13/10/2015

Uccidi o muori (1966 / Realizador: Tanio Boccia)

O mundo é um lugar injusto e superlotado por gente idiota, gente capaz de denegrir o esforço do alheio. Há algumas décadas atrás alguns desses energúmenos fizeram questão de marcar o realizador Tanio Boccia com o título de «Ed Wood italiano». Ora, sabemos que a arte é uma coisa subjectiva e muitos dos seus críticos são na verdade pessoas frustradas e que mais valiam enfiar o estatuto de culto no sitio onde o sol nunca brilha, e por isso mesmo não é de admirar que nem todos tenham entendido a magia de "Dio non paga il sabato" ou deste "Uccidi o muori". Ambos realizados com parcos orçamentos  e com a mesma equipa. Este que agora dissecamos é o menos psicadélico dos dois e não fossem alguns pormenores mais extravagantes até se poderia considerar um western-spaghetti perfeitamente normal.

A longa linhagem de pistoleiros de poncho no universo western-spaghetti não deixa créditos alheios.

São os primeiros minutos do filme que mais surpreendem pela sua violência psicológica. Um cortejo fúnebre é emboscado e o caixão do defunto é cravejado de chumbo quente em sinal de desrespeito.  Pouco depois uma personagem bizarra chega à cidade: um violinista de poncho escarlate. Apesar da sua aparência amistosa, rapidamente se mete em encrencas. Quatro arruaceiros desafiam-no e dão-se mal, os primeiros três sucumbem imediatamente e ao último, Spott Griffith, dá a oportunidade de retirada honrosa, mas o orgulho trai-o e recebe por isso igual tratamento.

Aquele sorriso de Gordon Mitchell, presença assídua nestas produções low-cost.

O velho patriarca, Jonathan Griffith, fica desolado pela morte do filho e resolve contratar um pistoleiro profissional para acabar com o pio ao carrasco do seu mais novo, mas também esse falha. É então que surge Chester, o mais temido dos Griffith. Um individuo trombudo que vive com a mágoa de um amor não correspondido pela bela Lisa Drummond, que para ajudar à festa está de beiço caído pelo violinista. Pior! Para evitar mais imbróglios o violinista decide deixar da cidade. mas ao bom estilo do western-spaghetti, é capturado pela vilanagem e acaba por ser sadicamente espancado. Voltará ainda assim para o ajuste de contas com Jonathan Griffith e companhia.

Rod Dana, é o homem do violino. 

Não estou habituado a assistir a filmes dobrados em Português do Brasil mas há alguns anos atrás encontrei um divx do filme por aí e dei-lhe uma oportunidade. O que até deu para matar um certo saudosismo dos tempos em que a TVI apareceu, aquela fase que a minha geração delirou com a reposição de séries como "O Justiceiro" e "Os Soldados da Fortuna", em versão português «açucarado». Mas se não estiverem para aí virados, procurem a edição da Wild East que juntou este "Uccidi o muori" e o também recomendável "Dio non paga il sabato", no mesmo pacote.   

5 comentários:

  1. Essa mania de etiquetar Tanio Boccia como "Ed Wood italiano" também se aplicava a Demofilo Fidani. Mas Ed Wood era um realizador que fazia filmes com meia dúzia de tostões enquanto que ao longo da História do Cinema temos tantos realizadores que têm milhões ao seu dispor e os seus trabalhos não valem a ponta de um corno! Basta olhar hoje para as mega-produções dos estúdios de Hollywood e é só lixo!
    Quanto ao protagonista deste filme, Rod Dana (usava o pseudónimo Robert Mark) além de ator também cantava.

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    1. Yap. Não é preciso escarafunchar muito para encontrar uma produção actual das made in Hollywood, dez vezes pior do que este filme. Vale a pena vê-lo. Por isso mesmo já facultei um link para quem o quiser descarregar, é só "checar" o twitter. ohhh, como somos modernos!

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    2. Pois é, andamos tão modernos que até estou pasmado! Aliás, eu até já nem ando de carroça. :)

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  2. Segundo consegui apurar, Tanio Boccia (ou Amerigo Anton) sempre sofreu de falta de dinheiro para as suas produções mas mesmo assim conseguiu resultados bem satisfatórios tanto no western como no peplum e até no policial.

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