8.03.2009

¡Viva la muerte... tua! (1971 / Realizador: Duccio Tessari)


Mesmo sendo um grande adepto dos western spaghettis, sempre existiram alguns elementos no género que considero condicionantes para a minha satisfação total na apreciação da coisa, aqueles pormenores que me põem de pé atrás. Neste campo, e com largo avanço sobre os outros, surge a presença de veículos motorizados. No meu spaghetti ideal, seja o personagem um “bom”, “um mau” ou “um vilão”, este deve andar a cavalo. De comboio também é admissível, sobretudo se houver a intenção de o roubar! Obviamente que admito e entendo que quando estamos nos domínios dos chamados Zapata Westerns (designação a que normalmente se catalogam os filmes cuja acção decorre na revolução mexicana iniciada em 1910) a tecnologia estava já bem mais avançada e a presença de tais veículos é de todo justificável.

Mas esqueçamos os carros e motorizadas e falemos do filme. A acção deste ¡Viva la muerte... tua! (1971) como se entende pelo que referi atrás, decorre no meio da revolução mexicana, onde um ex-príncipe (confesso que ainda não percebi o termo) russo, Dimitri Vassilovich Orlowsky (Franco Nero), casualmente, toma conhecimento de um tesouro enterrado na região de Piedras Negras, pela boca de um mexicano moribundo. Para chegar ao ouro, o único que o pode ajudar é um tal Lozoya (Eli Wallach), um bandido mexicano que possui o mapa do tesouro. O problema é que Lozoya está encarcerado na prisão de Yuma, onde aguarda pela hora do seu enforcamento. Uma irritante jornalista irlandesa cheia de ideais radicais, Mary O'Donnel (Lynn Redgrave), irá intrometer-se e a história acaba por se desenrolar com muitas peripécias e momentos cómicos mais ou menos bem sacados. Refira-se que as colagens ao argumento de Il buono, il brutto, il cattivo (1966), são evidentes e a própria interpretação de Eli Wallach pouco se demarca do famoso “Tuco” - o que acaba por tirar muito do brilho ao resultado final.


A realização de Duccio Tessari (Una pistola per Ringo, Il ritorno di Ringo) é pouco inspirada, como aliás na generalidade dos seus westerns (perdoem-me fanáticos dos Ringos mas a mim nunca me convenceram verdadeiramente). Um elenco desta categoria implicaria à partida um produto superior. Pessoalmente, achei também a escolha das paisagens demasiado verdes para um filme supostamente passado no México. Embora pesem os muitos momentos cómicos para onde Duccio Tessari orientou o filme, a contagem de cadáveres até acaba por ser elevada - ou não estivéssemos em plena revolução mexicana - com um Franco Nero mais uma vez agarrado à metralhadora. No geral, diria que se trata de um filme mediano, com muita acção, aventura, e situações divertidas, mas certamente apenas recomendável a fanáticos do género.


O DVD que tive a oportunidade de ver, e assim poder aqui esboçar estes comentários, foi a edição espanhola da Filmax intitulada Viva la Muerte... Tuya, incluída na interessante “Colección Spaghetti Western” (que inclui por exemplo mais dois filmes com Franco Nero, Django e Tempo di massacro). A qualidade da imagem do DVD é decente, ainda que num formato 4:3 (2.35). Lamento apenas que por regra “nuestros hermanos” não disponibilizem outros idiomas ou legendas nos lançamentos que fazem. Contentemo-nos com o que há!


Trailer


6 comentários:

  1. Curiosamente foi também hoje publicada uma resenha a este fime no site SWDB. O artigo debruça-se sobre a edição da Wild East. Opiniões saudavelmente bem diferentes. Ler aqui:

    http://www.spaghetti-western.net/index.php/Don%27t_Turn_the_Other_Cheek_DVD_review

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  2. A melhor coisa sobre este filme para mim é montagem, especialmente Franco Nero.

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  3. A rapaziada do Mondo-Esoterica também viu isto. E resumem-no bem: "Spaghetti Western fans who enjoy the lighter 1970s films should enjoy this." Ler artigo completo aqui:

    http://mondo-esoterica.net/Dont%20Turn%20the%20Other%20Cheek.html

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  4. Olá Pedro, é um prazer saber que há admiradores do género por este quintal plantado à beira-mar.
    Estou a adorar o teu blog, infelizmente não tenho trabalhado no meu ultimamente por falta de tempo e outros compromissos, mas também sou um coleccionador compulsivo do género, e também do peplum, seja como for se precisares de alguma ajuda, títulos em português, etc. estou à tua inteira disposição através do e-mail: cjamango@gmail.com

    Um grande abraço e continua o bom trabalho,

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  5. Muito obrigado António!
    Não me esquecerei de o fazer.

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  6. Muito bom esse filme. Dois grandes nomes do bom e velho wester que não se faz mais hoje em dia.

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