11.01.2011

Sella D'Argento (1978 / Realizador: Lucio Fulci)

Se nos anos 60 o western-spaghetti era um monstro grande, gordo e forte, capaz de inferiorizar os outros géneros cinematográficos, esse mesmo monstro começou a ter uma dieta forçada a partir dos anos 70. Em 1978, o monstro já não metia medo a ninguém e apresentava um aspeto cadavérico cujo destino só podia ser um: a morte!

Giuliano Gemma
, um dos reis do subgénero, aceitou protagonizar este filme sob o comando do realizador Lucio Fulci, que juntamente com Dario Argento ou Antonio Margheriti, dava cartas nos “giallos”. “Sela de Prata” é um filme que não traz grandes surpresas mas, apesar de ser uma das últimas produções western na Itália, é um filme decente, com alguns nomes consagrados (Giuliano Gemma, Ettore Manni, Geoffrey Lewis, Aldo Sambrell) e com boas doses de ação e entretenimento.

Roy Blood é um menino de 10 anos que vive com o pai, um pobre agricultor que foi enganado num negócio que fez com a família Barrett. Desesperado, o homem tenta recuperar o dinheiro perdido mas é assassinado pelo pistoleiro Luke. Roy assiste a tudo e num momento de raiva pega na espingarda do seu pai e mata Luke, roubando-lhe o cavalo e a sua preciosa sela de prata. Os anos passam e Roy tornou-se num pistoleiro de primeira linha. Ao longo do seu percurso depara-se várias vezes com um tipo chamado Serpente, que ganha a vida a roubar objetos de valor aos cadáveres que encontra.


O destino dita que Roy e a família Barrett voltam a encontrar-se, mas desta vez o ódio é substituído por um sentimento mais nobre: a amizade entre Roy e o jovem Thomas Barrett Jr. É curioso ver um cineasta como Lucio Fulci fazer um western numa época em que já ninguém apostava nesse tipo de filmes. Ainda por cima Fulci esteve sempre mais ligado a outras vertentes do cinema italiano. Seja como for, estamos perante um filme sólido, sóbrio, bem construído (embora longe da magia de outrora) e que se apoia essencialmente no carisma do protagonista. Mas qual é o realizador que não o faria, se tivesse Giuliano Gemma às suas ordens?


Este foi um dos muitos westerns que descobri no início dos anos 90 em formato VHS. Mas hoje em dia o DVD é que manda e “Sela de Prata” está editado em vários países. Posso garantir a todos aqueles que queiram comprar um DVD que a editora alemã Koch tem disponível um exemplar de qualidade, com excelente imagem (2.35:1) e várias opções áudio. Esta seria a penúltima aventura de Giuliano Gemma enquanto pistoleiro. A última ficou guardada para meados nos anos 80, onde Gemma reencontrou o homem que o transformou numa vedeta: Duccio Tessari.



Mais algumas imagens usadas na promoção do filme:


Trailer:

15 comentários:

  1. Também vi este nos tempos do VHS, nos inícios de 90 se não me engano. E depois disso nunca mais o tinha visto. Revi-o recentemente via DVD da Koch que tem uma qualidade de imagem excelente, para além de vários extras e opções linguísticas.

    Sobre o filme em si, embora não me pareça um marco fundamentar no género é bastante bom. Um argumento bastante complexo que tem a sorte de contar com um elenco de se lhe tirar o chapéu. Nesse campo uma grande vénia para o americano Geoffrey Lewis, que está simplesmente fabuloso enquanto Serpente.

    Uma curiosidade, na cena que Roy se encontra pela primeira vez com Serpente, Roy desfere um tiro num dólar que o segundo segura, fazendo-lhe um buraco no centro. Uma cena que nos remete imediatamente para as memórias de "Un dollaro bucato" (1965). Belo efeito!


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    Pedro Pereira

    http://por-um-punhado-de-euros.blogspot.com
    http://auto-cadaver.posterous.com

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  2. Talvez esse momento do filme tenha sido uma homenagem consciente aos primeiros westerns de Giuliano Gemma. Ou então não...

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  3. Hum. Não há coincidências, a mim parece-me mesmo uma singela homenagem aos sucessos passados de Giuliano Gemma.

    Mas até há mais cenas que parecem remeter para filmes dos primeiros anos do western-spaghetti. Por exemplo a cena de Sambrell a chicotear o puto, parece sacada de "Tempo di massacro", o primeiro western de Fulci.

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    Pedro Pereira

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  4. Sou fã de carteirinha do Fulci e, apesar de ele ter se dastacado mais com o gênero terror, aprecio muito o seu lado com o western spaguetti. Tempo di massacro é, ao meu ver (e até agora), o melhor western que ele já dirigiu, e é um dos meus preferidos também... a parceria entre Nero e Hilton é impagável! Excelente.

    Mas infelizmente ainda não vi esse com o Gemma. Quero muito ver!

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  5. Bom filme e bom Sw, vi o mesmo na TV quando ainda era um jovem, an altura pensei que era um Western americano, pois não conhecia o Gemma e não ahvia "Interneti".
    Grande performance do Geoffrey Lewis.

    Un saludo

    VIor Louçã

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  6. Também gostei muito desse filme, mas a edição, de VHS, que tenho é ruim demais, praticamente destrói o filme. Estou ainda na busca de uma cópia de qualidade.
    Abraço!
    LeMarc

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  7. Então o caminho é a compra online. O DVD da Koch - "Silbersattel" - é o que recomendamos. Não tem opções audio/legendas em Português, mas a qualidade de imagem e extras convencem.

    --
    Pedro Pereira

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  8. Por supuesto, es un homenaje a sus anteriores films. Giuliano conserva la sella d'argento en su casa romana.
    Gracias por las fotos.

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  9. Por supuesto, es un homenaje a las anteriores películas de Giuliano. Aún conserva la "sella d'argento" en su casa romana.
    Gracias por las fotos.

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  10. Una preciosidad! Algunos aficionados pagaría mucho dinero para tenerla en su posesión.

    --
    Pedro Pereira

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  11. Me pareció una película bien rodada, sobre todo las escenas de acción, pero bastante fría. En todo caso, para el momento que se rodó es bastante digna y superior a al gran número de spaghetis cómicos que proliferaron durante la década de los setenta.

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  12. Sí, Jesús. Digamos que fue o parece un intento de volver a reconducir el género, que estaba ya moribundo.

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  13. Entre os 3 westerns de Fulci, é aquele de que gosto (um pouco) menos. Tecnicamente, achei bem feito, com bons atores, a (belíssima) Cinzia Monreale trabalhou pela 1ª vez com Fulci. Falta-lhe, talvez, alguma exuberância, aquele cinismo hilariante que tem o primeiro "Sabata", por exemplo. É como diz o Jesús, alguma frieza na realização, mas realizado com competência.

    Fulci trabalhava rápido, não só devido aos orçamentos baixos, mas também devido ao seu tecnicismo. Espantava os cameramen, pois dizia qual a lente necessária para este ou aquele enquadramento, calculando a distância e o ângulo. Por esta altura, Fulci já tinha anos e anos de experiência.

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    1. E ao que parece Fulci não gostou por aí além do filme. Considerava ainda assim Gemma um bom actor e amigo.

      --
      Pedro Pereira

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  14. Excelente filme. Daqueles que a gente parava a mão no ar com um punhado de pipoca para por na boca quando a coisa pegava fogo.

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