3.01.2010

Ehi amico... c'è Sabata, hai chiuso! (1969 / Realizador: Gianfranco Parolini)

Eis o melhor “circus-western” (termo designado por Alex Cox) de Gianfranco Parolini, que costuma assinar sob o pseudónimo de Frank Kramer. Parolini foi o criador de duas personagens emblemáticas do universo dos westerns-spaghetti: Sartana e Sabata. Sinceramente, acho que não existem grandes diferenças entre ambos porque a atitude, a destreza no manejo das armas, as engenhocas e até o guarda-roupa parece ser o mesmo. Mas, pessoalmente, há algo que faz toda a diferença: Lee Van Cleef!

O grande Lee Van Cleef encarna o personagem Sabata.

Embora respeite e admire o trabalho de Gianni Garko como Sartana, só a presença de Van Cleef faz com que o filme valha a pena! Este filme representa provavelmente a consagração deste actor americano nos westerns italianos. Deu-se a conhecer em Por mais alguns dólares e desde então foi sempre a aviar! Descobri este western em inícios dos anos 90, quando a televisão generalista em Portugal ainda era alguma coisa de jeito e exibia bons filmes a horas decentes. Hoje, como toda a gente sabe, essa mesma televisão é um atestado de estupidez e piroseira!

A mortífera Derringer de Sabata.

Quanto ao filme, além do protagonista e da acção alucinante, houve algo mais que me marcou: um certo indivíduo que vestia umas calças com guizos, tocava banjo e esse mesmo instrumento musical escondia uma espingarda! Tudo isso era surpreendente para mim porque a minha infância tinha sido marcada essencialmente pelos westerns clássicos americanos à John Wayne. No entanto, nunca mais tive oportunidade de rever o filme, nem mesmo em VHS, e durante 15 anos caiu no esquecimento.

O piolhoso Garrincha.

Há alguns anos atrás, numa pesquisa na Internet, voltei a reencontrar Sabata e então pensei: “Tenho de ter este filme em DVD”! E assim foi! O enredo tem como pontapé de saída um assalto ao banco da cidade de Daugherty e Sabata envolve-se no assunto, distribuindo balázios aos seus adversários com a ajuda do mexicano Garrincha e do seu amigo acrobata. Enquanto isso surge Banjo, um vagabundo ganancioso que jogará dos dois lados da barricada.

Banjo e o seu precioso instrumento musical.

“Sabata” é um western repleto de acção, explosões, tiroteios e, claro está, acrobacias (imagem de marca dos filmes de Parolini). O elenco é liderado por Lee Van Cleef e apoiado por alguns suspeitos do costume nestas andanças: William Berger, Pedro Sanchez, Franco Ressell, Gianni Rizzo, Linda Veras e Robert Hundar. A cidade de Daugherty é o bem conhecido Elios Studio, na Cinecittà, Roma, mas muitas cenas foram filmadas no lindíssimo deserto espanhol de Almería.

Linda Veras bem boa!

Em suma, este western é o ideal para aqueles que querem acção do princípio ao fim sempre num ritmo rápido. Para mim, como sou um grande fã de Lee Van Cleef, o DVD já cá canta! Comprei a edição da MGM com várias opções áudio, sem legendas em português, sem extras e apresentado no formato widescreen 16:9 em 2.35:1.

19 comentários:

  1. Esse é um dos 30 spaghetti que ainda não vi mas quero ver antes de morrer! hehehe. Consta em várias antologias como um dos mellhores do gênero. Concordas?

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  2. Amigo Demofilo Fidani, concordo totalmente contigo! Para mim este filme está claramente entre os 10 melhores westerns-spaghetti. Praticamente tudo funciona muito bem neste filme e é acção do princípio ao fim!

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  3. É sem dúvida um filme obrigatório para qualquer fã do género. O personagem é espectacular, ou não contasse com o Lee Van Cleef em topo de forma. E para além disso temos ainda o Banjo que tem uma das melhores engenhocas vistas num spaghetti - poderia ter sido um filão a explorar.

    Mas, ao contrário do Emanuel continuo ainda a preferir o personagem Sartana, que me parece mais engenhoso, um autêntico James Bond do velho oeste!

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  4. ¿Y que decir de la música de la película?.
    De las mejores banda sonoras del spaghetti.

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  5. Estou de acordo com o amigo Julio Alberto, a banda sonora deste filme é excelente e é da responsabilidade do compositor Marcello Giombini.

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  6. Grande Blog! estão de parabéns! continuem a espalhar o spaghetti western pelas terras incultas de portugal! O maior genero da serie B europeia! fuck hollywood!

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  7. Grande trilha sonora, e este é, provavelmente, um dos mais divertidos spaghetti já realizados. Personagens marcantes, Lee Van Cleef mais rápido que de costume e um cara que esconde sua winchester em seu banjo! Muito bom!

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  8. Provavelmente o western mais divertido que assisti. Lee Van Cleef é lenda... dos melhores. Meu ator preferido dentro dos westerns.

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    1. E é uma consideração justíssima. O homem é um ícone!

      --
      Pedro Pereira

      http://por-um-punhado-de-euros.blogspot.com
      http://auto-cadaver.posterous.com

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  9. Respostas
    1. Gracias por comentarlo Echoes!

      --
      Pedro Pereira

      http://por-um-punhado-de-euros.blogspot.com
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  10. Vc sabe me dizer o nome da pistola que sabata usava.

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    1. A pistola de Sabata é baseada na Derringer mas tal como a maioria dos gadgets do james Bond... é falsa!

