Tenho nos últimos meses tentado encontrar os westerns-spaghetti protagonizados por Anthony Ghidra, o homem que nasceu como Dragomir 'Gidra' Bojanic ainda na antiga Jugoslávia e que, pelo que tenho percebido, ainda que não tenha conseguido implementar o seu nome como referência no género, garante em cada uma das suas participações uma grande dose de satisfação ao mais entusiasta adepto do western-spaghetti (veja-se L'ultimo killer, Un buco in fronte, Chiedi perdono a Dio... non a me). Não será por isso de estranhar que volte a debruçar-me sobre mais algumas das suas façanhas nos próximos tempos. Por agora fico-me por Ballata per un pistolero, filme dirigido em 1967 por Alfio Caltabiano, reconhecido mestre de armas italiano que incrivelmente se safa bastante bem atrás das câmaras (Così sia, Mamma mia è arrivato così sia). Este foi o seu primeiro filme nestas funções e, pelo que conheço da sua obra, o seu momento mais inspirado. Numa filosofia quase do it yourself, Alfio Caltabiano escreveu, realizou e ainda saltou para dentro da tela, onde desempenhou o papel de El Bedoja - o implacável líder de um grupo de bandidos (senhor de uma singular técnica de manejo da Winchester), que não hesita sequer em matar cães e espancar lindas mulheres.
Obcecado pelo objectivo de assaltar o supostamente inexpugnável banco da cidade, El Bedoja une esforços com o irmão, Chiuchi (Mario Novelli), infiltrando um elemento do bando dentro do banco, assaltando-o de seguida. Logrando fugir com o dinheiro do cofre, consegue também ganhar duas sombras extra, que jamais sairão do seu encalço - Rocco e Blackie - interpretados respectivamente por Anthony Ghidra e Angelo Infanti. Ainda que inicialmente Rocco rejeite a oferta de sociedade feita por Blackie, os dois pistoleiros acabam eventualmente por unir esforços na perseguição dos bandidos. El Bedoja consegue no entanto baralhar todos os pressupostos mostrando ter planos bem mais individualistas, acabando por ultrajar os seus comparsas de crime. Abandonando o seu refúgio secreto com o dinheiro roubado, seu oleoso irmão e uma bela mexicana que entretanto haviam sequestrado.
Os vastos conhecimentos técnicos de armas de Caltabiano em muito beneficiam as performances dos protagonistas do filme, não me lembro de ter visto por aí muitas sequências de tiroteios tão bem executadas como algumas das que aqui se apresentam – memorável a cena em que Ghidra despacha dois bandidos com tiros desferidos por detrás das costas! De resto, diga-se que as constantes cenas de acção mesmo não atingindo a espectacularidade desse momento, jamais atingem um nível banal. Mas se ao nível da realização Alfio Caltabiano consegue introduzir alguns elementos de interesse, com uma boa fotografia, montagem e escolha de cenários, já não se pode dizer o mesmo do argumento que usa o mesmíssimo esquema de Da uomo a uomo e I giorni dell'ira (todos lançados em 1967), em que o protagonismo é dividido entre um jovem e impulsivo pistoleiro (Blackie, interpretado por Angelo Infanti), e um outro mais velho e calejado (Rocco, interpretado por Anthony Ghidra). Ainda que por momentos fiquemos com a ideia de que ambos os pistoleiros procuram apenas os dólares oferecidos pela recompensa do bando de El Bedoja, cedo se percebe que a Rocco pouco interessa a fortuna mas sim a sede de vingança por contas não saldadas com El Bedoja. Impossível não fazer por isso o paralelo com as personagens da obra-mestra Per qualche dollaro in più (1965), Col. Douglas Mortimer e Manco. Caltabiano parece propositadamente ter pegado na fórmula de Sergio Leone, dando-lhe o sentido de moralidade que o mestre desprezou, lembrando em diversos momentos o quão suja é aquela profissão.
