25/07/2021

La bataille de San Sebastian (1968 / Realizador: Henri Verneuil)


Estamos em 1746, México. Leon Alastray, um rebelde sem causa irrompe adentro de uma igreja à procura de refúgio. Atrás dele seguem uma catrefada de soldados espanhóis desejosos de lhe afinfar o pêlo. O padre Joseph, clérigo em funções no local dá-lhe guarida e recusa-se liminarmente em entregar a custódia do homem. Sem tardar e como paga, o seu superior manda-o ir pregar lá para a terra onde o diabo perdeu as botas. Numa aldeia chamada San Sebastian. Sem nunca perder a cara e a crença, o velho padre aceita a decisão e faz-se ao caminho, mas não sem levar o rebelde oculto sobre a sua carroça. 

Este Uber não é nada confortável, vai levar uma avaliação negativa!

Nos dias seguintes os dois homens enfrentam os desafios do deserto e a chegada ao destino não é de todo certa. No entanto, mesmo em extrema dificuldade lá conseguem atingi-lo. Acontece que mal chegam ao lugarejo, são imediatamente emboscados pelos homens de Teclo (Charles Bronson), um mestiço que mantém a população sobre um clima de temor constante. No breve conflito que se dá nesse momento, o padre acaba fatalmente ferido e o rebelde é confundido pelos aldeões como homem de Deus, tornando-se assim, por mero acaso, no novo padre de San Sebastian.

Anthony Quinn, actor de mão cheia com créditos tanto em grandes produções, como em menores veículos de acção, é evidentemente o rebelde de que falo. E meus amigos: ele rouba claramente o show com a sua personagem! O engraçado é que não tinha de ser assim. É que como antagonista principal temos outro astro em ascensão na época: Charles Bronson! Mas infelizmente, mesmo que a personagem de Bronson tenha um papel relevante no desenrolar da trama, nunca chega a ser devidamente dissecado… O que representa um perfeito desperdício de talento! Isto afecta a qualidade intrínseca do filme, na minha opinião.  

Leon escapa aos soldados mas não a Teclo.

Há quem defenda que este filme não entra no saco dos westerns-spaghettis, mas tecnicamente faz sentido considerá-lo. A saber: a produção é de facto europeia. Neste caso partilhada entre franceses e italianos e até somos brindados com uma banda sonora do maestro Ennio Morricone! De resto, pouco paralelo existe entre ele e o estilo do “nosso” western, devendo muito mais ao western tradicional americano. E que não haja dúvidas: o filme é extremamente deficitário no que respeita a pistoleiros e duelos. Em vez disso temos uma trama que em certos momentos mais parece um filme de aventuras ou uma variação de “Os Sete Magníficos” e do seu antecessor, “Os Sete Samurais”, dado que também aqui os aldeões são ensinados a defender os seus pertences por um profissional. O opressor adaptou-se para um bando de índios yaquis esfomeados. Et voilá!

Quer Anthony Quinn, quer Charles Bronson haveriam de continuar a fazer perninhas entre Hollywood e Europa. Quinn ainda protagonizaria mais um western-spaghetti, “Los Amigos”, em que contracena com o astro italiano Franco Nero, mas o filme não é lá grande espingarda. Nesta passagem pelo velho continente, quem teria o maior impacto seria o tio Bronson, a quem lhe sairia um verdadeiro jackpot, ao elencar pouco tempo depois naquele que muitos consideram o pináculo do western-spaghetti (e do western no geral), “Aconteceu no Oeste”.

Leon engendra um esquema para obter armas para a resistência de San Sebastian.

Ora vá-se lá saber como, “Os canhões de San Sebastian”, está editado no mercado Português (trata-se de uma edição ibérica na verdade), lançada pela Cine Digital no já longínquo ano de 2009. A edição vem munida de áudio francês e espanhol, com legendas opcionais em português. A qualidade de imagem é fraquinha e não a recomendaria a menos que tivesse num daqueles cestos do Jumbo a 1€. Curiosamente agora que peguei na caixa, reparei que o selo do IGAC da minha cópia indica ser a Nº1. Olha a minha sorte! 

Tal como o último filme resenhado aqui no blog, este também passou no mais recente ciclo western da Fox Movies Portugal. A versão transmitida não é muito melhor do que a da Cine Digital, diferindo sobretudo no idioma apresentado, desta em inglês com legendas em português. Mas se são defensores do formato físico, então saibam que ainda há dias atrás foi lançada pela mão da Warner Brothers Archive Collection, uma versão bonitinha em glorioso HD. 

3 comentários:

  1. Algumas curiosidades que escaparam ao texto. O filme foi realmente filmado no México, as localizações usadas são impecáveis.

    Outra. O papel principal esteve para ficar nas mãos de um outro astro, Gregory Peck.

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  2. Nos anos 60, Anthony Quinn fez alguns filmes em Itália que merecem destaque. Diria que o mais carismático é "Barrabás", um filme épico cuja ação acontece depois da crucificação de Jesus, e que conta com a presença de outro ator americano que também fez alguns spaghettis: Jack Palance.

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    1. Um actor fabuloso. Hoje em dia olho para o espectro do trabalho dele total, mas em jovem para mim era actor sinónimo de bad ass.

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