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15/06/2020

Giù la testa (1971 / Realizador: Sergio Leone)

Miranda: “Como diabo te chamas?”
Mallory: “Sean…”
Miranda: “Como?”
Mallory: “John!”

O primeiro filme, “O Colosso de Rodes”, foi para aquecer os motores. O primeiro western foi um enorme sucesso. O segundo western bateu todos os recordes. O último western da trilogia já não obteve o sucesso esperado. O quarto western, uma obra absolutamente genial, não foi compreendido pela maioria do público.

No dealbar da década de 1970, Sergio Leone já falava em reforma antecipada (embora nem família, nem amigos, nem ele próprio acreditava nisso). Falava também em fazer um “remake” de “E Tudo o Vento Levou” ou de realizar uma nova versão de “D. Quixote de la Mancha”. Tudo não passou de paleio.

Alguém anda a espiar!

Surgiu então a possibilidade de fazer um western político ambientado no México dos tempos revolucionários. Leone, naquela fase da sua carreira, era um cagão que se armava em intelectual (é verdade que era um cineasta genial mas não deixava de ser um cagão). Além disso, meteu na cornadura que não queria realizar o filme, isto é, queria apenas produzir e ser uma espécie de supervisor de Peter Bogdanovich. As coisas com Bogdanovich azedaram e o realizador americano, antes de bazar, mandou Leone para o caralhinho!

Mallory, o irlandês.

Leone recorreu para o seu assistente Giancarlo Santi. As vedetas Rod Steiger e James Coburn recusaram: “Ou é Leone que realiza ou nós pomo-nos nas putas!”. Sergio Leone cedeu aos dois protagonistas mas, apesar de todas estas exigências, “Aguenta-te, Canalha!” (título em Portugal) não funcionou!

Miranda, o mexicano.

Mesmo para aqueles que adoram “Zapata westerns” (não é o meu caso), o filme não está à altura de outros já produzidos nos anos anteriores em Itália. Cabe aos fãs de Sergio Leone ver este filme e tirar as suas próprias conclusões. Eu, enquanto “Leoneano”, digo que “Agáchate, Maldito!” (Espanha), “Duck, You Sucker!” (Estados Unidos), “A Fistful of Dynamite” (Reino Unido), “Il Était Une Fois La Révolution” (França), “Quando Explode a Vingança” (Brasil) é o filme mais fraco do realizador italiano.

O vilão está a petiscar!

Nota final: no início do filme aparece uma citação (incompleta) de Mao Tsé-Tung, o histórico ditador chinês. Viviam-se os tempos do pós-maio 68 e alguns países da Europa ocidental pensavam que as revoluções comunistas “à la Mao Tsé-Tung” eram divertidas, simpáticas, fofinhas e que o objetivo era implementar a liberdade, a democracia e o estado de direito. Anos mais tarde, felizmente, o muro de Berlim caiu, o véu de secretismo do bloco comunista foi levantado e, aos poucos, ficámos a saber que a revolução liderada pelo Grande Timoneiro foi um autêntico desastre que despoletou fome, miséria, assassinatos e que custou a vida a milhões de pessoas. Afinal, o seu livrinho vermelho não era tão inócuo assim!

28/02/2017

Un genio, due compari, un pollo (1975 / Realizador: Damiano Damiani)

O ano é 1975. Sergio Leone tinha o rei na barriga e vivia dos altos rendimentos que os seus westerns deram. Agora a sua obsessão era filmar “Era Uma Vez na América” mas a coisa não estava fácil. Decidiu fazer de produtor em 1973 e, dois anos depois, voltou à carga. Mas a sua capacidade como produtor era uma sombra daquilo que valia como realizador. O homem era chato, era incompetente e ainda por cima não era totalmente honesto com os seus realizadores. Em suma, Sergio Leone produtor era um malandro de primeira categoria. Apostava em westerns cómicos mas não dava o braço a torcer porque se as coisas falhassem atirava as culpas para cima do realizador, que tinha poderes muito limitados. Aconteceu com Tonino Valerii em 1973, aconteceu com Damiano Damiani neste filme.

Isto só vai lá à lei da bomba!

“Chamavam-lhe Génio” (título em Portugal) é mais um veículo perfeito para o ator Terence Hill, que volta a fazer o que melhor sabe: um pistoleiro veloz como um raio, despreocupado, sujo, dorminhoco, ginasta e especialista em cravar chapadas nos inimigos. Este filme, embora nunca fique totalmente claro, parece ser uma espécie da continuação das aventuras de “Ninguém”.

Prova de atletismo no forte militar.

