Neste relativamente desconhecido psico-western, o espanhol Rafael Romero Marchent reúne sob o mesmo cartaz dois astros do género, o macambúzio Anthony Steffen (no papel de implacável Tenente Garringo) e o louro com cara de menino da mamã, Peter Lee Lawrence (enquanto Johnny, um assassino de militares). O filme sofre de diversas falhas rítmicas mas têm os seus trunfos e bem vistas as coisas acaba por ser minimamente interessante para vos poder recomendar para estes dias frios que aí estão à porta.
Via flashback ficamos a conhecer o passado de Johnny (Peter Lee Lawrence). Na sua infância Johnny assiste à execução do seu pai pela mão de um oficial do exército. Em choque a criança foge do local acabando por ser encontrado por Klaus (José Bodalo) que acaba por o salvar e adoptar. Mas a dramática cena marca-o profundamente e depois de crescido o seu lado mais psicótico vêm ao de cima abraçando o caminho dos fora-da-lei. Os seus actos criminosos dirigem-se especialmente para com os oficiais do exército, que pune brutalmente sem que tenham a mínima oportunidade de defesa. Depois de executadas todas e quaisquer fardas azuis que se lhe passem pelo caminho envia ainda sarcásticos recados às chefias do exército, subscrevendo-se em todas elas.
Decididos em terminar com os actos de Johnny, os cabecilhas do exército decidem dar uma segunda oportunidade ao implacável tenente Harris, que libertam da prisão militar com a missão de identificar e capturar o perturbado rapaz. Mesmo que para isso use os brutais métodos que o haviam colocado por detrás das barras do forte. Depois de quatro anos malvadez longe de casa, Johnny regressa para junto de Klaus que entretanto se tornou o xerife da cidade. O seu regresso não é no entanto inocente, na verdade apenas se deve a um golpe que planeia executar sobre um carregamento de ouro do exército que passará pelas redondezas. Mas Garringo segue as suas pistas alcançando os parceiros de Johnny, acabando por chegar finalmente perto do bandido.
Entre tantos e tantos westerns europeus, convenha-se dizer que nada aqui é realmente extraordinário, mas “Garringo” têm ao menos o privilégio de conter aquela que muitos consideram a melhor interpretação do austríaco Peter Lee Lawrence. O papel de vilão permitiu-lhe sair da habitual pele de pistoleiro bonzinho por quem as miúdas suspiram. Ele saca aqui uma interpretação bastante variada. Ora encarna o papel de simpático rapaz, aparentemente enamorado pela filha do novo médico da cidade, que numa cena algo comovente agracia a rapariga com um belo vitelo! Mas o mesmo rapazola é capaz de matar uma mão cheia de soldados sem pestanejar apenas pelo simples prazer de matar.
Surpreendentemente Marchent foge ao típico duelo entre o bom e o mau, acabando por colocar o louro doido nas mãos de um dos seus criminosos parceiros. Também os caracteres dos dois personagens principais são algo antagónicos. Johnny é um rapaz bem-educado, agradável ao olho mas completamente abrasado da cabeça, que mata oficiais e lhes retira as insígnias como troféu que guarda na campa do seu pai. Já o Tenente Garringo apesar de representar o lado da lei, julga-se acima dela usando todos os meios para eliminar a corja da sociedade. Os seus métodos são desaprovados pela lei militar e – ainda que temporariamente – até o levaram a ver o sol aos quadradinhos, mas mesmo depois de libertado não hesita em matar um homem indefeso. O que faz então os seus actos mais justificáveis que os de Johnny?
Os cenários utilizados são algo pobres mas ainda assim têm a curiosidade de contar com uma sequência rodada nas ruínas de El Cercón, mosteiro nos arredores de Madrid que ficou imortalizada no clássico do terror luso-espanhol “A noite do terror cego”. Em 1971 outro filme com «Garringo» no título chegou aos cinemas italianos – “Sei giá cadavere amico… ti cerca Garringo!” – mas não se trata de uma sequela. Na verdade o título original espanhol nem contém a menção a «Garringo», mas sim a um mais rentável herói do género: «Sabata». Anos loucos para o cinema europeu! Já a testada dupla Steffen e Lawrence voltar-se-ia a encontrar alguns anos mais tarde num western-spaghetti de contornos cómicos, bem diferente deste aqui. Filme que chegou a ser lançado nalguns países como “Arriva Garringo”, mas desengane-se também quem julgar que se trata de uma sequela.
