O último fã a ser capturado nas nossas malhas foi o David Furtado, blogger português que recentemente se lançou na blogosfera com o seu Wand’rin’ Star e que de quando a quando também vai publicando material no c7nema. O western-spaghetti segundo a clarividência do nosso amigo David:
Obrigado ao Pedro Pereira pelo convite e os meus parabéns a este blogue pela dedicação ao western spaghetti.
Comecei por ver a trilogia dos dólares, na adolescência, por ser fã do Clint Eastwood. Estes filmes eram vistos com desprezo. É uma “italianada”, é “esparguete”. Era uma advertência. “Vai levar isso? É italiano.” “Porquê, não posso?” “Estou só a avisar…” Eram coisas que se ouviam nos videoclubes. Eram difíceis de arranjar e, quando se arranjavam, a imagem era tão desfocada que parecia vista através de gaze, o pan & scan era horrendo e as editoras eram obscuras, tendo-se empenhado pouco em tais edições. Pelo menos, é a memória que tenho. Isso desmotivou-me.
Muitos anos depois, um bocado saturado do cinema americano feito a metro, ainda ouvia os clichés (atuais) do “só os americanos é que sabem fazer cinema” ou “realmente, são os melhores”. Agora, havia mais oferta e surgira o DVD. Explorei outros cinemas e descobri o italiano, especialmente o terror e os seus mestres. Seguiu-se o giallo, o western spaghetti e o euro-crime.
No que toca aos westerns, já tinha visto imensos de John Wayne, John Ford, Eastwood, dos clássicos aos desconhecidos. A partir de certa altura, a fórmula tornou-se cansativa. Recordo um, "Forty Guns", de Samuel Fuller, que quebrou os estereótipos em 1957. Nos EUA foi condenado pela brutalidade, na Europa, elogiado pelo “vigor estilístico”. E é aqui que entra o western spaghetti.
Estes filmes começaram por ser uma imitação dos americanos, como sabemos, e muitos realizadores eram fãs. Mas, no processo, tornaram-se um género à parte, com um humor próprio, uma brutalidade que nunca se veria nos EUA, e um modo operático de contar as histórias, já que o enredo de uma ópera não é um exemplo de pacifismo, refira-se. Ao passo que, nos westerns americanos, as coisas se tornam previsíveis, excetuando casos como "Forty Guns" ou "Monte Walsh" (1970), nos italianos, há aspetos tão inesperados que se tornam tragicómicos ou hilariantes; a abordagem é mais baseada na criatividade do que no orçamento, o que originou obras-primas.
Examinei recentemente no meu blogue a filmografia de Sergio Leone, e acho difícil ordenar a trilogia dos dólares. Como é óbvio, vários filmes ficaram de fora.
Comecei por ver a trilogia dos dólares, na adolescência, por ser fã do Clint Eastwood. Estes filmes eram vistos com desprezo. É uma “italianada”, é “esparguete”. Era uma advertência. “Vai levar isso? É italiano.” “Porquê, não posso?” “Estou só a avisar…” Eram coisas que se ouviam nos videoclubes. Eram difíceis de arranjar e, quando se arranjavam, a imagem era tão desfocada que parecia vista através de gaze, o pan & scan era horrendo e as editoras eram obscuras, tendo-se empenhado pouco em tais edições. Pelo menos, é a memória que tenho. Isso desmotivou-me.
Muitos anos depois, um bocado saturado do cinema americano feito a metro, ainda ouvia os clichés (atuais) do “só os americanos é que sabem fazer cinema” ou “realmente, são os melhores”. Agora, havia mais oferta e surgira o DVD. Explorei outros cinemas e descobri o italiano, especialmente o terror e os seus mestres. Seguiu-se o giallo, o western spaghetti e o euro-crime.
No que toca aos westerns, já tinha visto imensos de John Wayne, John Ford, Eastwood, dos clássicos aos desconhecidos. A partir de certa altura, a fórmula tornou-se cansativa. Recordo um, "Forty Guns", de Samuel Fuller, que quebrou os estereótipos em 1957. Nos EUA foi condenado pela brutalidade, na Europa, elogiado pelo “vigor estilístico”. E é aqui que entra o western spaghetti.
