2.12.2013

La collera del vento (1970 / Realizador: Mario Camus)

“O quê?! Terence Hill interpreta um impiedoso assassino? E protagoniza uma ardente cena de sexo com uma mulher? E tem um trágico fim neste filme? Tens a certeza?!” Esta será a reação dos fãs de Terence Hill que o conhecem somente pelos seus trabalhos cómicos de pancadaria e acrobacias mas que ainda nunca viram este drama político de Mario Camus. Este cineasta pretendia fazer um filme de contornos políticos sobre a vida rural dos trabalhadores espanhóis e as desavenças entre estes e os patrões da burguesia. Um filme com claras tendências políticas de esquerda iria ter, à partida, grandes dificuldades em ser filmado e aceite na Espanha ditatorial do General Francisco Franco.

Como poderia a produção de Mario Cecchi Gori resolver este problema? De uma forma muito simples: dizer às autoridades que aquele filme era um western! E assim foi! “A Cólera do Vento” passou a ser classificado como mais um western europeu protagonizado pelo célebre Terence Hill, que nesse mesmo ano alcançaria o topo da sua carreira com “Lo Chiamavano Trinitá”.


O sul da Espanha no início do século XX é um local agitado. As lutas de classes entre patronato e trabalhadores estão ao rubro. Os lavradores estão descontentes com as suas condições de vida e de trabalho. Os patrões sentem-se incomodados porque paira no ar uma ameaça de rebelião e greves e para evitar isso recorrem a métodos radicais. A aristocracia decide contratar um assassino profissional para que este consiga localizar e eliminar o agitador político da região, ao mesmo tempo que infunde medo aos lavradores.

Marco, um implacável assassino, está prestes a executar a sua tarefa mas as coisas tomam um rumo diferente quando este se apaixona por Soledad, a lindíssima dona da pousada. Essa paixão louca muda a personalidade de Marco e coloca entraves à sua missão. Agora só há uma de duas saídas: ser profissional e levar o seu trabalho até ao fim ou abrir o seu coração e viver uma relação intensa mas simultaneamente perigosa!


Este terá sido, provavelmente, o último filme “sério” de Terence Hill. A partir daqui enveredou por projetos ligados à comédia dirigida a um público mais jovem. Embora interessante, ainda hoje é um dos trabalhos menos conhecidos da longa filmografia de Terence Hill.


Lobbys germânicos:




Filme completo (áudio em espanhol):

7 comentários:

  1. Filme muito interessante que apresenta uma faceta mais séria, como em “Viva Django”, de Terence Hill, que me agrada, aliás, há um Terence Hill antes e um Terence Hill depois de Trinitá, Terence Hill sempre demonstrou ser um ator de muitos recursos, trabalhando em comédias, dramas, peplums, musicais (não canta mas encanta) e foi presença regular na saga Winnetou. Quanto ao facto de convencerem os censores de que este filme é um western, só vem demonstrar a pouca inteligência de quem censurava. Mas ainda bem, permitiu-nos desfrutar de um bom drama rural embrulhado em manifesto político. Um filme a descobrir ou redescobrir. Por falar em interpretações sérias, recomendo um filme de Bud Spencer, um policial, chamado “Turim Negro”, “Torino Nera” no original, de 1972.

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    1. Já li umas coisas interessantes sobre esse "Turim negro" no blogue do Adrián Esbilla. Tenho de ver se encontro um torrent. Está anotado!

      --
      Pedro Pereira

      http://por-um-punhado-de-euros.blogspot.com
      http://destilo-odio.tumblr.com/

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  2. Naquela época, havia uma maneira de escapar sempre à censura das autoridades espanholas para quem quisesse filmar em Espanha: bastava dizer que o projeto era um western. Os censores não entendiam que um western pudesse ter qualquer conteúdo político. Para eles, westerns era somente cavalgadas e tiroteios... o que demostra realmente a pouca inteligência da censura, como já foi referido pelo António.
    Quanto a Terence Hill, só tenho pena de ele a partir de 1970 só ter feito filmes cómicos. Acho que daria um excelente vilão num western violento.

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  3. Belane deixou um novo comentário na mensagem "La collera del vento (1970 / Realizador: Mario Cam...":

    Bueno, les pasa a muchos actores que triunfan en la comedia y luego no saben cómo convencer al público de que pueden interpretar papeles serios. Terence Hill tiene empatía con el público y es normal que los productores lo quisieran explotar en un cine más comercial. Una lástima porque creo que podría haber hecho más cosas interesantes.

    Conocía este film de título y ahora que me han entrado ganas de verlo. ¡Gracias por colgar el enlace de la peli completa! Cuando tenga un rato, la veré.

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    1. Vi numa entrevista que foi o próprio Terence Hill a optar por fazer filmes mais comerciais e para um público jovem. Dizia ele que após o grande sucesso dos filmes "Trinitá" o passo certo seria continuar a apostar nos filmes de pancadaria cómica.

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  4. Respostas
    1. Yo tampoco entiendo porqué, pero no es la primera vez que recibo la notificación de nuevo comentario y en la pagina no está nada... muy raro!

      --
      Pedro Pereira

      http://por-um-punhado-de-euros.blogspot.com
      http://destilo-odio.tumblr.com/

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