Este filme que em Portugal foi exibido como “Balada para um pistoleiro”, não conhece ainda edição em DVD, mas está disponível com o mesmo título no mercado Brasileiro através da Ocean Pictures. Sem deixar de ser um filme rotineiro e sem interpretações extraordinárias, é um daqueles filmes que garante grandes momentos de diversão aqueles que lhe dedicarem o seu tempo. A mim fez-me lembrar porque sou viciado em westerns-spaghetti!
Este filme que em Portugal foi exibido como “Balada para um pistoleiro”, não conhece ainda edição em DVD, mas está disponível com o mesmo título no mercado Brasileiro através da Ocean Pictures. Sem deixar de ser um filme rotineiro e sem interpretações extraordinárias, é um daqueles filmes que garante grandes momentos de diversão aqueles que lhe dedicarem o seu tempo. A mim fez-me lembrar porque sou viciado em westerns-spaghetti!
Se alguém souber onde se encontra o trailer do filme, que deixe por aqui o link!
ResponderEliminarEu confesso que não conheço esse Anthony Ghidra. Mas o filme parece ser bacana e é bom saber que saiu aqui no Brasil. Vou procurar depois.
ResponderEliminarAbraço!
Ora aí está algo desconhecido para mim. Nunca tinha ouvido falar deste filme mas normalmente até aprecio os trabalhos menos conhecidos porque trazem sempre algo de novo ao género. A ver vamos...
ResponderEliminarjá assisti esse, filmaço, a melhor cena é a do tiroteio no Sallon, muito boa as cenas, gostei da trilha sonora também, já comentei no meu blog
ResponderEliminarVeo que sos seguidor de mi blog. Me alegra mucho, porque a mi me gustan mucho los spaghetti westerns. Aquí en Argentina se están lanzando en DVD y los estoy comprando.
ResponderEliminarSaludos
Hola Johny!
ResponderEliminarPor supuesto, el cine de espionaje es otro tema que me gusta mucho. Gracias por pasarte!
Saludos.
BALADA PARA UM PISTOLEIRO é um exemplo feliz de um western spaghetti de baixo orçamento que através de uma excelente coreografia das cenas de acção e de uma actuação monossilábica, mas competente, de Anthony Gidra, como convém nos anti-heróis do género.
ResponderEliminarRapaz, seu blog é excelente e o filme parece muito bacana também! Abração!
ResponderEliminarViva.
ResponderEliminarObrigado Luiz. Mantém-te por perto!
Voltando ao comentário do amigo António. Devo dizer que concordo plenamente com a tua síntese. É essa a razão que me faz apreciar os seus filmes. Infelizmente não participou em muitos spaghettis. Falta-me ainda ver a sequela de Cjamango (Chiedi perdono a Dio, non a me). Alguém viu?!
"Chiedi perdono a Dio, non a me" não é uma sequela de Cjamango, é um western spaghetti onde o herói do filme, em algumas versões chamado cjamango, interpretado por Giorgio Ardisson emprende uma caçada aos assassinos da família às mãos de um bando chefiado por Anthony Gidra (salve seja, pelo personagem interpretado por ele!). É um bom filme de acção onde Ardisson está muito bem, um actor que vale a pena descobrir e Gidra interpreta muito bem o vilão e neste filme tem muito menos tempo de ecrã do que nos filmes em que é o herói. Ao contrário da maioria dos westerns spaghettis não é o dinheiro que motiva o nosso herói, mas sim a sede de vingança. estrutalmente à superfície inspira-se mais no western americano, no entanto a acção frenética e bem executada e a caracterização das personagens são tipicamente "spaghetianas". Um excelente exemplo do género...
ResponderEliminarA mim parece-me bem. Muito obrigado pela apreciação, fiquei com vontade de ve-lo. Mais um para lista! Será portanto mais uma daquelas sequelas que não deve nada (ou quase nada) ao original...
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