Poder-se-ia dizer que a vigésima participação nesta rubrica foi sacada a ferros. Pois é, o nosso amigo Caio de Freitas Paes, blogger responsável pelo HQ Subversiva, baldou-se durante algum tempo mas a introspecção vê agora a luz. Sigam o blogue do Caio em http://hqsubversiva.wordpress.com e fiquem então a conhecer quais os seus westerns-spaghetti favoritos:
Bem, depois de uma demora de mais de um ano, finalmente criei vergonha na cara e decidi elencar os spaghettis da minha vida. Em primeiro lugar, claro, ressalto que é uma honra ter sido convidado a fazer minha singela lista de filmes essenciais do gênero – que vocês verão, logo abaixo, que é dominada pela trinca de Sergios (Leone, Corbucci e Sollima).
Meu primeiro contato com o spaghetti western foi nos áureos tempos de Sessão da Tarde, aqui no Brasil, na primeira metade dos anos 90: a dupla Terence Hill e Bud Spencer dominava as tardes da molecada, recheando a tela com bom humor e belos sopapos aqui e acolá. Não tinha como não gostar! Já muitos anos depois, na metade dos anos 2000, já acompanhava com mais afinco a sétima arte. Gostava muito dos filmes de ação, e não me lembrava em particular de nenhum western. Eis que meu pai chega, ostentando uma cópia em DVD de "Por Uns Dólares a Mais", me dizendo que era um ótimo filme, que eu precisava ver. Minha vida, a partir dali, nunca mais seria a mesma.
Depois de "Per Qualche...", procurei outras obras de Leone, e depois vieram os de Corbucci, Castellari, Sollima, Barboni... sei que ainda tenho muitos spaghettis a ver. E muitos para rever, com certeza, por toda a minha vida. Espero que gostem da minha lista e que, claro, me perdoem por deixar tantas obras-primas de fora, porque apenas 10 filmes são pouco pra traduzir meu amor pelos spaghetti!
Meu primeiro contato com o spaghetti western foi nos áureos tempos de Sessão da Tarde, aqui no Brasil, na primeira metade dos anos 90: a dupla Terence Hill e Bud Spencer dominava as tardes da molecada, recheando a tela com bom humor e belos sopapos aqui e acolá. Não tinha como não gostar! Já muitos anos depois, na metade dos anos 2000, já acompanhava com mais afinco a sétima arte. Gostava muito dos filmes de ação, e não me lembrava em particular de nenhum western. Eis que meu pai chega, ostentando uma cópia em DVD de "Por Uns Dólares a Mais", me dizendo que era um ótimo filme, que eu precisava ver. Minha vida, a partir dali, nunca mais seria a mesma.
Depois de "Per Qualche...", procurei outras obras de Leone, e depois vieram os de Corbucci, Castellari, Sollima, Barboni... sei que ainda tenho muitos spaghettis a ver. E muitos para rever, com certeza, por toda a minha vida. Espero que gostem da minha lista e que, claro, me perdoem por deixar tantas obras-primas de fora, porque apenas 10 filmes são pouco pra traduzir meu amor pelos spaghetti!
Os 10 favoritos:
Não o considero a obra suprema do mestre Leone, mas este filme tem um valor sentimental inestimável para mim. Inúmeras sequências inesquecíveis, a melhor trilha sonora de Morricone (na minha opinião), uma trinca de peso com Wallach-Eastwood-Cleef, diálogos memoráveis e, para mim, a melhor sequência da história do cinema: o final apoteótico.
02 | C'era una volta il West | Sergio Leone | 1968
Racionalmente, não hesito em afirmar que este é um dos filmes mais perfeitos de toda a história do cinema. Personagens bem desenvolvidos, narrativa cativante, trilha sonora soberba e nenhuma, repito, nenhuma cena “gratuita”. O filme é redondo, extenso e maravilhoso. Não à toa ficou por mais de dois anos em cartaz em um cinema francês à época de seu lançamento. Quisera eu ter tido a oportunidade de vê-lo na telona...