O protagonista veste-se da mesma maneira, também carrega a sela ao ombro mas desta vez adota outro nome: Joe Thanks. Várias cenas foram filmadas em Monument Valley, Arizona, há cenários e locais idênticos e a equipa técnica é praticamente a mesma que acompanhou Tonino Valerii dois anos antes (Giuseppe Ruzzolini na fotografia, Ennio Morricone na música, Nino Baragli na montagem, Sergio Leone a produzir).

Klaus Kinski, o único gajo com juízo neste filme.

O enredo é perfeitamente banal: Joe Thanks, em parceria com Lucy e Locomotiva Bill, ambicionam roubar 300 000 dólares ao exército americano. E é isso! Nada mais! Dá a sensação que tudo foi feito “às três pancadas” e a inclusão de humor brejeiro / javardo estraga ainda mais o filme. Há que salientar o “cameo” de Klaus Kinski logo no início do filme. Esta sua breve presença só revela a esperteza do ator alemão: apareceu 10 minutos, embolsou o cachet (não deve ter sido pouco) e pirou-se! Ele é que fez bem!

Os alemães não foram em cantigas e venderam este filme como continuação do filme de Valerii, "Ninguém é o maior!", eis a propaganda:

21/06/2016

Spanish Western


Aqui vos deixamos este novíssimo documentário espanhol sobre Almería e o western-spaghetti. Curtinho, que a rapaziada tem de ver as reportagens sobre a selecção nacional, não há tempo para estas distracções!

07/05/2015

Curiosidades | O Bom, o Mau e o Vilão (1966)

Sergio Leone e companhia, na preparação da famosa sequência do cemitério de Sad Hill.

O esqueleto encontrado por Tuco dentro do caixão errado no cemitério Sad Hill, era um esqueleto humano real de uma actriz espanhola falecida, que terá manifestado no seu testamento a vontade de actuar mesmo depois de morrer.

03/05/2015

Curiosidades | O Bom, o Mau e o Vilão (1966)

Clint Eastwood, Sergio Leone e Eli Wallach nas filmagens de "O Bom, o Mau e o Vilão"

Inicialmente Clint Eastwood não ficou satisfeito com o roteiro do filme e estava preocupado que fosse ofuscado por Eli Wallach, e disse a Leone, "No primeiro filme eu estava sozinho. No segundo éramos dois. Aqui somos três. Se continuar desta forma, no próximo eu vou ser a estrela da cavalaria americana".

06/04/2015

Em Abril há "Ciclo Sergio Leone e os géneros populares" na Cinemateca Portuguesa


8 ½ Festa do Cinema Italiano já terminou mas a colaboração com a Cinemateca ainda vai continuar durante todo o mês de Abril. Para além da já anunciada exibição da obra completa de Sergio Leone fomos ainda presenteados pela curadoria com um punhado de westerns-spaghetti, o que a gerência aqui do espaço muito agradece. Consultem a programação completa aqui.

Em complemento ao Ciclo dedicado a Sergio Leone, organizado em colaboração com a 8 ½ Festa do Cinema Italiano, apresentamos uma seleção de filmes de dois géneros populares em que Leone trabalhou, o peplum e o western spaghetti, além de um filme de aventuras. Embora Leone seja o máximo expoente do western spaghetti e tenha lançado verdadeiramente o género, não foi o seu inventor. Sem irmos à Pré-História (LE DESPERADO, de 1907, do francês Joë Hammam, que fez outros westerns antes da Primeira Guerra Mundial), os primeiros sinais do western europeu moderno surgiram em Espanha, onde em 1962 Michael Carreras, da Hammer Films, realizou SAVAGE GUNS, o primeiro western de produção americana rodado na Europa. No mesmo ano, foi realizado o primeiro western europeu moderno feito por europeus: EL SHERIFF TERRIBLE/DUE CONTRO TUTTI, coprodução ítalo-espanhola assinada por Antonio Momplet. Durante a preparação deste filme, deu-se um facto decisivo. O produtor espanhol pediu aos cenógrafos que fizessem o cenário mais simples e barato possível. Estes fizeram uma contraproposta: em vez de algumas placas de madeira pintada, edificar uma cidade inteira, que depois poderia ser alugada para outras rodagens. O produtor aceitou a ideia e foi construída em Hoyo de Manzanares uma cidade de western para ninguém botar defeito, Golden City, onde seriam rodados dezenas destes filmes: esta decisão mudou alguma coisa no cinema europeu. Mas foi o inesperado triunfo de PER UN PUGNO DI DOLLARI, em 1964, que desencadeou verdadeiramente a produção destes westerns. Todos são profundamente influenciados pelos filmes de Leone (quando não os imitam ou plagiam abertamente), com o seu ritmo lento, os seus personagens lacónicos (os produtores faziam tudo para que alguns deles se parecessem tanto quanto possível a Clint Eastwood), a sua violência gratuita, a sua falta de redenção moral, por mais hipócrita que fosse, que é a principal diferença entre estes filmes e o western americano. Em diversos westerns spaghettis, há personagens com o mesmo nome (Ringo, Sabata, Django, Sartana, Trinidad), embora nem sempre o ator e o personagem sejam os mesmos, mas os nomes estavam sempre nos títulos (até quando nenhum personagem tinha este nome…) porque atraíam os espectadores. Italianos e espanhóis, os realizadores e atores assinavam quase sempre com pseudónimos americanos. Embora um cineasta como Rainer Werner Fassbinder tenha abordado este género, no alucinado WHITY (1971), estes filmes não foram levados muito a sério pela crítica, como se vê pela expressão western spaghetti, obviamente pejorativa (o estudioso Rafael de España propõe, sem ilusões, western mediterrâneo). Mas tiveram muito êxito de público e tornaram-se um dos grandes géneros populares dos anos sessenta e início dos setenta. As suas vedetas foram Giuliano Gemma e Franco Nero e, mais tarde, a dupla Bud Spencer e Terence Hill. Propomos um conjunto destes filmes, acompanhados por um filme de aventuras e peplums, aqueles filmes situados na Antiguidade (grega, romana ou bíblica), ironicamente denominados filmes de selas e sandálias nos países de língua inglesa, um género que foi inventado pelos italianos nos primórdios do cinema e no qual sempre foram mestres. Estes nove filmes são apresentados pela primeira vez na Cinemateca.

