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20/02/2018

Get Mean (1975 / Realizador: Ferdinando Baldi)

Stranger é um homem muito viajado! Já andou por aldeias mexicanas, cidades fantasma, até já andou aos trambolhões no Japão e agora foi outra vez mudar de ares. O destino é o nosso país vizinho: Espanha. Mas o que é que ele foi lá fazer?! Passo a explicar: em pleno Oeste Americano Stranger chega a uma cidade abandonada. Dentro de um barracão está uma família de ciganos que o acolhe, dá-lhe de comer e de beber e faz-lhe uma proposta que Stranger não pode recusar: por 10 000 dólares terá de escoltar uma bela princesa cigana até Espanha para ela ocupar o trono desse país. A viagem decorre sem incidentes mas quando lá chegam é que a porca torce o rabo! Espanha ainda é um país medieval cheio de bárbaros, mouros, cavaleiros medievais e vikings! O líder daquela corja é Sombra, um gajo que tem a mania que é Ricardo III (da peça de teatro de Shakespeare).

Vilões muito exóticos!

Stranger e a cigana não chegam a acordo com Sombra e o pior acontece: a rapariga é assassinada e Stranger sofre as habituais torturas e humilhações (pendurado num poste de cabeça para baixo, amarrado a uma bandeja com uma maçã na boca, tal e qual um porco no espeto, foge a sete pés à frente de um touro bravo, etc.). A paciência tem limites e Stranger já está farto de levar na corneta. Com uma caçadeira de vários canos e muita, mas mesmo muita, dinamite o homem vai acabar com as palhaçadas de uma vez por todas!

Stranger rebenta com tudo!

Este é o quarto e último capítulo da saga “Stranger” e é porventura o mais aparvalhado. A fórmula não muda (muda apenas o cenário), o elenco também permanece igual (Tony Anthony, Lloyd Battista, Raf Baldassare), veem-se alguns castelos e mosteiros espanhóis e revisita-se a bela fortaleza “El Condor”. Ferdinando Baldi realiza, Tony Anthony produz, o trio Bixio, Frizzi, Tempera compõe a música (em certos momentos irritante, diga-se).

Munições é coisa que não me falta!

“Get Mean” é um western-spaghetti tardio. Ao contrário da caçadeira do protagonista, que é um grande e imponente canhão, o filme não é grande espingarda.

08/08/2017

Lo straniero di silenzio (1969 / Realizador: Luigi Vanzi)

Nas montanhas geladas do Klondike, nos Estados Unidos da América, o nosso bem conhecido Stranger encontra um homem moribundo. O indivíduo, de nacionalidade japonesa, revela-lhe um segredo sobre uma fortuna em dinheiro e dá-lhe um pequeno pergaminho antes de morrer. Sem hesitar, Stranger viaja imediatamente para o Japão em busca dessa bendita fortuna. Chega ao país do sol nascente, cedo se apercebe que o modo de vida e a cultura do país é muito diferente dos costumes ocidentais e rapidamente arranja confusão com os nativos. Uma miúda japonesa ajuda-o como tradutora, deixando bem claro que o americano pretende trocar o pergaminho por dinheiro. Mas aquela zona vive tempos turbulentos, há uma guerra violenta entre clãs e aquele pergaminho desperta a cobiça de pessoas importantes.

Uma metralhadora de pôr os olhos em bico!

Chegado a uma aldeia, Stranger vê um grupo de perigosos bandidos a exigirem o pagamento imediato de impostos aos habitantes. Os que não pagam são executados. Stranger prefere fugir do que lutar mas não fica a salvo porque, após várias tentativas de assassinato (inclusive mulheres com facas dentro da sauna) e após as habituais sovas e humilhações (até o põem pendurado como espantalho), o homem encontra dentro de um baú um antigo arcabuz capaz de fazer estragos consideráveis em todos aqueles que o chatearam! Este é o terceiro filme da saga “Stranger”, protagonizada pelo ator americano Tony Anthony e dirigida por Luigi Vanzi (pseudónimo Vance Lewis).

Stranger leva na trombra, de novo!

Na minha opinião, os filmes foram perdendo gás à medida que foram aparecendo: o primeiro filme é bom, o segundo já não é tão bom, este terceiro registo é pior que os anteriores. Em jeito de conclusão, e no meio de tantas espadas afiadas, “senseis”, “dojos” e samurais gordos, magros, barbudos, altos, baixos e anões, fica registada a melhor frase de todo o filme: “Há apenas duas certezas na vida: a morte e os impostos”.

