01/12/2020

Spagvemberfest 2020: Trinta dias com dieta spaghetti!

O mês de Novembro é de alguns anos para cá o mês de festividade no fórum do Spaghetti Western Database, a página que há muito carrega a bandeira do western europeu. Durante este período alguns utilizadores mais destemidos iniciam verdadeiras maratonas em que a única regra é embrenhar-se em western-spaghetti durante a totalidade do mês. Motivado pelo estado pandémico decidi participar na edição 2020, o pior ano de sempre da minha existência.

Como é apanágio, cada utilizador define o seu cardápio, sendo comum que existam regras muito variadas entre a trupe. Os mais fortes atiram-se, qual prova de resistência, aos filmes de Franco Lattanzi ou Demofilo Fidani. Outros encetam o desafio de assistir a filmografias de este ou aquele astro e outros deixam-se simplesmente ir ao sabor do vento ou deixar-se influenciar pelas escolhas que os confrades vão partilhando no fórum. 

Também defini para mim algumas regras. Como Novembro é simultaneamente o mês em que mais chatices tenho no trabalho, alvitrei logo que apenas conseguiria estar em jogo se os filmes estivessem à mão de semear e que os pudesse ver em qualquer dispositivo que não apenas a televisão com leitor de DVD/BR. Assim, o mais lógico que me ocorreu foi suportar-me também de canais de YouTube que tivessem bons arquivos do género. Longe vão os tempos de escassez, em pleno ano de 2020 parece que despejaram centos de westerns-spaghettis na plataforma e há um canal que já esmagou a concorrência: Grjngo 

Já lá tinha andado a esgravatar e pela análise estava convicto que entre esse e mais um ou outro canal, encontraria facilmente material que ainda não tinha visto antes. Outra ideia que me ocorreu, é que facilmente perderia o ânimo se me focasse nos mesmos protagonistas, por isso impus-me que a cada dia procurasse um filme que fosse protagonizado por um actor diferente (repetições no elenco secundário e antagonistas descartei, que seria uma tarefa impossível). Em adição aos comentários breves que fui deixando no fórum, achei que não era má ideia partilhar o cardápio com os forasteiros que passam pelo blogue. Aos que dispensem leituras também posso partilhar a listinha via Letterboxd, aqui. Então aqui vai alho!

Dia 1: I senza Dio (1972 / Roberto Bianchi Montero)



A primeira escolha recaiu sobre “Os Sem Deus”, uma realização de Roberto Bianchi Montero, o homem responsável por um dos meus westerns-spaghettis low-budget favoritos: “Le due facce del dollaro”. Este ainda que não esteja ao mesmo nível também não é nada mau, nada mau mesmo. Um caçador de recompensas e um bandido perigoso unem-se para caçar um bandido mexicano. Nada de novo, mas a realização competente de Montero garante-nos hora e meia de acção non-stop.

Dia 2: Il magnifico texano (1967 / Luigi Capuano)


Para o segundo dia da festividade, repesquei esta espécie de filme Zorro. Uma aventura típica de um vingador mascarado, aqui protagonizada por Glenn Saxon (mais conhecido pelo sotto-Django: Django Atira Primeiro). A realização é de Luigi Capuano, homem que tinha claramente um apreço por este tipo de cinema de aventura, tendo realizado uma série de Zorros e Sandokans. Diversão assegurada, apesar dos tiques mais clássicos. 

Dia 3: Testa o croce (1969 / Piero Pierotti)


Este já andava na calha há bastante tempo, mas por alguma razão acabava sempre preterido em relação à concorrência. Sem surpresas, os comentários favoráveis que fui lendo no fórum do SWDB revelaram-se acertados. Shanda é acusada do assassinato de um banqueiro e numa cidade cheia de beatas histéricas e tem como mais certo ser linchada, para evitá-lo o xerife a manda-a para outra cidade. Mas os dois deputados a quem ela é confiada estão feitos com a vilanagem, violam-na e largam-na no deserto. Por sorte o fora-da-lei Black Talisman cuida dela e decide vingá-la e limpar seu nome.