31/03/2015

Amanhã no Cinema São Jorge há "O Bom, o Mau e o Vilão"!


Recordamos que amanhã passa um dos melhores filmes de sempre na sala de cinema mais bonita de Lisboa. Os bilhetes estão à venda no local e aqui. E tu, vais perder esta oportunidade? 

14/03/2015

8 ½ Festa do Cinema Italiano com retrospectiva Sergio Leone


Este ano, o 8 ½ Festa do Cinema Italiano em colaboração com a Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema organiza uma retrospetiva de Sergio Leone - cineasta que popularizou em todo o mundo o género Spaghetti Western. Com atores célebres como Clint Eastwood, Lee Van Cleef, Gian Maria Volonté, Eli Wallach e Charles Bronson, que se tornaram verdadeiros ícones do género, músicas que fizeram a história das bandas sonoras do cinema graças ao génio do maestro Ennio Morricone, juntamente com um talento cinematográfico único fazem das películas de Leone verdadeiras obras-primas da sétima arte, amadas pelo público de todo o mundo. Nesta retrospetiva, o 8 ½ apresenta, pela primeira vez em Portugal, algumas das suas obras em novas versões restauradas em formato digital, entre as quais a antestreia do director’s cut do célebre Era uma vez na América e a versão em 4K de O Bom, Mau e o Vilão. Em Abril, na Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema: 

O Colosso de Rodes (Il Colosso di Rodi)
Por um Punhado de Dólares (Per un Pugno di Dollari)
Por uns Dólares a Mais (Per Qualche Dollaro in Più)
O Bom, o Mau e o Vilão (Il buono, brutto e cattivo)
Era uma Vez no Oeste (C’era una volta il West)
Quando Explode a Vingança (Giù la testa)
Era uma Vez na América (C’era una volta in America)

30/06/2014

Sergio Leone: The Way I See Things



Deliciem-se com este interessante filme documentário de Giulio Reale. Resmas de testemunhos para satisfação das massas!

30/07/2013

Amore, piombo e furore (1978 / Realizador: Monte Hellman)

Monte Hellman que durante a década de sessenta já havia realizado dois westerns de culto mas que não resultaram em grandes encaixes financeiros, desafiava em meados de setenta a sua sorte no cinema europeu. Primeiro aventurou-se em “Shatter”, um projecto da famosa produtora britânica, Hammer, em que acabou despedido por supostamente não ter cumprido os prazos definidos no cronograma, e depois neste “Amore, piombo e furore”, a sua única incursão num western-spaghetti, que por essa altura já fedia! Contudo, para além da inclusão de um porradão de actores e técnicos espanhóis/italianos e das paisagens andaluzas, pouco de western-spaghetti por aqui encontrarão.

