06/06/2017

Take A Hard Ride (1975 / Realizador: Antonio Margheriti)


O que há a dizer sobre o filme “Cavalgada Fantástica” (título em Portugal)? Primeiro que tudo, é um registo que se enquadra muito mais numa matriz americana do que nas características europeias (leia-se, italianas). O veterano Lee Van Cleef, conhecido pelo seu nariz aguçado de falcão e pela sua calvície, apresenta-se aqui com uma longa cabeleira grisalha e nunca tira o chapéu. Jim Brown, ex-jogador profissional de futebol americano (jogou entre 1957 e 1966), já tinha alguns westerns no seu “curriculum vitae”. Fred Williamson é outro ator negro que abandonou a liga profissional de futebol americano (foi atleta entre 1960 e 1967) e dedicou-se ao cinema de ação. Brown e Williamson chegaram a protagonizar vários filmes policiais nos anos 70, a década dourada do chamado “Blaxploitation”. 

Brown e Williamson em evidência.

Tinha chegado a hora de fazerem um western juntos. O processo não foi nada fácil. O estúdio não queria ceder às exigências dos dois atores, que queriam um realizador negro a comandar. Finalmente chegou-se a um entendimento “não com um realizador branco, não com um realizador negro mas sim com um realizador cinzento”, como afirmaria anos mais tarde Antonio Margheriti. Digamos que entrou em vigor a neutralidade italiana (na pessoa de Margheriti) em vez da habitual e tão bem conhecida neutralidade suíça. 

Todos em digressão. 

A história centra-se em Pike (Jim Brown), um vaqueiro que, após a morte do seu patrão Bob Morgan (morte natural, imagine-se!), tem como missão levar o dinheiro do gado (86 000 dólares) à viúva. A notícia espalhou-se pela região (até no Velho Oeste há linguarudos) e muito pessoal vai atrás dele para lhe roubar as verdinhas. Tyree (Fred Williamson) é um jogador de cartas todo janota (ou “dandy”, como agora é moda chamarem a essa seita) que se une a Pike durante toda a viagem. O vaqueiro, além de perceber de gado, também percebe de artilharia. O finório, além de perceber de baralhos de cartas, idem. 

O cabeludo Lee Van Cleef. 

No encalço de ambos está também Kiefer, um caçador de prémios que o público nunca chega a entender o que realmente pretende. A dama em apuros é Catherine Spaak, que não se aproxima da ousadia e do carisma de atrizes como Raquel Welch ou Marianna Hill. Filmado nas Canárias e no Arizona, “Take a Hard Ride” tem três bons atores, um excelente realizador mas paradoxalmente é um filme pouco conseguido e pouco emocionante. Fraquinho, fraquinho…

3 comentários:

  1. Além de Brown e Williamson, há outros bons exemplos de atores negros que vingaram no cinema também eles saídos do desporto de alta competição.
    Carl Weathers foi jogador de futebol americano e dedicou-se a filmes de ação e o famoso Mr. T veio do wrestling para ser vilão em "Rocky III" e ser um dos protagonistas da célebre série de televisão dos anos 80 "The A-Team".

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  2. E podemos dizer que o próprio Quentin Tarantino também fez uma mistura entre "blaxploitation" e western: o filme "Django Unchained", protagonizado pelo ator negro Jamie Foxx.

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  3. Há bons filmes no saco da blaxploitation. A mim agradam-me sobretudo os que seguem a via do policial. Westerns blaxplaoitatio, nem tanto.

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