Mostrar mensagens com a etiqueta Sergio Garrone. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Sergio Garrone. Mostrar todas as mensagens

15/11/2020

Degueyo (1965 / Realizador: Giuseppe Vari)

“El Deguello” (significado):

1. “Ato de degolar ou decapitar”.
2. “Canção tocada com corneta ou trompete pelas tropas mexicanas na batalha de Álamo (1836). Ao tocá-la, os soldados mexicanos queriam dizer aos seus inimigos que a batalha iria ser até ao fim, sem qualquer piedade ou misericórdia para quem perdesse”.
3. Vulgo, “cortar o fagote a um cabrão qualquer!”.

O protagonista está pronto a disparar.

Esta canção ficou célebre no cinema graças ao filme de 1959 “Rio Bravo”. Aí, o xerife John T. Chance e os seus adjuntos estão confinados a um espaço restrito (não podem sair da cidade). Os agressores tocam “El Deguello” dia e noite, para enervar ainda mais os agentes da lei.

O mexicano Ramon é velhaco!

Nas suas duas primeiras colaborações com Leone, em 1964 e 1965, Morricone compôs algumas canções semelhantes ao “Deguello”, tocadas sempre nos duelos decisivos, como se de uma marcha fúnebre se tratasse. O certo é que, a partir daí, a inclusão do som de trompetes nas bandas sonoras de westerns-spaghetti tornou-se uma moda que pegou e nunca mais descolou (deve ter sido colada com cola quente ou com prego líquido!).

Riccardo Garrone estreia-se em westerns.

Em 1966, o realizador Giuseppe Vari iniciou a sua aventura cinematográfica western com um filme cujo título diz tudo: “Degueyo” ou “Deguejo” (consoante as fontes). É um western muito modesto, diga-se, mas merece estar neste blogue.

Vou rebentar com isto tudo!

Norman, Frank, Logan e Foran são quatro pistoleiros que chegam a uma cidade aparentemente abandonada. Contudo, Danger City é, de facto, habitada mas apenas por mulheres e crianças. Os homens que não morreram foram levados e escravizados pelos bandoleiros do mexicano Ramon.

As mulheres também sabem manejar uma arma!

Os quatro aventureiros decidem proteger a cidade, há dinheiro envolvido nesta história (há sempre, não é?), as mulheres não viram a cara à luta e vão demonstrar ao seboso Ramon que elas também têm porras para a batatada! Este foi o primeiro de sete westerns do curriculum vitae de Giuseppe Vari. Assinou todos eles sob o pseudónimo de Joseph Warren.

31/10/2019

Uccidi Django... uccidi per primo! (1970 / Realizador: Sergio Garrone)

Eis mais um de muitos westerns-spaghetti cujo título é mentiroso. Não há nenhum “Django” em todo o filme. O título em Espanha não é melhor: “Tequila”! E porquê este título? Não sei e duvido que alguém saiba. Este filme foi completamente desprezado, a distribuição foi praticamente inexistente e foi parar às salas de cinema de 3ª categoria. Muitos anos depois, Sergio Garrone até admitiu em entrevistas que não se lembra de absolutamente nada. O elenco tem à cabeça Giacomo Rossi Stuart, ator italiano que, anos mais tarde, iria interpretar o papel do Capitão Fritz Von Merkel no bem-sucedido “Zorro”, de Duccio Tessari. Temos também os inevitáveis vilões Aldo Sambrell e George Wang, o habitual Furio Meniconi e as lindíssimas Krista Nell e Diana Lorys. 
Aldo Sambrell a fumar uma cigarrada!

A receita é a habitual: Johnny McGee, o velho Thomas Nathaniel Livingstone (nome todo pomposo para um velho jarreta) e um mestiço vivem numa cabana perto da sua mina de ouro. O banqueiro Anthony Burton quer todas as minas da região e não aceita que lhe digam “não”. Todos os mineiros da zona são ameaçados, atacados e, alguns deles, assassinados. O braço armado de Burton é um mexicano chamado Lupe Martinez, que na maior parte do tempo anda todo grogue e vive escondido numa gruta húmida e terrivelmente lúgubre.

Além da pistola, o protagonista também maneja a picareta.

Para defender o que é seu, o trio de mineiros não vira a cara à luta. Johnny é implacável com o seu colt, o mestiço é mestre em lançar dardos através da sua flauta e o velho Livingstone, quando não está a agravar a sua cirrose, resmunga. Os condimentos da habitual receita acima mencionada são os inevitáveis balázios e sopapada! No auge dos westerns italianos, uns panhonhas franceses escreveram numa revista que “em Roma há lá um Sergio que faz três westerns por semana”. 

Esta gravata é mesmo à tua medida!!