03 | Keoma | Enzo G. Castellari | 1976
Da extensa e variada filmografia de Enzo Castellari, Keoma é dos seus melhores filmes. Uma história extremamente poderosa condensada num filme que marcaria o gran finale do western spaghetti – não que os filmes do gênero tivessem sido encerrados, mas já estavam em uma curva descendente de qualidade e sucesso de público. Castellari fulmina o espectador com diversas cenas memoráveis, com câmeras lentas dignas de Sam Peckinpah e um clímax sensacional. Destaque também para o elenco estelar, com William Berger, Olga Karlatos, o veterano Woody Strode e, claro, o inigualável Franco Nero.
04 | Faccia a faccia | Sergio Sollima | 1967
Encabeçado pela trinca Tomas Milian, Gian Maria Volonté e William Berger, Sergio Sollima realiza um western politicamente engajado e sensacional. A história do professor pacifista e do revolucionário violento que são colocados no mesmo rumo e alteram um ao outro é maravilhosa! E, como não poderia deixar de ser, o final também é memorável.
05 | Il grande silenzio | Sergio Corbucci | 1968
Corbucci foi, sem sombra de dúvidas, um dos diretores mais sombrios, pessimistas e engajados do spaghetti. E Il Grande Silenzio é, talvez, seu conto mais triste, cru e poderoso. As gélidas montanhas, Klaus Kinski personificando um dos piores vilões que já vi no cinema, um protagonista calado pela violência e brutalidade do mundo personificado por Jean-Louis Trintignant e um dos finais mais poderosos do gênero. Genial.
06 | Un Dollaro Bucato | Giorgio Ferroni | 1965
Giuliano Gemma é, aqui no Brasil, um dos ícones para os fãs do “bangue-bangue à italiana”, como o spaghetti é conhecido por estas bandas. Pra mim, este é o seu melhor filme, com certeza: uma trilha inesquecível de Morricone, e uma grande história de vingança. Sem, claro, deixar de lado a crítica às aparências que a sociedade cria. Filmaço!
07 | Per qualche dollaro in più | Sergio Leone | 1965
Outro filmaço na conta de Leone. Depois de “fundar” o gênero, o italiano experimenta mais, ousa mais e o faz com maestria! Cleef, Volonté e Eastwood encabeçam o elenco poderoso do filme, que mostra uma grande história e ainda contém o “ensaio” do triello visto em "Good Bad Ugly". E, além disso, tem valor inestimável para mim: por causa dele que amo o spaghetti.
08 | Il Mercenario | Sergio Corbucci | 1968Sou dividido entre este filme e "Vamos a Matar, Compañeros". Há muitas semelhanças entre ambos, mas acho os personagens deste aqui mais bem criados e desenvolvidos por Corbucci. É dos filmes essências do chamado Zapata western, claro, tão típico de Corbucci. Destaque para o duelo na arena de touradas, e a trilha (mais uma vez) magistral de Morricone.
09 | La resa dei conti | Sergio Sollima | 1966
Numa terra tão vasta, onde as aparências falam por si só, como descobrir a verdade, quando ela escapa do óbvio ululante? Sollima trabalha com estas questões de forma sensacional neste western, encabeçado por ninguém menos que Milian e Van Cleef. A trilha de Bruno Nicolai e Morricone é das melhores que já ouvi, e o filme tem sequências sufocantes e inesquecíveis, como a perseguição nas áridas montanhas do Oeste e, claro, os duelos. Cuchillo é, com certeza, o personagem mais esguio do cinema!
10 | I giorni dell'ira | Tonino Valerii | 1967
Lee Van Cleef e Giuliano Gemma protagonizam uma grande história que envolve não apenas vingança, como também a relação mentor-aprendiz. Com uma trilha sonora sensacional feita por Riz Ortolani, e ótimas sequências – como o duelo a cavalo -, "Giorni dell’ira" é outro filmaço! Valerii, que fora diretor de segunda unidade de Leone em "Por um Punhado de Dólares" e "Por uns Dólares a Mais", mostrou que aprendeu bem com o mestre.