Estes filmes começaram por ser uma imitação dos americanos, como sabemos, e muitos realizadores eram fãs. Mas, no processo, tornaram-se um género à parte, com um humor próprio, uma brutalidade que nunca se veria nos EUA, e um modo operático de contar as histórias, já que o enredo de uma ópera não é um exemplo de pacifismo, refira-se. Ao passo que, nos westerns americanos, as coisas se tornam previsíveis, excetuando casos como "Forty Guns" ou "Monte Walsh" (1970), nos italianos, há aspetos tão inesperados que se tornam tragicómicos ou hilariantes; a abordagem é mais baseada na criatividade do que no orçamento, o que originou obras-primas.
Examinei recentemente no meu blogue a filmografia de Sergio Leone, e acho difícil ordenar a trilogia dos dólares. Como é óbvio, vários filmes ficaram de fora.
Os 10 favoritos:
Por um lado, transcendeu o género, por outro, é uma obra-prima com temas mais abrangentes. Se houvesse uma ordem cronológica nas histórias dos diversos westerns (spaghetti ou não) este viria em último. Um dos coargumentistas foi Dario Argento, outro dos meus realizadores favoritos.
02 | Per qualche dollaro in più | Sergio Leone | 1965
O primeiro filme em que Leone aprimora o seu estilo. Tem o grande ator Gian Maria Volonté como vilão. (Já o vi em papéis totalmente opostos, com igual brilhantismo.) Lee Van Cleef finalmente mostra que pode protagonizar um filme, depois de inúmeros papéis secundários nos EUA. Apesar de inseguro nas filmagens, não deixa que isso transpareça. Clint é o “árbitro” de uma história de vingança, mas o ‘Coronel’ é a personagem mais humana e Van Cleef tornar-se-ia um ator de culto.
03 | Il buono, il brutto, il cattivo | Sergio Leone | 1966
Eli Wallach (Tuco) é a mais pitoresca das personagens. Clint e Lee tornam-se quase secundários face ao talento de Wallach, mas todos são peças deste “bailado de morte”, como lhe chamava o realizador. O duelo a três, no final, é das minhas cenas favoritas e termina a trilogia de maneira perfeita.
04 | Per un pugno di dollari | Sergio Leone | 1964
O filme que fundou o género, a par de ‘Django’, que, quanto a mim, tem uma importância mais histórica do que cinematográfica. Com um orçamento ínfimo e ainda que baseado em ‘Yojimbo’, Leone conseguiu criar uma obra que despoletou centenas, mantendo um estilo identificável. Também fulcral devido ao lançamento de Ennio Morricone e Clint Eastwood.
05 | Vamos a matar, compañeros | Sergio Corbucci | 1970
05 | Vamos a matar, compañeros | Sergio Corbucci | 1970
Franco Nero, Jack Palance e Tomas Milian numa aventura imaginativa e divertida, onde a amizade e a solidariedade andam de braço dado com os tiroteios. Nero muito mais expressivo do que em Django, a anterior colaboração com Corbucci. No papel do ‘Sueco’ compõe uma dupla hilariante com Milian, ‘El Vasco’. Outra banda sonora excelente de Morricone, muito diferente da trilogia dos dólares. Quando finalmente apanham o irritante falcão de Jack Palance e o animal roda no espeto, servindo de alimento ao grupo, Fernando Rey lamenta-se: “É um Vultures Loricatus. É bastante raro e tem uma inteligência quase humana.” “É por isso que sabe a m*****!” retribui Tomas Milian. Impagável.
06 | La resa dei conti | Sergio Sollima | 1966
O primeiro papel de Lee Van Cleef, sem ser dirigido por Leone. Mostra as qualidades narrativas de Sollima, o carisma de Van Cleef e novamente Milian, o bandido mexicano ‘Cuchillo’. Os protagonistas têm uma química extraordinária e Tomas Milian (outro emigrado para a Europa e que teve um sucesso enorme em Itália) mostra que, se tivesse singrado no mercado americano, seria hoje muito mais conhecido. “Nunca me vais apanhar sozinho! Entendeste? Nunca! Sozinho, nem sequer apanhavas um caracol manco!”, diz ‘Cuchillo’ a Van Cleef. A personagem criada por Milian foi tão marcante que regressaria noutro filme. (O que sucedeu várias vezes na carreira do ator.)