13/09/2016

Un uomo, un cavallo, una pistola (1967 / Realizador: Luigi Vanzi)

Segundo filme da saga do herói dos westerns-spaghetti que mais sofre na pele! Este personagem não é o típico pistoleiro confiante e infalível que enfrenta de peito feito os seus adversários. Este personagem foge da confusão. Este personagem deixa-se humilhar. Este personagem nem sequer sabe enrolar cigarros! Mais: como se pode levar a sério um tipo que tem uma sombrinha cor-de-rosa para se proteger do sol e monta um cavalo (ou égua) chamado Pussy? Stranger pode ter todos estes defeitos mas tem algo que abona a seu favor: é fino que nem uma raposa! E quando lhe cheira a dinheiro ninguém o pára! Foi o que aconteceu quando um corrupto agente de autoridade foi morto e Stranger (Tony Anthony), tropeçando no cadáver, decidiu roubar-lhe a carteira e os documentos de identificação. 

Dan Vadis e a sua implacável Winchester.

O Tenente Stafford (Ettore Manni), do exército dos EUA, anda à procura do ouro que foi roubado por bandidos mas até agora sem sucesso. O rufião En Plein (Dan Vadis) está atento e, para passar o tempo, diverte-se a disparar a sua espingarda Winchester. Good Jim (Daniele Vargas) aparenta ser um honesto chefe de família mas sabe mais do que as pessoas pensam. Stranger anda às voltas com toda esta gente e forma uma parceria com um velho pregador / charlatão armado em profeta. 

Tony Anthony, literalmente, pelas ruas da amargura.

Na noite de todas as decisões (porque antes disso Stranger já levou um enxerto de porrada) o velho pregador e o protagonista tratam da saúde aos vilões com fogos-de-artifício e uma caçadeira de quatro canos, respetivamente! Um herói que passa a vida a levar murros, pontapés, chicotadas e a sofrer humilhações (incluindo chafurdar em pocilgas, poças de lama e galinheiros) não pode ter uma vida fácil! Digamos que Stranger não é um herói. Aliás, ele até ultrapassa o estatuto de anti-herói. É, porventura, uma espécie de anti-herói dos anti-heróis do western-spaghetti!

27/10/2015

Fora de tópico | Lançamento "Get Mean"


Depois de anos de espera, o esquisito "Get Mean" chega finalmente ao mercado DVD/Blu-ray. A edição é da norte-americana Blue Underground que desta resolveu incluir várias opções audio (inglês, italiano) e legendas (inglês, francês, espanhol). Nos extras aparecerão entrevistas com actores e realizador, entre outros mimos. Já está disponível!

25/02/2014

Un Dollaro tra i denti (1966 / Realizador: Luigi Vanzi)

Este terá sido provavelmente o primeiro western italiano a ter financiamento norte-americano (através do influente empresário Allen Klein). O elenco é liderado pelos também americanos Tony Anthony e Frank Wolff e secundado por Gia Sandri, Jolanda Modio, Raf Baldassare e Aldo Berti. É uma obra claramente inspirada no filme “Por Um Punhado de Dólares”, com um ritmo lento em que predominam os longos silêncios preenchidos pela música de Benedetto Ghiglia. É um filme de muito baixo orçamento com algumas cenas bastante violentas (chicotear, violar, agredir, ameaçar) com tiroteio e sadismo quanto baste. Um tipo misterioso chega à localidade mexicana de Cerro Gordo. Por entre as ruas silenciosas entra numa hospedaria para alugar um quarto. O dono do estabelecimento arma-se em esperto e leva com uma garrafa nos cornos. 

Já no seu quarto, observa da janela uma patrulha de soldados mexicanos serem massacrados por bandidos disfarçados de frades. Estes, com Águila à cabeça, pretendem o ouro que o exército americano vai transportar até aquele povoado. O forasteiro, em conluio com Águila, elabora um plano para que o ouro fique na posse de ambos e que o lucro seja dividido em duas partes iguais.


Mais traiçoeiro do que uma serpente, o mexicano muda de opinião e recusa dar a metade combinada aos seu sócio americano. Para a humilhação ser completa dá-lhe somente uma única moeda de 1 dólar como prémio pelo seu esforço. O homem passa-se da cabeça! O forasteiro tenta fugir com o dinheiro mas é capturado e leva uma carga de porrada que até cria bicho! Pelo meio ainda é contemplado com umas chicotadas na focinheira, cortesia da sádica Maria Pilar, mais conhecida por Maruka. 


Em muito mau estado, o homem consegue arrastar-se para um lugar seguro para recuperar da sova. Os seus agressores procuram-no mas em vão. Já recuperado, o forasteiro inicia a limpeza geral da cidade usando não uma vassoura mas sim uma caçadeira! Ironicamente, o filme teve resultados modestos em Itália mas foi bem sucedido nas salas de cinema dos Estados Unidos. Sem dúvida que é um western de série B mas eu dou-lhe nota positiva porque… “Quem sou eu? Sou um homem justo!”

