
Eis mais um filme que aproveitou a loucura em torno do personagem “Django”. O tema é o mais comum e porventura o que melhores resultados apresentou nos westerns-spaghetti: Vingança! Além disso, há dois elementos que me despertam a atenção neste filme: o ambiente soturno e o sobrenatural. Aqui, o protagonista não tenta vingar a morte de um familiar ou amigo mas sim a sua própria morte. Deambula como um espírito desassossegado que volta para se vingar para finalmente conseguir encontrar paz e repouso após o sucesso da sua missão. Para isso, o realizador
Sergio Garrone (
Una lunga fila di croci,
Tre croci per non morire) recorreu ao habitual estilo taciturno de
Anthony Steffen para encarnar Django num prisma fantasmagórico e quase desprovido de emoções!
Django e a sua cruz.
Para juntar à festa temos a normal presença de símbolos religiosos (cruzes, igreja, sinos), o papel da mulher ligado directamente à ganância, ao oportunismo e ao viver de aparências e a loucura extrema de um dos vilões que, embora subestimado pela maioria, consegue ser mais implacável, inteligente e perigoso que todos os outros!
Três bandidos crucificados.
A Guerra Civil Americana terminou há mais de dez anos. Três oficiais sulistas traíram os seus camaradas de armas e permitiram que todos fossem massacrados pelo inimigo. Uma dessas vítimas era Django, que agora voltou para se vingar. Ao longo do filme ficamos com a ideia que o protagonista é realmente um ser sobrenatural e não o único sobrevivente do massacre. Isso deve-se muito à forma misteriosa como Django desaparece e reaparece sem explicação plausível e ao bem conseguido jogo entre imagens e música.
Esta gravata está muito apertada.
Frases como “Sou um demónio vindo do inferno” ou “Não viveremos para sempre” atestam isso mesmo! As apreciações a este filme não são unânimes (a ainda bem). Há quem defenda que
Django il bastardo é um filme que deve estar entre os 10 ou 15 melhores do género. Outros acham que é um produto sem brilho e que é mais do mesmo. Eu sou pelo meio-termo, ou seja, não acho que seja um filme excelente (bem longe disso) mas também não é um descalabro de tiroteios aleatórios e violência sem nexo. Pessoalmente já noto algum desgaste no filme e, consequentemente, no subgénero porque em 1969 as produções western na Itália já davam sinais de declínio.
Anthony Steffen em modo taciturno.
À cabeça do elenco vem o muito fechado Anthony Steffen (
Mille dollari sul nero,
Pochi dollari per Django,
Garringo), que em parceria com Sergio Garrone, escreveu e assinou o argumento com o seu verdadeiro nome, António de Teffé. Temos também
Paolo Gozlino e
Rada Rassimov. Em suma, “Django il bastardo” é um filme que cumpre os objectivos mas considero-o longe de ser uma obra deslumbrante. Os fãs de Anthony Steffen vão gostar porque, como sabem, o homem fala com o colt e não dá asas a paleio desnecessário! Nisso tiro-lhe o chapéu porque estou totalmente de acordo com ele!