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13/09/2010

T'ammazzo! - Raccomandati a Dio (1968 / Realizador: Osvaldo Civirani)



Ainda não passou muito tempo desde que alguém lançou na internet o boato de que o actor George Hilton teria falecido. A notícia surgiu com toda a modernidade que nos é contemporânea - via rede social Facebook - provocando algum alarido entre os apreciadores de euro-westerns, giallos e afins. O que demonstrou o quão grande é o carinho que muitos ainda mantêm pelo actor de origem Uruguaia, que nos anos de ouro do spaghetti-western fez carreira no cinema europeu, onde protagonizou algumas das mais míticas personagens do género: Sartana, Hallelujah ou Tresette. As notícias da sua morte mostraram-se felizmente um logro, mas serviram pelo menos para que se reflectisse sobre a quantidade de filmes protagonizados por Hilton que não tiveram ainda uma merecida edição perceptível em formato DVD. O western-spaghetti de tendências cómicas T'ammazzo! - Raccomandati a Dio é um desses títulos perdidos.
George Hilton interpreta Glenn Reno, um falso padre que assiste às cerimónias fúnebres do bandido Roy Fulton (Gordon Mitchel). O enterro decorre sob a atenção do xerife local, mas rapidamente se percebe tratar de um embuste, já que em vez do corpo de Roy é o saque do banco (pertencente a um tal Hartmann) que jaz dentro do caixão. Em breves, é-nos explicado como chegamos aqui: Roy escapara com o saque, mas durante a acção provou chumbo quente no bucho. O enterro serviria assim como pretexto para tirar simultaneamente do seu encalço, os parceiros que traiu e as autoridades. Mas estando gravemente ferido, não tem opção senão aceitar uma nova parceria - desta vez com Glenn - e assim partilhar os 200.000 dólares. Consolidada a sociedade, Glenn procura um médico que trate dos ferimentos de Roy, mas serão os antigos associados deste a chegar primeiro ao esconderijo. De regresso com o médico e sem vestígios de Roy, Glenn sente-se ultrajado e cavalga instintivamente para a sepultura, onde num cenário enlameado ao bom estilo de Django, desenterra o caixão, sob o qual jura matar o pantomineiro e ficar com todo o dinheiro. Mas chega novamente atrasado e em vez dos dólares é o inanimado corpo de Roy que preenche a tumba.
Apesar de "T'ammazzo! - Raccomandati a Dio" ser claramente uma produção modesta, reúne um elenco interessante, somando ao sempre regular George Hilton, a presença do canadiano John Ireland (no papel de um “Coronel” fora-da-lei) e Piero Vida (um simpático brutamontes a quem curiosamente chamam “Português”). Todas elas personagens com algum potencial - cortesia do senhor Tito Carpi - mas que uma realização atabalhoada não lhes conseguiu tirar o devido proveito. Realização essa da responsabilidade de Osvaldo Civirani, o mesmo que já havia estado por detrás do medíocre "Il figlio di Django" (ler resenha), que apesar de tudo, aqui sobe ligeiramente a fasquia, conseguindo montar um filme quase sempre divertido e acima de tudo despretensioso. E teria feito melhor se não tivesse resolvido arruinar os momentos finais do filme com uma longa e grosseira cena em que Hilton e a bela Sandra Milo devoram primitivamente uns nacos de carne assados sob grandes close-ups à comida mastigada. Horrendo e inexplicável! O filme é nos dias que correm pérola rara, mas consegui deitar-lhe a mão através de uma transferência para DivX de uma velha cassete VHS da versão Norte-Americana (Dead for a Dollar), que um anónimo fã do género fez o favor de disponibilizar num website de má fama. A qualidade de imagem é no mínimo miserável, sendo em determinados momentos quase imperceptível. Talvez um dia surja por aí uma edição DVD que permita uma apreciação mais séria. Pelo sim, pelo não, espero… sentado!

17/12/2009

Il figlio di Django (1967 / Realizador: Osvaldo Civirani)

Il figlio di Django é mais um filme que explora o longo e proveitoso filão de “Django”, aqui com um mote algo diferente do comum, passando a habitual usurpação da famosa personagem para a sua descendência. O argumento do filme resume-se de uma forma simples: Django é baleado pelas costas em frente de seu filho - Tracy. Este ainda que não tenha conseguido ver a cara do assassino consegue ouvir um nome: “Thompson”! O miúdo acaba então por ser resgatado por um velho amigo de Django, que o deixa ao cuidado de uns seus familiares. Os anos passam e a criança torna-se num temível pistoleiro, partindo eventualmente em busca de vingança – condição mínima necessária para o regozijo da maioria dos fãs do género. A busca leva-o à cidade de Topeka, onde acaba por se envolver nas rixas entre duas facções lideradas por ex-companheiros do seu pai. Mas quem será afinal o homem que apertou o gatilho?

A modesta realização de Il figlio di Django ficou a cargo de Osvaldo Civirani, nome responsável por um punhado de westerns-spaghetti de qualidade quase sempre sofrível, tais como Uno sceriffo tutto d'oro ou I due figli di Trinità. E a coisa não começa bem, Civirani arrepia caminho e entrega todos os trunfos nas sequências iniciais, colocando em fundo um revelador tema cuja letra descreve grande parte da intriga do filme. Não existe por aí muita gente que tenha tentado isso, e percebe-se porquê. Toda e qualquer expectativa inicial que se poderia ter é defraudada num momento em que ainda nem sequer aquecemos o sofá! Curiosamente Demofilo Fidani - outro nome também conhecido pelas suas produções despreocupadas - esteve também ligado ao projecto, aqui enquanto responsável pela decoração.


De facto, de um modo geral não há muito que se possa escrever em abono de Il figlio di Django. Desde o fraco argumento (responsabilidade do próprio Civirani em pareceria com Alessandro Ferraù e Tito Carpi), extremamente atabalhoado e confuso nos 30 minutos iniciais do filme; passando pelas intermináveis sequências de tiroteio e terminando na interpretação mediana da generalidade do elenco da coisa, nada de memorável há que registar. No campo das interpretações reconheça-se ainda assim alguns pontos acima da média para Gabriele Tinti (Tracy) que até parece ter sido talhado para este tipo de papel, mas que infelizmente não se voltou a dedicar ao género. Já a estrela da companhia, Guy Madison (protagonista de filmes como Sette winchester per un massacro ou Reverendo Colt), tem aqui uma presença rotineira e sem brilho, o que acaba por ser desculpável tal a curta dimensão do papel que lhe foi entregue - muito pouco aprofundado pela direcção de Civirani.


Apesar de Il figlio di Django ser facilmente metido no saco daqueles filmes absolutamente esquecíveis, serve no entanto como exemplo da quantidade de adaptações que a marca Django teve durante os anos áureos dos "westerns all'italiana"! O filme está disponível em formato DVD através da “subterrânea” X-Rated, o que por si só serve de indicação para qual o público-alvo do filme: Fãs hardcore do género!


Mais duas imagens para vossa consideração: