Artigo gentilmente cedido pelo companheiro António Furtado da Rosa, grande entusiasta do western-spaghetti e também ele blogger ocasional via http://westerneuropeu.blogspot.com/
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Cuidado Berti, a estrela sou eu!
Roose, à primeira vista, parece ser um típico anti-herói do género que já vimos em muitos filmes, mas não, Mitchell retrata um pistoleiro infalível que não se sente satisfeito por sê-lo e vemos isso logo no início do filme, numa caracterização de personagem brilhante, quando enquanto se vestia no quarto do hotel antes de enfrentar três homens em duelo, apanha um mosca e em vez de a matar, abre a janela e liberta-a dizendo: “Vive em paz, tu que podes.” A paz que ele não tem, a paz que quem vive com uma arma na mão não tem. Não é movido por qualquer paixão ou por um desejo de vingança nem é um justiceiro movido por qualquer responsabilidade social e não tenciona, de maneira nenhuma, mudar o mundo, Roose procura um futuro em paz, mesmo que para isso se tenha de tornar um herói e fazer aquilo para o qual nasceu, matar.
Mitchell chega e mata!
“Nascido para Matar” é um filme de orçamento exíguo e uma pequena pérola do género que merece ser descoberto e é um exemplo seguro de que os meios nem sempre justificam os fins, porque com poucos meios, Antonio Mollica (Tony Mulligan), de quem se conhece a realização de apenas três filmes (“20 Passos Para a Morte” com Dean Reed e o interessante filme de piratas “O Regresso do Pirata Negro” com Robert Woods) conseguiu levar este filme a um bom fim com uma realização segura e sem invenções, criando um filme que foi feito sem mais nenhuma intenção se não para entreter com cenas de ação muito bem coordenadas e com o mimo de nos podermos deliciar com a bela música de Felice Di Stefano muita acima da média do género e do próprio maestro que compôs as partituras de filmes como “Cjamango, o Vingador”, “Não matar” ou “Pede Perdão a Deus”.
Em 1967 o género ainda não estava de rastos.
Como nota final, gostaria de ter visto Gordon Mitchell muitas vezes mais neste registo de pistoleiro implacável e lacónico, sem histrionismos, criando mais personagens nascidas para nos surpreender. Recomendo esta pérola algo obscura, mas cativante.
Primeiro que tudo queria agradecer o imput do amigo António Rosa que é há muito um pilar importante neste espaço. Espero que metas mais munição por cá em breve!
ResponderEliminarSobre o filme, lembro-me vagamente de o ter visto há uns anos mas acho que o vou rever. Pelo que percebi continua a não ser fácil encontrá-lo em DVD, as duas edições que o SWDB lista são de quiosque, que não ajuda. Abençoados dvdrip que por aí circulam.
Não têm nada a agradecer, é sempre um prazer um prazer cooperar com vocês. Podem sempre contar comigo. Abraço.
ResponderEliminarE contamos mesmo!
EliminarA frase de lançamento deste filme foi: "Todos conheciam a sua reputação. Depois de ele passar reinavam o terror e a morte".
ResponderEliminarQue abuso.
EliminarO António mencionou as extravagância de Gordon Mitchell nos westerns de Demofilo Fidani. Eu acho que essas mesmas extravagâncias dão ainda mais vida e carisma às obras de Fidani. Relembro, por exemplo, em "Chegam Django e Sartana... e é o fim!", Mitchell a jogar às cartas com ele próprio à frente de um espelho, com cara de maluco, e a barafustar com tudo e todos (ele próprio incluído).
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