17/09/2012

I cinque della vendetta (1966 / Realizador: Aldo Florio)

O ano de 1965 foi determinante para a industrialização do western-spaghetti. Filmes como “Per qualche dollaro in più”, “Un dollaro bucato”, “Adios Gringo”, “Una Pistola per Ringo” ou “Il ritorno di Ringo” registaram grande afluência de publico ás bilheteiras italianas, não seria pois de estranhar que o impulso lançado por estes primeiros sucessos levasse a uma exploração mais exaustiva do filão.

Um ano depois já eram produzidos filmes do género ás dezenas, muitos destes eram filmes desprovidos de grande interesse e vê-los passados mais de 40 anos do seu lançamento original pode revelar-se uma tarefa penosa.

Um dos filmes que sofreu degenerativamente com o passar dos anos é este “I Cinque della vendetta”. Uma primeira incursão de Aldo Florio no género, claramente influenciada pelo clássico do western americano “The Magnificent Seven”, de John Sturges.



O argumento do filme é tão simplista que irrita. Os Gonzalez tencionam dominar toda a região. O único entrave que lhes barra os planos é a casmurrice de um fazendeiro gringo, Jim Lattimer, o único que lhes faz frente. Razão pela qual acaba por ser fatalmente abatido pelos irmãos Gonzalez. É então que surgem na cidade cinco forasteiros, liderados por Tex (Guy Madison), dispostos a vingar a morte de Jim e assim devolver as terras à viúva Lattimer. Existirão percalços, e antes que consigam cumprir a sua missão são encurralados e deixados para morrer no deserto, mas safam-se e num ápice distribuem bordoada pelos tiranos e seus capangas.


A versão a que assisti não é mais do que um bootleg montado pelo fã do género Franco Cleef, rapazito que teve a paciência de mesclar uma fita alemã com boa qualidade de imagem, com outra proveniente do velhinho mercado de VHS. Resultado, conseguimos ver o filme numa versão mais alargada, mas que implica um rodopio constante entre imagens cristalinas do DVD alemão e imagens deploráveis do VHS americano. Não é coisa fácil de aturar mas acaba por ser um exercício educativo na medida em que permite entender a quantidade de tesouradas que o filme levou na versão exibida ao público germânico. Ainda que pessoalmente ache que num filme tão insípido nada do que se tinha cortado fazia realmente falta para o entendimento da história.

Aldo Florio voltaria ao western-spaghetti uma vez mais no início da década seguinte. Onde cozinharia uma bela homenagem ao seminal “Per un pugno di dollari” de Sergio Leone. Uma violentíssima história de vingança protagonizada por Fabio Testi e que provaria a existência de um sentido mais apurado por parte deste realizador italiano: “Anda muchacho, spara!”.


Mais alguns lobbys germânicos:



9 comentários:

  1. Aparentemente, este filme também poderia chamar-se OS CINCO MAGNÍFICOS, mas nesse caso já dava demasiado nas vistas e os problemas de direitos de autor agravar-se-iam.

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    1. Podia muito bem ser. O elenco até é bom mas a inexperiência do realizador nesta fase vem ao de cima. Não é um filme horrível mas não recomendo que percam muito tempo por aqui.

      --
      Pedro Pereira

      http://por-um-punhado-de-euros.blogspot.com
      http://destilo-odio.tumblr.com/

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    2. Nem parece ser o mesmo Aldo Florio que mais tarde realizou o magnífico "Anda, Muchacho, spara!", todavia, este filme acaba por ser mediano a roçar o menos bom mas longe de ser horrível. Apenas recomendável aos indefetíveis do género.

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    3. Acho que este foi mesmo o primeiro filme que ele realizou, o que explica a diferença de qualidade entre ambos. Aprimorou com o tempo, mas infelizmente para ele e para nós o tempo acabou também, para o western europeu digo.

      --
      Pedro Pereira

      http://por-um-punhado-de-euros.blogspot.com
      http://destilo-odio.tumblr.com/

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  2. Se formos a analisar com cuidado, são muito poucos os realizadores que nunca oscilaram entre filmes bons e filmes maus. Leone ou Tessari, de certo modo, conseguiram manter o mesmo nível. Corbucci, por exemplo, fez filmes geniais e logo a seguir fazia fantochadas sem pés nem cabeça! Aldo Florio também oscilou, tal como muitos outros...

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  3. Sim, foram poucos os que mantiveram sempre um nível alto nos seus spaghettis. Acrescento nesse grupo o Sergio Sollima e o Tonino Valerii.

    --
    Pedro Pereira

    http://por-um-punhado-de-euros.blogspot.com
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    1. Tenho um "problema" com Aldo Florio. Depois de "Anda, Muchacho, Spara!", sou muito mais crítico com o resto. É verdade que muitos realizadores não mantiveram o mesmo nível, mas isso, na minha opinião, também tem a ver com as oscilações do próprio género, ou seja, muitas vezes os realizadores quase que eram obrigados a fazer um filme à pressa para capitalizar ao máximo os favores do público.

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    2. Eu entendo isso também, mas a capacidade de não ceder a essas pressões comerciais também é um predicado que se quer num bom realizador. Não digo que fosse fácil, ontem tal como hoje é preciso ganhar dinheiro para por comida na mesa.

      --
      Pedro Pereira

      http://por-um-punhado-de-euros.blogspot.com
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  4. Ttalmente de acordo. Valerii e Sollima também mantiveram o nível dos seus filmes.

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