Dia 4: Ramon il Messicano (1966 / Maurizio Pradeaux)


No quarto dia calhou este na rifa. Outro que também já queria ver há muito, mas que só nesta investida risquei da watchlist. Não bastasse o vilão chamar-se Ramon, também há uma família de Baxters, um paralelo para com o supremo “Por Um Punhado de Dólares”, que dificilmente terá sido inocente. O enleio é feito em volta destas famílias, mas aqui com o factor vingança parte a parte adicionado à equação. Curiosamente esta fita acabou por ser uma das mais vistos pelos utilizadores do fórum. Tendo sido genericamente apreciado, diga-se.

Dia 5: Buckaroo (Il winchester che non perdona) (1967 / Adelchi Bianchi)

O primeiro tiro ao lado chegou no quinto dia. Os culpados: Adelchi Bianchi e Dean Reed! A história começa quando o patife Lash mata o sócio com a ajuda de um bando de mexicanos, com os lucros do feito funda uma cidade em que se torna rei e senhor. Um punhado de anos depois um pistoleiro chega à cidade com objectivo de repor a ordem. Filme do mais básico que o género tem para dar e sem chama que mantenha o espectador minimamente focado no rectângulo da tela. E para ajudar à festa ainda há tempo para uma musiquinha cantada pelo «Red Elvis». Uma seca!

Dia 6: Tres dólares de plomo (1964 / Pino Mercanti)


Este apareceu-me no feed do YouTube e acabei por vê-lo de fio a pavio, mas mais valia não ter feito. Após alguns anos fora, Rudy Wallace regressa ao rancho do pai, que encontra devastado. Descobre então que toda a região está sob a ameaça de um homem chamado Morrison, e que ele matou o seu pai. Não é um bom western, mas também não é horrivelmente mau. É antes, aquele tipo de filme que poderia encabeçar uma lista de de filmes que esquecerás no dia depois de o veres. 

Dia 7: La Lunga cavalcata della vendetta (1972 / Tanio Boccia)


A escolha seguinte recaiu sobre “O Cavaleiro da Vingança”, um dos dois westerns do Tanio Boccia que ainda me faltava ver. Para meu azar a qualidade do filme é coerente com a média daquilo que foi saindo nos anos setenta e, portanto, bastante longe da qualidade dos seus primeiros westerns. Creio que teria sido melhor não tivesse sido contado com flashbacks, mas enfim, já todos sabemos que a fasquia baixou nesta década e este não é excepção. Era um dos poucos westerns protagonizados por Richard Harrison que ainda me faltava ver.

Dia 8: L'uomo dalla pistola d'oro (1965 / Alfonso Balcázar)


Um bom balão de oxigénio era quilo que precisava para continuar a jornada. Doc, jogador de poker e ex-cirurgião vê-se injustamente acusado de um assassinato. Na sua senda está Slade, um caçador de recompensas. Ao encontrar um cadáver, Doc decide tomar a sua identidade mas trama-se rapidamente, porque o cadáver era afinal um pistoleiro pago pela população da cidade com objectivo de defendê-los do bando de Reyes. Elenco lowcost, mas eficaz com Carl Möhner, Luis Dávila e o habitué Fernando Sancho. Bom filme!

Dia 9: Kid il monello del west (1973 / Tonino Ricci)


Nono dia. Fala-se sempre daquele chavão de que não há uma segunda oportunidade para dar uma boa primeira impressão. Pois bem, a minha primeira conexão com este Tonino Ricci foi com o bélico “Il dito nella piaga”, um bom filme de guerra com um elenco de se lhe tirar o chapéu (Klaus Kinski, George Hilton), além de conter todas os predicados que o género exige. Já os westerns dele, benza-o Deus. Este é uma paródia com miúdos a fazer de graúdos. Ri duas, ou três vezes, mais do que esperaria. Mas não recomendo o castigo. 

