Esta rubrica tem sido até aqui preenchida em exclusividade por bloggers com declaradas ligações afectivas para com o western europeu, mas por ora baralhamos um pouco as coisas e abrimos um precedente que esperemos que se volte a repetir num futuro próximo. Isto é, passámos o testemunho a um ávido coleccionador de filmes do género – Vitor Louçã – uma das figuras omnipresentes no fórum de discussão Spaghetti Western Data Base. Pois bem, fiquem com os pareceres do Vitor e aqui fica também o desafio a outros fãs do género, façam-nos chegar as vossas participações!
Bom, a minha relação com os SW começa muito cedo, com o primeiro filme que vi no cinema, cinema ambulante diga-se de passagem. Daqueles que andavam de terra em terra no interior do país com as velhas máquinas de 35mm a levar o cinema a quem não vivia nos grandes centros urbanos. O que não era o meu caso, mas os fins-de-semana eram passados na bela aldeia da Fajarda (concelho de Coruche) e foi lá que com 6 ou 5 anos de idade vi o meu primeiro filme “Por Um Punhado de Dólares”, do mestre Leone. Durante muito tempo não soube que filme era, apenas mais tarde quando o revi novamente é que confirmei que se tratava do primeiro Western do mestre Leone.
É claro que só já mais velho me interessei por cinema em geral, mas mesmo em criança sempre vi muitos filmes, graças a boa política editorial do nosso velhinho “2”, canal da RTP nos tempos em que apenas existiam dois canais públicos. Um deles foi “O Bom, o Mau e o Vilão”, e escusado será dizer que fiquei impressionado, e ainda antes da era digital tentei ver e adquirir o máximo possível dos filmes do mestre.
Para ser sincero para escolher algo da minha vida só poderia escolher um, e nesse caso seria “O Bom, o Mau e o Vilão”, existem vários amores ao longa das nossas vidas, mas para mim apenas um é o da minha vida - o tal - tal como no amor tal como nos SW. De qualquer modo e considerando uma escala de qualidade, muito provavelmente teria que escolher outros que não estão presentes na presente lista, ainda mais do Leone certamente (“Aconteceu no Oeste” provavelmente o melhor SW de todos os tempos, mas curiosamente não o que eu gosto mais), outras obras do Corbucci como “The Great Silence”, “Cemitery without Crosses” entre outros. Mas estes dez foram vistos por mim antes da era do digital, há mais de 10 anos na TV ou alugados no clubes de vídeo e por isso tenho mediante eles um carinho especial, e como tal por causa desse - diga-mos - certo sentimento de nostalgia, acabaram por ser estes os escolhidos. Em conclusão os Spaghetti Western são provavelmente o subgénero mais interessante do cinema, verdadeiramente Europeus, verdadeiramente Americanos, Universais todos eles.
Os 10 favoritos:
Bom, a minha relação com os SW começa muito cedo, com o primeiro filme que vi no cinema, cinema ambulante diga-se de passagem. Daqueles que andavam de terra em terra no interior do país com as velhas máquinas de 35mm a levar o cinema a quem não vivia nos grandes centros urbanos. O que não era o meu caso, mas os fins-de-semana eram passados na bela aldeia da Fajarda (concelho de Coruche) e foi lá que com 6 ou 5 anos de idade vi o meu primeiro filme “Por Um Punhado de Dólares”, do mestre Leone. Durante muito tempo não soube que filme era, apenas mais tarde quando o revi novamente é que confirmei que se tratava do primeiro Western do mestre Leone.
É claro que só já mais velho me interessei por cinema em geral, mas mesmo em criança sempre vi muitos filmes, graças a boa política editorial do nosso velhinho “2”, canal da RTP nos tempos em que apenas existiam dois canais públicos. Um deles foi “O Bom, o Mau e o Vilão”, e escusado será dizer que fiquei impressionado, e ainda antes da era digital tentei ver e adquirir o máximo possível dos filmes do mestre.