07 | Faccia a faccia | Sergio Sollima | 1967
Junta-se Gian Maria Volonté a Tomas Milian, (com um visual insólito) e sob a direção de Sollima, com um argumento invulgar, e obtém-se um filme que aprofunda aspetos como a moralidade e nos mostra que nem sempre aqueles que estão do lado certo da lei são os piores. Mais uma atmosférica banda sonora de Moriccone. Lamento que este filme seja tão difícil de encontrar em DVD na versão integral com boa qualidade.
08 | ¿Quien sabe? | Damiano Damiani | 1967Um “western Zapata” tendo como contexto a Revolução Mexicana, realizado pelo genial Damiano Damiani, que se celebrizaria ao explorar a corrupção policial e política ao longo dos anos 70. Gian Maria Volonté, num papel excelente e totalmente contrastante com outros trabalhos da época, dá-nos um retrato algo cómico mas de moralidade complexa. Houve bastante cuidado na produção, que se nota em pormenores como o uso do tema “La Adelita” (aliás, uma personagem tem este nome) homenagem às mulheres que, durante a Revolução, tanto tratavam dos filhos e cozinhavam como eram capazes de pegar numa espingarda e abater soldados.
09 | Keoma | Enzo G. Castellari | 1976
Franco Nero volta a trabalhar com Castellari, tendo ambos recebido o argumento à última da hora. Como lhes desagradou, o guião foi reescrito diariamente, com atores e equipa técnica a darem sugestões. O que podia, consequentemente, cair no descalabro, tornou-se num filme coeso e até brilhante, filmado com imaginação, onde não escapam as metáforas religiosas – recordo a imagem de ‘Keoma’ crucificado pelos irmãos ou a figura do pai. Ainda por cima, foi realizado quando os western spaghetti já não estavam no auge. Alguma influência de Sam Peckinpah nas cenas de ação.
10 | I quattro dell'Apocalisse | Lucio Fulci | 1975
Talvez o mais sádico e brutal dos western spaghetti, ou não fosse realizado por Fulci. Uma história de companheirismo, ensombrada pela personagem de ‘Chaco’, outra criação de Tomas Milian, em que este se inspirou em Charles Manson. Fabio Testi, Lynne Frederick e Michael J. Pollard completam (bem) o elenco.
Joker: Menosprezado!
Giù la testa | Sergio Leone | 1971
Só não o inclui na lista para não exagerar a presença de Leone, mas esta obra, algo menosprezada, foi um dos melhores westerns produzidos em Itália durante este período, devido às prestações de James Coburn, Rod Steiger e a um orçamento maior do que o comum. É o primeiro filme em que Leone puxa as rédeas ao estilo e se preocupa mais com as personagens.
A evitar: Há muito pior, mas não aconselho!
Una Pistola per Ringo | Duccio Tessari | 1965
Um argumento débil e desinteressante, com uma realização apressada e algumas reviravoltas sem pés nem cabeça. Por que motivo o xerife e a tropa não atacam o rancho mais cedo, já que este está tão desprotegido? Porquê tantas cenas de interiores repletas de diálogos para preencher tempo? O carisma de Giuliano Gemma é inegável e a sequela é superior, pelo que sei (não a vi). Interpretações entre o medíocre e o mediano. Há muito pior, mas não aconselho esta obra a quem se queira iniciar neste (fantástico) género.
Menções especiais: Mais alguns que também merecem ser vistos!
Corri, uomo, corri | Sergio Sollima | 1968
O regresso de ‘Cuchillo’ (Milian) numa obra inferior a La Resa dei Conti, mas repleto de momentos de humor. Grande entretenimento. “Señorita Sargeant!!”
Tepepa | Giulio Petroni | 1968
Orson Welles e Tomas Milian contracenam neste western Zapata. Milian ficou desiludido com o gigante americano que admirava. Quando lhe perguntou, “Sr. Welles, onde quer que fique nesta cena, aqui ou ali…”, a resposta foi “fica onde não te veja!”. Circula o rumor de que Welles realizou todas as cenas em que participa, o que, a ser verdade, é um total desrespeito para com o realizador. Milian é mais um camponês que combate os “rurales”, em tempo de Revolução, tornando-se líder. Outro papel para a sua galeria de personagens. No elenco, John Steiner, outro ator extremamente versátil.
