Depois de dividir créditos com Albert Band em “Massacro al Grande Canyon”, Sergio Corbucci consegue finalmente o financiamento necessário para lançar o seu primeiro western em nome próprio. Talvez devido a alguma inexperiência, “Minnesota Clay” é um filme tosco, devendo bastante aos padrões do western norte-americano. Mas curiosamente a inspiração para o filme até foi a mesma que levou Sergio Leone a realizar o seminal “Per un pugno di dollari”.
Tal como fizera com Leone, Enzo Barboni também recomendaria a Sergio Corbucci que assistisse a “Yojimbo”. Ambos os Sergios ficaram tão impressionados que decidiram fazer as suas próprias versões do filme japonês, mas neste braço de ferro Corbucci perderia para Leone, quer em timing quer em qualidade do produto final.
O infalível Xerife Minnesota Clay (Cameron Mitchell) é condenado por um crime que não cometeu e relegado para o campo de trabalhos forçados. Aí permanece durante anos até que um dia aproveita a oportunidade de escapar. Os anos que passara na prisão militar prejudicaram-lhe gravemente as suas capacidades visuais, mas ainda assim arrisca voltar ao seu território com o propósito de confrontar os responsáveis pela sua condenação e limpar o seu nome.
Ao regressar deparar-se-á com uma região encurralada por dois bandos. Um deles é liderado por Fox – que substitui Clay no cargo de xerife – um biltre que explora os habitantes da cidade em troco de uma suposta protecção. A razão para essa nomeação fora justamente a necessidade de protecção de outro grupo agressor, este constituído por uns bandidos mexicanos a mando do General Ortiz (a primeira de muitas interpretações de Fernando Sancho enquanto líder de um bando de fora-da-lei mexicanos). E tal como «o homem sem nome» de Leone, também Clay se envolve no meio dos dois bandos rivais, acabando por aniquilar ambos.
“Minnesota Clay” não ficaria para a história como um grande western-spaghetti, e para isso muito contribuiu a introdução de alguns enfadonhos discursos à moda dos westerns clássicos americanos, mas sobretudo pela existência de sequências desprovidas de qualquer sentido lógico. Apesar disso notam-se já aqui alguns dos traços sádicos que o realizador haveria de imputar à maioria dos seus heróis.
Tal como aconteceria anos mais tarde com o seu opus magnum – “Il grande silenzio” – foram feitas duas versões do filme, diferindo entre elas o grande final da trama. Na versão original italiana, Clay aparece estendido nas ruas da cidade após o duelo com Fox (Georges Rivière), mas na cena seguinte ele surge recuperado e agora munido de uns uteis óculos que acaba por lançar ao ar, baleando-os em seguida num estilo badass muito pouco credível para o espectador que acaba de ver o que aquele homem passou devido à sua falta de visão. A versão americana apesar de imposta pela distribuidora norte-americana, funciona muito melhor. Nesta, Clay permanece estendido no chão após o duelo com Fox e o filme acaba.
Tal como aconteceria anos mais tarde com o seu opus magnum – “Il grande silenzio” – foram feitas duas versões do filme, diferindo entre elas o grande final da trama. Na versão original italiana, Clay aparece estendido nas ruas da cidade após o duelo com Fox (Georges Rivière), mas na cena seguinte ele surge recuperado e agora munido de uns uteis óculos que acaba por lançar ao ar, baleando-os em seguida num estilo badass muito pouco credível para o espectador que acaba de ver o que aquele homem passou devido à sua falta de visão. A versão americana apesar de imposta pela distribuidora norte-americana, funciona muito melhor. Nesta, Clay permanece estendido no chão após o duelo com Fox e o filme acaba.
Apesar das suas imperfeições, explicáveis pela prematura fase em que foi lançado, “Minnesota Clay” fez algum sucesso e marcou até um ponto de viragem no género. Foi o primeiro western italiano em que o realizador ostentou o seu nome de baptismo nos créditos deixando para trás os pseudónimos americanizados, até aí utilizados por todas as produtoras italianas. E depois disto Sergio Corbucci haveria de recuperar algumas ideias base deste “Minnesota Clay” no seu primeiro grande sucesso, “Django”. Esse sim, um western capaz de agradar a gregos e troianos!
“Minnesota Clay” está disponível em diversas edições DVD, a que possuo é uma edição sul-americana lançada pela editora Argentina, DSX Films. Edição que adquiri via venda online em meados de 2008, e que graças a uma favorável taxa de conversão entre o peso argentino e o euro, revelou-se uma pechincha. Relatos de outros compradores indicam que alguns dos DVDs desta editora não primam pela qualidade de imagem, mas esta edição específica é bastante boa, o filme aparece num widescreen cristalino, com áudio original italiano e legendas opcionais em espanhol.
Mais um grande slogan: "Deus criou os homens diferentes, o colt tornou-os iguais". Aqui ficam mais algumas imagens promocionais:
Prefiro ver este filme como tubo de ensaio e caminho para a genialidade do seu realizador, não é uma obra-prima, nada que se pareça, mas não desmerece e reconheço-o algum charme latente ou estarei a ser faccioso por ser realizado por quem é? O título deste filme em português é BALAS ASSASSINAS.
ResponderEliminarNão fazia ideia do titulo Português, obrigado pela adição. Sabes se existe alguma base de dados nacional onde estas coisas estejam registadas?