Para ser sincero para escolher algo da minha vida só poderia escolher um, e nesse caso seria “O Bom, o Mau e o Vilão”, existem vários amores ao longa das nossas vidas, mas para mim apenas um é o da minha vida - o tal - tal como no amor tal como nos SW. De qualquer modo e considerando uma escala de qualidade, muito provavelmente teria que escolher outros que não estão presentes na presente lista, ainda mais do Leone certamente (“Aconteceu no Oeste” provavelmente o melhor SW de todos os tempos, mas curiosamente não o que eu gosto mais), outras obras do Corbucci como “The Great Silence”, “Cemitery without Crosses” entre outros. Mas estes dez foram vistos por mim antes da era do digital, há mais de 10 anos na TV ou alugados no clubes de vídeo e por isso tenho mediante eles um carinho especial, e como tal por causa desse - diga-mos - certo sentimento de nostalgia, acabaram por ser estes os escolhidos. Em conclusão os Spaghetti Western são provavelmente o subgénero mais interessante do cinema, verdadeiramente Europeus, verdadeiramente Americanos, Universais todos eles.
Os 10 favoritos:
01 | Per un pugno di dollari | Sergio Leone | 1964
O início da lenda Leone SW começa aqui, já existiam produções de SW anteriores mas nada como o que Leone fez neste filme. Para mim também foi o início, o primeiro SW que vi (curiosamente também o primeiro filme que me lembro de ver). Tudo o que haveria de ser melhorado nos filmes seguintes (a cinematografia, a profundidade das personagens, a historia) está aqui, não diria em bruto, mas em fase germinal. A adaptação de um filme de outro mestre Kurosawa para um western foi em si um toque genial que marcava a diferença para os outros SW da altura, mais afiliados a tradição clássica dos western, e Eastwood já era sublime.
02 | Il buono, il brutto, il cattivo | Sergio Leone | 1966
O SW da minha vida, filme genial intemporal, sujeito a todas as interpretações, mas sempre actual. Tudo é perfeito, os actores não poderiam ser outros, a banda sonora é soberba, e aquela cena final com o “trielo”, simplesmente magnífico, nunca uma banda sonora colou de modo tão perfeito a imagens de um filme como se fossem um só. Não há muito a dizer, é uma obra-prima do cinema mundial e está tudo dito. Daqueles filme que parece que nunca acabámos de ver, pois parece que nunca o visualizamos. Na realidade não há palavras com que eu possa descrever este filme lendário, obra-prima maior.
03 | Giù la testa | Sergio Leone | 1971
Por muitos considerado o filme mais fraco de Sérgio Leone, eu considero que está ao nível do seu génio. Coburn e Steiner estão perfeitos, o desenvolvimento das personagens é talvez o melhor nos filmes de Sérgio Leone. Gosto sobretudo do tom não diria pedagógico do filme mas quase, o seu ritmo lento é o adequado para a transmissão de uma mensagem não apenas politica mas humanista, em que acima das Revoluções estão os homens, muito diferente do Tomas Millian a fugir dos Federales portanto. Uma obra-prima por mérito próprio de um mestre com saber consolidado que arriscou novamente fazer algo diferente. Ahhh, magnifica banda sonora.
04 | Django | Sergio Corbucci | 1966
A quinta-essência do SW encontra-se aqui, fora da genialidade dos produtos do Leone, temos a genialidade do SW “normal” por assim dizer. Trata-se de um filme magnífico a história de vingança tão inerente ao género é aqui filmada de modo magistral. O melhor SW do Franco Nero para mim. A cena inicial é ela própria a definição do Western Spaghetti. O melhor Spaghetti só com actores do velho continente.
05 | ¿Quien sabe? | Damiano Damiani | 1967
No geral sempre gostei dos filmes do Damiani, um cineasta muito político mas inteligente ao mesmo tempo e com alguns filmes de bastante qualidade. Mais que apenas um típico Zapata SW, é uma sátira muito bem feita sobre a política mundial nos anos 60, filmada com o pretexto da Revolução Mexicana. É também para mim a melhor performance do Gian Maria Volonté num SW, e isso já é dizer muito. Conta também com uma magnífico argumento do Franco Solinas que é metade do filme, para mim um dos melhores filmes dentro do género.