Trailer:

16/04/2013

Fora de tópico | Lançamento "A Stranger in Town"


"Un Dollaro tra i denti", filme de interesse reduzido mas que tem ganho algum culto nos anos mais recentes, passa a estar disponível no catalogo da Colosseo Films a partir de Maio. Editora que como se lembrarão, já havia lançado a segunda parte da saga iniciada por esta personagem, no ano passado. Dada a escassez de edições do filme deve ser coisa para rasgar uns sorrisos aos completistas do género. 

27/06/2010

Blindman (1971 / Realizador: Ferdinando Baldi)


Realizado pelo experiente Ferdinando Baldi (Texas, addio; Preparati la bara! ou Il pistolero dell'Ave Maria) e lançado numa época em que algumas barreiras sociais se levantavam por esse mundo fora, a equipa por detrás da produção deste petardo fez desfilar um número impressionante de mulheres em trajes menores pelo meio das desérticas paisagens de Almería. O nudismo presente em diversas cenas do filme seria nos dias de hoje considerado banal, mas em plena entrada nos anos 70 constituía novidade e grande motivo de interesse. Acabando por ser decisivo no sucesso que o filme fez nas bilheteiras. Em defesa da obra, diga-se que Blindman vive para além disso. Tony Anthony (Un dollaro tra i denti; Un uomo, un cavallo, una pistola) encarna um pistoleiro sem paralelo nas centenas de películas do género lançadas até então: Um pistoleiro cego! Claramente influenciado pela mítica personagem Zatoichi, o samurai cego, que as gerações mais recentes se recordarão graças ao galardoado filme homónimo de Takeshi Kitano.


Devidamente adaptado ao ambiente western, o nosso ceguinho não tem direito à espada afiada, mas uma baioneta cravada no cano da sua Winchester parece capaz de fazer o serviço! Com pinta de simpático e quase sempre de sorriso estúpido na cara, o nosso herói é afinal uma espécie de traficante de mulheres encarregue de escoltar cinquenta esposas de aluguer, recrutadas algures na velha Europa, até a uma cidade texana em que são esperadas por outros tantos mineiros ressabiados. Aparentemente enganado pelos comparsas, o cego fica sem a mercadoria, mas não desiste: “Quero as minhas cinquenta mulheres!”

Trocadas umas prosas e alguma dinamite com os canalhas que o traíram, parte para o México, para onde afinal a carga parece ter tido remetida. Aí terá de convencer o bando liderado por Domingo (Lloyd Battista) a devolver-lhe o mulherio. Mas Domingo e familiares, têm outros planos para as mulheres, que aparentemente tencionam vender ao exército federal mexicano. A trama avoluma-se quando percebemos que o negócio é afinal uma farsa, e os soldados acabam por ser massacrados após pagarem pela mercadoria. As mulheres não têm melhor fim, sendo entretanto brutalmente perseguidas, violadas e alvejadas pelos maus da fita no meio do deserto. Elevando o interesse do filme para uns quantos, e tornando-o demasiado duro de assistir para muitos mais.


A produção do filme repartida pelo próprio Tony Anthony com Allen Klein e Saul Swimmer - estes últimos com fortes ligações à carreira dos The Beatles - acabaram por ser decisivos para a participação de Ringo Starr no filme. O baterista ainda na ressaca da ruptura da banda, interpreta razoavelmente um dos vilões mexicanos, estranhamente apelidado de Candy. As opiniões sobre “Blindman” ainda hoje estão longe de ser consensuais. O famoso realizador e estudioso destas artes, Alex Cox, é-lhe particularmente crítico nas páginas que lhe dedica no seu “10.000 Ways To Die”. Mas ainda que “Blindman” fique a léguas de qualquer grande clássico do western-spaghetti e que faça parte da grande fatia de películas lançadas na fase decadente do género, não deixa de cumprir com o seu pressuposto principal: divertir!

Em súmula: Um filme sexista, pejado de violência gratuita e injustificada; muito adequado a um público interessado em cinema de acção sem final à vista. “Blindman” está actualmente disponível no mercado lusófono de audiovisuais através da editora brasileira Ocean Pictures, sob o título “Preso Na Escuridão”.

Nota:

Artigo originalmente publicado em The Spaghetti Western Database como parte integrante do destaque: “Tony Anthony Special”. Link directo: http://www.spaghetti-western.net/index.php/Blindman_Review_(Portuguese)

Trailers: