Este é o primeiro western-spaghetti do italiano Nick Nostro, realizador que embora relativamente activo na década de sessenta, só assinou mais outro filme no género: “Uno Dopo L'Altro”. Que se diz por aí ter sido na verdade realizado pelo espanhol Ignacio F. Iquino. Para adensar ainda mais a confusão, deixem que vos diga: existem também boatos de que Nostro possa ter sido responsável pelo bonzinho “El hombre que mató a Billy el Niño” (por cá traduzido à letra: “O Homem que matou Billy The Kid”). Mas sucede que esse haveria de ser assinado exclusivamente pelo madrileno Julio Buchs. Já Nostro jurou a pés juntos que o filme era um projecto de Lucio Fulci e que acabou nas suas mãos por indicação do mestre do terror. Meus amigos, é uma puta confusão! E como nenhum dos envolvidos se entendeu em vida fica para a história mais um «diz que disse»! Mas adiante, que hoje nem estamos aqui para falar desses filmes dos quais não se sabe a paternidade.
Acabou-se a batota, patife!
Foquemo-nos neste “Un dólar de fuego”, que nos apresenta a típica situação de um povo obliterado por um vilão acima da lei, neste caso duo de vilões com múltiplas conexões, conspirações e o escambau! O regabofe na cidade é tal, que o jornaleiro numa das suas manchetes até a ousa compara-la à cidade bíblica de Sodoma. Como os paus mandados falham continuamente na subjugação total dos cidadãos, contratam um pistoleiro profissional para comandar as operações, e em paralelo tratar da saúde ao teimoso do xerife que se recusa a ficar quietinho no seu canto. Infelizmente para as nossas contas, o tal pistoleiro é um tipo tão exageradamente «badass» que se torna na personagem cómica involuntária do filme, que supostamente se reservaria ao beberrão do saloon.
Técnicas de persuasão à moda do oeste.
É uma produção pobre, não de cenários e belas paisagens desérticas, mas de boas ideias e de actores com competência para levarem o barco a bom porto. Achei particularmente curioso que a produção viesse selada como ítalo-espanhola, porque o aroma do filme é totalmente paella-western. Na versão que vi aparece inclusivamente o estranhíssimo crédito de supervisor para o madrileno José Luis Madrid. O que poderá indicar essa preponderância da IFISA de Ignacio F. Iquino sobre o parceiro italiano.
Lá vai alho!!
Admito que já vi spaghettis muito mais mal enjorcados (a maioria dos de Demofilo Fidani, os de Gianni Crea, etc.), mas invariavelmente esses tornaram-se comédias com o passar dos anos, como tal tem a sua piada quando vista por esse prisma. Agora, quando a coisa se torna enfadonha de morte seja qual for o ângulo, não dá como apreciar. Definitivamente este é filme para passar ao lado. Já os tais dois do imbróglio de paternalidade são ambos bem decentes. Vão por aí!
Naqueles anos, em Itália, era muito frequente haver dúvidas sobre quem fez o quê nas produções western. Por vezes, um filme chegava a ter dois ou três realizadores diferentes porque surgiam problemas com os produtores, ou com os atores, ou havia falta de dinheiro, ou falta de organização... enfim, havia de tudo!
ResponderEliminarEste é apenas mais um exemplo da confusão que por vezes existia!
Nick Nostro é um realizador praticamente desconhecido nestas andanças. Quando fez este filme, Nostro afirmou que perto da zona onde filmavam, em Almería, havia um grande hotel e uma espécie de palácio onde morava o rei de todos os ciganos do mundo! De todos os ciganos do mundo não direi, mas pelo menos o rei de todos os ciganos de Almería, acredito que sim!
ResponderEliminarO Nick Nostro nunca foi a Elvas.
EliminarNaquela época era muito comum acontecer isso, porque produções que empregassem atores e equipe espanholas pagavam menos impostos ao governo, quando as produções trabalhavam em terras espanholas.
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