Dia 10: El Zorro (1968 / Guido Zurli)



Certo que iria ter mais sucesso com filmes do período de ouro, mas ainda convicto que evitaria revisões, lá escolhi este Zorro para o décimo dia. Há quem não considere estes filmes sequer como westerns-spaghettis, mas o pessoal que neles trabalhou era geralmente o mesmo e por isso faz-me sentido considerá-los para o grande saco. Este aqui não é tão intricado como o “Zorro” do signore Duccio Tessari e o George Ardisson não é nenhum Alain Delon, mas lavados os cestos, fiquei bem satisfeito com a escolha. Tenho urgentemente de ver mais filmes deste filão.

Dia 11: Johnny Oro (1966 / Sergio Corbucci)



Décimo-primeiro dia com western-spaghetti na ementa. Mais uma vez fico-me pela década de sessenta e desta risquei de vez “Ringo e a Sua Pistola de Oiro” da minha watchlist. A estrela é Mark Damon, um indivíduo que nunca me inspirou confiança nestes papeis de durão. E não foi desta que mudei de ideias, mas fiquei surpreendido por o filme não ser nada mau. Também não o achei equiparado aos melhores standards do amigo Sergio Corbucci, mas em defesa dele, não é nada aborrecido. O final é literalmente, explosivo!

Dia 12: Lola Colt (1967 / Siro Marcellini)



Dia cansativo, com adição de uns centos de quilómetros nas lombares, mas mantive-me em jogo. Ora aqui está mais um caso raro de western com uma personagem principal feminina. As minhas experiências anteriores têm tido resultados variáveis, o “Rita no Oeste” foi péssimo, mas já o “Giarrettiera Colt” foi bastante decente. Achava eu que este podia ser pelo menos do nível desse último, mas estava enganado. Não há nada aqui de interesse que não sejam os dotes físicos da Lola Falana, uma verdadeira dançarina da Broadway. Agora é só recalcar a experiência!

Dia 13: Anche per Django le carogne hanno un prezzo (1971 / Luigi Batzella)



Sexta-feira, o cansaço aperta ainda mais e sinceramente não estava com grandes forças para ver um western-spaghetti pela noite dentro. Mas depois de ouvir (e ver) os parceiros do podcast Once Upon a Time in Spaghetti Westerns, falar do underdog, Jeff Cameron, durante quase uma hora, decidi arriscar-me num dos poucos filmes dele que ainda tinha na watchlist: “Até para Django os Cadáveres Têm Preço”. Um dos centos de pseudo-Djangos que cresceram que nem ervas daninhas durante estes anos dos westerns à italiana. Cinema de baixo orçamento, enredo descomplexado e máxima diversão. Mesmo aquilo que precisava.

Dia 14: Uno sceriffo tutto d'oro (1966 / Osvaldo Civirani)



De volta às escolhas perfeitamente aleatórias. Tal como na escolha da noite anterior, faltam por aqui nomes sonantes, mas o filme sobrevive perfeitamente. Neste caso, não pelos socos certeiros do personagem principal, mas sobretudo pela qualidade do enredo, que envolve uma estranha aliança entre um bandido e um xerife com o objectivo de juntos darem sumiço a um carregamento de ouro. De longe o melhor western do Olvaldo Civirani.

Dia 15: Gli uomini dal passo pesante (1965 / Albert Band, Mario Sequi)



O filme gémeo de “Os Cruéis” (Sergio Corbucci), repesca a trama e até parte do elenco, mas não chega nem aos calcanhares da competência do filme de Corbucci. Curiosamente o filme foi lançado em Portugal como “Os Implacáveis”, que só ajuda a confundir o espectador mais desatento. Valeu sobretudo pela oportunidade de ver Franco Nero num raro papel secundário e por contar com o “Tarzan”, Gordon Scott no papel principal. 

Dia 16: Quel maledetto giorno della resa dei cont (1971 / Sergio Garrone)



E já vamos no décimo-sexto dia. Faltava-me ver este último western do Sergio Garrone e por isso já lhe tinha guardado lugar nesta maratona de westerns-spaghettis. As qualidades dos westerns dele são muito variáveis, no entanto acho que é um dos realizadores a ter em conta para quem tem interesse no género. E este filme apesar de já ter estreado no declínio de popularidade do género é melhor do que esperaria. Tem um elenco carregado de gente conhecida e que parece realmente empenhada no que estão a fazer, algo que raramente se encontra em euro-westerns desta década de setenta. Normalmente é um filme desancado pelos fãs do género, não entendo porquê.