      --
      Pedro Pereira

      http://por-um-punhado-de-euros.blogspot.com
      http://auto-cadaver.posterous.com

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  11. Sabata, O Justiceiro (1969)


    Ehi amico... c'è Sabata, hai chiuso! (Itália)
    Sabata (EUA)
    Direção: Gianfranco Parolini
    Com: Lee Van Cleef, William Berger, Pedro Sanchez, Franco Ressel, Linda Veras e Gianni Rizzo.

    O diretor Gianfranco Parolini vai ser para sempre lembrado como o criador de dois exêntricos e emblemáticos personagens. Primeiro veio “Sartana” em 1968, um pistoleiro com ares de mágico e agente secreto. Ele foi uma espécie de protótipo para o que Parolini criaria a seguir (Sartana acabou sendo desenvolvido brilhantemente por Giuliano Carnimeo): Sabata, o misterioso bandido/justiceiro eternizado pela magnífica interpretação de Lee Van Cleef. Embora ambos os personagens tenham várias similaridades entre si, eles também diferem consideravelmente em algumas características. Principalmente no que se refere à natureza de suas ações: Sabata, apesar de ter o dinheiro como motivação, acaba sempre ajudando as pessoas, ao enfrentar vilões opressores e corruptos. Daí a justificativa para o título “O Justiceiro” da versão nacional. Também vale notar que Sabata inclusive aceita companheiros em seus “negócios”, enquanto Sartana só age sozinho (provavelmente para não ter com quem dividir os lucros). Em outras palavras: um anti-herói mais humano e popular.
    A trama: o banco de Daugherty é assaltado na mesma noite em que Sabata (Cleef) chega à cidade. Seguindo os ladrões, ele consegue matá-los e recuperar o dinheiro. Mas Sabata não fica satisfeito e com uma investigação mais profunda ele descobre que os três poderosos de Daugherty, o Coronel Stengel (Ressel), o Juiz O’Hara (Rizzo) e o banqueiro Fergusson (Antonio Gradoli) estão por trás do roubo. Com a ajuda de dois pilantras da cidade, Carrincha (Sanchez) e Alley Cat (Nick Jordan), ele começa a chantagear os vilões. Mas tudo fica complicado com a intromissão de Banjo (Berger), um pistoleiro que se oferece para ajudar Sabata, mas planeja enganar aos dois lados.
    Lee Van Cleef já era um dos maiores astros da Europa quando “Sabata” foi lançado. O filme pertence a ele, com seu carisma e presença marcante. Mas por muito pouco, William Berger não ofusca o astro. Seu personagem, “Banjo”, é um verdadeiro achado. Cínico e debochado, ele é uma espécie de “bon-vivant” do velho oeste, só recorrendo às armas em último caso (inclusive ele esconde sua arma dentro do instrumento musical que lhe rendeu o apelido). Berger dá destaque ao caráter dúbio do personagem, nunca se sabe se ele é aliado ou traidor. “Banjo” é um personagem que certamente renderia um belo filme solo!
    A direção de Parolini confirma seu gosto pelas figuras exóticas e extravangantes, com destaque para os malabaristas, sempre presentes em sua filmografia (até na aventura de Guerra “Cinco para o Inferno”.). Os movimentos de câmera são ágeis, acompanhando o ritmo frenético das cenas de ação. Cenas de ação que encontram seu ápice no explosivo tiroteio final, um confronto memorável.
    “Ehi amico... c'è Sabata, hai chiuso!” (tradução: Hei amigo... este é Sabata, você perdeu!), foi um grande sucesso de bilheteria, tanto na Europa quanto nos Estados Unidos, gerando duas continuações. Sem dúvida, um grande clássico. Obrigatório. Está disponível em DVD no Brasil com excelente qualidade na “Coleção Sabata-Box com três DVDs” e também separadamente.

    http://www.imdb.com/title/tt0064916/
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    DO Extinto blog dollarirosso

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  12. link:
    http://dollarirosso.blogspot.com/2007/10/sabata-o-justiceiro-1969.html

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  13. Primeira vez que comento no blog e decidi fazê-lo neste filme por ser um dos meus favoritos e deixar-me particularmente "irritado" o fato de ser constantemente desvalorizado e deixado de fora das listas de "obrigatórios".

    O que mais há a acrescentar ao que já foi dito? Lee Van Cleef a um nível incrível; banda sonora de Marcello Giombini inesquecível (a do terceiro filme é igualmente genial); uma direção bastante competente de Parolini e ainda personagens memoráveis como Banjo ou Carrincha.

    Absolutamente obrigatório!

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    1. Olá!

      Já te queria ter respondido, mas passou-me. Creio que o filme tem bastantes fãs e pessoalmente é daqueles que normalmente recomendo a quem nada conhece do género - este e os outros do Parolini - por serem bem filmados e muito divertidos.

      As listas valem o que valem. Eu próprio provavelmente mudaria a minha sempre que me perguntassem em momentos diferentes. Enfim, a verdade é que na actualmente Sabata até já passa com frequência na televisão cabo portuguesa, algo que só acontecera uma vez (que saiba) ali em inícios dos noventas na então novíssima SIC.

      Um parêntesis sobre a banda sonora, eu por coincidência vi uma vez o filme numa altura em que andava a ouvir um disco de Black Mountain e juro que notei ali sons muito idênticos. Não sei se há conexão, mas a verdade é que tanto a banda como esta OST, são acima da média.

      PS. Espero que continues a comentar no blogue! É um hábito que se tem vindo a perder na era das redes sociais, mas aqui na equipa apreciamos sempre um pouco de discussão.

      Abraço!

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