09/11/2025

20,000 dólares por un cadáver (1970 / Director: José María Zabalza) | SpagvemberFest 2025


Há muitos anos, apanhei a estreia em televisão do filme “Até Amanhã, Camaradas”, que adaptava a obra homónima de Manuel Tiago, pseudónimo de Álvaro Cunhal. O filme retratava o Portugal dos anos quarenta, oprimido por uma ditadura retrógrada. E era um filme estava há muito no boca-a-boca os lagóias por ter sido filmado parcialmente na cidade de Portalegre.

Numa das cenas com cenário mais reconhecível, a guarda nacional carregava a cavalo sobre um grupo de desgraçados. Isto dava-se no largo da igreja dos mortos (Igreja de São Tiago) e continuava pela rua do Carmo. Ao descerem, encontram-se já sobre as margens do rio. Ora, como é sabido não temos rio a banhar a cidade. Fiquei para sempre com estas imagens como exemplo máximo de como o cinema pode ser mágico. Fui-me lembrar disto porque neste “20.000 dólares por un cadaver” temos o mesmo tipo de cena, mas com um resultado nos antípodas. 

Este é o terceiro filme da saga rodada em sete semanas por José María Zabalza. E apesar de estar uns furos acima do filme anterior, não escapa à mediocridade. Vi-o no YouTube onde já conta com 82000 visualizações, números fortes para uma produção deste tipo. Dei-me ao trabalho de ler o que dizem os incautos que tomaram a mesma decisão que eu. E sem surpresa vejo que estamos todos em sintonia sobre a qualidade do filme. Alguém escrevia sagazmente: Para mim, um guião estúpido, dos piores que já vi!

A somar a estas 82000 criaturas, temos os números oficiais de bilhetes vendidos na época de lançamento, 563719.  Voltamos então à magia do cinema. Conseguem imaginar um veículo que consiga “enganar” tão eficazmente tanta gente?!

O facto é que Zabalza já se gabarolava na famosa entrevista ao Fotogramas, de 19 de Setembro de 1969 que antes sequer de terminar os filmes, eles já estavam vendidos para o mercado Grego, Belga, Africano e Sul-Americano. O negócio corria-lhe bem e o seu objectivo de fazer filmes b despretensiosos realizava-se. Ainda bem para ti Zequinha!

A história deste filme volta a ter os caminhos de ferro como mote e mais uma vez teremos as mesmíssimas localizações. Até a cena do rancho em chamas é aqui reutilizada. E desta vez o protagonismo vai para Miguel de la Riva que interpreta um simples rancheiro que se vê obrigado a mudar de vida depois de uma inesperada visita de um estranho que quer sabotar a nova ferrovia. Até aqui tudo bem, mas 10 minutos depois as coisas desandam de tal forma que fica difícil explicar o que raio se passa ali. Piorando e piorando até ao ápice. 

Obviamente que não vos recomendo a experiência. Nem deste, nem dos anteriores. Já eu depois de recalcar estes últimos dias, conto conferir o último western de Zabalza, “Al oeste de Río Grande”, que lançou já na década de oitenta. 

Visto via YouTube, aqui.


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