Da uomo a uomo | Giulio Petroni | 1967
Outra história de vingança protagonizada por Lee Van Cleef e John Philip Law (Diabolik). Van Cleef, infelizmente, entraria em filmes casa vez mais medíocres com o passar dos anos, excetuando ‘Sabata’. O seu cachimbo, o nariz de falcão e o olhar malicioso já garantiam ao público um bom filme, pelo que a década de 70 foi uma desilusão.
Mannaja | Sergio Martino | 1977
O único western em que participou Maurizio Merli, o ‘Comissário de Ferro’, mais conhecido pelos policiais anos 70, que aqui surge como um perito em machados. Sergio Martino, também celebrizado pelos gialli realiza com segurança e, para vilão, o inconfundível John Steiner.
Le colt cantarono la morte e fu... tempo di massacro | Lucio Fulci | 1966
Franco Nero e Fulci juntos num filme incomum, com uma atmosfera pesada. Um ‘Django’ ainda mais sinistro, ainda que sem a arrastar o caixão…
Menções especiais: Mais alguns que também merecem ser vistos!
Corri, uomo, corri | Sergio Sollima | 1968
O regresso de ‘Cuchillo’ (Milian) numa obra inferior a La Resa dei Conti, mas repleto de momentos de humor. Grande entretenimento. “Señorita Sargeant!!”
Tepepa | Giulio Petroni | 1968
Orson Welles e Tomas Milian contracenam neste western Zapata. Milian ficou desiludido com o gigante americano que admirava. Quando lhe perguntou, “Sr. Welles, onde quer que fique nesta cena, aqui ou ali…”, a resposta foi “fica onde não te veja!”. Circula o rumor de que Welles realizou todas as cenas em que participa, o que, a ser verdade, é um total desrespeito para com o realizador. Milian é mais um camponês que combate os “rurales”, em tempo de Revolução, tornando-se líder. Outro papel para a sua galeria de personagens. No elenco, John Steiner, outro ator extremamente versátil.
Da uomo a uomo | Giulio Petroni | 1967
Outra história de vingança protagonizada por Lee Van Cleef e John Philip Law (Diabolik). Van Cleef, infelizmente, entraria em filmes casa vez mais medíocres com o passar dos anos, excetuando ‘Sabata’. O seu cachimbo, o nariz de falcão e o olhar malicioso já garantiam ao público um bom filme, pelo que a década de 70 foi uma desilusão.
Mannaja | Sergio Martino | 1977
O único western em que participou Maurizio Merli, o ‘Comissário de Ferro’, mais conhecido pelos policiais anos 70, que aqui surge como um perito em machados. Sergio Martino, também celebrizado pelos gialli realiza com segurança e, para vilão, o inconfundível John Steiner.
Le colt cantarono la morte e fu... tempo di massacro | Lucio Fulci | 1966
Franco Nero e Fulci juntos num filme incomum, com uma atmosfera pesada. Um ‘Django’ ainda mais sinistro, ainda que sem a arrastar o caixão…
Boa lista e excelentes comentários em cada filme.
ResponderEliminarPara mim UMA PISTOLA PARA RINGO é de facto muito mais fraco que a sequela O REGRESSO DE RINGO.
No filme TEPEPA não é verdade que Orson Welles tenha realizado as suas cenas. Tomas Milian afirmou que Welles demonstrou muitas vezes durante as filmagens vários tiques de vedeta que culminaram em algumas faltas de respeito pelo realizador e pelos outros atores.
Obrigado, Emanuel. Ainda bem que esse rumor do Welles é falso. Procurei, numa biografia do Welles, a confirmação disso. Mas o livro (um calhamaço) não faz qualquer referência ao Tepepa... devem considerá-lo uma coisa muito má na carreira dele. Enfim.
ResponderEliminarParece que a arrogância da sua personagem é afinal real..
ResponderEliminarEnfim. O filme é bom, não chega ao nível do antecessor mas é um espécime acima da média do género (recomendo vivamente a edição da Koch Media). Milian foi feito para o papel do anti-herói mexicano. Também gosto de o ver nos policiais mas julgo que o seu apogeu foi mesmo no meandros do western spaghetti. Personagens inesquecíveis: Tepepa, Cuchillo, Vasco ou José!
Os 10 mais do David coincidem em grande parte coma queles que eu próprio apontei por isso só posso mesmo apontar-lhe o seu bom gosto... hahahahha!
Obrigado por teres aceitado o desafio e longa vida para o Wand’rin’ Star.
