Tombstone é uma cidade apavorada! O medo deve-se à violência que os irmãos O’Hara exercem sobre a população. Assaltos e homicídios são o prato do dia. O juiz é um malandro corrupto e o xerife é tão inútil que depressa acabam com ele. O advogado James Webb (Klaus Kinski) chega à cidade. Elegantemente vestido de negro, Webb vem carregado de livros muito importantes, muito especiais e muito misteriosos. Procura saber rapidamente o que se passa naquela localidade e, sendo um advogado abelhudo, mete o nariz (discretamente) em todo o lado: espreita pelas janelas, ouve atrás das portas, esconde-se atrás dos cortinados e nunca se separa de, pelo menos, um dos seus essenciais tomos da lei. Com pezinhos de lã e constantemente a recorrer ao paleio técnico (cita artigos da lei), o advogado Webb cedo percebe que o juiz é um ciganão e que não tem intenção nenhuma de acabar com a corrupção.
Enquanto isso, um tal Burt Collins chega a Tombstone. O homem tem o dedo leve no gatilho e Webb insiste que o tipo seja nomeado xerife. Com a estrela ao peito, Collins limpa a cidade (com a extraordinária ajuda da sua cunhada índia especialista em arco e flecha) e o advogado mantém-se nos bastidores com os seus inseparáveis livros. Mas que raio de livros serão aqueles? “Black Killer” é um dos 7 westerns que o ator Klaus Kinski fez no ano de 1971. É um filme fraco, com uma montagem descuidada e que recorre a alguma nudez feminina para evitar que o pessoal se deixe dormir durante os 90 minutos que o filme dura. Alguns perguntar-se-ão como é que um ator de prestígio como Klaus Kinski aceitava estes papéis nestas produções rascas.
Eis a resposta: “A certa altura eu já nem me dava ao trabalho de ler argumentos. Nem queria saber! Chegava lá, fazia o que tinha a fazer, recebia o dinheiro e ia-me embora!” E quanto aos westerns-spaghetti, concretamente: “Muitos e muitos westerns que fiz em Itália”, dizia Kinski, “cada um pior do que o outro! E os seus pseudo-realizadores ainda mais incompetentes! E quanto mais incompetentes eles eram mais hostis se tornavam! Mas pagavam-me bem e isso é que me interessava. Com o estilo de vida que eu levo preciso de trabalhar.”
De facto, ao ler a sua autobiografia, eu próprio constatei que Klaus Kinski levava uma vida absurdamente cara: 7 Ferraris, 6 Rolls-Royce, 3 Maseratis, várias mansões, apartamentos e palacetes na Europa e na América, viagens, banquetes, champanhe, caviar e muitas putas è discrição! Chegou a ganhar um salário astronómico de 50 000 Marcos por dia mas… será que era suficiente para cobrir todas estas despesas loucas? Excêntrico e genial para uns, alucinado de merda que não respeitava nada nem ninguém para outros, Klaus Kinski era mesmo assim: um homem de extremos. Com ele, ou oito ou oitenta!
Preparando a artilharia.
Este artigo da lei é mortal!
Sangue!!
Apesar de ser claramente mais uma produção de baixo custo, este é um daqueles filmes de que fiquei com memórias desde que o vi nos noventas. As fuças do Kinski e o livro artilhado, ficaram aqui nos "ficheiros temporários".
ResponderEliminarDiversas sequências deste filme foram recicladas e incluídas em outros dois westerns, "Una Pistola per Cento Croci" e "Un Bounty Killer a Trinità". Isso deu origem a um conflito entre Croccolo e o produtor Oscar Santaniello, que a partir daí dissolveram a sua sociedade.
ResponderEliminarSacanagem.
EliminarSó para se ter uma ideia, Klaus Kinski recebeu 40 milhões de liras para fazer este filme. Segundo Carlo Croccolo, o orçamento total do filme era 150 milhões de liras.
ResponderEliminarOutra curiosidade: Carlo Croccolo e Klaus Kinski mantiveram uma boa relação e segundo consta até já havia um novo projeto: Croccolo ia dirigir um novo western cujo protagonista era um pistoleiro cego (Kinski, obviamente).
ResponderEliminarInfelizmente nunca chegou a acontecer.