22/10/2012

Sartana nella valle degli avvoltoi (1970 / Realizador: Roberto Mauri)

Eis mais uma produção italiana de baixo orçamento que procurou encaixar algum dinheiro por via da utilização abusiva do apelido Sartana. Personagem lançada originalmente por Gianfranco Parolini e que despoletaria uma série de filmes oficiais (já resenhados por aqui) e claro está, muitos mais no mercado paralelo. E na verdade para com a personagem popularizada por Gianni Garko, este pseudo Sartana apenas no uso da capa negra se poderá assemelhar.

O jogador intrometido, ganancioso mas justo; transforma-se nesta versão num bandido procurado pela lei, capaz de matar à mínima provocação. Curiosamente coube ao austríaco William Berger envergar as vestimentas Sartana, ele que até participara no filme de lançamento oficial da saga, “Se incontri Sartana prega per la tua morte”, em que desempenhara um dos antagonistas, Lasky! Lee Calloway ou Sartana (William Berger) é um foragido da lei, a sua cabeça vale já 10000 dólares, valor que o coloca nas prioridades dos caçadores de recompensas locais. Hábil no gatilho leva a melhor nesses embates.


Incentivado por uns patifes da mesma laia que ele, irá tomar a prisão local de assalto e libertar os irmãos Douglas, com os quais pretende dividir o ouro que estes haviam rapinado ao exército e que esconderam antes de serem capturados. É claro que depois de se verem em liberdade os três irmãos tentam livrar-se de Calloway a cada oportunidade. Surpreendido numa destas tentativas de fuga dos Douglas, o nosso anti-herói acaba amarrado a um cartucho de dinamite, mas safa-se miraculosamente e dá então caça aos seus ex-associados. Tudo se inverterá no entanto e o caçador torna-se na presa. Uma situação completamente reminiscente do estupendo “Sentenza di morte” de Mario Lanfranchi, onde é o homem armado que foge dos seus perseguidores.

Infelizmente este que é o grande mote lançado pelo título do filme revela-se numa mui entediante e mal filmada perseguição. Que sai claramente prejudicada pela falta de um orçamento que permitisse filmagens em ambientes mais apropriados (esclareça-se que aquele que é exaltado como perigosíssimo deserto se monstra na verdade ser bastante outonal). Filmado inteiramente em Itália e portanto sem acesso aos convincentes desertos andaluzes, a débil ilusão de desertificação conseguida prejudica profundamente a autenticidade do filme.


Apesar de ter realizado uma série considerável de westerns (Colorado Charlie, Wanted Sabata, ...e lo chiamarono Spirito Santo, etc.), Roberto Mauri não será recordado como um dos grandes realizadores do género, e este “Sartana nella valle degli avvoltoi” - que até é um dos seus filmes mais aceitáveis - não é grande espingarda, mas também não é completamente vulgar. Acabando por cumprir alguns requisitos mínimos, que lhe permitem uma entrada directa para o gigantesco lote dos euro-westerns que nem aquecem nem arrefecem.

O filme foi exibido em Portugal com o título “Sartana no Vale dos Abutres”, mas nos dias de hoje como seria de esperar não está disponível em DVD. Está contudo disponível em várias edições por esse mundo fora, aquela que disponho é uma edição britânica da C’est La Vie, que apresenta o filme em formato widescreen com áudio em inglês. A imagem é tão nítida que permite ver coisas tão características do cinema de outrora como os fios de coco que puxam as articulações de um escorpião, usado numa das derradeiras cenas do filme. Algo que poderia passar despercebido nas décadas de 60 e 70 mas que hoje em dia surgem nuas aos nossos olhos, sendo impossível não considerar filmes como este, datados de uma outra época. Apenas para curiosos!

Lobbys:


Trailer:

8 comentários:

  1. Filme muito mediano,para não dizer pior. O excelente William Berger faz o que pode. Acho mesmo, concordo perfeitamente com o Pedro, que este é o melhor filme do medíocre Roberto Mauri. Enfim, filme só aconselhável a verdadeiros seguidores do género.

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  2. As palavras chave que classificam este filme já estão bem presentes na resenha: um filme que "não aquece nem arrefece".

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  3. As palavras chave já estão bem presentes na resenha: um filme que "não aquece nem arrefece".

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  4. Apesar de tudo pensei que fosse pior porque me lembrava de ter sido apontado como filme a evitar na participação dos "spaghettis da minha vida" do Ronald Perrone. Se tivesse havido oportunidade de o filmar em Espanha por certo seria mais bonitinho. Sinceramente nem sei se o Mauri teria tido oportunidade de filmar algum dos seus filmes na nossa península, aqueles que me recordo de ter visto foram claramente filmados em Itália.

    --
    Pedro Pereira

    http://por-um-punhado-de-euros.blogspot.com
    http://destilo-odio.tumblr.com/

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  5. Este filme é de 1970 e nessa altura já era muito difícil ir filmar para Almería porque o dinheiro para westerns já era escasso. Normalmente, os westerns-spaghetti unicamente filmados em Itália quer dizer que a produção já andava à rasca de dinheiro...

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    1. Mauri então devia viver de trocos. Craig Hill comenta na entrevista incluída nos extras da sua double feature da Wild East que um dos filmes que "fez" com realizador foi mesmo baseado em repescagem de cenas de outros filmes. Fidani style...

      --
      Pedro Pereira

      http://por-um-punhado-de-euros.blogspot.com
      http://destilo-odio.tumblr.com/

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  6. Esse eu não vi ainda; gosto muito da música e não me parece dos piores. Vou tentar encontrar no universo on-line.

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  7. Olá amigo Lemarc!

    Penso que o encontrarás. Pesquisa pelo titulo gringo por exemplo: Sartana in the Valley of Death

    --
    Pedro Pereira

    http://por-um-punhado-de-euros.blogspot.com
    http://destilo-odio.tumblr.com/

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