Eles referiam-se a Sergio Garrone mas estavam completamente errados porque Garrone só fez cinco westerns. Participou, posteriormente, em mais dois westerns porque foi chamado pelo produtor para terminar o que outro realizador, Luigi Mangini, já tinha começado. “Uccidi Django… Uccidi Per Primo!” é um western pobre. Eu adjetivá-lo-ia como um filme “feito às três pancadas”. Ou, como se diz na minha terra, um filme “feito à papo-seco”!

01/07/2019

Tre Croci Per Non Morire (1968 / Realizador: Sergio Garrone)

Paco é um ladrão de cavalos. Jerry é um engatatão pilantra. Reno é um pistoleiro. Este trio foi parar à prisão por causa das macacadas que armaram. Com eles, na mesma cela, está também um tal Francisco Ortega, um rapaz que está prestes a receber uma gravata de corda porque foi acusado de homicídio e violação. O pai de Francisco e o advogado tentam acionar todos os recursos possíveis. A lei não é branda e rejeita esses recursos. Francisco Ortega será enforcado ao fim de dez dias. Mas o patriarca Ortega não desiste e define um plano: tira da prisão Paco, Jerry e Reno e promete-lhes um prémio de 30 000 dólares se eles ajudarem a provar a inocência do seu filho nos dez dias que restam. Os três sócios investigam, interrogam, vasculham por todo o lado e rapidamente percebem que a história do crime alegadamente cometido por Francisco está muito mal contada.

Uma bela gravata de corda!

A vítima que foi abusada, Betty Fletcher, está paralisada numa cama em completo estado de choque (não fala e não reage). O pai de Betty levou um tiro na cabeça e todos deitaram as culpas sobre Francisco Ortega. Ninguém naquela cidade quer falar sobre o assunto.Mas há um rumor que uma tal Dolores sabe exatamente o que se passou mas ninguém sabe onde ela está. O mistério adensa-se! E quem é a moça que vive e trabalha sozinha num moinho? Os dias passam. Paco, Jerry e Reno têm de obter provas concretas e regressar rapidamente, a fim de evitar o enforcamento de Francisco Ortega. Vai ser uma corrida contra o tempo. Será que conseguem?


Estás sob a minha mira!

Este segundo western de Sergio Garrone é um filme bem estruturado com uma trama a roçar o “giallo” e o gótico, géneros cinematográficos do gosto de Garrone. Craig Hill, Ken Wood (Giovanni Cianfriglia), Peter White (Franco Cobianchi D’Este), Evelyn Stewart (Ida Galli) e Jean Louis fazem as honras da casa. Sergio Garrone, sempre competente, dirige bem as operações. Anos mais tarde, o realizador até se gabou de ter conseguido arrancar uma boa atuação de Ken Wood porque, segundo dizia Garrone, “o homem parecia um calhau a representar”!

29/01/2018

Una lunga fila di croci (1969 / Realizador: Sergio Garrone)

Dois indivíduos estranhos, com nomes estranhos (Ordep e Leuname) e com gostos cinematográficos ainda mais estranhos (muitos dirão que não lembram nem ao diabo!) estão de regresso ao seu bem conhecido tabernáculo, o Epicnirp Laer, cujo cabecilha agora é o Ogait, para emborcar as benditas garrafas com sumo de cevada da famosa marca Sergas. A degustação do trotil é inicialmente acompanhada por algumas observações futebolísticas porque um fala do seu clube, o Acifneb, e o outro comenta a atualidade do seu Sesneneleb. Mas esse tema é sol de pouca dura. O assunto principal é o cinema. Vejamos como decorre a conversa:

- Eh pá, há poucos dias estive a rever um western do Sergio Garrone.
- Qual? Não me digas que foi o “Django, il Bastardo”?
- “Django il Bastardo” não! O nosso amigo António Rosa já nos ensinou que o filme em Portugal chama-se “O Sinal de Django”! Mas não, não foi esse.
- Qual foi, então?
- Foi aquele que, além do Anthony Steffen, tem também o William Berger. Ambos são caçadores de prémios.
- Ah, já sei! Estás a falar do “Una Lunga Fila di Croci”.
- Exatamente.
- Esse é um bom western. É um dos melhores do Garrone.

O potente canhão de William Berger. 

- Sim, estou de acordo. É um belo western. Mas lembro-me da primeira vez que o vi, já lá vão uns anos, e naquela altura não achei nada de especial.
- O Garrone é um bom realizador. E esse filme tem dois bons protagonistas.
- Sim, o Garrone é um gajo catita! E este filme tem vindo a subir na minha consideração. Hoje acho-o um western-spaghetti bem bom!
- Essas situações acontecem. Às vezes aprendemos a gostar mais de certos filmes à medida que os revemos. Descobrimos sempre qualquer coisa nova em cada visualização.
- Diria que sim. E além do Steffen e do Berger ainda tem o Mario Brega, o Riccardo Garrone e a Nicoletta Machiavelli.
- E o Franco Villa como diretor de fotografia. E o Joe D’Amato como “cameraman”.
- Ou seja, tudo pessoal que sabia o que fazia.
- Pois com certeza!

