28/01/2013

Lo chiamavano King (1971 / Realizador: Giancarlo Romitelli)

Eis um título bastante refundido que só agora passadas mais de quatro décadas sob o seu lançamento original, começa a ganhar alguma exposição. E tudo porque Quentin Tarantino se lembrou de reciclar partes da banda sonora original deste filme para o seu muito sobrevalorizado primeiro western: “Django unchained”. A dita banda sonora original é de Luis Enríquez Bacalov, um argentino que fez carreira no cinema europeu e que os leitores do blogue reconhecerão como um dos mais competentes maestros ligados ao western-spaghetti. O que é curioso no meio disto tudo, é que a trilha que Bacalov matutou para este “Lo chiamavano King” é já ela, um produto mastigado de um dos seus trabalhos anteriores, o mui venerado “Django”

Infelizmente a coisa mais relevante de “Lo chiamavano King” é mesmo essa componente musical. Já o filme enquanto todo, não sendo uma desilusão completa sofre de diversos problemas, sendo a sua curta duração o maior de todos eles. Os calhamaços dizem que o filme foi lançado com cerca de 90 minutos mas desses apenas cerca de 70 surgem nas diversas versões em que o filme está actualmente disponível. Um período demasiado curto para se conseguir montar uma boa trama, especialmente se se pretende incluir algum suspense, como parece ter sido a ideia do realizador. Porém acção é coisa que não falta a este intento de Giancarlo Romitelli!


John Marley, mais conhecido pelos meliantes como «King» é um destemido caçador de recompensas. A sua missão de vida é fazer a vida negra aos bandidos da região mas a sua intromissão nos planos dos irmãos Benson, que estão no negócio de venda de armas roubadas aos bandidos mexicanos, leva a retaliações por parte do bando. No processo o seu recém-casado irmão é morto, e a cunhada é violada e espancada pelos pulhas. Motivação mais que suficiente para colocar o caçador na senda dos Benson. E não me alargo muito mais sob pena de destapar em demasia o já superficial argumento do filme. 

Tendo sido lançado já na década de 70, não é de estranhar que o resultado tenha sido algo atabalhoado, mas juro-vos que já assisti a uma vintena de euro-westerns bem piores que este. Em abono da verdade reconheço até que a fotografia do filme é bastante digna, mesclando de uma forma inteligente um punhado de cenas filmadas em território andaluz com outras (a maioria) algures no país da bota. 


Mas o maior trunfo do filme é obviamente a incorporação de um elenco forte, reunindo duas das estrelas do género sob o mesmo cartaz. Richard Harrison, sem surpresas volta a personificar o pistoleiro melancólico, que havia testado com sucesso no recomendável “Joko invoca Dio... e muori!”. Já Klaus Kinski para variar interpreta o xerife local, Brian Foster. Ocupação que obviamente cheira a esturro até para o menos treinado dos fãs de westerns-spaghetti. É uma pena que a personagem tenha tido tão pouco tempo de exposição. 

Quem também não chega aos cinco minutos de presença em cena é Vassili Karis, um deputado de xerife com maus fígados, que está mais interessado em engrossar a lista de violadores da desgraçada da cunhada de «King» do que propriamente nas suas actividades à margem da lei. Engraçado que Karis enverga aqui o mesmíssimo colete que vestira em “Wanted Sabata”, lançado no ano anterior. Mais um sinal da despreocupação crescente com que o género era tratado por estes tempos.


Companheiros! Estamos em época de poupança por isso recomendo-vos a edição lowcost, “Dead Or Alive Western Collection”, da Allegro Media/Pop Flix, que compacta cinco filmes em dois DVDs. A qualidade de imagem neste tipo de DVDs costuma ser escandalosamente ruim mas garanto-vos que não é o caso desta aqui. Uma boa opção para quem quer mergulhar de cabeça nas profundezas do género sem ter de adquirir o equipamento de mergulho!


Trailer:




Filme completo (audio inglês):

10 comentários:

  1. De facto, a primeira coisa estranha que me ocorreu quando vi este filme foi a sua curta duração. Além de Vassili Karis usar o mesmo colete de outro filme, Harrison veste praticamente a mesma roupa que usou em "Joko invoca Dio...e muori".
    Há também uma edição DVD francesca à venda mas sinceramente não vou aplicar o meu dinheiro nesse filme.

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  2. +/-5 euros foi o que dei por este pack de cinco, assim vale a pena.

    --
    Pedro Pereira

    http://por-um-punhado-de-euros.blogspot.com
    http://destilo-odio.tumblr.com/

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  3. Embora tenha Kinski, que admiro como actor; embora tenha um enredo interessante; embora as transições Espanha/Itália estejam bem conseguidas acho que este filme é como o Melhoral: nem faz bem nem faz mal!

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    1. Bem dito! Mas os filmes devem ser feitos para entreter e neste aspecto acho que não vai chocar ninguém. A primeira vez que tinha visto o filme foi numa versão com áudio italiano, desse primeiro contacto lembro-me de muito calão, que até dava uma piada extra ao filme, na versão dobrada em inglês isso perde-se um bocado...

      --
      Pedro Pereira

      http://por-um-punhado-de-euros.blogspot.com
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  4. Tinha curiosidade por essa obra faz muito tempo, e após ver o Django tarantinesco resolvi baixar. Está no PC, devo ver logo menos e dar minhas impressões!

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    1. Ficamos a aguardar o teu feedback, Caio. Que versão tens (áudio)?

      --
      Pedro Pereira

      http://por-um-punhado-de-euros.blogspot.com
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  5. Daqueles filmes que sentimos que podia ir mais além, é como a Elsa diz muito bem e com muita piada, é como o melhoral. Alguns bons momentos. O DVD francês da M6 apresenta o filme com excelente qualidade de imagem e som (Italiano e Francês com legendas em francês para a versão italiana) e com cerca de 74 minutos de duração. Para colecionadores ávidos do género como eu.

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  6. Os DVD franceses da M6 que o António fala correspondem a uma coleção com umas capas muito curiosas de contornos semelhantes a caricaturas. Dessa coleção tenho "E Dio disse a Caino". Pelo que li, acho que todos os filmes dessa coleção têm boa qualidade de som e imagem no formato original correto.

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    1. Por acaso ainda não comprei nenhuma dessa colecção. Há um que até gostava de ter, o "Due croci a Danger Pass" que vi através de um tvrip espanhol e que só há em DVD via M6. Mas a colecção têm muitos títulos de respeito. Pena que as capas sejam algo deslocadas...

      --
      Pedro Pereira

      http://por-um-punhado-de-euros.blogspot.com
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  7. Meus amigos a edição "Due Croci a Danger Pass" da M6 é magnífica e o filme é acima da média. As capas, concordo, são uma lástima.

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