. Como diria o grande Marco Giusti, é um filme “Frankenstein”, ou seja, pega-se em vários pedaços diferentes, edita-se e nasce um novo filme.A história começa com Jonathan Duke, um charlatão que anda de cidade em cidade a vender um suposto elixir milagroso. O seu sócio Sebastian Carter ajuda-o nas trafulhices. Quando o negócio dá para o torto dedicam-se à batota. Conseguem depenar uns patinhos na mesa de jogo mas ambos querem mais.Nos tempos livres, Carter procura os serviços de uma mulher chamada Pussy para afogar o ganso. Mas teve azar da última vez porque, em vez de Pussy, calhou-lhe uma velha gaiteira feia que nem um bode!

 Eldorado montado na sua "moto".

Enquanto isso, consta que numa chafarica mexicana chamada Trinitá há um gajo que não regula bem da marmita, que veste um uniforme militar, tem uma fita na cabeça, autointitula-se um deus e monta a cavalo como se fosse uma mota (até tem volante e espelho retrovisor)! O alucinado chama-se Eldorado, tem vários súbditos e os seus baús estão cheios de ouro.Duke e Carter pedem ajuda a Juanita, a sobrinha de Eldorado, para roubar o ouro. Duke, como grande trapaceiro que é, tenta encantar Eldorado com a sua cantiga do bandido e com truques de ilusionismo. Mas o que Duke não sabe é que o baboso Eldorado é um ótimo espadachim e só se o derrotar em duelo é que terá hipótese de ver o reluzente ouro.

O elixir dos vigaristas!

O ator Gordon Mitchell, por incrível que pareça, não faz de vilão. Stan Cooper (Stelvio Rosi) encaixa bem como aldrabão vigarista. Craig Hill como Eldorado interpreta o seu papel mais aparvalhado em westerns. Mas, apesar de esparvoado e egocêntrico, revela conhecimentos de literatura. As suas últimas palavras são exatamente as mesmas de Ricardo III, de William Shakespeare: “Um cavalo! Um cavalo! O meu reino por um cavalo!”. O título provisório deste filme era “Colpo Grosso a Eldorado”. Mas atenção, cambada de tarados sexuais: nada tem a ver com o “Colpo Grosso” que tinha gajas descascadas e que era apresentado por Umberto Smaila!

4 comentários:

  1. Apesar deste filme ser de 1972, os produtores decidiram adiar a sua estreia por três anos, isto é, somente em 1975 é que o filme viu a luz do dia. O resultado nas bilheteiras foi dececionante porque se em 72 talvez ainda tivessem hipóteses de ganhar alguma cheta, em 75 a febre dos westerns cómicos já tinha passado de uma vez por todas.

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  2. E para quem não se lembra do "Colpo Grosso" (em Portugal ficou com o título "Água na Boca"), eis um excerto:

    https://www.youtube.com/watch?v=Jwuon7Yk5uA&t=2s

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  3. Ainda não vi esse porque nunca achei uma legenda em português e o que deu pra encontrar pela rede esta em italiano mas me parece ser mais uma destas invencionices que só tem no spaghetti western. Obrigado por continuar a fazer o excelente trabalho por aqui amigos!
    https://dosussurroaogrito.blogspot.com/?m=0

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  4. Muito obrigado pelo apoio, amigo Flávio!
    Quanto ao filme, é de facto uma invencionice, ou seja, é um aglomerado de palhaçadas que têm pouca piada.

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