Dia 17: I quattro inesorabili (1965 / Primo Zeglio)



A décima-sétima escolha foi para este western-spaghetti madrugador, realização de Primo Zeglio, que vale ser mencionado pelo recomendável “Killer, adiós”. Já este filme é sobretudo lembrado pelo facto de ser protagonizado pelo “Batman”, Adam West, aqui no papel de ranger bonzinho (com chapéu branco e tudo). Do outro lado da barricada temos Robert Hundar, um meliante que arranja forma de tramar o ranger por forma a pôr sobre ele uma recompensa, que fará questão de arrecadar. Um western tradicionalista mas que me encheu as medidas.

Dia 18: Sei iellato amico, hai incontrato Sacramento (1972 / Giorgio Cristallini)



O segundo western de Giorgio Cristallini também veio parar à rede. O nome e a arte usada para promovê-lo não deixava adivinhar coisa boa e de facto foi difícil de engolir. Um velho boxer (Ty Hardin) com propicio para as encrencas vê-se a mãos com o rapto da filha. Gostei da fotografia, mas de resto nada bate certo. No genérico uma portentosa música de louva a Deus, pouco depois um gospel inusitado e para terminar porrada de criar bicho e saraivada de balas de fazer inveja aos mais temidos pistoleiros do euro-western. Enfim, mais um para recalcar.

Dia 19: Il tredicesimo è sempre Giuda (1971 / Giuseppe Vari)


A ferida deixada pelo filme da noite anterior e o cansaço acumulado da semana quase me levou a folgar nesta noite, mas em vez disso escolhi um filme que fosse bem pequeno. Não vi todos os westerns do Giuseppe Vari, mas posso dizer que dos que vi nenhum me decepcionou. Este temia que fosse a excepção mas estava enganado. Bom elenco e trama complexa ao estilo dos filmes gialli. Tudo começa com uma petiscada entre amigos, quando se apercebem que estão treze à mesa, alvitram o pior e é o que acontece. A diligência que deveria transportar a noiva do Donald O'Brien chega finalmente, mas lá dentro só transporta cadáveres. Quem matou?!

Dia 20: Il piombo e la carne (1964 / Marino Girolami)



A vigésima escolha veio com a chancela de Marino Girolami, o pai do favoritíssimo Enzo G. Castellari. O velho também queimou uns cartuchos no género e fê-lo deste ceda hora. Neste western pré-boom encontrei tudo o que não gosto no meu western, escaramuças entre índios e cowboys com romance proibido pelo meio. Ao contrário de todas as escolhas até aqui, que vieram de canais de YouTube, este repesquei-o da minha colecção de westerns-spaghettis. Um DVD dos primórdios da Divisa que tinha a apanhar pó para cima de dez anos. Lá devia ter continuado.

Dia 21: Tu fosa será la exacta... amigo (1972 / Juan Bosch)



Os filmes de Craig Hill dos anos setenta são normalmente beras e tenho fugido deles como o diabo da cruz. Mas em dia de fim-de-semana senti a força necessária para enfrentar mais um desses. A escolha foi, “O Meu Cavalo, a Minha Pistola, a Tua Viúva”. Um chorizo-western de baixo orçamento com o mote da caça ao tesouro e com a guerra civil em pano de fundo. Apesar de cumprir minimamente com os clichés do género, ter as típicas personagens exageradas, muito tiroteio e porrada, há nele um desalinhamento de estilo que não o permite enquadrar nem a secção das comédias pós-Trinitá, nem na secção ultra-violenta. Muito, mas muito difícil de mastigar.