06 | Lo chiamavano Trinità | Enzo Barboni | 1970
Vou ser sincero, falando de um nível puramente cinematográfico ou estético para ser mais bonito, não é certamente dos meus SW favoritos. Mas algumas vezes podemos pensar com a cabeça e outras vezes com o coração, e este é um dos casos que o coração ganha, Trinitá é um personagem mítico em Portugal, bem como praticamente todos os filmes da dupla Terence Hill/Bud Spencer. Só as brincadeiras de miúdo depois de ver o Trinitá no grande ecrã, obrigava-me a colocar nos 10 SW da minha vida. Ahh, e juntamente com a de Baretta, foi uma as minhas alcunhas de infância.
07 | Preparati la bara! | Ferdinando Baldi | 1967
Terence Hill provavelmente porque não havia Franco Nero, numa historia mais ou menos repescada de “O Bom, o Mau e o Vilão” e obviamente de “Django”, que se torna num puro-sangue, 100% SW por direito próprio e para mim num clássico dentro do género. Acho que Hill nunca mais viria a repetir o estilo agressivo que apresenta neste filme, o que é uma pena, é talvez a sua melhor actuação em SW. Daqueles filmes que nos faz apreciar ainda mais o género. Uma palavra também para Baldi que consegue criar um filme com um ritmo bastante único partindo do Django original. Muitas vezes não é necessário ser único ou original, basta fazer as coisas bem feitas.
08 | La Resa dei conti | Sergio Sollima | 1966
Ahh! Lee Van Cleef a perseguir Tomas Millian num México em convulsão revolucionária, o que se poderia pedir mais a Sollima? Só que fizesse um grande filme, e é exactamente isso que estamos a falar, um clássico dentro do género. As personagens principais são complexas, a mensagem política é transmitida de modo brilhante, não há como dar a volta o efeito da mesma é como um soco na cara directo. Melhor Spaghetti de Sollima sem sombra de dúvida para mim, é um grande filme daqueles que nunca nos cansamos de ver, e de ouvir a espectacular banda sonora do mestre Morricone, simplesmente genial.
09 | Quei disperati che puzzano di sudore e di morte | Julio Buchs | 1969
Este é o único filme da lista que não tenho em DVD/Vídeo, apenas o vi na TV. Trata-se de um SW puro, com a trilogia perfeita, actor Norte-Americano Almeria/Andaluzia, e história de Vingança. Neste último aspecto está entre os melhores, poderia perfeitamente ser o meu Joker mas aprecio bastante este filme, Borgnine e Hilton estão muito bem e a cena final é espectacular. Não sei se Fulci esteve ou não envolvido neste filme, mas é me indiferente. Querem um bom SW com sangue na guelra, entender o que é o género? Então vejam “A bullet for Sandoval”.
10 | E Dio disse a Caino... | Antonio Margheriti | 1969
E claro entre os 10 não poderia faltar um com o Kinski, neste caso não sendo o vilão como é habitual, mas como o herói ou melhor dizendo anti-herói. É um filme poderoso, Margheriti filma-o como se se trata-se de um filme de terror clássico, com paciência num ritmo lento mas perfeito na sua caminhada inexorável até ao final. Um clássico para mim, daqueles SW para visualização nocturna de preferência em dias de tempestade.
Joker: Sobrevivência a qualquer custo!
Condenados a vivir | Joaquin Luis Romero Marchent | 1971
Não se trata de um filme genial longe disso, agrada-me antes de mais a violência e o niilismo do filme, aliás violência não desprovida de sentido pelo modo como Marchent filma a história sobrevivência a qualquer custo. Não existem nem bons nem heróis, só maus e como tal nem maus existem só vontade de viver. De qualquer modo os créditos do argumento incluem Santiago Moncada pelo que ultra violência e terror seriam de esperar. Trata-se um dos SW que sempre gostei.
