09/06/2015

Oggi a me... domani a te! (1968 / Realizador: Tonino Cervi)

Movido pela sede de vingança, Bill Kiowa reúne um grupo de homens rápidos no gatilho, para procurar e eliminar os patifes que lhe assassinaram a mulher. Uma quadrilha de «comancheros» liderados pelo algo psicótico James Elfego. O argumento vagamente baseado no provérbio latino «Hodie mihi, cras tibi» (1), foi escrito pelo então jovem jornalista Dario Argento e por Tonino Cervi, que também realiza. E como se percebe não resultou nada de complexo, seguindo o habitual mote do «homem em busca de vingança» que, como se sabe, foi usado na grande maioria dos westerns-spaghetti da década de sessenta. Mas apesar desse défice, tem ainda assim a curiosidade de introduzir alguns elementos do cinema de samurais, não faltando mesmo a presença de um dos mais reputados actores do género, Tatsuya Nakadai, que muitos reconhecerão dos filmes de Akira Kurosawa (incluindo os clássicos "Yojimbo, o Invencível", "Ran - Os Senhores da Guerra" e "Sanjuro").

Brett Halsey é Bill Kiowa. Qualquer semelhança com a figura de Django, é pura coincidência.

O actor nipónico interpreta o dito James Elfego, uma daquelas figuras extravagantes que não se esperaria num western clássico americano, mas que abundaram na corrente europeia. Não sei bem como se explicam aquelas feições asiáticas num grupo de «comancheros», mas afinal o que é que isso interessa ao comum dos mortais? Eu digo-vos: nada! O tipo é mau como as cobras, um pouco apanhado da marmita e está disposto a decepar aqueles que encontrar pelo caminho. Porra, acho que gosto disso!

Bud Spencer é O'Bannion, um dos seus primeiros personagens no western-spaghetti.

Uma personagem também algo curiosa é a de Bill Kiowa, o individuo passa cinco anos na prisão devido a uma cilada que Elfego lhe preparou. Tempo mais do que suficiente para planear a sua vingança e treinar a agilidade de movimentos. Até aí, tudo normal, mas uma vez cá fora parece que batemos de frente com Django. É que a carantonha de Brett Halsey é incrivelmente idêntica à de Franco Nero, e para ajudar à festa, a indumentária que lhe aplicaram é uma cópia quase exacta da do famoso pistoleiro do caixão. Estranhamente, e ao contrário de tantos outros «sotto-Djangos», este filme até acabou por viver longe dessa febre. O titulo proverbial, perdeu-se ainda assim na maioria das traduções, no Brasil por exemplo saiu como "A vingança pela honra", e em Portugal, "A vingança de Bill Kiowa".

Os sete magníficos, perdão, cinco!

Ao estilo de "Os sete samurais", temos um elenco recheado, com Jeff Cameron, Bud Spencer, William Berger e Wayde Preston. Todos eles actores que nos anos seguintes haveriam de ter emprego certo no western-spaghetti, mas que aqui se comportaram de uma forma demasiado precária. Uma pena, porque o filme é porreiro e com uma equipa destas poderia ser ainda muito mais.

1
hodie mihi, cras tibi 
(locução latina que significa "hoje a mim, amanhã a ti") 
locução O que me sucede hoje suceder-te-á amanhã a ti. 
"hodie mihi, cras tibi", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa


Mais alguma propaganda da época:



Trailer:

4 comentários:

  1. Parece-me clara a influência de "Os sete magníficos" neste filme embora o grupo seja composto por cinco e não por sete. Não sei bem qual a razão de incluir no elenco Tatsuya Nakadai como vilão mas diria que foi uma aposta para lucrar com o êxito mundial de "Yojimbo" em que Nakadai também é a mau da fita e que no final é derrotado por Toshiro Mifune.

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  2. Vi este filme no cinema, muito menino e muito moço, numa altura em que a dupla Trinitá e Bambino conseguiam ser mais famosos - ou pelo menos ombreavam - que os seus primos anti-heróis mais sisudos e muita gente ocorreu ao cinema por causa do... Bud Spencer. Curiosidades. Gosto deste filme mediano, mas cheio de acção, que cumpre o que promete. Entretimento puro e a entrada de Nakadai no elenco não surpreende nada porque o Western Spaghetti era extremamente popular no Japão, onde eram mais conhecidos com Macaronni Western (os japoneses preferem macarrão), e foi certamente uma forma de ganhar mais uns "yens".

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  3. A Cinemateca Portuguesa voltou a exibi-lo este ano no ciclo dedicado ao Sergio Leone (em parceria com a Festa do cinema italiano), mas não consegui ir vê-lo. Os horários não facilitavam a vida de trabalhador e para ajudar à festa, deram barraca logo no primeiro dia em que resolveram anular a exibição do "Por um punhado de dólares". Zanguei-me e já não fiz esforço para ir aos outros dias.

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  4. Essa iniciativa da Cinemateca foi muito interessantes mas quando vi quais os filmes em cartaz em sobretudo os horários percebi logo que era um erro. Em dias úteis as pessoas não podem abandonar os seus locais de trabalho a meio da tarde para ir ao cinema. No fim de semana deviam ter em consideração horários não tão tardios.

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