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Pedro Pereira
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Não fico admirado por TEPEPA não constar no livro de Orson Welles. Acredito até que isso acontece porque o próprio Welles assim o quis.
ResponderEliminarPara ele, TEPEPA foi apenas uma chatice que teve de fazer para ganhar alguns trocos, já que não conseguia nenhum projeto em Hollywood.
Muito provavelmente será essa mesma a razão. Penso que o livro do Alex Cox comenta algo sobre o assunto, mas não o tenho aqui à mão para confirmar.
EliminarÉ pena, porque TEPEPA é um dos melhores westerns zapata que o género produziu.
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Pedro Pereira
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Muito bom.Muitos clássicos e uma grata surpresa com 4 do Apocalipse,se não me engano é primeira vez aparece nas listas..e quanto a Una Pistola per Ringo,realmente,apesar de haver muitos outros filmes piores no genero,este dificilmente despertaria paixão pelo genero a um fã iniciante.
ResponderEliminarOlá Flávio!
EliminarNão é a primeira vez que surge nas preferências mas é uma das poucas. O filme é bizarro, bastante diferente do que o western europeu nos habituou, mas claro que para os fãs de Lucio Fulci e do cinema de horror europeu, será um filme a assistir.
Obrigado pela presença esperemos contar com o teu feedback de futuro.
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Pedro Pereira
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Excelente lista com a qual concordo na sua grande maioria, aliás a maioria faz parte da minha própria lista, no entanto, permitam-me manifestar a minha discordância em relação a "Uma Pistola Para Ringo", filme pelo qual nutro um especial carinho, concordo que não é tão bom como o seu sucessor, um drama homérico e poderoso, mas neste filme, num registo diametralmente oposto, Ringo é um pistoleiro astuto, imoral que aceita ajudar a lei em troco de uma recompensa, característica o anti-herói do género, usa em partes iguais a astúcia e aviol~encia para derrotar os bandidos, rodeado de personagens interessantes, o sempre magnífico Fernando Sancho, António casas, um oficial e cavalheiro que parece viver num mundo imaginário e puro e a sempre magnífica Nieves Navarro como implacável bandoleira que acaba por capitular aos encantos do velho oficial e cavalheiro. Acho, na minha modesta opinião, que este filme não é de evitar, antes deste teríamos de evitar, talvez, uma duas centenas, não sendo um marco do género, é contudo, uma peça importante do mesmo. Parabéns pela lista, David, e bem-vindo ao nosso convívio, dê mais uma oportunidade a este filme e, se possível, veja a versão da Koch Media, versões em inglês ou italiano, imagem cristalina, muito superior á versão da Prisvideo que foi lançada em Portugal.
ResponderEliminarBem recordado amigo António,
EliminarSe bem me recordo esses DVD's da Prisvideo da saga Ringo não passam de ripagem do VHS. Eu não morro de amores pelo filme, já o disse várias vezes, mas fiz esse upgrade. Possuo ambos via DVD da Koch Media, que são excelentes!
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Pedro Pereira
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Obrigado, Pedro, assim é fácil elogiar o bom-gosto dos outros! O Wand'rin' Star continuará atento ao cinema italiano. É verdade que o Tomas Milian teve inúmeros papéis excelentes no western, (até de albino fez) mas acho-o genial pela carreira no seu todo. A biografia que tenho do Welles é de 1985, ano em que ele morreu, mas isso não invalida o comentário do Emanuel. Apesar de génio, era um megalómano. Obrigado ao Flávio e ao António pelo feedback. António, concordo com o Flávio. De resto, a minha intenção foi nomear um filme considerado "conhecido", mas que, a meu ver, não satisfaz as expectativas. Como referi, há muito pior. Vi-o em DVD e achei-o sem vida nenhuma, exceto pela banda sonora de Morricone e a cena em que o Gemma substitui um cavalo por uma banana, quando explica o plano. A Nieves Navarro mais tarde andaria "atrelada" aos gialli do marido, Luciano Ercoli. Apesar de carismática, acho que não atinge o estatuto da Rosalba Neri, da Barbara Bouchet nem da Edwige Fenech. Mas vou dar uma oportunidade ao 'Ritorno di Ringo'. O seu comentário reforça o meu interesse pela sequela. É claro que todos temos as nossas preferências... E acho ótima esta troca de opiniões. Abraço e obrigado.