“Garringo” está disponível em DVD através da editora espanhola Impulso Records, é mais um dos filmes incluídos na “La colección sagrada del spaghetti western”. Tem áudio em espanhol e imagem em widescreen.
Via flashback ficamos a conhecer o passado de Johnny (Peter Lee Lawrence). Na sua infância Johnny assiste à execução do seu pai pela mão de um oficial do exército. Em choque a criança foge do local acabando por ser encontrado por Klaus (José Bodalo) que acaba por o salvar e adoptar. Mas a dramática cena marca-o profundamente e depois de crescido o seu lado mais psicótico vêm ao de cima abraçando o caminho dos fora-da-lei. Os seus actos criminosos dirigem-se especialmente para com os oficiais do exército, que pune brutalmente sem que tenham a mínima oportunidade de defesa. Depois de executadas todas e quaisquer fardas azuis que se lhe passem pelo caminho envia ainda sarcásticos recados às chefias do exército, subscrevendo-se em todas elas.
Decididos em terminar com os actos de Johnny, os cabecilhas do exército decidem dar uma segunda oportunidade ao implacável tenente Harris, que libertam da prisão militar com a missão de identificar e capturar o perturbado rapaz. Mesmo que para isso use os brutais métodos que o haviam colocado por detrás das barras do forte. Depois de quatro anos malvadez longe de casa, Johnny regressa para junto de Klaus que entretanto se tornou o xerife da cidade. O seu regresso não é no entanto inocente, na verdade apenas se deve a um golpe que planeia executar sobre um carregamento de ouro do exército que passará pelas redondezas. Mas Garringo segue as suas pistas alcançando os parceiros de Johnny, acabando por chegar finalmente perto do bandido.
Entre tantos e tantos westerns europeus, convenha-se dizer que nada aqui é realmente extraordinário, mas “Garringo” têm ao menos o privilégio de conter aquela que muitos consideram a melhor interpretação do austríaco Peter Lee Lawrence. O papel de vilão permitiu-lhe sair da habitual pele de pistoleiro bonzinho por quem as miúdas suspiram. Ele saca aqui uma interpretação bastante variada. Ora encarna o papel de simpático rapaz, aparentemente enamorado pela filha do novo médico da cidade, que numa cena algo comovente agracia a rapariga com um belo vitelo! Mas o mesmo rapazola é capaz de matar uma mão cheia de soldados sem pestanejar apenas pelo simples prazer de matar.
Surpreendentemente Marchent foge ao típico duelo entre o bom e o mau, acabando por colocar o louro doido nas mãos de um dos seus criminosos parceiros. Também os caracteres dos dois personagens principais são algo antagónicos. Johnny é um rapaz bem-educado, agradável ao olho mas completamente abrasado da cabeça, que mata oficiais e lhes retira as insígnias como troféu que guarda na campa do seu pai. Já o Tenente Garringo apesar de representar o lado da lei, julga-se acima dela usando todos os meios para eliminar a corja da sociedade. Os seus métodos são desaprovados pela lei militar e – ainda que temporariamente – até o levaram a ver o sol aos quadradinhos, mas mesmo depois de libertado não hesita em matar um homem indefeso. O que faz então os seus actos mais justificáveis que os de Johnny?
Os cenários utilizados são algo pobres mas ainda assim têm a curiosidade de contar com uma sequência rodada nas ruínas de El Cercón, mosteiro nos arredores de Madrid que ficou imortalizada no clássico do terror luso-espanhol “A noite do terror cego”. Em 1971 outro filme com «Garringo» no título chegou aos cinemas italianos – “Sei giá cadavere amico… ti cerca Garringo!” – mas não se trata de uma sequela. Na verdade o título original espanhol nem contém a menção a «Garringo», mas sim a um mais rentável herói do género: «Sabata». Anos loucos para o cinema europeu! Já a testada dupla Steffen e Lawrence voltar-se-ia a encontrar alguns anos mais tarde num western-spaghetti de contornos cómicos, bem diferente deste aqui. Filme que chegou a ser lançado nalguns países como “Arriva Garringo”, mas desengane-se também quem julgar que se trata de uma sequela.
“Garringo” está disponível em DVD através da editora espanhola Impulso Records, é mais um dos filmes incluídos na “La colección sagrada del spaghetti western”. Tem áudio em espanhol e imagem em widescreen.
Mais imagens do filme:
Trailer:
De certeza que ao longo do filme Anthony Steffen disparou mais de 20 tiros com o mesmo revólver sem recarregar! Se não o fez a sua imagem de marca falhou...
