10.04.2020

Sei bounty killers per una strage (1973 / Realizador: Franco Lattanzi)

Sábado de manhã em Portalegre. A esposa está a trabalhar, o miúdo foi para os avós, lá fora não bastasse o bicho mau do Covid-19, ainda parece que alguém deixou o forno ligado e tanto tempo para matar sem nenhum DVD ou “pen drive” à vista. Um zapping rápido na TV cabo só resulta em filmes da tanga. É então que brota a brilhante ideia de ir escarafunchar o YouTube, agora pejado com propostas de episódios do Pocoyo, Patrulha Pata e que tais. Magano do puto, não bastava ter confiscado a televisão e agora já me condiciona o feed online! 


O bando de Frank.

Uma cavadela ou duas e dá para perceber que a presença de westerns-spaghetti nessa plataforma tem crescido a olhos vistos, o difícil foi parar o scroll e decidir qual filme começar a ver. Excluídas revisões, acabo eventualmente por clicar num tal de “Sei bounty killers per una strage”, que até já tinha intenções de ver desde que me cruzei com o paupérrimo “Il giustiziere di Dio” numa dessas noites de confinamento forçado. Tinha-o na calha por mero completismo, entenda-se, não há lógica que explique o que leve um comum mortal a enfrentar dois filmes do Franco Lattanzi num curto espaço de tempo!


Este comparsa viu os filmes todos do Lattanzi, nunca mais foi o mesmo.

A acção desenrola-se em Abilene, uma cidade fortificada que está sob domínio de um tal de Frank (mais uma interpretação patética de Donald O'Brien). Ora qual juiz Rob Bean, Frank decide interpretar a lei conforme lhe convém,  e se dois caçadores de recompensas capturarem e entregarem um qualquer bandido na sua cidade, são eles que correm sério risco de vida! E muito bem, libertem-se os pulhas e condenem-se os captores. E se não concordarem com a sentença, combine-se um duelo, mas não contem que as vossas armas estejam carregadas, portanto rezem mas é as vossas orações!


Adeus meus cabrõezitos.

A produção é evidentemente pobre, suportando-se na reciclagem do tal “Il giustiziere di Dio”, de onde repesca grande parte do elenco, cenários e porventura até algumas cenas (não estive assim tão atento para confirmá-lo). Tal como nesse filme, o maior destaque é a dose mastodôntica de bad acting, que julgo ter sido ainda mais acentuada pela dobragem anglo-saxónica. Franco Lattanzi só começa a carreira nos anos 70, uma época de acentuado crepúsculo do género e onde a fasquia tinha sido relegada para mínimos históricos, talvez por isso não tenha sentido o peso da responsabilidade e tenha realizado os seus filmes às três pancadas. Mas também podia ter sido um pouco mais autocrítico, poupando-se à humilhação publica. 


Donald O'Brien entrega um dos seus piores papéis no género.

Voltando à trama. O dito Frank, enceta uma emboscada a uma diligência escoltada pelo exército e os soldados vão todos desta para melhor. Já as viajantes, esposa e filha do governador, são feitas reféns. Um pedido de resgate é endereçado, mas o governador é demovido do pagamento. Em vez disso é-lhe proposto que premei um grupo selecto de caçadores de recompensas para que eles executem o resgate e aniquilem o bando. A sinopse não é ruim, obviamente uma variação do que vimos por exemplo em “Uma Razão para Viver, Outra para Morrer” (lançado um ano antes), mas com a diferença significativa na falta de qualidade de execução. Não adiantou para o assunto ter tido Robert Woods e George Wang no elenco, uma dupla que teve uma boa interacção em “Una colt in mano al diavolo” de Gianfranco Baldanello, lançado também em 1973. 


O que é que eu estou aqui a fazer?

Mas que se lixe, precisava de matar tempo e tempo matei! E com este riscado da lista só me resta ver o terceiro e último western do senhor Franco Lattanzi, o tal que parece emular o clássico de David Lean, “A Ponte do Rio Kwai”. Mas afinal é um crossover entre western e artes-marciais, esse sabe-se lá como até teve lançamento em Portugal como “O Tigre do Rio Kwai” e até tenho uma versão francófona arquivada algures, mas não creio que tenha estômago para o ver tão  depressa.

8 comentários:

  1. O canal do YouTube de onde vi o filme é um tal de Grjngo - Western Movies, que tem dezenas de spaghettis com dobragem internacional e também um ou outro com versão protuguês-br. Para assistir a este, algo que desaconselho, é só seguir esse link:
    https://youtu.be/EBI7TChfYl8

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  2. Like you I watched this one as a completist. Yeah it's bad in every way except concept. Sorry to tell you TIGER FROM THE RIVER KWAI is just as bad. Gordon Mitchell told me the kung fu fighter who was the star did not know how to hold back throwing punches for the camera and Gordon took many a real blow during filming. Best of luck.

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    1. Poor Gordon Mitchell, taking from a Joe nobody.
      Well I guess I'll keep those well buried on the pile.

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  3. Há dois tipos de westerns-spaghetti fracos: os que são tão maus que até se tornam bons e os que são tão maus que até metem medo! Os westerns de Lattanzi pertencem à segunda categoria.
    Robert Woods, que entra neste filme, diz que não se lembra de nada absolutamente!
    Franco Lattanzi realizou apenas 4 filmes (3 deles westerns). Digamos que apenas pessoal que regula mal (como nós) se dá ao trabalho de ver a sua obra!

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    1. Verdade. Vou deixar a resenha do terceiro western dele à tua responsabilidade. Não quero ficar como o comparsa aí da imagem.

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    2. O comparsa da imagem é uma mistura entre o Zé Povinho (por causa da barba) e os vírus dos desenhos animados "Era uma vez o corpo humano" (esses vírus tinham as sobrancelhas coladas de uma ponta à outra).

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  4. Vi o "Tigre do Rio Kwai" no cinema nos anos 80, acho eu, e mesmo quando naquela idade marchava tudo, este nunca me enganou, é mesmo mau. Este, vi há alguns anos numa cópia manhosa que me chegou às mãos. É mesmo muito mau. Isto de ser completista obriga-nos aver tudo... :)

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