ResponderEliminarÉ para isso mesmo que o blogue existe. E sempre que alguém demonstra a intenção de assistir a mais um titulo do género só podemos sentir uma profunda realização.
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Pedro Pereira
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Em relação à Prisvideo: Pelos vistos, não levam a sério as obras italianas. A primeira série de O Polvo, La Piovra, está bastante má. As seguintes melhoram um pouco, mas, na primeira, não sei onde foram buscar a 'master' daquilo. Parece VHS.
ResponderEliminarMas felizmente a maioria da colecção spaghetti-western apresenta uma boa qualidade de imagem. Acho que só mesmo estes Ringos levaram tratamento tão fraco. Eu acho inadmissível editar coisas assim mas não só a Prisvideo a fazê-lo. Há por aí umas editoras espanholas capazes de lançar material digno de ir para o caixote do lixo.
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Pedro Pereira
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Olá Pedro!
ResponderEliminarCom certeza. 4 do apocalipse é um dos mais bizarros,talvez o mais bizarro de todos os "weird western" que já ví,mais que Django Vem Para Matar,Django o Bastardo,Mata-lo! e similares.O bacana do Spaghetti Western pra mim,é justamente este senso de ousadia, de experimentar com outros generos sem fugir do principal aspecto ,que é o oeste selvagem e suas mazelas.
E Pedro,parabens pelo ótimo trabalho no blog.Conheço a pouco mais já sou fã de carteinha.Com certeza estarei participando mais,para mim é um prazer discutir com outros apaixonados sobre este genero de cinema tão gostoso de se ver.
Óptimas noticias. E quem sabe um dia não temos aqui uma participação do Flávio nesta rubrica dos «spaghettis da minha vida»? A nossa porta está sempre aberta aos apreciadores do western europeu!
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Pedro Pereira
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Olá David,aconteceu comigo já também,de alguem se espantar com meu gosto pelos spaghetti western.Um atendente de locadora certa vez,ao perceber meu gosto pelos "faroeste italianos"- como assim é popularmente chamado o genero aqui no Brasil - perguntou: "como é que vc consegue ver isso? é cafona demais!" " só dá pra ver os do Sergio Leone".kkk..Já eu acho justamente o contrário.Considero o genero Cool,e mais divertido que os westerns americanos.
ResponderEliminarQuem disse que "só dá para ver os filmes de Sergio Leone" é porque nunca viu os outros e nem quer ver. Para essas pessoas é uma questão de preconceito...
ResponderEliminarNão nos esqueçamos que os próprios filmes de Leone foram recebidos com desdém no inicio, a crítica de então considerava-os violentos e imorais, mas tudo o que é genial prevalece e nós, os apreciadores do género, poderemos ser poucos, mas somos bons!
ResponderEliminarSem dúvida. Porém parece-me que actualmente existe um movimento de interesse crescente sobre o western-spaghetti! A prova disso é a quantidade de DVD's que estão a ser lançados ultimamente, tem havido uma regularidade mensal.
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Pedro Pereira
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Flávio, desconhecia que isso também acontecesse no Brasil, mas não admira. É como diz o António, poucos mas bons. E cada vez mais. Afinal, não somos assim tão poucos. O Leone é, na minha opinião, o que fez poucos filmes, mas os melhores. Mas, quando descobri muitos outros, fiquei espantado com a criatividade. E as grandes bandas sonoras do Morricone por todo o lado. (Não percebi como alguém colocou em 4º lugar, salvo erro, o dos bumerangues. Esse sim, um filme que mete dó. Até me arrependo de ter mencionado Una Pistola Per Ringo...) Adiante. Vamos lá ver se o Flávio também contribui. "Vamos a matar, compañeros".
ResponderEliminarPedro,talvez este interesse crescente pelo SW tenha uma certa relação com Tarantino e seu Django unchained,que está trazendo uma discussão sobre o genero que ha muito era cultuado praticamente só por cinefilos mais chegados a filmes B,que também gostam de Giallo,exploitation e afins como é o meu caso.O culto tende a crescer com o sucesso do filme,já que será uma especie de homenagem ao spaghetti western.
ResponderEliminarE David,esse dos bumerangues a que voçe se refere, seria o psicodélico Mata-lo! ? eu o acho bacana..nada genial..mas fica bem alí junto dos spaghetti mais pro weird western.
