Mallory: “Sean…”
Miranda: “Como?”
Mallory: “John!”
O primeiro filme, “O Colosso de Rodes”, foi para aquecer os motores. O primeiro western foi um enorme sucesso. O segundo western bateu todos os recordes. O último western da trilogia já não obteve o sucesso esperado. O quarto western, uma obra absolutamente genial, não foi compreendido pela maioria do público.
No dealbar da década de 1970, Sergio Leone já falava em reforma antecipada (embora nem família, nem amigos, nem ele próprio acreditava nisso). Falava também em fazer um “remake” de “E Tudo o Vento Levou” ou de realizar uma nova versão de “D. Quixote de la Mancha”. Tudo não passou de paleio.

Alguém anda a espiar!
Surgiu então a possibilidade de fazer um western político ambientado no México dos tempos revolucionários. Leone, naquela fase da sua carreira, era um cagão que se armava em intelectual (é verdade que era um cineasta genial mas não deixava de ser um cagão). Além disso, meteu na cornadura que não queria realizar o filme, isto é, queria apenas produzir e ser uma espécie de supervisor de Peter Bogdanovich. As coisas com Bogdanovich azedaram e o realizador americano, antes de bazar, mandou Leone para o caralhinho!

Mallory, o irlandês.
Leone recorreu para o seu assistente Giancarlo Santi. As vedetas Rod Steiger e James Coburn recusaram: “Ou é Leone que realiza ou nós pomo-nos nas putas!”. Sergio Leone cedeu aos dois protagonistas mas, apesar de todas estas exigências, “Aguenta-te, Canalha!” (título em Portugal) não funcionou!

Miranda, o mexicano.
Mesmo para aqueles que adoram “Zapata westerns” (não é o meu caso), o filme não está à altura de outros já produzidos nos anos anteriores em Itália. Cabe aos fãs de Sergio Leone ver este filme e tirar as suas próprias conclusões. Eu, enquanto “Leoneano”, digo que “Agáchate, Maldito!” (Espanha), “Duck, You Sucker!” (Estados Unidos), “A Fistful of Dynamite” (Reino Unido), “Il Était Une Fois La Révolution” (França), “Quando Explode a Vingança” (Brasil) é o filme mais fraco do realizador italiano.

O vilão está a petiscar!
Nota final: no início do filme aparece uma citação (incompleta) de Mao Tsé-Tung, o histórico ditador chinês. Viviam-se os tempos do pós-maio 68 e alguns países da Europa ocidental pensavam que as revoluções comunistas “à la Mao Tsé-Tung” eram divertidas, simpáticas, fofinhas e que o objetivo era implementar a liberdade, a democracia e o estado de direito. Anos mais tarde, felizmente, o muro de Berlim caiu, o véu de secretismo do bloco comunista foi levantado e, aos poucos, ficámos a saber que a revolução liderada pelo Grande Timoneiro foi um autêntico desastre que despoletou fome, miséria, assassinatos e que custou a vida a milhões de pessoas. Afinal, o seu livrinho vermelho não era tão inócuo assim!