EliminarEntendo o teu ponto de vista. Olhamos para os filmes tendo em conta quem os realizou, ou quem de algum modo contribuiu para a sua feitura. Porém há por aqui erros grosseiros que não estranhamos a realizadores menos conceituados mas ... é Corbucci o homem do leme. Lembro-me por exemplo do cerco dos homens de Ortiz ao rancho, em que as vitimas escapam pela porta das traseiras sem que os bandidos anulassem o feito.
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Pedro Pereira
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Concordo com o que está escrito no texto. Para mim também é um western fraco ainda muito inspirado nos westerns de Hollywood.
ResponderEliminarAntes deste filme Sergio Corbucci usou como nome artístico STANLEY CORBETT.
Temos de fazer uma apanhado desses pseudónimos...
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Pedro Pereira
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Antes de Por um punhado de dólares,todos os westerns italianos eram inspirado no modelo americano,mas eu consigo ver alguns acenos ao que viria a ser o spaghetti western.Aquele preciosismo latino,que é uma caracteristica forte do genero já se fazia presente nesse filme.Vale mais pela presença de Fernando Sancho e da bela atriz morena.
ResponderEliminarÉ Ethel Rojo, actriz argentina. O papel de vilã que desempenha no filme, mudando de lado várias vezes, é fundamental. Corbucci sabia valorizar as suas personagens femininas.
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Pedro Pereira
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Flávio, Concordo plenamente.
EliminarEsta película es una de mis pendientes.
ResponderEliminarPedro y Emanuel, vengo a avisarles de que los he nombrado por mi blog, por si quieren pasar.
Muchas gracias Belén. Es nuestro honor estar ahí entre los nombrados.
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Pedro Pereira
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Película, al igual que "Johnny Oro", con algún momento bueno pero bastante floja. Lo mejor la esforzada actuación de Cameron Mitchell, todo un veterano de Hollywood.
ResponderEliminarPor cierto, creo que hubiera quedado mejor con el final trágico alternativo.
Sin duda! Hubiera que quedarse moribundo en los brazos de su hija.
Eliminar"Johnny Oro" aun me parece inferior que este "Minnesota Clay", es una peli mediocre.
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Pedro Pereira
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Salve, Pedro!
ResponderEliminarConfesso que não lembro de alguns detalhes sobre o filme, mas o achei razoável, embora fora do estilo europeu. Quero revê-lo e isso pra mim já não o põe numa má avaliação por minha parte. Quanto à atitude do Corbucci de escrever seu nome legítimo, é natural e não tinha nada de errado, pois não era ele quem tinha feito? Quem o fez ao contrário cometeu um pequeno deslize, de certo modo.
Abraço!
Lemarc
excelente filme, mas discordo de alguns pontos do texto, não acho que Corbucci deva alguma coisa aos Western Americanos, muito p elo contrário, assim como o filme de Leone, vejo-o mai s como um Western de transição e o diretor teve bastante estilo próprio para compor a história, e não achei tosco, a versão da Ocean Pictures possui os 2 finais também, e digo que ele deveria terminar o filme com os óculos no rosto mesmo.
ResponderEliminarEssa ideia de western de transição faz todo o sentido.
EliminarNão sabia que o dvd da Ocean tinha os dois finais, eu conferi ambos em diferentes edições dvd. É uma mais valia para o fã. Obrigado pela dica.
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Pedro Pereira
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Realmente um western de transição entre o velho estilo americano e o barroco italiano. Interessante como a gente está sempre às voltas com reavaliações. Ao assistir pela primeira vez Minnesota não gostei por que algumas cenas pareciam muitos com as do western americano; muitos planos de conjunto com a câmara muito afastada dos rostos dos atores. A conversa entre Minnesota e Fox no saloon após o retorno deste último se parece muito com aquelas cenas dos chamados clássicos (quando isso ocorre num spaghetti fico decepcionado,e até revoltado, pois não consigo admitir um exemplar do gênero com mais de um minuto sem closes, aqueles belos e coloridos primeiros planos), com a câmara fixa por muito tempo sem movimentos em torno dos rostos ou então sem aquela alternância de campo e contra campo; a fuga pelos fundos algo muito fácil de ser percebido pelos bandidos (bandidos experimentados sabe que isso pode ocorrer e se previnem)tambem foi uma falha e Corbucci poderia ter solucionado de outra forma. É a fase de relutância de realizador Corbucci que depois arriscaria muito mais do que seu homônimo, o Leone. Apesar dos defeitos do filme ele constrói muitas cenas boas, apresentando closes espetaculares na sequência em que o herói quase cego mata os bandidos que cercam a morena Ethel Rojo após terem assassinado o pai do general Ortiz. Já existem de fato muitas características do Western Spaghetti e eu o classifico tambem como de transição. Mereceria a meu ver uma avaliação de três estrelas.
ResponderEliminarPessoal apenas uma correção ao meu comentário: onde eu digitei "A conversa entre Minnesota e Fox no saloon após o retorno deste último..." (5ª linha) deveria ser digitado na verdade "A conversa entre Minnesota Clay e Fox no saloon após o retorno do primeiro.." já que foi ele, Minnesota, quem ficou distante,por muito tempo, cumprindo trabalhos forçados e teve que retornar para reaver o eu posto. A cena no saloon a que me refiro e que poderia ser mais bem trabalhada é a primeira que aparece (no tôpo) aqui nessa página. Nessa sequência temos uma longa conversa entre os dois personagens principais, realmente bem próximo dos enfadonhos discursos dos clássicos americanos como bem observou Pedro Pereira.
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