Depois de se aventurar na realização com a sequela da personagem Cjamango, “Chiedi perdono a Dio... non a me”, Vincenzo Musolino atira-se a um novo personagem. Desta vez presenteia-nos com um herói que tanto deve a Zorro como ao «homem sem nome». Num género repleto de pistoleiros trombudos saúda-se a introdução de um mexicano pé rapado como protagonista. O dito é Quintana, defensor da liberdade e principal oponente dos opressores locais. Qualquer semelhança com as aventuras originais de Zorro não será coincidência. Mas curiosamente este Quintana prefere o poncho à capa negra, poncho esse que não difere por aí além daquele que Clint Eastwood usa na série dos «dólares», mais uma vez, não terá sido uma coincidência. Aliás, esta não é a única situação paralela com os westerns de Sergio Leone. A páginas tantas um trio de caçadores de recompensas surgem trajados com gabardinas, em tudo idênticas ás dos três assassinos que abrem as hostes em “C'era una volta il West”. Antes disso a câmara vai passeando pelas ventas destes numa tentativa descarada de replicar a mítica introdução do filme de Sergio Leone. O resultado não é brilhante, sublinhe-se.
Um Zorro sem capa nem espada, mas com poncho e revolver.
O enredo é preenchido com pitadas de romance e luta pelos valores da liberdade. O vilão de serviço é Don Juan De Leyra (Aldo Bufi Landi), que subjuga com mão de ferro a população de um vilarejo algures no México. Nos tempos livres Don Juan corteja a belíssima e riquíssima Virginia De Leon (Femi Benussi), que estando enamorada por Manuel (Celso Faria) está-se nas tintas para ele. O manhoso regente usa então o seu poder e influência para mandar prender o prometido da cachopa, Manuel, chantageando-a então para que aceite casar com ele.
Lamento Don Juan: O amor não está no ar!
Este foi o segundo e último western realizado por Musolino, que faleceria pouco depois do seu lançamento. Musolino produziu, escreveu e realizou durante a sua curta carreira, sendo porventura esta ultima função, aquela que menos dominou. Nota-se que tentou dar um toque diferente no uso de planos, usando abusivamente câmeras inclinadas e outros pormenores, mas depois perde-se no excesso de perseguições a cavalo. Nesse aspecto, tendo o filme sido rodado em Itália, nota-se claramente o défice de boas localizações para cenas de exteriores, o que faz com que frequentemente sejam aplicadas transições de cena completamente incoerentes, não muito melhores daquilo que nos habituamos a ver nos filmes de Demofilo Fidani ou Gianni Crea.
Onde é que já vi isto?
Actualmente existem várias formas de ver o filme, mas como as edições DVD parecem estar já fora de circulação e isto também não está para gastar dinheiro em parvoíces, recomendo uma passagem pelo youtube, por exemplo aqui.
Este por acaso ainda não vi mas vou aproveitar o link aqui deixado para ver o coelho que Musolino tirou da cartola (deve ser um coelho muito magrinho, pelo que diz esta resenha).
ResponderEliminarDe realçar que tanto Celso Faria como Femi Benussi fizeram alguns filmes de série B (ou Z, depende do ponto de vista) com o mestre Demofilo Fidani.
Agora que já vi o filme já posso dizer mais umas coisas: este Quintana faz-me lembrar os pseudo-zorros de Romero Marchent (que também tinha um lenço preto a cobrir a cara e usava pistola em vez de espada).
ResponderEliminarO poncho é uma cópia rasca de Clint Eastwood. Pedro Sanchez desta vez não faz de mexicano gordo mas sim de frade. E porque este filme foi todo rodado em Itália aproveitaram para filmar algumas cenas na inevitável "Villa Mussolini", palco de várias sequências de muitos westerns italianos.
Mas o veredito final mantêm-se: este "Quintana" é um filme fraco.
A Femi está muito estranha com aquela peryca ridicula. Uma pena, porque aquela cara laroca costuma alegrar a coisa.
ResponderEliminar*peruca
ResponderEliminar