Dia 22: La tumba del pistolero (1964 / Amando de Ossorio)



Dia 22. E a precisar desesperadamente de algo mais aceitável para retomar o ânimo. Por essa razão ocorreu-me em apostar nalgum filme com realizador com provas dadas e segui caminho com este western de Amando de Ossorio, nome de respeito do cinema de terror espanhol, sobretudo graças à saga iniciada com o excelente “A Noite do Terror Cego”. Trata-se de um western ainda filmado a preto e branco, com um clima bastante clássico e com uma boa dose de mistério. Já a acção é manifestamente fraca, mas não belisca o resultado. Caras conhecidas temos algumas. George Martin (o protagonista), Luis Induni (o xerife, claro está), Aldo Sambrell (o chefe dos mineiros), entre outros.

Dia 23: I quattro pistoleri di Santa Trinitá (1971 / Giorgio Cristallini)



A maratona seguiu com “Os Aventureiros de Santa Trinitá”, o segundo filme de Giorgio Cristallini a vir à tona por estes dias. E atendendo ao suplicio que foi o primeiro que me saíu na rifa, provavelmente nem o deveria considerado, mas a verade é que nem estava a prestar atenção aos créditos. A razão de o ter escolhido foi só uma: Peter Lee Lawrence. O titulo do filme não é ingénuo, há obviamente uma piscadela de olho aos filmes do “Trinitá”, mas fora isso, nada os liga. A mim pareceu-me demasiado confuso e tirando a espetacular cena final com o vilão a ser obliterado por uma pazada no pescoço, pouco de interesse lhe encontrei. Foi um spoiler? Desculpem.

Dia 24: Sangue chiama sangue (1968 / Luigi Capuano)



Mais uma repetição, desta vez foi o Luigi Capuano a ressurgir nas preferências. E deste senhor já estava seguro de que a qualidade seria outra. Não me enganei. “Sangue Chama Sangue” conta uma história básica de vingança, mas com um enquadramento bastante original. Um bando assalta um mosteiro para rapinar uma relíquia. No acto varrem a chumbo todo e qualquer elemento do clérigo, incluindo o irmão do nosso futuro vingador. Este é para repetir daqui a uns tempos. Bom filme.

Dia 25: Diamante Lobo (1975 / Gianfranco Parolini)



Vigésimo quinto dia com spaghetti na ementa. Desta vez a escolha recaiu sobre “A Pistola de Deus”, um western com um elenco principal impecável não fossem esses protagonistas estarem já na fase mais decadente das suas carreiras, Lee Van Cleef e Jack Palance. Um padre e o seu irmão gémeo defendem a cidade das malfeitorias de um bando. Filmado em Israel e com os homens da Cannon por detrás da produção!

Dia 26: Il pistolero segnato da Dio (1968 / Giorgio Ferroni)



Depois de duas noites com westerns com padres nas personagens principais, pareceu-me adequado continuar a linha e lá prossegui com o “O Pistoleiro Designado por Deus”. Era o único western de Giorgio Ferroni que não tinha visto à data e sendo apreciador de todos os outros, talvez devesse estar entusiasmado, mas para dizer a verdade estava bastante relutante. Anthony Steffen no papel de estrela de circo, não é das coisas mais excitantes que um fã de westerns-spaghetti possa imaginar, mas em defesa do filme, diga-se que não é de jogar fora. O desenlace final foi surpreendentemente satisfatório. 

Dia 27: Dans la poussière du soleil (1972 / Richard Balducci)



Chega de religiosidades. A vigésima-sétima escolha foi tudo menos católica, aliás este será facilmente o filme com mais mamoca ao léu que vi no género (sei que há uns mais hardcore mas os nossos caminhos ainda não se cruzaram). Fora isso, dizer que o filme é estranho para cacete apesar de usar um argumento adaptado de “Hamlet”. A saber, Joe Bradford mata o irmão e casa-se com a sua viúva, Gertie. O filho de Gertie, Hawk, vai fazer algo em relação a isso. Mas como o rapaz só tem uma fala em todo o filme, cada um que entenda aquilo que quiser. Sou capaz de o rever, caso me cruze com uma versão com qualidade de imagem decente. 