Fico feliz por ver que Fulci anda a ganhar mais espaço por aqui, bem como filmes de outros diretores menos conhecidos - Sergio Martino que o diga.
ResponderEliminarPena que quando mandei minha contribuição para o Por um Punhado (...), eu ainda não tinha assistido Mannaja. Com certeza, ao lado de Keoma, uma obra-prima do western spaguetti setentista.
E é uma pena que ele (Fulci)tenha se aventurado pouco no genero,mas os tres spaghetti westerns que vi dele são todos bons,principalmente Tempo de Massacre.
ResponderEliminarVictor, sou grande admirador de Fulci e, quando posso, elogio o seu trabalho. (Ainda que tenha realizado alguns filmes medíocres.) Flávio, o dos bumerangues pode ser "weird", ou "psicadélico", concordo, mas colocá-lo em 4º lugar nos melhores de sempre é um capricho elitista, nada mais. Mas o Felipe Guerra fala e despoleta salamaleques em que as pessoas até batem com a testa nos joelhos. Gosto imenso dos artigos dele, do seu humor, e já o referi no meu blogue, além de incluir nos links o Boca do Inferno, mas considero esta escolha pouco sensata.
ResponderEliminarConcordo meu caro,é claro que houve outros filmes muito melhores e mais significantes e representativos na ceara do western europeu,tanto que muitos ficam de fora não?como por exemplo,Django ou O Grande Silencio e tantos outros..eu não incluiria Mata-lo!na minha lista pessoal nem entre os dez,mas também não o colocaria na parte "a evitar" da rubrica,pois tem outros tantos filmes piores,como por exemplo,Djurado,que é um dos poucos que não consegui ver até o final de tão fraco.Mas temos que levar em consideração que são,afinal de contas,as preferencias de quem fez a lista para a rubrica.
ResponderEliminarAmigo Flávio,
EliminarÉ, esse filme é estranho.
E para quando a tua própria participação nesta rubrica?
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Pedro Pereira
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Caro amigo Pedro
ResponderEliminarEntão é serio mesmo este convite? Olha seria uma honra e um prazer participar da rubrica.Vou deixar o meu e-mail para acertarmos tudo. setecentral@yahoo.com.br
Claro que sim. Entrarei em contacto.
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Pedro Pereira
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Caro Flávio, de acordo. É sempre difícil fazer listas, ordenando filmes. Pôr por ordem filmes de que gostamos, por motivos diferentes, é ingrato. Mas, sejamos críticos ou apenas fãs, (o que me considero) há que ter em conta certos parâmetros. Não vamos dizer que o "Ataque dos Tomates Assasinos" é melhor que o "Citizen Kane", embora admiremos imenso o "Ataque dos Tomates Assassinos" porque é "diferente" dizer isto. Alguns elitistas têm esta mania de ver génio onde ele não há e de ver mediocridade onde ela não existe. Mas ao que interessa: Para quando a tua participação? Estou curioso por ver os filmes que escolherás. Um abraço e encorajo, mais uma vez, a tua participação.
ResponderEliminarLol David,voçe me fez rir muito agora amigo..usando um exemplo de critério utilizado por cinéfilos mais apreciadores de filmes B.Mas em muitos casos,há exemplos de filmes cultuados por puro elitismo mesmo.Já comecei a escrever.Agora estou revendo os filmes e vendo uns que ainda não ví,e que talvez mereça entrar entre os dez no lugar de outro e tal..e realmente é uma tarefa ingrata escolher só dez.Tanto,que o Joker talvez seja uma das mais dificeis escolhas,por ser um entre tantos outros que ficaram de fora dos 10 preferidos.Acho que daqui a duas semanas já estará pronto.agarande abraço.
ResponderEliminarEstoy con António Rosa, ha explicado muy bien la esencia de "Una pistola para Ringo". La secuela "El retorno de Ringo" está rodada con más seriedad. "Una pistola..." podríamos decir que es informal. En realidad no sé por qué se le llama secuela. Lo hacemos todos, pero no tienen nada que ver, excepto el cast y equipo técnico.
ResponderEliminarPor lo demás, una lista llena de grandes películas. Lo mejor de cada casa. Veo también mucho Milian.