A evitar: O pior!
Se t'incontro, t'ammazzo | Gianni Crea | 1970
Bom, para mim os SW são como as mulheres, mesmo nas menos bonitas há sempre algo de…bom, por isso é que são mulheres. Com os SW passa-se o mesmo. Estive tentado a escolher outros filmes com valores de produção mais elevados e actores mais consagrados mas que por alguma razão me desiludiram bastante. Mas fui pelo caminho mais fácil do Crea ou do Fidani ou de um Siciliano, em que é fácil bater. Trata-se uma produção pobre, com actores de duvidosa qualidade artística, mas sinceramente nem sei se é o pior SW que já vi, de qualquer modo se fosse outro filme qualquer nem chegava a meio, mas sendo um SW vejo sempre até ao duelo final.
Desta lista, apenas 2 filmes são desconhecidos para mim (nº 9 e o filme a evitar). Não há dúvida que já lá vai o tempo em que a RTP dava filmes de qualidade a horas decentes. Hoje é praticamente impensável passar um western-spaghetti na televisão portuguesa! Para terminar, gostei da sugestão que o amigo Vitor deu sobre E DIO DISSE A CAINO, porque é realmente um filme que deve ser visto numa noite fria de tempestade de Inverno!
ResponderEliminarDe referir antes de mais que é um orgulho muito grande, poder dar o meu contributo para esta magnifico blog, aproveito para dar grax...os parabéns ao seus autores.
ResponderEliminarRefiro ainda que as minhas escolhas foram antes de mais com o coração, nos ultimos 5 anos vi mais SW que durante toda a minha vida, assim antes de mais optei por aqueles que vi há pelo menos mais de 10 anos, no fundo acabaram por ser os mais marcantes, os que me fizeram apaixonar pelo o genero.
Um abraço
Vitor Louçã
O prazer é todo nosso sócio! Fiquei surpreendido por teres colocado o LOS DESESPERADOS na tua lista, porque era até há bem pouco tempo era um dos westerns protagonizados pelo George Hilton que me faltava conferir. De resto acho que é natural que tenhas escolhido aqueles filmes que viste em puto, pela mesmíssima razão escolhi na minha "listinha" o tesourinho CHAMAM-ME ALELUIA.
ResponderEliminarPassando à frente, acho que todos os 10+1 merecem ser vistos ou revistos por quem se interessa pelo género. E também vou aceitar a proposta de assistir ao E DIO DISSE A CAINO numa noite de temporal!
E vocês que nos lêem fiquem sabendo que o Vitor é provavelmente o Português que mais filmes europeus deve ter conferido ao longo da vida. Espero que um dia publiques essas memórias nalgum lado!
A ver se nas festas do Barrete Verde passas por Alcochete para finalmente podermos beber um caneco juntos. Abraço!
--
Pedro Pereira
http://por-um-punhado-de-euros.blogspot.com
http://auto-cadaver.posterous.com
http://filmesdemerda.tumblr.com
Muy buena lista. Yo también puse a Trinidad por la misma razón. No es que sea uno de los mejores spaghetti westerns, de hecho, históricamente se considera como el inicio del eurowestern humorístico (y declive), pero es mítico ¡y ya está!
ResponderEliminarPor otra parte, me gustaría ver "Condenados a vivir". Me gusta el estilo de Romero Marchent.
Trinitá faz parte da memória colectiva de pelo menos duas gerações. Na minha casa as cassetes VHS foram alugadas algumas vezes e se a isso somar as vezes que os filmes passaram nas tardes de fim-de-semana da antiga TVI (4), chego à conclusão que os vi mais de 10 vezes.
ResponderEliminar--
Pedro Pereira
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Uma grande lista a do Vitor. Dela, só acho mais fraco o 6, mas, como disseram já, tem sua importância para o gênero. Há duas performances desta lista que, pra mim, são impagáveis: a de Rod Steiger em Giù la testa e do Eli Wallach em Il buono, il brutto, il cattivo. Boas demais mesmo.
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