28/07/2009

Dio perdona... Io no! (1967 / Realizador: Giuseppe Colizzi)


Não sei como justificar, mas a verdade é que vi este filme pela primeira vez apenas no final do ano passado. Em miúdo até fui apreciador da dupla Hill & Spencer, mas com o passar dos anos criei alguns anticorpos aos seus filmes e acabei por renegar a obra inicial destes. Não fora o gentil Scherpschutter - ávido divulgador do western spaghetti na internet, onde mantém forte colaboração nos excelentes The Spaghetti Western Database e Fistful of Pasta - ainda não seria desta que daria o benefício da dúvida a este filme. Cronologicamente, Dio perdona... Io no! (1967) surge depois de algumas investidas de Terence Hill e Bud Spencer noutras andanças, marcando assim o início da famosa dupla nos grandes ecrãs (permitam que desconte para esta contagem o épico Annibale (1959)). Este encontro poderia muito bem nem ter acontecido, já que segundo reza a história, Peter Martell terá sido o eleito para o papel de Cat Stevens, sendo substituído à última da hora por Hill, que à data não tinha protagonizado nada de grande interesse. E tudo isto, alegadamente, após uma perna partida de Martell e supostas agressões à sua namorada.


Dio perdona... Io no! serve também como pontapé de saída para a trilogia spaghetti de Giuseppe Colizzi. E desenganem-se aqueles que esperam ver aqui aquele punhado de cenas hilariantes e pancadaria à parva. Dio perdona... Io no! é acima de tudo um filme sério, violento e com um enredo muito bem esgalhado - cortesia do próprio Colizzi e de Gumersindo Mollo. Girando à volta das personagens Cat Stevens (Terence Hill), Hutch Bessy (Bud Spencer) e Bill San Antonio (Frank Wolff); e consistindo na demanda de um pistoleiro mal-encarado (Terence Hill) e de um agente contratado por uma seguradora lesada (Bud Spencer), em busca de um carregamento de ouro roubado de um comboio. Isto supostamente por um tal Bill San Antonio, a marca do “trabalho” assim o indica, mas há um pequeno problema que se coloca aos nossos dois heróis, já que Bill San Antonio teria supostamente morrido há muito pela mão do próprio Cat Stevens. E mais não digo! Apesar de um bom desempenho geral dos protagonistas deste spaghetti, à que reconhecer o papel de Frank Wolff (Il grande silenzio, C'era una volta il West, Ammazzali tutti e torna solo) na pele de vilão. Wolff apresenta-se em grande estilo e acaba por dominar o ecrã - esta é na minha opinião uma das suas melhores interpretações, se não a melhor de todas.


Ao que parece existem por aí algumas versões com dobragem bem deslocada das falas iniciais, levando o filme para o universo cómico que a dupla popularizou no grande sucesso de Lo chiamavano Trinità (1970) - deste vos falarei mais tarde. Felizmente a cópia Holandesa da DFW, que me veio parar às mãos, pelo trenó do “pai natal” Scherpschutter (muito obrigado amigo!), ainda que dobrada em Inglês, não opta por este caminho, mantendo a linha orientadora do projecto original. Posteriormente Colizzi voltaria por mais duas vezes às personagens Cat Stevens e Hutch Bessy, em I quattro dell'Ave Maria (1968) e La collina degli stivali (1969), mas o seu talento tem limitações óbvias e estes têm certamente interesse bem mais reduzido. Este é muito provavelmente o melhor filme da dupla Hill & Spencer. Recomendável!

6 comentários:

  1. falar Pedero, esse é um ótimo filme e também como a dupla começou a dupla, engraçado não sabía que papai noel em Portugal era chamado de pái natal, interessante, abraços

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  2. É mesmo Artur! Entendemo-nos todos na mesma, mesmo com estas pequenas diferenças linguísticas!

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  3. Concordo plenamente, é o melhor filme do casal.

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  4. Deus perdoa, eu não! (1967)

    Dio Perdona, Io No! (Itália)
    God Forgives, I Don’t! (EUA)
    Direção: Giuseppe Colizzi
    Com: Terence Hill, Bud Spencer, Frank Wolff

    Por Rafael Hansen Quinsani
    O Filme de Giuseppe Colizzi traz a dupla consagrada no Spaghetti Western, Terence Hill e Bud Spencer, como Cat Stevens Hutch Bessy numa história pontuada por toques cômicos, mas que não extrapolam para o humor mais pastelão de outros filmes. Em “Deus perdoa, eu não!” o humor aparece um tanto mais sutil, numa trama que ironiza alguns elementos caros ao oeste e ao western estado-unidense. A história retrata como os dois personagens centrais tentam se apossar do ouro roubado pelo bando de um poderoso fora da lei, Bill San Antonio (na presença marcante de Frank Wolff), que acabou massacrando todos os passageiros de um trem, para que não restassem testemunhas. Giuseppe Colizzi desenvolve sua seqüência inicial, narrando e descrevendo todo o funcionamento de uma locomotiva, decompondo as tomadas. Em seguida, numa mesa de Poker, novamente diversos ângulos descrevem o ambiente e permitem traçar um paralelo com a seqüência anterior numa espécie de meta-linguagem do Spaghetti Western. Os dois personagens centrais fogem um pouco do outsider não maniqueísta mais freqüente no gênero. Cat Stevens se apresenta como um herói mais astucioso e ardiloso, que usa a inteligência para superar situações adversas. Já Hutch Bessy usa a força típica da masculinidade e virilidade do caráter ocidental. Quando os dois são capturados pelos vilões, são torturados antes de conseguirem fugir e se vingar, numa espécie de estágio que lembra o purgatório. Agrega-se aqui, as referências sacras presentes no filme e ressaltadas pela música de Carlo Rustichelli.
    O duelo final traz elementos criativos na sua execução e na sua estética. Quando os dois fogem com o ouro, o toque irônico final fica por conta da charrete usada para a fuga. Dois outsiders, Robin Woods caracterizados como pioneiros que constituíram a América.
    Disponível em VHS no Brasil, curiosamente o filme está em Widescreen! Fato raro na era das fitas de vídeo. Recomendado.

