7.09.2013

Il mercenario (1968 / Realizador: Sergio Corbucci)

Primeiro, a tendência era fazer westerns cujo tema era o dinheiro, os caçadores de recompensas, os pistoleiros e os bandidos. Depois começaram a surgir westerns-spaghetti sobre a revolução mexicana e as razões eram óbvias. Em todo o mundo, vários acontecimentos de cariz político na década de 1960 marcaram a História para sempre: a revolta estudantil de Paris de maio de 1968, a tensão constante da Guerra Fria, os dramas da guerra do Vietname e da guerra colonial portuguesa, as mortes de Che Guevara, Malcom X e Martin Luther King… Tudo isso influenciava os realizadores italianos, muitos deles defensores dos ideais de esquerda, que agora ansiavam por fazer filmes com forte componente política.

Sergio Corbucci, um dos cineastas italianos mais ativos, decidiu então fazer uma “fábula proletária” dura, violenta e irónica. Tratava-se de uma grande produção (a cargo de Alberto Grimaldi) que contava com nomes importantes como Franco Solinas, Giorgio Arlorio e Luciano Vincenzoni no argumento, Ennio Morricone na música, Franco Nero, Tony Musante e Jack Palance na interpretação. O filme relata os conflitos entre o ganancioso mercenário polaco Sergei Kowalski, o rebelde mexicano Paco Roman e o sádico e excêntrico Curly. O encontro deste trio numa praça de touros é um momento extraordinário que fica para a História!


No argumento inicial estava previsto um final pessimista em que Paco era morto pelo mercenário para este receber o dinheiro da recompensa oferecida pelas autoridades mexicanas. Isso sim, seria um golpe de mestre mas infelizmente esse final foi rejeitado. Apesar de se tratar de um filme que aparentemente defende os ideais de esquerda (revolta contra a opressão da classe operária, crueldade do patronato, ganância dos mais poderosos, referências a Simon Bolívar), Corbucci aplicou mais uma vez a sua visão cínica. Apesar das lutas sangrentas pela liberdade e igualdade, o facto é que Paco Roman fica deslumbrado com o seu estatuto e acaba por cometer os mesmos erros daqueles que ele tanto odiava! 


Na minha opinião, este filme é uma crítica consciente à revolução e a todo o processo envolvente. A revolução é um ato violento que deixa sequelas nefastas porque há a tendência de extremar posições e classificar tudo entre bons e maus. Mas nem sempre aqueles que são apelidados de “bons” têm toda a razão e nem sempre aqueles que são apelidados de “maus” são monstros horríveis.


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6 comentários:

  1. Excelente filme, sem dúvida, e o duelo na arena, concordo perfeitamente, é um marco no género, possivelmente suplantado unicamente pelos duelos de Leone. O western-spaghetti inspirou-se em muitas coisas. Desde a Odisseia, a Shakespeare ou ao assassinado de Kennedy que inspirou o também excelente western de Tonino Valerii "O Preço do Poder". Este "Pistoleiro Profissional" prova, aliás o western-spaghetti prova isso, que se pode fazer um filme de política com muita acção e aventura. Prefiro o final otimista do filme, para tristezas já basta o que nos rodeia.

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  2. A esmagadora maioria dos cineastas italianos daquela época eram pessoas bem instruídas e bem informadas. Só assim se explica terem feito inúmeras obras inspiradas em clássicos da literatura ou em questões políticas e sociais importantes. Hoje, acredito que haja por aí muitos realizadores de meia-tigela que nunca leram um único livro na vida!

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  3. Realização, elenco e musica de se lhe tirar o chapéu. Recomendo o dvd da Koch Media aqueles que o quiserem ver em no conforto do sofá.

    --
    Pedro Pereira

    http://por-um-punhado-de-euros.blogspot.com
    http://destilo-odio.tumblr.com/

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  4. Eis algumas curiosidades: Este filme era para ser realizado por Gillo Pontecorvo mas preferiu dirigir "Burn!". James Coburn era para ser o mercenário e Franco Nero o mexicano mas rapidamente perceberam que não iria resultar. Este foi o projeto mais caro realizado por Corbucci até então. Antes disso, todos os seus westerns tinham sido feitos com orçamentos muito modestos.

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  5. Un gran spaghetti, para mí el mejor de la trilogía de Corbucci sobre la revolución mejicana, trilogía en la que fue incorporando cada vez más elementos cómicos. Además la película contiene uno de los grandes momentos del spaghetti, me refiero al duelo en la plaza de toros con una excepcional utilización del tempo, el montaje y la música.

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  6. O filme é muito bom e a banda sonora não lhe faz jus! É um dos meus spaghetti de eleição!

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