11.18.2010

Buon funerale, amigos!... paga Sartana (1970 / Realizador: Giuliano Carnimeo)



Nesta terceira aventura da personagem Sartana, Gianni Garko abandona o anterior look e apresenta-se agora com um farfalhudo bigode. Mas as diferenças entre os dois filmes anteriores da saga não são meramente estéticas. Este foi o único dos filmes dirigidos por Giuliano Carnimeo para a saga Sartana, que não contou com a participação do prolífico escritor Tito Carpi na equipa argumentista. Talvez por isso, este é de longe o capítulo com o enredo mais fácil de seguir em toda a saga oficial. Pró ou um contra? Só o gosto pessoal de cada indivíduo o poderá dizer. A acção do filme inicia-se desde logo com um brutal assassínio de um grupo de mineiros. Sartana assiste à matança e de seguida surpreende os carrascos que atulha de chumbo quente. Por ser alegadamente rica em ouro, a propriedade dos mineiros é alvo do interesse de diversos personagens locais que tudo farão para persuadir a recém-chegada herdeira a vender as terras. Sartana envolve-se na questão e mostra-se (aparentemente) interessado em defender a rapariga e expor os verdadeiros responsáveis pela morte dos mineiros. O que se segue é uma sequência de tentativas frustradas dos maus da fita em eliminar o nosso herói de capa preta, que nesta aventura faz questão em pagar o funeral a cada um dos patifes que vai eliminando!


Excepcionalmente Sartana chega mesmo a envolver-se sentimentalmente com a figura feminina do filme, Abigail Benson (Daniela Giordano), o que representa outra das novidades nesta entrada da franquia. Para gáudio dos fãs, Sartana volta a usar uma série de engenhocas que sempre adocicam a acção. Para além da sua famosa pistola do tipo Derringer, o arsenal de Sartana é agora expandido a um relógio magnetizado e um naipe de letais cartas cortantes, que usa num estilo quase ninja! Gianni Garko interpreta mais uma vez a personagem Sartana em grande estilo, mantendo a mesma classe e elegância que nos habituara nas duas películas anteriores. Em entrevista à fanzine Westerns... All'Italiana! [1], Garko considera mesmo que esta terá sido a sua melhor actuação num western-spaghetti. Pessoalmente discordo, pois apesar de todo o mérito que lhe reconheço na criação e personificação desta personagem, adorei especialmente a sua participação enquanto vilão no muito recomendável “I vigliacchi non pregano”.



Infelizmente a vilanagem surge aqui bastante mais mal representada que nos dois filmes anteriores, sem presenças de ícones do cinema europeu como Fernando Sancho, Klaus Kinski ou Willian Berger. Contentemo-nos agora com um sempre fraquinho Luis Induni (xerife corrupto), um Franco Ressel (trapaceiro efeminado) ou um George Wang (aborrecidíssimo declamador de Confúcio que por breves momentos mostra uns movimentos de kung-fu). Este terceiro capítulo chegou a ser lançado em Portugal (sob o titulo “Bom Funeral Amigos... Paga Sartana”) mas não mereceu até à data uma edição DVD. Felizmente os nossos vizinhos espanhóis têm o filme disponível numa edição económica e bastante decente. Imagem em widescreen e com duas opções áudio, espanhol e italiano. Por regra não sou muito entusiasta das edições da Suevia mas esta merece os Euros!

[1]
Westerns... All'Italiana! - Special Gianni Garko Issue, 1992

Mais alguns lobby cards utilizados na promoção do filme na Alemanha:
Trailer

5 comentários:

  1. A primeira vez que vi este filme pensei imediatamente: O Gianni Garko tem um grande bigode amarelo muito foleiro! Estava melhor nos dois primeiros filmes sem bigode! Franco Ressel parece que é especialista em vilões efeminados, já que temabém tinha uma função semelhante em SABATA.

    ResponderEliminar
  2. Olha partilho exactamente da mesma opinião!A aparência do herói nos primeiros filmes dava mais força e credibilidade ao personagem. O bigode fica totalmente deslocado como uma "peça fora do sitio"...

    ResponderEliminar
  3. Sim, sim. A barba por fazer ficava-lhe melhor. Mas não se esqueçam que este filme saiu já em 1970 e as modas por essas paragens foram como sabemos bastante xungas!

    --

    Pedro Pereira

    por-um-punhado-de-euros.blogspot.com
    filmesdemerda.tumblr.com

    ResponderEliminar
  4. Olá, amigos, sou fã de Garko, com ou sem bigode, e pouco mais tenho a adiantar em relação ao que foi escrito, excepto, que este é sem dúvida o mais português de todos os westerns spaghetti, o vilão principal do filme, Hoffman, é interpretado pelo portuguesíssimo António vilar e como bónus ainda temos a "nossa" Helga Liné que em menina veio para Portugal em fuga da Alemanha durante a II guerra Mundial e cá, antes de ser actriz, foi bailarina e acrobata de circo, dos seus primeiros filmes em Portugal conta-se PORTO DE ABRIGO,A MANTILHA DE BEATRIZ, MADRAGOA, OS SALTIMANCOS,ETC. Dois portugueses em papéis tão importantes num western spaghetti foi uma excepção, Helga, felizmente, apareceu em muitos mais e aqui vai o meu desacordo parcial, patriotismos à parte, acho que Vilar interpreta um óptimo vilão, elegante e cerebral. Concordo em relação aos outros, principalmente o vilão chinês, interpretado por Wang, Ressel é igual a Ressel em muitos outros westerns, aliás o papel dele é quase sempre igual em todos os westerns
    Um abraço

    ResponderEliminar
  5. Muito interessante a verdade é que não fazia ideia de que o António Vilar fosse Português! Lembrava-me apenas de outro tipo nascido em Portugal que fez bastantes westerns-spaghetti, Cris Huerta (Cris = Crisanto). E no feminino como não recordar a belíssima Soledad Miranda!

    Obrigado pela adição António.

    --

    Pedro Pereira

    por-um-punhado-de-euros.blogspot.com
    filmesdemerda.tumblr.com

    ResponderEliminar