Anthony Steffen também tem um igual.

- Andei a pesquisar no tomo do Marco Giusti e notei que há um pormenor curioso sobre o Anthony Steffen.
- Ai sim? O quê, exatamente?
- Os depoimentos das pessoas que trabalharam com o Steffen dizem todos o mesmo!
- O quê? O gajo era ruim? Era malandro?
- Não, nem por isso. Era um tipo pacífico mas tinha a mania que era vedeta.
- E por acaso até era!
- Pois, mas demorava muito a preparar-se para as cenas. Estava constantemente a olhar-se ao espelho, a arranjar-se…
- Deixa lá o homem sossegado! Ele fez muitos westerns e quando se retirou ainda foi a tempo de gozar a reforma no Brasil.
- É verdade. Faleceu em 2004 e a sua campa está no Rio de Janeiro.
- “Requiescant In Pace”, António de Teffé!
- Só para terminar: qual é o título deste filme em Portugal?
- Eu penso que é “Sem Espaço Para Morrer”. Mas não tenho a certeza absoluta.
- O quê? Não tens a certeza absoluta? Contacta imediatamente o António Rosa, que ele trata já do assunto!

O taciturno Steffen de perfil.

- Tu és chato, pá! O raio da bebida deve ter veneno!
- Vá lá, pá! Deixa-te de cantigas e contacta o homem! Eu sei que os Açores ficam longe do Alto Alentejo mas a tecnologia supera tudo.
- Pronto, está bem! Aqui vai: amigo António Rosa, por favor esclarece esta questão e já agora… bebe um copo à nossa saúde e à saúde dos nossos bem amados westerns-spaghetti! Um abraço!

06/05/2014

Se vuoi vivere... spara (1968 / Realizador: Sergio Garrone)

A falta de empenho das editoras portuguesas no lançamento de westerns está a ser encarada como oportunidade de negócio por nuestros hermanos, que já vão lançando aqui e ali alguns DVDs com legendas em português. A mais recente dessas investidas é uma tal «Django Collection» em que se junta em cada pacote, dois filmes supostamente ligados à saga lançada por Sergio Corbucci. Mas é claro que na verdade raros são os filmes alinhados em que existe alguma conexão com a personagem Django. Mas pensando bem, o que é que isso interessa?! Num desses volumes com que me cruzei, somos presenteados com dois títulos algo obscuros, “Se vuoi vivere… spara” e “Bill il taciturno”. O segundo ainda não tive oportunidade de ver de fio a pavio, mas sobre o primeiro já posso opinar. 

O filme aparece com uma imagem razoável e com dois áudios distintos, italiano e espanhol. Pessoalmente sempre preferi ver os filmes nas suas versões originais, por isso escolhi imediatamente a versão italiana. Versão essa em que a personagem de Ivan Rassimov responde pelo nome Johnny mas se mudarem para a dobragem espanhola repararão que a personagem responde mesmo pelo nome Django. Uma malandragem habitual da época, em que como se sabe, não foram poucos os títulos nos quais as dobragens originais foram arruinadas pelas produtoras locais. 


Mas adiante, sem surpresas a trama do filme junta pena enésima vez alguns dos elementos mais reconhecidos do western à italiana. Caçadores de recompensas, ouro e claro: vingança! Ivan Rassimov, que aqui faz uma das suas primeiras aparições enquanto protagonista, é Johnny Dark (ou Django, lá está), um individuo que é tramado num jogo de poker, em que acaba por se ver forçado a disparar sobre um dos parceiros de jogo. 


Para safar a pele, é obrigado a abater uma série de rufias e a fugir da cidade. Mas Stark – responsável pela trapaça – têm a conivência de um xerife corrupto e rapidamente consegue que seja colocada uma recompensa pela captura de Johnny. Johnny escapa ferido da caçada lançada por Stark (Giovanni Cianfriglia), mas é socorrido por uma família de agricultores, com quem acaba por desenvolver uma bela amizade. Mas não se livra de fezes, uma vez que os desgraçados estão a ser pressionados a vender as suas terras a um crápula local. O rancho acaba mesmo por ser alvo de um massacre, e à boa moda europeia Johnny encarregar-se-á de fazer justiça pelas próprias mãos. 


