04/08/2015

Cuatro Balazos (1964 / Realizador: Agustín Navarro)

Soaram quatro balázios e Henry cambaleou-se do cavalo. A lente capta tudo à distância o que pode levar à ilusão de que vêm aí mais um western-spaghetti leónico, mas desenganem-se espectadores incautos, muito antes pelo contrário. O clima deste "Cuatro Balazos" é completamente americanizado, esqueçam-se por isso dos pistoleiros mal encarados, dos bandidos sebosos e dos banqueiros avarentos. A moda aqui é outra, como sussurra Adolfo Luxuria Canibal no infame "Chabala": Quem matou?!

Então, vamos lá. A pobre Katy aguarda o seu amado - Henry - mas este rapidamente passa a finado e para ajudar à festa caem-lhe ainda em cima as culpas do assassinato, sendo levada a julgamento. A desgraçada é considerada culpada pelo júri e num laivo de desespero tenta escapulir-se mas acaba imediatamente atropelada por uma carroça desgovernada. Os testemunhos soaram a esturro e o xerife (Fernando Casanova) não ficou nada convencido da implicação da cachopa no assassinato. Também desconfiado de haver aqui marosca da grande, está Frank Dalton (Paul Piaget), irmão de Katy e notório pistoleiro das redondezas. Dalton rapidamente demonstra a vontade cravejar de chumbo os implicados no complot, mas alguém se adianta e uma onda de assassinatos assola a cidade.

Triste sorte a de Katy Dalton.

Apesar de não ser a minha praia, de quando a quando não resisto a fazer uma incursão no western dito clássico. Serve para desenjoar e também para confirmar que também há um ou outro espécime destes capaz de entreter a mente por uns momentos. Ainda assim, tenho de admitir que, por regra, neste campo os europeus não ombrearam o que se fazia do outro lado do Atlântico. Tratam-se quase sempre de obras paupérrimas tiradas a papel químico dos clássicos gringos, com os seus pistoleiros barbeados e de colts cintilantes, a galope nos seus magníficos cavalos brancos. Haja paciência!

Alguém traga um escadote a Fernando Casanova.

Mas adiante. Neste "Cuatro Balazos" apreciei especialmente a escolha de cenários exteriores, captados em Hoyo de Manzanares (Madrid) e Barranco de la Hoz (Guadalajara), muito diferentes das características ramblas Andaluzas que chafurdaram o western europeu dos anos seguintes. Note-se que estamos em 1964, e portanto a fornada de westerns europeus ainda estava longe de ser uma realidade. O ambiente misterioso também abona em favor do filme e mesmo que não seja tão complexo como os crimes da carola de Agatha Christie, o suspense está lá e a lista de possíveis assassinos é longa. Por isso sentem-se no sofá e descubram vocês próprios: Quem matou?

4 comentários:

  1. Neste tipo de westerns que imitam o estilo americano é normal haver colts cintilantes porque quase nunca são usados e portanto não se sujam. Pessoalmente gosto de filmes com ambientes misteriosos e com suspense.
    Uma curiosidade: é pena a cidade western de Hoyo de Manzanares (nos arredores de Madrid) não ter sido restaurada à semelhança do que aconteceu no deserto de Tabernas em Almería. A cidade praticamente desapareceu por completo a partir de meados dos anos 70.

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  2. Uma fotografia melhor e essas paisagens tinham ficado a matar neste filme. Uns pistoleiros mais ensebados também lhe daria algum fogo extra, mas ainda era demasiado cedo...

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  3. Naquela altura tanto espanhóis como alemães produziam westerns mas sempre segundo a matriz americana. Leone e Corbucci foram os primeiros a dar o grande salto no subgénero.

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    1. O Hossein ao menos lançou algo diferente: Le goût de la violence
      Acho que o filme era mesmo bom, só o vi uma vez e de vez em quando já me lembro de cenas dele...

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