Dia 28: Frontera al sur (1967 / José Luis Merino)


Quase a  chegar ao final da maratona, mas com o sentimento que poderia facilmente continuar por mais algum tempo, evitasse apenas alguns caminhos que já conheço como penosos. Mas para bem do bom estar patrimonial, é melhor nem pensar no assunto. Para a sessão da noite repesquei este "Kitosch", o único western protagonizado pelo saudoso George Hilton que ainda não tinha visto. O filme destaca-se desde logo pela acção ser passada no Canadá. Hilton escolta um grupo de mulheres (e caixões) até ao Forte Eagle, que terá de defender de um grupo de índios saqueadores e bandidos liderados por um tipo tão misterioso que só lhe descobriremos a identidade no fecho da fita.

Dia 29: Il lungo giorno del massacro (1968 / Alberto Cardone)



O dia de trabalho cansativo pedia algo mais descomprometido para a sessão da noite. Os filmes protagonizados por Peter Martell costumam assegurar isso mesmo. Os filmes do Alberto Cardone, idem. Decisão fácil, portanto. O xerife Joe Williams (Martell) é injustamente acusado do assassinato de um jovem casal, mesmo com a lei no seu encalce actua contra um bando de meliantes que assalta o banco local. Acção, muita acção. Escolha acertadíssima!

Dia 30: Der Schatz im Silbersee (1962 / Harald Reinl)



O trigésimo dia é simultaneamente dia de véspera de feriado o que me permitiu apostar num filme maior que o  habitual (em média tinha visto sempre filmes com hora e meia). Um desses que tinha aqui guardado é "O Tesouro do Lago da Prata", o primeiro capitulo da longa saga Winnetou. Tenho memória de ter visto alguns desses filmes há muitos anos atrás na televisão espanhola mas sem nenhum me ter feito mossa. Talvez por isso tenha mandado sempre tacada no filão germânico, mas tenho de me retratar porque gostei bastante deste filme, e sim, já penso em dar uma oportunidade aos restantes. A história é claramente apontada ao cinema de aventuras, as localizações são fantásticas e a fotografia espelha isso mesmo. Aliás, contra o filme só mesmo a ultra-moralidade das personagens principais.

E pronto chegámos ao final da maratona. A esposa apostava que conseguisse ver dez ou onze filmes, no máximo. Eu concordava, mas acreditava que conseguiria mais caso apostasse nalgumas revisões de clássicos. Mas contra todas as expectativas consegui chegar aos trinta filmes, todos novos para mim, todos do fundo do tacho, uns melhores, outros piores e outros tão banais que já pouco lhes recordo. 

Raramente tenho vistos trinta filmes num mês, muito menos resumidos a um único género e sinceramente, apesar de amar o euro-western, não acho que tivesse conseguido manter esta rotina, não fosse a pandemia Covid-19 e as consequentes imposições preventivas governamentais. Há que ver bem onde só parece haver mal. Evitem o contágio, fiquem em casa e vejam algum cinema!

4 comentários:

  1. Acho que ainda nunca vi a maioria desta lista de 30 filmes. O filme do dia 19 é um belo western, o do dia 16 já vi há muito tempo e já não me lembro de nada, o do dia 13 é Baztella puro e duro.
    "Kid, il monello del west" nunca vi mas acho que não quero ver, só para não me assustar!
    "La lunga cavalcata della vendetta", de Tanio Boccia, é uma cópia descarada de "Joko invoca Dio... e muori", de Antonio Margheriti.

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    1. Por acaso também me pareceu demasiado parecido, mas como o "Joko" é tão bom e este tão mau, não pensei muito no assunto. É estranho, porque os outros filmes dele são muito melhores que isto.

      O "Kid... " é de fugir a sete-pés. Destes, se te der na Gana acho que o que vais gostar mais é o "Sangue chiama sangue" e talvez o francês "Dans la poussière du soleil". O "El Zorro" também acho que te pode interessar mas não é um filme do gabarito do que fez o Duccio. Mas tem uma boa dose de aventura e achei o Ignazio Spala bem usado no papel do sargento.

      Não escrevi aí, mas o actor que mais me apareceu nestes trinta dias deve ter sido o Luis Induni. Acho que em todos eles, como xerife, impressionante.

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