09/08/2020

Un hombre vino a matar (1967 / Realizador: León Klimovsky)

Pela calada da noite um bando infiltra-se na fortificação militar, Fort Jackson, aliviando-lhes o peso do cofre. O Sargento Tony Garnett (Richard Wyler, a sair na rifa pelo segundo mês consecutivo, em Julho estava neste) é surpreendido no meio da ocorrência levando uma traulitada na mona. Contudo os seus problemas só estão a começar. Já reposto vê-se acusado pelo assalto e pelo assassinato do capitão do quartel. O tribunal militar não tem dúvidas e sentencia-o à pena de morte, mas o bom coração do padre que lhe daria o seu conforto final oferece-lhe o seu traje para que se evada do forte e prove a sua inocência. 

"I'm looking at you through the glass. Don't know how much time has passed."

Cá fora torna-se ele próprio assaltante de bancos e por consequência ganha estatuto de bandido procurado pela lei civil, mas não deixa nunca de perseguir os verdadeiros responsáveis pela sua desgraça. O primeiro que encontra é o índio Lobo Negro, que sob tortura denuncia o nome dos outros cúmplices, de todos excepto o cabecilha que jura não conhecer a identidade. Muito conveniente para o adensamento do suspense. Certo?

Ou desbobinas, ou definhas!

O filme não goza de grande fama entre a comunidade apreciadora de westerns-spaghetti. De uma forma geral as impressões sobre ele são tudo menos abonatórias, quase sempre considerado aborrecido e desinteressante. Pessoalmente não me fez brotoeja, a acção começa muito bem e por momentos pareceu-me até demasiado rápida (os primeiros pulhas são abatidos um a um sem qualquer conversa), mas o passo acerta lá para a meia-hora de filme quando os dramas do personagem principal se começam a revelar.

Quem tinha figuras geométricas como estas na sala de aulas da escola primária?

Achei particularmente curioso que essa dramatização seja feita pela inclusão do mote professor/aluno. Mas ao contrário dos seus pares (Gigantes em Duelo, Django - O Último Killer, etc.), o professor aqui não é uma pessoa associada ao ensino do manejo do colt. Na verdade, aqui o professor é de facto o antigo mestre de Tony, uma pessoa que lhe guarda verdadeiro carinho e que anseia saber sobre a concretização dos seus sonhos de criança (tornar-se general). Em comum com os outros filmes supramencionados teremos o conflito entre os dois, que servirá neste caso como abre olhos definitivo para Tony. Curioso é todos estes filmes foram lançados em 1967, o que poderia levantar algumas questões de plagiarismo, se isso fosse questão na época.

Brad Harris prepara uma emboscada aos gatunos.

O elenco é bastante aceitável (Richard Wyler, Brad Harris, Guglielmo Spoletini, Jesús Puente, Femi Benussi, Luis Induni, Frank Braña, etc.), mas pareceu-me desaproveitado. Brad Harris por exemplo além de mostrar a musculatura numa cena não enceta qualquer sequência de punhada e acaba por desferir três míseros tiros durante o filme todo. Já o duo Richard Wyler e Guglielmo Spoletini apesar de até terem uma “dança” interessante em que em vez de usarem punhais usam as folhas de cacto, não deslumbram. É a melhor cena de acção do filme mas em algumas versões foi inexplicavelmente cortada. Ainda sobre o elenco, uma menção honrosa para Luis Induni, que fez carreira no western-spaghetti a desempenhar o papel de Xerife (contei 16), mas que aqui mostra qualidades como personagem do outro lado da barricada. Foi o único do bando que me convenceu enquanto vilão, mas para variar o seu papel não ganha desenvolvimento, uma pena.

Guglielmo Spoletini desta vez sem espaço para brilhar.

O filme foi lançado em 1967 e surge como ponto de inflexão na carreira do señor Klimovsky. Apenas um ano antes tinha assinado o péssimo western “Dos mil dólares por Coyote” e já em 1967 assina “A Ghentar si muore facile”, um filme de acção com intenções cómicas fracassadas. O salto qualitativo nos filmes dele dar-se-ia logo em 1969 ano em que nos entregou dois westerns de bom efeito, “Pagó cara su muerte” em que repesca Guglielmo Spoletini (desta vez para o papel principal) e “Quinto: non ammazzare”. Já debitamos umas linhas sobre ambos, aqui e aqui.

5 comentários:

  1. A frase de lançamento deste filme não é nada exagerada: "Não é um western. É o verdadeiro western, o grande western".

    ResponderEliminar
  2. A filmografia western de Léon Klimovsky resume-se a 10 filmes. Pode-se dizer que nenhum deles teve grande impacto.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Ele tem o reconhecimento da crítica sobretudo por causa dos filmes de terror. Apesar de que eu próprio tenho mudado de opinião relação ao trabalho dele. Ele arrancou mal mas a coisa melhorou. Esses filmes que falo aí no fim do texto são bem bons e tenho a certeza que se aparecessem cópias cristalinas haveriam de ser apreciados. É muito difícil julgar alguns filmes quando temos cópias VHS ou quase lá, escuras, esbatidas, cortadas.

      Eliminar
  3. Não estava ciente, mas o filme está no YouTube na versão inglesa, Ratler Kid. Na verdade até com melhor imagem do que as screens que ilustram este post (que são de uma versão espanhola). Aqui o link: https://youtu.be/VtbJJ982icw

    ResponderEliminar