Clayton Drumm (Fabio Testi) aguarda o momento de ser levado para a forca, mas à última da hora recebe uma proposta irrecusável por parte de uma empresa ferroviária. O trato é simples, Clayton safa o pescoço se limpar o sarampo a Matthew Sebanek (Warren Oates), um pistoleiro aposentado que recusa vender as suas terras, impedindo por isso o avanço dos trabalhos da ferrovia naquelas partes.


À primeira vista tudo parece apontar para mais um western violento em que um opressor impõe a lei do mais forte sobre um grupo indefeso, mas não é bem assim e o filme rapidamente envereda numa trilha romântica, com Clayton a colocar lenha na cabeça de Sebanek. A missão não é cumprida pelo meliante que se acobarda e acaba por ser a miúda a esfaquear o próprio marido, que ainda assim sobrevive e lança caça sobre os dois.

Actualmente “Clayton, o Cavaleiro da Noite” (mais um titulo estupidamente usado cá em Portugal) é um filme banalizado pela esmagadora maioria dos fãs do western-spaghetti que não o conseguem enquadrar nos limites do género. Mas ainda que aborrecido de morte tem os seus predicados. Algum erotismo e sobretudo o seu grande elenco, encabeçado pelo fantástico Warren Oates (Bring Me the Head of Alfredo Garcia) e por Fabio Testi (I Quattro dell'apocalisseAnda muchacho, spara).


Mas a cereja no topo do bolo é o cameo do realizador de culto, Sam Peckinpah (responsável por clássicos como The Wild Bunch ou Pat Garrett and Billy the Kid) no papel do novelista do oeste, Wilbur Olsen. Outro monstro que também esteve escalado para um pequeno papel no filme foi Sergio Leone, mas dizem as más-línguas que este ao aperceber-se do estado degradante a que Peckinpah chegara (resultado de anos de abuso de drogas e álcool ), declinou o convite…


Ver filme no Youtube:



09/04/2013

Il mio nome è Nessuno (1973 / Realizador: Tonino Valerii & Sergio Leone)

O projeto arrancou quando surgiu a Sergio Leone a ideia de adaptar para o cinema a epopeia homérica “A Odisseia”. Essa adaptação transformar-se-ia num western situado nos anos da Guerra Civil Americana. Mas o seu amigo Duccio Tessari já tinha realizado essa ideia em 1965 com “Il Ritorno di Ringo”, o que levou Leone a rever o seu projeto. Juntamente com Fulvio Morsella e Ernesto Gastaldi, o cineasta decidiu que o filme iria ter um novo rumo mas tinha de ser outra pessoa a ocupar a cadeira de realizador. O escolhido foi Tonino Valerii, jovem realizador muito competente já com alguns westerns de qualidade no seu currículo e colaborador de Leone nos seus dois primeiros westerns. 

O enredo sofreu muitas alterações e da ideia original a única coisa que permaneceu foi o nome “Ninguém” (uma clara alusão ao episódio homérico entre o herói Ulisses e o gigante Polifemo). O filme é a junção entre o western clássico americano e o novo fenómeno do western cómico italiano. Quem melhor para liderar ambas as vertentes do que Henry Fonda e Terence Hill, respetivamente? 


Apesar de ser uma produção cuidada, ter um orçamento generoso e ter sido um dos maiores sucessos de bilheteira dos westerns-spaghetti nos anos 70, não se livrou de alguma polémica e momentos de conflito entre Leone e Valerii. Uma das versões é que Leone, inicialmente, tinha pouco interesse no filme e, caso as coisas descambassem, faria como Pilatos e atirava toda a responsabilidade para cima de Valerii. Este, enxovalhado na sua honra, afirma que estava a fazer um belo trabalho. Leone ter-se-á apercebido disso e, após o sucesso nas bilheteiras, tentou divulgar a (falsa) ideia que tudo o que o filme tinha de bom foi graças à sua genialidade! De facto, Leone dirigiu várias cenas enquanto assistente de realização mas isso não é suficiente para dizer que o filme foi realizado por si. 


Tonino Valerii resume bem a situação: “Franco Giraldi era o assistente de Leone em “Per Un Pugno Di Dollari” e dirigiu praticamente metade das cenas incluídas na versão final! Mas ninguém diz que o filme é do Franco Giraldi! Por isso, “Il Mio Nome è Nessuno” é um filme de Tonino Valerii!” Creio que é claro para todos que Sergio Leone era um cineasta genial e deixou-nos obras magníficas que ficarão para sempre, mas neste caso estou do lado de Tonino Valerii. Leone exagerou no seu cinismo e maltratou o seu pupilo. Conclusão: tudo isto resultou numa rutura profissional e pessoal entre ambos. Foi-se a amizade… ficou a obra!


Lobbys germânicos:



Trailer: