9.14.2009

Se sei vivo spara (1967 / Realizador: Giulio Questi)


Apesar do título internacional (Django, Kill!), aqueles que pensam que é uma sequela do filme de Corbucci estão enganados! Aqueles que no universo dos westerns-spaghetti só gostam da obra de Sergio Leone ficarão desapontados! Se esperam acrobacias mirabolantes (Parolini), explosões espectaculares (Carmineo) ou até mesmo algum humor e comédia (Barboni), esqueçam! Este filme é exactamente o oposto! O único western de Questi é tido por muitos (incluindo eu) como o mais violento e estranho western-spaghetti da História! Aqui vale tudo (arrancar olhos também) e se os índices de violência e sadismo deste filme ainda hoje impressionam, imaginem a “tourada” que não terá sido no seu ano de estreia (1967). Mas parece que o objectivo de Questi era esse mesmo: Chocar a audiência através do comportamento selvagem e animalesco que o ser humano pode atingir!

O início de cariz fantasmagórico e sobrenatural, com o protagonista (Tomas Milian / Django) a reerguer-se do mundo dos mortos, tal qual um “zombie”, dá o mote a 120 minutos de violência, sadismo, ganância, traição, homossexualidade e sangue! Tudo começa quando um grupo de bandidos americanos e mexicanos assaltam um carregamento de ouro. Contudo, a facção ianque não quer partilhar os lucros e consequentemente “despacham” os seus sócios no meio do deserto, onde só o protagonista Django se safa. Esse mesmo bando de malfeitores chega a uma cidade mas depressa se deparam com indivíduos muito piores que eles! Todos são mortos, os cadáveres pendurados em praça pública e o ouro vai secretamente para os bolsos de dois ilustres cidadãos, o puritano Hagerman e Tembler, o dono do hotel. Como se não bastasse, o influente rancheiro mexicano Sorro desconfia da marosca e mete-se ao barulho, juntamente com o seu bando de homossexuais assassinos, violadores e tarados (que o diga Evans, interpretado por Ray Lovelock)! Enquanto isso, Django chega à cidade, toma uma posição mais ou menos passiva no desenrolar da história mas não sem antes ser crucificado e torturado numa cela com iguanas e morcegos! No final, ninguém fica com o ouro, alguns maus morrem, alguns muito maus também morrem e os outros a seguir (o que vem a seguir de muito maus?) ficam impávidos e serenos a ver os seus vizinhos morrerem queimados vivos!


O elenco revela caras conhecidas do mundo dos westerns-spaghetti. À cabeça vem Tomas Milian, bem (ou mal) acompanhado por Piero Lulli, Roberto Camardiel, Marilu Tolo, Ray Lovelock e muitos outros figurantes mal-encarados, brutamontes ou, pura e simplesmente, com ar rude e tresloucado! Mas, a bem da verdade, não é assim em todos os westerns italianos? A ideia inicial de Giulio Questi era fazer um thriller violento. No entanto, na segunda metade dos anos sessenta, na Itália, o western dava cartas na indústria cinematográfica do país e os produtores acharam que esta seria uma melhor forma de encaixar mais dinheiro. Questi foi um veterano de guerra e quis transpor para o filme algumas das más recordações que o conflito lhe proporcionou, nomeadamente o lado animalesco e violento do ser humano quando se sente ameaçado! A censura teve mão pesada, o filme foi proibido em alguns países e noutros sofreu um drástico corte nas cenas mais violentas, passando do original de 120 minutos para uns estúpidos 100 minutos ou menos!


Este filme ocupa um lugar de honra nas minhas preferências devido à sua originalidade mas sobretudo à sua dureza e violência explícita, algo que aprecio muito em westerns. Hoje em dia é muito fácil comprar uma edição DVD na internet (cuidado com as versões censuradas!), em sites de vários países, mas para não variar, em Portugal nem sombras! Comprei a versão francesa integral que se chama “Tire Encore Si Tu Peux”, com áudio em francês e no original italiano. As legendas só estão disponíveis em francês. É-nos apresentado no belo formato letterbox 2:35:1 e tem boa qualidade de imagem e som. Aconselho este filme àqueles que gostam de westerns-spaghetti duros, violentos e realistas. Não aconselhável a pessoal sensível e facilmente impressionável. Estritamente proibido a devoradores compulsivos de telenovelas e filmes cor-de-rosa!


9 comentários:

  1. Viva Emanuel!

    Lembro-me de termos falado deste filme numa noite de copos à já cerca de um ano atrás. Depois dessa conversa encomendei a versão da Argent Films, que está completa e tem áudio em inglês. Esta edição inclui também alguns extras interessantes (trailer, entrevista com Giulio Questi e Ray Lovelock; e introdução de Alex Cox). Concordo quase a 100% com a tua visão sobre o filme, mas não faz parte das minhas preferências pessoais. Este é sem dúvida o mais estranho dos spaghettis que vi, só comparável a "Os quatro do Apocalipse".

    Não posso também concordar com a utilização abusiva do titulo Django num filme em que personagem Django nem vê-la. Um clássico de usurpação tão típica neste nicho! Naqueles filmes protagonizados por Anthony Steffen até entendo que se use o nome da personagem, nesses as histórias podem divergir da linha Corbucci/Baldi, mas os desempenhos fechados de Steffen apontam sempre para o imaginário negro e sujo de Django.

    De todos os títulos que este filme ganhou ao longo dos tempos o que mais me agrada é o espanhol, "Oro Maldito", bem mais adequado e que derivará do original italiano "Oro Hondo" (mas parece-me que nem aí tenha sido comercializado com esse título).

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  2. Só gostava de acrescentar que Giulio Questi fazia parte de uma corrente de realizadores intelectuais que desdenhavam o género western e viam-no como um género menor, tal como Puccini que realizou uma versão muito particular da história de Romeu e Julieta em A FÚRIA DE JOHNNY KIDD. O filme acaba por ser interessante e original e apesar de lhe reconhecer muitos méritos, está longe de ser um dos meus favoritos.
    Na altura da sua estreia, como era de esperar, foi arrasado pela crítica, mas hoje tornou-se um filme de culto.
    Em Portugal foi lançado com o título:
    DJANGO MATA

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  3. Quero agradecer ao António Rosa, além do seu óptimo comentário,o facto de me ter iluminado sobre uma dúvida que tinha: O título em português deste filme! Obrigado!
    Concordo também contigo, Pedro, naquela altura houve um excessivo uso do nome "Django" em muitos filmes apenas para encaixar mais dinheiro e exposição!

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  4. Posso dizer o mesmo sobre o comentário do amigo António. Não fazia ideia até hoje, e devo dizer que nem o SWDB continha essa informação. Algo que rectifiquei pessoalmente! Está aí o link:

    http://www.spaghetti-western.net/index.php/Se_sei_vivo_spara

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  5. Normalmente eu é que ponho os títulos portugueses no SWDB, mas este por acaso não meti e vou actualizando também alguns no blog do Tom Betts.
    Gostava de agradecer aos dois as palavras simpáticas, é muito bom trocar ideias com admiradores do género.
    um abraço

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  6. Nós é que agradecemos António. É sempre bom saber que o amigo passou por aqui e deixou a sua opinião!

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  7. Película muy censurada y cortada en su versión en España.

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  8. Pelo que tenho lido por aí essa edição da Divisa de que o Julio Alberto fala é de fugir, mas parece-me que está já descontinuada. Valha-nos isso. Com um pouco de sorte será reposta por uma versão completa!

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