Joker: O super-herói do Velho Oeste!
Ehi amico... c'è Sabata, hai chiuso! | Gianfranco Parolini | 1969
O grande Lee Van Cleef que, em Hollywood, sempre fora ator coadjuvante, encontrou nos faroestes italianos seu oásis. Teve o destaque que lhe era merecido e, para mim, "Sabata" é dos seus filmes mais divertidos. O personagem que dá nome ao filme, vivido por Cleef, é praticamente um super-herói do Oeste! Inteligente, esguio e certeiro com suas inúmeras pistolas, Sabata é dos personagens mais legais do spaghetti western, com certeza.
A evitar: Nem sempre grandes nomes garantem bons filmes...
Los Amigos | Paolo Cavara | 1972
Um spaghetti encabeçado por nomes do quilate de Franco Nero e Anthony Quinn não pode ser ruim, certo? Errado! O filme tem uma narrativa completamente sem-pé-nem-cabeça, os personagens são extremamente mal trabalhados, o “humor” da obra é sem graça e nem a ação compensa! Tive que vê-lo em duas ocasiões diferentes para tentar gostar do filme: não consegui. Péssimo!
Menções especiais: Mesmo sem caber na lista, aqui vai minha menção especial a outros grandes spaghettis que merecem atenção!
...E per tetto un cielo di stelle | Giulio Petroni | 1968
Das sequências iniciais mais lindas e poderosas do spaghetti.
Per un pugno di dollari | Sergio Leone | 1964
Por dar início ao gênero, e, de quebra, mostrar ao mundo quem eram Leone, Morricone e Eastwood.
Lo chiamavano Trinità | Enzo Barboni | 1970
Deu início ao spaghetti mais cômico; mesmo que este possa ter sido o “início do fim” da época áurea dos faroestes italianos, é uma bela comédia, e a dupla Spencer-Hill é hilária!
Da uomo a uomo | Giulio Petroni | 1967
Vingança, bruta, poderosa, à cavalo!
Menções especiais: Mesmo sem caber na lista, aqui vai minha menção especial a outros grandes spaghettis que merecem atenção!
...E per tetto un cielo di stelle | Giulio Petroni | 1968
Das sequências iniciais mais lindas e poderosas do spaghetti.
Per un pugno di dollari | Sergio Leone | 1964
Por dar início ao gênero, e, de quebra, mostrar ao mundo quem eram Leone, Morricone e Eastwood.
Lo chiamavano Trinità | Enzo Barboni | 1970
Deu início ao spaghetti mais cômico; mesmo que este possa ter sido o “início do fim” da época áurea dos faroestes italianos, é uma bela comédia, e a dupla Spencer-Hill é hilária!
Da uomo a uomo | Giulio Petroni | 1967
Vingança, bruta, poderosa, à cavalo!
Um honra poder falar dos spaghettis de minha vida, amigos, obrigado pela oportunidade!
ResponderEliminarDjango, nem em menções???
ResponderEliminarPara surpresa de todos: não. Sei de toda a importância de Django, sei de seus valores, mas não acho que seja melhor que qualquer um destes filmes que citei, acreditam? Hehe
ResponderEliminarMais uma lista interessante sem grandes surpresas. Quero apenas salientar que a música de UN DOLLARO BUCCATO não é da autoria de Morricone mas sim de Gianni Ferrio.
ResponderEliminarBola fora minha, camarada; de qualquer forma, o que vale é a música! =)
ResponderEliminarVerdade, é mesmo muito boa. Nada escapa ao olho de águia do Emanuel.
ResponderEliminarDa lista do Caio o filme que menos me recordo é o "Los amigos", com o qual não me cruzo desde os tempos do vhs. A falta de memórias talvez corrobore a posição que mereceu neste artigo...
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Pedro Pereira
http://por-um-punhado-de-euros.blogspot.com
http://auto-cadaver.posterous.com
O meu olho de águia é bom porque tenho óculos, caso contrário era mais difícil...