A maioria dos fãs do género provavelmente reconhecerão o nome Sergio Garrone graças ao fantasmagórico “Django Il Bastardo”, e pensarão porventura que os restantes filmes do realizador mantêm uma certa fasquia, mas infelizmente tenho de vos desenganar. É que apesar de alguma competência que se lhe deve reconhecer, nenhum dos seus outros westerns chega a atingir o calibre do seu famoso sotto-Django. Este aqui talvez por ser o seu filme de estreia é até bastante corriqueiro, e não fossem as boas prestações de Rassimov e sobretudo de Riccardo Garrone, nem valeria o vosso tempo.


Mais alguns lobbys originais:




Trailer:



30/08/2013

Fora de tópico | Lançamento "Uccidi Django... uccidi per primo!"


Finalmente "Uccidi Django... uccidi per primo!", trabalho menor de Sergio Garrone, conhece uma edição europeia. Os nossos amigos japoneses do Aleluia Blog deram-se ao trabalho de comparar as duas versões disponíveis. Nenhuma delas tem imagem espectacular mas é o que se arranja. Já está disponível nas lojas Amazon.

19/02/2013

Fora de tópico | Lançamento "Django: El Bastardo" & "Django el taciturno"


Os nossos compañeros espanhóis podem desde hoje encontrar nas lojas, mais dois westerns-spaghetti até agora inéditos por lá em formato DVD. São eles "Django el bastardo" (Django il bastardo) e "Django el taciturno" (Bill il taciturno). Ambos fazem parte da "Django Collection" que a Sony Pictures preparou para o mercado espanhol. Parece mesmo que o único país a ficar fora da «django-dvd-mania» será Portugal!

03/01/2010

Django il bastardo (1969 / Realizador: Sergio Garrone)

Eis mais um filme que aproveitou a loucura em torno do personagem “Django”. O tema é o mais comum e porventura o que melhores resultados apresentou nos westerns-spaghetti: Vingança! Além disso, há dois elementos que me despertam a atenção neste filme: o ambiente soturno e o sobrenatural. Aqui, o protagonista não tenta vingar a morte de um familiar ou amigo mas sim a sua própria morte. Deambula como um espírito desassossegado que volta para se vingar para finalmente conseguir encontrar paz e repouso após o sucesso da sua missão. Para isso, o realizador Sergio Garrone (Una lunga fila di croci, Tre croci per non morire) recorreu ao habitual estilo taciturno de Anthony Steffen para encarnar Django num prisma fantasmagórico e quase desprovido de emoções!

Django e a sua cruz.

Para juntar à festa temos a normal presença de símbolos religiosos (cruzes, igreja, sinos), o papel da mulher ligado directamente à ganância, ao oportunismo e ao viver de aparências e a loucura extrema de um dos vilões que, embora subestimado pela maioria, consegue ser mais implacável, inteligente e perigoso que todos os outros!

Três bandidos crucificados.

A Guerra Civil Americana terminou há mais de dez anos. Três oficiais sulistas traíram os seus camaradas de armas e permitiram que todos fossem massacrados pelo inimigo. Uma dessas vítimas era Django, que agora voltou para se vingar. Ao longo do filme ficamos com a ideia que o protagonista é realmente um ser sobrenatural e não o único sobrevivente do massacre. Isso deve-se muito à forma misteriosa como Django desaparece e reaparece sem explicação plausível e ao bem conseguido jogo entre imagens e música.

Esta gravata está muito apertada.

Frases como “Sou um demónio vindo do inferno” ou “Não viveremos para sempre” atestam isso mesmo! As apreciações a este filme não são unânimes (a ainda bem). Há quem defenda que Django il bastardo é um filme que deve estar entre os 10 ou 15 melhores do género. Outros acham que é um produto sem brilho e que é mais do mesmo. Eu sou pelo meio-termo, ou seja, não acho que seja um filme excelente (bem longe disso) mas também não é um descalabro de tiroteios aleatórios e violência sem nexo. Pessoalmente já noto algum desgaste no filme e, consequentemente, no subgénero porque em 1969 as produções western na Itália já davam sinais de declínio.

Anthony Steffen em modo taciturno.

À cabeça do elenco vem o muito fechado Anthony Steffen (Mille dollari sul nero, Pochi dollari per Django, Garringo), que em parceria com Sergio Garrone, escreveu e assinou o argumento com o seu verdadeiro nome, António de Teffé. Temos também Paolo Gozlino e Rada Rassimov. Em suma, “Django il bastardo” é um filme que cumpre os objectivos mas considero-o longe de ser uma obra deslumbrante. Os fãs de Anthony Steffen vão gostar porque, como sabem, o homem fala com o colt e não dá asas a paleio desnecessário! Nisso tiro-lhe o chapéu porque estou totalmente de acordo com ele!