Deus cria-os, Dean Read mata-os! E ainda arranja tempo para nos cantar o tema "God Creates Them, I Kill Them".
Mas a categoria do supracitado, "Sugar Colt", é francamente superior. Giraldi como profundo conhecedor das manhas do género, soube bem como transformar uma ideia estapafúrdia num mini-clássico. Ainda assim, não descartem já este intento. "Dio li crea... io li ammazzo!" é um daqueles westerns em que há mais conversa do que propriamente tiroteio e porrada, coisa que demoverá alguns, porém interessa também exaltar as coisas boas, como é o caso do trabalho de fotografia de Sergio D'Offizi, francamente acima da média.
Dean Reed suposto espião na vida real, interpreta ele próprio uma espécie de 007 do western-spaghetti.
O papel principal do filme foi entregue a Dean Reed, que a rapaziada mais velha reconhecerá também de outras andanças. Reed iniciara anos antes da sua chegada a Itália, uma carreira enquanto cantor. Algo que lhe valeu fama em alguns países, nalguns terá mesmo atingido um reconhecimento popular superior ao do próprio Elvis Presley, imaginem só! As suas ideologias politicas valeriam-lhe a apropriada alcunha de Red Elvis. Bianchini relembra em entrevista incluída na "Koch Media - Italowestern Enzyklopädie No.2", as fortes convicções comunistas de Reed, que ao que as más línguas dizem, ter-se-à tornado espião e silenciado por tais actos. Os mais paranóicos acreditam que o seu suicídio foi mais um daqueles embustes que nos habituámos a ver nos filmes de espionagem da guerra-fria. Existe um documentário interessante sobre a vida do actor (Der rote Elvis), em que tudo isto se aborda mas francamente pareceu-me inconclusivo.
Fora de conspirações, o que a nós nos interessa é a habilidade do americano no manejo do revolver e afins. E amigos, nas cenas de acção a cavalo, o americano não falha. Pode até parecer irrelevante mas são estes pormenores que permitem que o realizador use planos mais elaborados e não aquelas filmagens manhosas a um quilómetro de distância, para esconder as fuças de um duplo qualquer.
O tal DVD da Koch Media é excelente, o filme apresenta-se com uma imagem cristalina e com opções áudio para todos os gostos (inglês, italiano, alemão) e ainda a dita entrevista com o realizador, documentários, galerias e trailers. A edição aparece em formato pacote e contém ainda os filmes: "California", "Dio non paga il sabato", e "Campa carogna... la taglia cresce". Valeu os malvados euros!
Mais propaganda da barbarolândia:
Eu também já tive a oportunidade de ver o documentário "Die Rote Elvis". Dean Reed era realmente muito acarinhado nos países do Leste da Europa. A sua morte nunca foi bem esclarecida.
ResponderEliminarÉ verdade que os tempos eram outros e a informação que chegava às massas era muito pouca mas é muito irónico Dean Reed apregoar liberdade e democracia na ex-União Soviética!
Deveras estranho!
EliminarPelo que li nesta resenha Dean Reed tinha capacidade física para ser ele próprio a fazer cenas mais arriscadas, nomeadamente cavalgadas velozes.
ResponderEliminarOutros atores, nessas circunstâncias, teriam usado imediatamente um duplo (Anthony Steffen e Lee Van Cleef, por exemplo).
Yap. Noutros filmes já o tinha notado, mas neste é por demais evidente. Pena que depois tenha aquela pinta de canastrão.
EliminarE Dean Reed ainda contribuiu para a banda sonora do filme com a canção "God creates them, I kill them".
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