ResponderEliminarLa lista es excelente. Creo que es la primera vez que veo "E per tetto un cielo di stelle" en el top, aunque sea en mención especial, jaja. Me alegro, la verdad.
ResponderEliminarNo he visto "Los amigos". ¿De verdad es para evitar?
Holla Belén,
ResponderEliminar"E per tetto un cielo di stelle" se menciona también en las preferencias de Felipe M. Guerra. Creo que esta peli no es una favorita debido al carácter cómico que adopta. Pero su empiezo si es grandioso.
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Pedro Pereira
http://por-um-punhado-de-euros.blogspot.com
http://auto-cadaver.posterous.com
Grade Lista é tudo o que tenho a dizer.
ResponderEliminarQuanto ao "E pert tetto..." gostei mais do "A train to Durango" com o Steffen
Abraço
vitor Louçã
Já somos dois.
ResponderEliminar--
Pedro Pereira
http://por-um-punhado-de-euros.blogspot.com
http://auto-cadaver.posterous.com
Uma lista bem dentro dos padrões do gosto geral no eurowestern. Percebe-se que o Caio gosta especialmente do Zapata Western. Outra coisa que chama a atenção e lembra a minha lista é que ele escolhe levando muto em conta seu gosto pessoal, algo um pouco mais emotivo, não uma lista do que ele considera o melhor mesmo no gênero.
ResponderEliminarAbraço!
Lemarc
Salve, pessoal! Pois é, minhas escolhas dialogam muito mais com impressões, sentimentos e sensações que estes filmes suscitam em mim. Até porque vejo o cinema desta forma, como uma arte que dialoga com nossas emoções, nossos momentos. E sobre "per tetto", é interessante notar que a sequência inicial é de uma beleza ímpar, a toada do filme se modifica completamente - pendendo para o lado cômico - e, mesmo assim, o filme acerta em ambos quesitos. Sobre "Los Amigos": evitem, mesmo! Para mim, o filme é incrivelmente ruim, e seus personagens sofrem com uma extrema falta de carisma.
ResponderEliminarCinema sem emoção é como uma lista da mercearia, as palavras têm a única função de de nos guiar nas compras, e como eu detesto fazer compras, um filme, pelo contrário, e se bem interpretado, guia-nos através de outros mundos, de outras realidades, traz-nos heróis e vilões, amor e comédia, música e silêncio, o bonito e o feio, a riqueza e a pobreza, e , sobretudo, a arte de nos maravilhar com uma realidade efémera, é verdade,a mera duração de um filme, mas que nos emociona ou diverte conforme o género. E sim, o início de "E per Tetto...", é dos momentos mais belos com que o western europeu nos brinda.
ResponderEliminarAmigo Caio, a sua lista é óptima e não deixe de se emocionar com o cinema, a mentira mais bela de todas, e lá de vez em quando, também acontece, vemos coisas tão más que o sonho se torna pesadelo, mas mesmo aí, ás vezes é bom vermos algo mau para valorizarmos o que é bom.
Um abraço
Perdona, Pedro, no lo había visto. Pensaba que era la primera vez que salía "E per tetto..." en las listas. Sí, todos de acuerdo con lo del inicio. Aunque yo le veo más valores, por ejemplo la pareja protagonista. Los demás títulos de la lista son peliculones.
ResponderEliminarEngraçado como Django está aparecendo pouco nestas listas.Se há um filme que representa tão bem o SW,quanto os de Sergio Leone,esse filme é Django.
ResponderEliminarEi,Caio de Freitas, sabe o que você é? Um grandessíssimo apaixonado pelo Western Spaghetti como eu. Parabéns pela sua lista, existem coisas sublimes nela. As impressões e emoções falam realmente muito forte,não tem para onde correr. E mais uma vez a justiça foi feita coma escolha de "O dólar furado" que ficou fora de muitas listas. Viva o Eurowestern.
ResponderEliminarAnos depois creio que minha lista seria um pouco diferente e também descrita de outra forma. Mas é bom ver que ainda amo esses filmes e sustento a emoção e as sensações que eles já me suscitaram. Viva o spaghetti!
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