    http://www.imdb.com/title/tt0061576/

    fonte:

    http://dollarirosso.blogspot.com/2007/05/deus-perdoa-eu-no-1967.html

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  5. Este era o primeiro filme da dupla Hill & Spencer, que daria ao western italiano um novo fôlego (e um novo rosto) nos anos seguintes. Mas esta não é uma comédia: é um filme escuro, sinistro e violento. Abre com uma cena magnífica: uma festa de boas-vindas espera a chegada de um comboio, mas quando este chega não pára, e prossegue, embatendo na barricada no final da linha. O comboio parece vazio, mas na realidade foi roubado, e todos os passageiros foram massacrados, com excepção de um. Um homem ferido que foi deixado a morrer e, aparentemente, perdeu os sentidos.
    É uma cena desconfortável, dando o tom para a atmosfera sinistra do filme. Pouco depois, sabemos que o único sobrevivente viveu o tempo suficiente para dizer o nome do ladrão que roubou o comboio a um homem chamado Hutch, que trabalha como investigador de uma companhia de seguros. O nome, Bill San Antonio, pertence a um homem que se acredita ter morrido num duelo com um pistoleiro chamado Cat Stevens. Hutch pensa que Cat também quer descobrir o que está a acontecer, e propõe que unam forças, mas Cat prefere trabalhar sozinho. Ele deixa Hutch e parte em busca de Bill San Antonio, com Hutch no seu encalço. Quando Cat é capturado pelos bandidos, Hutch salva a sua vida. Agora, os dois homens unem-se "para roubar o dinheiro roubado" do bandido sádico e aniquilar o seu bando num confronto final.
    O realizador Colizzi já andava a pensar num western-thriller há alguns anos, mas o projeto só tomou a forma final depois dele ter passado algum tempo com Leone, tanto no set como durante a pós-produção de "O Bom, o Mau e o Vilão".O título do filme era para ter sido "Il Gatto, Il Cane e la Volpe" (O gato, o cão e a Raposa) mas Colizzi tinha vendido os direitos a um produtor, Fulvio Lucisano, que entretanto tinha escolhido outro realizador. Entretanto, Colizzi comprou os direitos de volta, e auto nomeou-se realizador. Queria lançar um actor fortemente construído para a parte do Cão, em contraste com o elegante e bem parecido Peter Martell, que iria interpretar o Gato. Pensou em Carlo Pedersoli, um ex-campeão de natação, que representou o país nos Jogos Olímpicos, e tinha entrado em alguns filmes na década anterior. Quando a equipa de produção já se encontrava em Espanha para iniciar a rodagem do filme, Martell teve uma discussão com a esposa e partiu um dedo do pé ou ou uma perna. Oficialmente, Martell partiu um dedo do pé, quando deu um pontapé numa cadeira durante uma briga inútil com a esposa, mas de acordo com algumas testemunhas, ele partiu uma

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  6. perna quando caiu das escadas do hotel espanhol, depois da sua esposa lhe ter dado um tabefe, porque ele a andava a enganar.
    Colizzi tinha assim, apenas dois meses para fazer o filme e o trabalho não poderia ser adiado. Voou para Roma para encontrar um substituto, e, segundo dizem, Mario Girotti foi recomendado a Colizzi por Manolo Bolognini, o produtor de Django (que conhecia Girotti da produção de "Little Rita of the West"). Tanto Pedersoli como Girotti foram convidados a escolher um nome para o mercado internacional. Girotti escolheu o nome a partir de uma lista que foi lhe foi entregue, aparentemente porque TH eram as iniciais da sua mãe, e ficou Terence Hill. Pedersoli não preciou de lista: Spencer Tracy era o seu actor preferido e estava a segurar uma garrafa de Budweiser quando foi convidado a inventar um pseudo-nome. Assim ficou Bud Spencer.
    O argumento trai a história por causa de múltiplas escritas e reescritas. Devido a uma série de flashbacks e reviravoltas, os telespectadores precisam de muita atenção para acompanhar a história. Mas toda esta comoção não pode esconder que o script é uma espécie de releitura do filme de Leone "For a Few Dollars More", de dois homens com diferentes métodos a unir forças (primeiro relutantemente, depois, com todo o coração), enquanto perseguem um bandido psicopata. No entanto, a conclusão do filme, está mais próxima de "O Bom, o Mau e o Vilão", ecoando o triello do cemitério de "Sad Hill". O título original foi abandonado, mas a idéia dos três personagens contrastantes, simbolizados pelos nomes de animais, é ainda perceptível: Hill é o gato, que sobe a telhados, ágil e rápida; Spencer o cão tenaz, seguindo uma trilha, Wolff a raposa, manhoso, traiçoeiro e sanguinário. Embora Hill e Spencer não sejam realmente utilizados como um duo, há alguns lampejos de química, anunciando algo que acontecerá num futuro próximo. Mas o filme definitivamente pertence a Frank Wolff, como o ruivo Bill San Antonio, um dos grandes vilões do género.


    fonte:

    http://mytwothousandmovies.blogspot.com.br/2013/03/deus-perdoa-eu-nao-dio-nerdona-io-no.html


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