01/11/2020

Un dólar de fuego (1966 / Realizador: Nick Nostro)

Este é o primeiro western-spaghetti do italiano Nick Nostro, realizador que embora relativamente activo na década de sessenta, só assinou mais outro filme no género: “Uno Dopo L'Altro”. Que se diz por aí ter sido na verdade realizado pelo espanhol Ignacio F. Iquino. Para adensar ainda mais a confusão, deixem que vos diga: existem também boatos de que Nostro possa ter sido responsável pelo bonzinho “El hombre que mató a Billy el Niño” (por cá traduzido à letra: “O Homem que matou Billy The Kid”). Mas sucede que esse haveria de ser assinado exclusivamente pelo madrileno Julio Buchs. Já Nostro jurou a pés juntos que o filme era um projecto de Lucio Fulci e que acabou nas suas mãos por indicação do mestre do terror. Meus amigos, é uma puta confusão! E como nenhum dos envolvidos se entendeu em vida fica para a história mais um «diz que disse»! Mas adiante, que hoje nem estamos aqui para falar desses filmes dos quais não se sabe a paternidade.

Acabou-se a batota, patife!

Foquemo-nos neste “Un dólar de fuego”, que nos apresenta a típica situação de um povo obliterado por um vilão acima da lei, neste caso duo de vilões com múltiplas conexões, conspirações e o escambau! O regabofe na cidade é tal, que o jornaleiro numa das suas manchetes até a ousa compara-la à cidade bíblica de Sodoma. Como os paus mandados falham continuamente na subjugação total dos cidadãos, contratam um pistoleiro profissional para comandar as operações, e em paralelo tratar da saúde ao teimoso do xerife que se recusa a ficar quietinho no seu canto. Infelizmente para as nossas contas, o tal pistoleiro é um tipo tão exageradamente «badass» que se torna na personagem cómica involuntária do filme, que supostamente se reservaria ao beberrão do saloon. 

Técnicas de persuasão à moda do oeste.

É uma produção pobre, não de cenários e belas paisagens desérticas, mas de boas ideias e de actores com competência para levarem o barco a bom porto. Achei particularmente curioso que a produção viesse selada como ítalo-espanhola, porque o aroma do filme é totalmente paella-western. Na versão que vi aparece inclusivamente o estranhíssimo crédito de supervisor para o madrileno José Luis Madrid. O que poderá indicar essa preponderância da IFISA de Ignacio F. Iquino sobre o parceiro italiano.  

Lá vai alho!!

Admito que já vi spaghettis muito mais mal enjorcados (a maioria dos de Demofilo Fidani, os de Gianni Crea, etc.), mas invariavelmente esses tornaram-se comédias com o passar dos anos, como tal tem a sua piada quando vista por esse prisma. Agora, quando a coisa se torna enfadonha de morte seja qual for o ângulo, não dá como apreciar. Definitivamente este é filme para passar ao lado. Já os tais dois do imbróglio de paternalidade são ambos bem decentes. Vão por aí!

4 comentários:

  1. Naqueles anos, em Itália, era muito frequente haver dúvidas sobre quem fez o quê nas produções western. Por vezes, um filme chegava a ter dois ou três realizadores diferentes porque surgiam problemas com os produtores, ou com os atores, ou havia falta de dinheiro, ou falta de organização... enfim, havia de tudo!
    Este é apenas mais um exemplo da confusão que por vezes existia!

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  2. Nick Nostro é um realizador praticamente desconhecido nestas andanças. Quando fez este filme, Nostro afirmou que perto da zona onde filmavam, em Almería, havia um grande hotel e uma espécie de palácio onde morava o rei de todos os ciganos do mundo! De todos os ciganos do mundo não direi, mas pelo menos o rei de todos os ciganos de Almería, acredito que sim!

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  3. Naquela época era muito comum acontecer isso, porque produções que empregassem atores e equipe espanholas pagavam menos impostos ao governo, quando as produções trabalhavam em terras espanholas.

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