Que lista amigos.Que gosto apurado do nosso amigo David Furtado.Está de parabéns. Fizestes justiça a Face a Face e a Quién sabe? que pensei em colocar na minha lista e depois desisti optando por outros exemplares. Seu registro na sua apresentação sobre as rotulações negativas que ouviu e leu aos westerns italianos veio bem a calhar porque coincidem muito com coisas que eu ouvia nas locadoras por pretensos intendedores de cinema. Aquela coisa idiota pedante e afetada de "Só os americanos sabem fazer filmes."; "filme só americano." ou então em relação aos westerns italianos principalmente," Ih, rapaz! Faroeste italiano, com aqueles negócios assim, zoom, zoom, horrível." ou então "O que é que italiano entende de faroeste, foi se meter deu no que deu." e por aí vai. No entanto as coisas andam por melhorar significativamente graças a pessoas como o Pedro, o Emanuel, você com essa estupenda lista e muitos outros que prestam sua contribuição a esse formidável Blog. Anda muchacho, spara.
ResponderEliminarO top ten como já disse é estupendo, no entanto como António Rosa e Belane discordo da classificação de "Una pistola per Ringo" no A evitar porque existem eurowesterns piores que ele. É um filme para se ver descontraidamente, sem esperar arroubos estilíticos.Eu fiz uma crítica ao fato de Tessari ter modificado seu mise en scéne de forma tão radical de um filme para o outro,dizendo que ele poderia ter realizado Uma pistola... com o mesmo brilhantismo com que realizou Il ritorno di Ringo. Algum inadvertido ao assiti-los (os dois Ringos) poderá concluir que foram conduzidos por diretores diferentes, tal realmente é a diferença visual de um para o outro. Mas, refletindo melhor penso agora que ele fez Uma pistola... com a intenção apenas de divertir mesmo, pode-se entender de forma informal mesmo,como disse Belane.
ResponderEliminarGostei muito dessa parte do seu texto: " ...a abordagem é mais baseada na criatividade do que no orçamento, o que gerou obras primas." Com essas palavras você resumiu tudo. Supriram as deficiências orçamentárias com muita criatividade.
ResponderEliminarQuando assisti Por um punhado de dolares em 1966 (tinha apenas 09 anos) aquilo foi um petardo tao grande que considero o melhor filme que ja vi, pois estava acostumado com cow-boys limpinhos e èticos. Acredito que foi o marco dos anti-herois,e nào sò do western-spagetti. Fico pensando o filme sem o Clint e atè chego a imaginar o Stephen em seu lugar...(sera que o Leone conseguiria lhe dar aquele ar cool?, e ensina-lo a interpretar?), mas a musica do Moricone è fundamental e acredito que sem ela ò western-spaghetti teria uma vida mais curta.Lamento o Leone nào ter feito mais filmes pois è meu cineasta preferido. Tambem fico imaginando Era Uma Vez No Oeste com os atores anteriores: Clint,Van Cleef e Wallach ou Volonte...nào seria mais legal? Acho a influencia western-spageti fundamental para o cinema que veio depois e acredito que filmes geniais como The Wild Bunch do Peckinpah nem teriam sido realizados.Considero os primeiros westerns que o Clint fez nos EUA apos a historica trilogia italiana fracos e banais, apesar de sua presenca, prova que Mister Leone fez a diferenca.Por ultimo gostaria que alguem me diga algo sobre O Magnifico Estrangeiro, um western obscuro que o Clint fez èm P&B, acredito que na italia e que eu saiba siquer consta em sua filmografia, de tào ruim que era (prova que talvez o Stephen ou qualquer outro Kid-Pig poderia substitui-lo, nada contra o Clint, pelo contrario ainda è meu Kid-Pig favorito e que sem ele nào teriamos Django, Sartana, Cjamango etc)Tambem acho interessante a imprensa agora ovacionar os filmes do Leone pois na època era um patrula ideològica imensa e os criticos simplesmente avacalhavam Leone e todos os outros macaroni. A primeira critica do Jornal da Tarde positiva sobre um macaroni que alias o chamou de regular, foi um filme obscuro com o Craig Hill e Eduardo Fajardo, que sò passou pelo crivo dos babacas porque era feito nos moldes americanos, em que o cow-boy perguntava primeiro e atirava depois.Duvido que na realidade a coisa foi assim, por isso considero os macaroni neste ponto mais realistas, porque heroi americano sò conheco o Capitão America...
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