ResponderEliminarBruto! Vinte não diria mas uns dez devem ter sido.
ResponderEliminarE para quem tiver conta Megaupload premium ou paciência para fazer um download com 16 parcelas aqui fica um link para descarregar o filme:
http://sofilmacosfenix.blogspot.com/2010/04/baixar-o-carrasco-garringo.html
--
Pedro Pereira
http://por-um-punhado-de-euros.blogspot.com
http://auto-cadaver.posterous.com
Pedro, valeu pela visita no ESPECTADOR VORAZ! Se esse filme não é uma maravilha, pelo menos parece bem interessante. Que tal uma parceria? Já coloquei o POR UM PUNHADO DE EUROS no meu blog, q alias adorei! Já to seguindo aqui. Um Grande Abraço!
ResponderEliminarClaro Celo. Também já está no nosso blogroll.
ResponderEliminarSorte para o novo blogue.
--
Pedro Pereira
http://por-um-punhado-de-euros.blogspot.com
http://auto-cadaver.posterous.com
Para mi gusto está por encima de la media y es uno de los mejores trabajos de Rafael Romero Marchent junto a "Ocaso de un pistolero" y "Dos cruces en Danger Pass", aunque estas últimas son más clásicas.
ResponderEliminarHola Jesús,
ResponderEliminarAún no he asistido a ninguna de las que ahora mencionas. Lo tendré en consideración. Gracias.
De las pelis de este Marchent que mejor me acuerdo es EL ZORRO JUSTICIERO, un Zorro muy diferente.
--
Pedro Pereira
http://por-um-punhado-de-euros.blogspot.com
http://auto-cadaver.posterous.com
Gosto de ver os papeis de herói, neste caso vilão, de um Peter Lee Lawrence sofrido. O que mais me satisfaz, e surpreende-me, em Lawrence, é que apesar daquela carinha de menino da mamã, consegue der credível dar-nos excelentes interpretações no género. Steffen é Steffen e é sempre um privilégio vê-lo no papel de justiceiro implacável e que não olha a despesas no que concerne a chumbo. Garringo é mais uma recordação de infância que me satisfaz plenamente. Filme a rever.
ResponderEliminar@Pedro, aconselho-te vivamente o "DOS CRUCES EN DANGER PASS", uma pequena pérola com Peter Martell.
Obrigado pelo comentário António. Eu também sou seguidor do PLL. Faltam-me conferir ainda dois ou três dos seus spaghettis, mas do que conheço acho que são em regra bom entretenimento.
ResponderEliminarÉ assim. Este fim-de-semana tenciono assistir a uns filmes de um tal Nicolas Winding Refn que fui "pescar" depois de assistir ao belíssimo DRIVE - RISCO DUPLO. Mas com estas duas recomendações de rajada não tenho mesmo alternativa senão puxar esse spaghetti também para o topo da lista de filmes a ver.
--
Pedro Pereira
http://por-um-punhado-de-euros.blogspot.com
http://auto-cadaver.posterous.com
Steffen sempre falava com o colt. Gosto muito dos filmes em que ele participava, mesmo.
ResponderEliminarPois é Victor. Mesmo que tivesse sido senhor de uma expressividade comparável com um Chuck Norris ou um Steven Seagal, o nosso amigo Steffen ainda hoje continua a ser querido entre os fãs deste tipo de cinema. Aquela imagem de marca dele, em que se atira para o chão e abate a concorrência é para mim um dos pontos fortes dele. Quando o vejo fazer isso até me esqueço que ele já vai no seu décimo-quinto tiro sem recarregar...
ResponderEliminar--
Pedro Pereira
http://por-um-punhado-de-euros.blogspot.com
http://auto-cadaver.posterous.com
A imagem de duro de Anthony Steffen não corresponde ao seu caráter fora do cinema. Algumas pessoas que trabalharam com ele defendem que Steffen era uma pessoa afável, tímida e que não gostava de violência.
ResponderEliminarCão que ladra não morde!
ResponderEliminar--
Pedro Pereira
http://por-um-punhado-de-euros.blogspot.com
http://auto-cadaver.posterous.com
Queria apenas dizer aos amigos que recomendaram o DOS CRUCES EN DANGER PASS, que já o conferi. Apesar de o Martell ser um canastrão com pouco jeito para a coisa, achei o filme bastante apreciável. Irei continuar a conferir os filmes deste Marchent, continua com saldo positivo.
ResponderEliminar--
Pedro Pereira
http://por-um-punhado-de-euros.blogspot.com
http://auto-cadaver.posterous.com