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23/08/2020

Campa carogna... la taglia cresce (1973 / Realizador: Giuseppe Rosati)

Temos um bando de salteadores mexicanos do mais velhaco que há. O comandante militar da zona anda à rasca com esses “comedores de tortillas”. O comandante pede reforços mas só aparecem três militares: o capitão Chadwell, o tenente Younger e o sargento Smith. Mas a missão não é exclusivamente militar. Um gajo chamado Corão (autointitula-se “seguidor de Alá”) quer os 1000 dólares de recompensa. O revólver, o arcabuz e a sombrinha empaneleirada de Corão são as suas ferramentas de trabalho.


Corão não precisa de ir à mesquita para rezar.

O cabecilha dos mexicanos é o general Lopez, um cara de parvo cheio de medalhas, que no seu quartel-general tem um quadro de Napoleão Bonaparte. Sempre que olha para o quadro ouve-se os primeiros acordes da “Marselhesa” (“Allons enfants de la Patrie / Le jour de gloire est arrivé!”). Além das medalhas, ainda tem um brinco na orelha esquerda que mais parece uma amostra da pesca! Os três militares e o pistoleiro Corão unem forças em prol de um objetivo comum. Mas o lema é “Confiar é bom. Mas não confiar é melhor!”.


Eis os três militares!

Este filme já tem alguns momentos cómicos (poucos, felizmente) e o chamado “body count” supera as palhaçadas. E quando digo “body count” não me refiro ao “Smoked Pork”, ao “Body Count’s in the House”, ao “Cop Killer” e nem sequer ao Ice-T. “Body Count”, neste contexto, é pura e simplesmente “contagem de cadáveres”.


Um parvalhão de uniforme.

Os dois protagonistas são os atores Gianni Garko e Stephen Boyd. À época, Garko era um veterano dos westerns-spaghetti (o imortal Sartana). Boyd triunfou no cinema épico. Foi o vilão Messala em “Ben-Hur” (1959), foi o general romano Gaio Metelo Lívio em “A Queda do Império Romano” (1964) e interpretou o rei Nimrod em “A Bíblia” (1966).


Bonita gravata!

Mas a maior curiosidade deste filme é o facto de ter um pistoleiro que não tem um nome católico! Aleluia, Sacramento, Camposanto, Spirito Santo, Requiescant… já foram! Desta vez temos um pistoleiro chamado Corão, que lê o Corão (ou é Alcorão?), tem o taqiyah na cabeça, tem as contas e é muçulmano. E porquê esta mudança de religião nos westerns-spaghetti? Porquê trocar a igreja pela mesquita? A minha cabeça maluca sugere-me duas razões:

1.ª – Para tentar ser diferente.
2.ª – Porque o público já estava farto de “cheira a padres”, “ratas da sacristia” e “papa-missas”, apesar de esses personagens terem mandado centenas de almas para junto do Criador. 

Amém!
Perdão. Inshallah!

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"Awwwwwwwwww shit. Body Count's in the house, Body Count!"

01/04/2020

La vendetta è un piatto che si serve freddo (1971 / Realizador: Pasquale Squitieri)


O jovem Jeremiah Bridge (Leonard Mann) crê que os seus pais foram massacrados por um grupo de índios selvagens. Alguns anos depois, já adulto, Jeremiah é um homem que destila ódio contra os índios e é agora um implacável matador de indígenas (e vendedor de escalpes). Os seus sentimentos começam a mudar quando encontra uma jovem índia que levou um tratamento com alcatrão e penas. A arrogância do ricaço Perkins (Ivan Rassimov) e do seu sabujo Virgil Prescott (Klaus Kinski) leva Jeremiah a ver as coisas de outro prisma. No fim, ele descobre quem são os verdadeiros selvagens e os verdadeiros assassinos.

Agarrem essa gaja!

Este filme é um dos poucos westerns-spaghetti que aborda o tema do ódio / racismo entre brancos e índios (e toma partido do lado dos índios). Klaus Kinski teve um papel menor neste filme, o que não o impediu de “armar barraca”. Segundo o realizador Pasquale Squitieri, na cena em que Kinski é levado à força por vários indivíduos, o irascível ator alemão desatou a bater em todos os que se aproximavam dele. 

E que tal um balázio nas trombas?

Squitieri mandou parar tudo, perguntou o que se passava e Kinski respondeu: “Realismo! Isto tem de ter realismo!”. Squitieri pediu-lhe calma. Mas o cabrão era tinhoso e tinha a mania nos cornos! Continuou a fazer a mesma merda até que Squitieri entrou em cena com um taco de basebol nas mãos pronto para lhe escavacar a marmita! Só aí é que Kinski baixou a bolinha e fez as coisas como deve ser.

Leonard Mann, o caçador de índios!

Título original italiano traduzido à letra: “A vingança é um prato que se serve frio”.
Título em Espanha: “Le venganza esperó diez años”.
Título em Portugal: “Fúria Selvagem”.

18/08/2015

Vivo per la tua morte (1968 / Realizador: Camillo Bazzoni)


O protagonista deste filme é um homem que dominou completamente o cinema de ação na Itália entre 1958 e 1963. Este homem não era europeu. Nasceu nos EUA, cedo começou a interessar-se pelo desporto e pela atividade física em geral e alcançou a glória por mérito próprio. Quando se iniciou na alta competição, este indivíduo demonstrou a tudo e a todos que com empenho, com muito trabalho e com uma atitude positiva os resultados podem ser alcançados. O mundo do culturismo rendeu-se a seus pés quando se sagrou campeão americano em 1947, Mister Mundo em 1948 e Mister Universo em 1950. Foi uma questão de pouco tempo para se aventurar na Sétima Arte. Em Hollywood apenas protagonizou papéis irrelevantes (um deles num filme do célebre realizador Ed Wood) e decidiu atravessar o Oceano Atlântico e tentar a sua sorte no Velho Continente.

 "Banhos de sol" forçados.

Em boa hora o fez! Naquele tempo, o cinema italiano começava a fervilhar com produções de filmes mitológicos / épicos. Eram produções de baixo orçamento mas dirigidas por pessoas competentes. “Le Fatiche Di Ercole” transformou este homem no ator americano mais carismático (e mais bem pago) da Europa. Os filmes mitológicos passaram a ser a sua especialidade e a sua imagem de marca. Ele foi Hércules, Glauco, Rómulo, Eneias, o filho de Spartacus, o ladrão de Bagdad e Sandokan sempre em grandes aventuras, muita espadeirada e com músculos extremamente bem definidos.

O implacável Nello Pazzafini.

Numa fase descendente da sua carreira cinematográfica o homem aceitou protagonizar (e escrever) um western italiano mas os tempos já eram outros. “Vivo Per La Tua Morte” foi um fracasso nas bilheteiras e na crítica, o que fez com que, infelizmente, se retirasse da vida artística não pela porta grande mas sim pela porta do cavalo. Voltando para os EUA, o homem continuou a sua vida longe dos holofotes da fama só aparecendo esporadicamente em colóquios sobre culturismo até à sua morte em 2000. Embora muita gente não tenha noção disto, este homem foi a grande referência de dois dos maiores ícones do cinema de ação de Hollywood: Sylvester Stallone e Arnold Schwarzenegger. Mas afinal quem é o homem?! É o grande Steve Reeves!!