1.13.2015

Corri uomo corri (1968 / Realizador: Sergio Sollima)

Manuel “Cuchillo” Sanchez é um personagem criado por Sergio Sollima, realizador de renome e homem de esquerda. Sollima não quis um herói taciturno, veloz e imbatível nos momentos cruciais com a pistola. Cuchillo é um simples homem do campo, um pobre peão mexicano tagarela que não usa armas de fogo porque, segundo o cineasta, “é demasiado primitivo para isso”. Embora seja ignorante em letras Cuchillo também tem armas valiosas: a sua astúcia, a sua perspicácia, a sua capacidade de reação e… o manejo perfeito de facas. A vida de Cuchillo é tudo menos faustosa e vive uma relação de altos e baixos com a bela Dolores. Um pequeno delito leva-o à prisão onde partilha a cela com Ramirez, um intelectual que apoia o movimento revolucionário e a queda do atual governo.

Ambos conseguem fugir e Ramirez já tem em mente um plano: resgatar o ouro escondido para financiar a revolução. O destino é cruel e Ramirez é morto a tiro sem poder revelar o segredo, conseguindo apenas mencionar a cidade de Barton City. Cuchillo encaminha-se para lá mas o trajeto está cheio de obstáculos. Estará a revolução mexicana nas mãos de um mísero e insignificante peão?

Sergio Sollima não seguiu o caminho da esmagadora maioria dos seus colegas. Fez muito poucos westerns porque ele próprio achava que o subgénero já tinha perdido a credibilidade. Dizia que o que começou por ser uma bonita forma de arte depressa se tornou numa paródia que nunca mais podia ser levada a sério. Em “Corri Uomo Corri” os intérpretes cumprem sem mácula o seu papel: Donald O’Brien como pistoleiro / mercenário americano, José Torres como intelectual / poeta, John Ireland como líder de um grupo revolucionário, Nello Pazzafini como brutamontes e Tomas Milian a liderar como “Cuchillo”.

Uma nota de destaque para as duas belezas femininas deste filme na pessoa de Linda Veras e Chelo Alonso. Conclui-se então que Cuchillo tinha dois amores: uma loira e uma morena, tal como diziam as imortais palavras de Marco Paulo!


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Trailer:

7 comentários:

  1. Tomas Milian foi um ator muito ativo em westerns de cariz político mas ironicamente sempre defendeu que a profissão de ator nunca deve interferir com os ideais políticos. Quem tinha uma opinião totalmente diferente de Milian era o consagrado ator Gian Maria Volonté.

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  2. Uma curiosidade: Tomas Milian adotava uma postura quando interpretava estes papéis de mexicano fala-barato e adotava outra postura quando fazia outros papéis. Por exemplo, quando foi chamado por Giulio Questi para protagonizar "Se Sei Vivo Spara" Milian dizia que tentou fazê-lo de uma maneira que lhe lembrava estar a interpretar "Hamlet".

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  3. A música deste filme ficou a cargo de Bruno Nicolai. A canção intitulada "Espanto en el corazon" foi cantada por Tomas Milian.

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  4. NENHUM DOS CINEASTAS QUE EXPLORARAM A REVOLUÇÃO MEXICANA NO CICLO ÍTALO-ESPANHOL CONSEGUIRAM FAZER UMA GRANDE OBRA. NEM MESMO SERGIO LEONE. DESTAQUE PARA A ATUAÇÃO DOS ATORES, UM DELES, GIOVANNI NELLO PAZZAFINI - UM DOS GRANDES VILÕES DO GÊNERO - NO PAPEL DE UM CHEFE DE QUADRILHA MEXICANA. CHELO ALONSO, A BELÍSSIMA CUBANA DOS ÉPICOS ITALIANOS, COMPARECE JÁ SEM A SUA LENDÁRIA BELEZA. A MÚSICA É DE ENNIO MORRICONE, ASSINADA PELO AMIGO E MAESTRO BRUNO NICOLAI.

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    1. O filme do Damiano Damiani é no meu ponto de vista, o melhor exemplar desse género.

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